quarta-feira, 23 de novembro de 2011

A Teologia de Isaías ( II ): A exclusividade de Deus (Is 41 e 43)

Texto Básico: Isaías 41.1-7; 43.10-13

Introdução: Na lição anterior vimos Isaías demonstrando a incomparável grandeza de Deus, revelada nas Suas ações e na glória da criação. Nesta lição buscaremos compreender a mensagem do profeta demonstrando que o Deus de Israel é Deus único (Dt 6.5; Is 42.8; Jo 17.3; 1Co 8.4-6).
Uma observação importante. Para assimilar o sentido da mensagem de Isaías neste estudo, é necessário ler atentamente os capítulos 41 e 43 e mais as referências paralelas recomendadas, considerando que é o próprio Deus quem fala. Há passagens em que o pronome da primeira pessoa do singular ocorre explicitamente por meio de “Eu /Me/ Mim” ou pelo uso do possessivo correspondente “Meus”, “Minhas” e das flexões verbais correspondentes. Ocorre umas poucas vezes na 3ª pessoa (singular e plural), sempre de modo enfático. Vejamos:
1- Me, Mim: 41.1; 43.10,11,20,21,22,23,24,25,26,27.
2- Meus, Minhas: 41.8; 43.1,6,7,10,12,13,20,21.
3- Eu: 41.4,10,13,14,17; 43.1,2,3,4,5,11,12,13,15,25.
4- Flexões verbais (1ª pes.sing. e pl.): 41.4,8,9,15,18,19,43.6,7,14,19,28.
5- Flexões verbais na 3ª pessoa: 41.2,3,4,16,21,22; 43.17,26.

1- Deus revela-se a Israel, afirmando-se único: Isaías 41.1-7.
A Bíblia começa apontando Deus como Criador: “No princípio criou DEUS* os céus e a terra” (Gn 1.1). Termina falando do Deus encarnado, Jesus Cristo, como o Salvador: “A graça do Senhor Jesus seja convosco” (Ap 22.21).
Entre estes dois extremos há um longo registro de Deus e de Sua Revelação no processo da história. Da criação à consumação, as ações de Deus o mostram como único, exclusivo. Ainda que o pecado e a ignorância (falta do conhecimento necessário)* tenham levado os pagãos à ilusão de deuses imaginários (não existem deuses). Os tais nunca existiram, nunca se manifestaram, nunca realizaram atos que demonstrassem sua existência, seus atributos, ou coisa semelhante.
O capítulo 41 começa com uma expressão contundente: “Calai-vos diante de mim… cheguem-se, e então falem; cheguemo-nos juntos a juízo”. Seguem-se perguntas que não têm respostas: “Quem suscitou do Oriente...”; “Quem faz que as nações…”. “Ele os entrega à sua espada…”; “Ele os persegue…”. A resposta é óbvia : o Senhor. Não há concorrentes ou competidores. A profecia, certamente, refere-se a Ciro, filho de Cambises. Há evidências de que era relacionado à nobreza da Média, que ficava ao Norte de Babilônia enquanto a Pérsia ficava ao Oriente.
Ciro conquistou as nações ao Norte e a Leste. Agora prepara-se para conquistar a Babilônia, vindo no primeiro ano de seu reinado a decretar a libertação dos israelitas (2 Cr 36.22,23).
Em Isaías 45.1-7, 150 anos antes do nascimento de Ciro, o Senhor dá essas palavras ao profeta e declara ser o Deus único (5,6) e criador de todas as coisas. O Senhor é o soberano sobre a história. Nenhum suposto “deus” responde.
No verso 4, outra pergunta é lançada, cuja melhor tradução entre algumas versões circulantes e adotada por A. R. Crabtree* é: “Quem consegue executar eventos tão maravilhosos, chamando as gerações dos homens desde o princípio da história humana?” Novamente, a resposta é obvia: O Senhor. Deus criou todas as coisas, o homem com sua natureza peculiar, capacitando-o e ordenando-lhe multiplicar-se e encher a terra (Gn 1.26-28; At 17.24-26; Is 37.16; 46.4; 48.12).

2- O Deus único cuida do seu povo. Isaías 41.8-20.
Deus dirige-se a Israel como seu povo especial. Nestes versos (8-13) Deus lhe fala, dizendo ser seu servo, seu escolhido de entre todos os povos da terra, para ser povo santo ao Senhor, nação sacerdotal (Êx 19.5,6; Lv 20.26; Is 62.12; 1Pe 2.5,9).
Como resultado de sua fidelidade, Deus não o deixará, nunca o abandonará, nunca renunciará seu propósito expresso na eleição (chamada) de Israel, que remonta a Abrãao (Gn 12.1-3).
Esse propósito é relembrado nas mensagens de Jeremias (Jr 30.10,11; 46.27,28) e de Ezequiel (Ez 28.25,26; 34.11-15; 37.24-28).
O Senhor dirige-se ao seu povo, dizendo: “Israel, servo meu”, para designar a posição que ocupa entre as nações. A palavra “servo” genericamente significa escravo, prestador forçado de serviços a seu amo. Mas aqui como “Servo do Senhor” (Jeová), Israel é honrado como o servo do rei, um nobre que ocupa uma posição honrosa entre as nações.
Israel é chamado “descendência de Abraão, meu amigo”, cuja melhor tradução é: “Abraão a quem eu amo”. Esse propósito expresso na chamada de Israel acompanha todo o registro da Revelação de Deus no Antigo Testamento.

2.1- O Deus único ajuda (socorre) o seu servo (Israel) 41.10,13,14; 43.1-7.
A história de Israel é o registro das ações do Senhor (Jeová) na vida do seu povo, como o Deus fiel, que o acompanha de geração a geração, manifestando seu cuidado (Dt 4.31). “Não temas, porque eu estou contigo…” (v.10); “… não temas, eu te ajudarei”.* (v.13). Esse encorajamento é acompanhado da enfática afirmação: “Eu sou teu Deus”; “Eu, o Senhor teu Deus, te sustento e te ajudo; e te digo: eu te ajudarei”. Ainda que Israel enfrente dificuldades, ameaças e perigos, o Senhor está com ele. Israel está exilado, prisioneiro na Babilônia, sofrendo sob seus dominadores, mas o Senhor está presente, trabalhando nos acontecimentos para libertá-lo da opressão e plantá-lo novamente na sua terra (43.14-21; 45.1-6).
Israel é como um troféu que Deus exibe às nações. É o povo que Ele formou, que é assistido, guardado, conduzido, amparado, protegido. Que outro povo pode ser apresentado por algum suposto “deus” como testemunho de sua existência, poder, ação na história (Dt 4.32-35)?
O Senhor pode fazer isto. Israel é o atestado do agir de Deus (Jeová) no processo da história. Deus pode desafiar as nações e dizer-lhes: olhem para Israel, sua existência, sua trajetória, desde Abraão até agora. Olhem para sua história. Avaliem os fatos passados e apontem algum povo que exista, que tenha uma história como a de Israel. Israelitas são as minhas testemunhas. O povo de Israel é a revelação de que Eu Sou, que opero na história, que cuido do meu povo (43. 9-14). Eu faço maravilhas aos olhos de Israel e das nações (41.17-20; 43.15–21).

2.3- O Deus único faz Israel vitorioso sobre os seus inimigos (41.11,12; 14-16).
Israel (povo de Deus) está exilado, triste numa terra pagã, sendo atormentado e oprimido (Sl 137.1-9). Enfraquecido, desarmado, empobrecido, sem poder para guerrear e vencer seus dominadores. O Senhor é onisciente, sabe dessa condição como sabia dos sofrimentos durante a opressão egípcia (Êx 3.6-11). Deus operou poderosamente contra Faraó; operou muitas vezes nos dias dos Juízes. Agora chegou o momento de favorecer seu povo operando contra a Babilônia. “Envergonhados e confundidos serão todos os que se irritam contra ti… perecerão” (11). “Quanto aos que pelejam contigo buscá-los-ás, mas não os acharás. E os que guerreiam contigo… perecerão…” (12). No meu entender, a profecia é dada 150 anos antes da libertação.
Não há dificuldade para o Senhor falar de qualquer fato em qualquer tempo (Is 45.11; 46.10).
Antes que a opressão chegasse, a libertação já estava preparada.
Ciro, o persa, no comando de seu exército, marcha vitoriosamente, derrotando os reis inimigos do povo de Deus. Ele não sabia que estava operando sob a soberania de Deus, para que o eterno propósito elaborado antes da fundação do mundo (Ef 4.9,10) se cumprisse. Israel era, no seu tempo, a geração na qual esse propósito se desenvolvia (Is 4.6; 9.10).
Ciro é convocado por Deus para efetuar a libertação de Israel (Is 45.1-5). Deus opera sábia e soberanamente; disciplina o povo por causa do pecado; detesta a rebeldia, porém ama o rebelde. Israel estava no cativeiro por isso, mas o Senhor o ama e o restaura.
Israel era fraco, impotente. Mas Deus o faz forte, vitorioso e livre (41.15,16). Sua fraqueza é mudada em fortaleza; sua opressão em liberdade; sua derrota em vitória; sua tristeza em alegria; seus lamentos em louvor; suas lágrimas em sorrisos (Sl 126.1-6).
Que gozo, que bênção, que paz, que gloriosa esperança para nós, Israel deste tempo. Somos o povo de Deus nesta geração. Ele é o mesmo: “O Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó”. O Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo (Jo 20.17,18). Aleluia! Amém!
(Complete sua alegria com a mensagem do hino 14 do Cantor Cristão).

Aplicações:

1- Precisamos saber conscientemente que o Deus único dos dias de Isaías é o nosso mesmo Deus. Ele trabalha na história em suas sucessivas gerações, até consumar seu propósito eterno feito no Seu Filho. Ele nos trata hoje da mesma maneira como tratou seu povo nas gerações passadas, como aquela contemporânea do profeta Isaías:

1.1- Se lhe obedecermos Ele nos abençoará. Se formos rebeldes, nos corrigirá (disciplinará), mas preservará sua bondade, pois detesta a rebeldia, mas ama o rebelde (Rm 5.5-8).

1.2- Precisamos estar conscientes e atentos aos meios que Deus usa para nos falar hoje. Como no passado enviou mensageiros para entregar Sua Mensagem, assim o faz em nosso tempo e nosso contexto. Devemos, com humildade, ouvir os recados de Deus, tendo o cuidado muito especial de verificar se estão fundamentados na Bíblia (At 17.10,11).

1.3- Devemos entender que nós, hoje, como nas gerações passadas, enfrentamos oposição e inimigos, por sermos o povo de Deus. Lembremo-nos que o Senhor sabe disso e está conosco. Ele proverá os meios para nos amparar, guardar e preservar (Dt 4.31; Mt 28.20; Is 41.10,13; 43.1,2,13). Releia os hinos 34 (Plena Graça) e 313 (Proteção Divina) do Cantor Cristão.

1.4- Atentemos para o fato que cada geração do povo de Deus tem seu papel no momento e contexto, e projeta influências e consequências no seu ambiente, momento e para as gerações sucedentes. Devemos buscar discernir qual a nossa responsabilidade, nossas expressões de vida como pessoa e como igreja, em conformidade com o propósito de Deus (Cl 1.9,10; 2Pe 1.2-11).

Glossário e Notas Explicativas:

• Deus: O Antigo Testamento usa várias palavras na sua língua original, o hebraico, para referir-se a Deus. Usa o termo genérico “EL” no Gênesis, no relato da criação, Sl 19.1-6, etc..
Outras palavras como “Senhor” já refletem outros aspectos da divindade. O espaço reservado na revista não permite uma descrição adequada desses nomes. Além dos nomes usados para designar Deus, Isaías recorre a uma série de títulos que tem significados relativos à natureza e ações de Deus. Ficamos devendo um ou mais artigos sobre este assunto.
Se os editores tiverem condições de inserir a matéria como encarte em uma ou mais publicações, faremos o possível para prepará-la.

• Crabtree: A. R.Crabtree. A Profecia de Isaías, vol. II. Casa Publicadora Batista,Rio de Janeiro,RJ-Brasil, 1967.

• Ignorância: O emprego que fazemos aqui não tem a ver com aspereza, grosseria, agressividade, etc. Significa falta do conhecimento necessário sobre um assunto, um fundamento doutrinário, informação insuficiente, etc.
Assim, as crenças pagãs são o resultado da falta de conhecimento de Deus, por não terem o registro de Sua Revelação. Paulo faz emprego de termos do idioma grego traduzidos, por “ignorar, ignorância, ignorante” e cognatos, para referir-se a conhecimento insuficiente (At 17.30; 1Co 12.1; Ef 4.18; 1Ts 4.13).

• Ajudo… Ajudarei: As palavras, as frases são expressões de ideias, de conceitos mentais. Na estrutura da comunicação o emissor (comunicador) age para fazer o receptor (ouvinte) entender o sentido de seu pensamento, expresso em linguagem. (Comunicar é estabelecer um entendimento comum sobre um assunto, entre duas ou mais pessoas.) Isaías está comunicando com fidelidade o pensamento (a mensagem ) de Deus ao seu povo. Ajudo é uma ação no presente, mas também traz o sentido de continuidade. O povo é dependente da assistência do Senhor. Ajudo, aqui, significa: “Eu te estou ajudando e continuarei a ajudar-te (Js 1.5,9). Presente progressivo.
Ajudarei: Quando, em que tempo, em que circunstâncias futuras? Outra vez o sentido é progressivo; ajudarei continuamente (Gn 28.15); Estou contigo (continuamente); te guardarei (continuamente); Js 24.15: serviremos ao Senhor (continuaremos a servir ao Senhor).
As ações do Senhor são presentes, manifestam-se diariamente, continuamente (Jr 3.22). Em Deus a gramática traz sentidos mais atraentes, mais profundos. Que tal aprender na gramática do Senhor?

Leituras Diárias

segunda-feira Sl 137.1- 9
terça-feira Is 41.1-19
quarta-feira 2Cr 36.11-23
quinta-feira Jr 31.1-14
sexta-feira Is 45.1-13
sábado Is 43.1-28
domingo Sl 126.1-6

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