segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Deus Tem a Palavra Final (Arrogância e Abatimento de Um Rei)

Texto Básico: Isaías 36.1 a 37.38

Introdução: Na lição 04, no item 4, fizemos um resumo (esboço) de Ezequias e seu reinado. Seu pai, o rei Acaz, foi ímpio, idólatra, corrompendo o culto (2Cr 28.1-3).
Ezequias, seu filho, foi seu oposto. Andou nos caminhos de Deus, promoveu reformas, esforçou-se por restaurar o culto verdadeiro, trazendo o povo de volta ao Senhor (2Cr 29.1 a 31.21; 2RS 18.1-12).
Judá prosperou com Ezequias no seu reinado de vinte e nove anos (2Cr 29.1,2).
Tudo indica que o profeta Isaías já era bem conhecido do povo e que tinha bom relacionamento com o rei Ezequias (Is 37.1-5). Há possibilidade de que Isaías fosse da linhagem real e conselheiro de Ezequias. Nesse tempo Ezequias já estava no seu 14º ano de governo (Is 36.1; 2Rs 18.13).
Há discussões por parte de estudiosos acerca dessas datas. Segundo eles Ezequias subiu ao trono em 724 a.C. e Senaqueribe invadiu Judá em 701 a.C. Assim, Ezequias estaria no 23º/24º ano de seu reinado e não no décimo quarto. Fiquemos com os relatos bíblicos (Is 36.1,2 e 2Rs 18.13), pois o que nos interessa é o fato em si, o que o Senhor fez, o que significou para seu povo então, e que aplicação tem para nós hoje.*
Avaliemos os acontecimentos e busquemos neles lições para nosso tempo e nosso contexto.

1- Senaqueribe invade Judá (Is 36. 1; 2Cr 32.1; 2Rs 18.13-16).
A Assíria era, então, a grande potência regional. Israel dividido e enfraquecido já vira o irmão do Norte cair (queda de Samária) sob esse poderio. Tendo conquistado o norte da Palestina, animava-se agora em conquistar o Sul.
O texto de Is 36.1 diz que Senaqueribe subiu contra todas as cidades fortificadas de Judá e as tomou. Registros de História Antiga dizem que foram conquistadas quarenta e seis cidades. 2Crônicas 32.1 diz que Senaqueribe, entrando em Judá, acampou-se contra as cidades fortes, a fim de apoderar-se delas. 2Reis 18.13 diz que Senaqueribe subiu contra todas as cidades fortificadas de e as tomou.
Porém há um dado em 2Reis 18.14-16, que deixa vir à tona algo interessante. Parece ter havido um acordo entre Ezequias e Senaqueribe. O texto diz que Ezequias enviou mensageiros a Senaqueribe, a Laquis pedindo sua retirada e propondo-se pagar o que ele lhe impusesse. Está narrado que lhe foi efetuado o pagamento de 300 talentos de prata (13,2 ton) e 30 talentos de ouro (1470 Kg).
Ezequias deve ter percebido que Senaqueribe queria conquistar a capital, Jerusalém, e levar seus habitantes para outras regiões, como era seu costume. O pagamento que lhe foi imposto seria um acordo para preservar Jerusalém. Tal acordo não foi respeitado.

2- Embaixadores de Senaqueribe ameaçam e amedrontam Jerusalém.
Senaqueribe queria conquistar a fortaleza de Jerusalém, o que daria domínio sobre toda a Palestina. De Laquis envia Tartã, Rabe-Sáris e Rabsaqué (títulos de oficiais assírios), príncipes, com um grande exército a Ezequias (2Rs 18.17). Ora, o rei da Assíria enviou de Laquis Rabsaqué a Jerusalém, com um grande exército (Is 36.2). Senaqueribe era homem experiente na tática bélica.Deveria saber que Jerusalém estava isolada, sem possibilidade de ajuda ou socorro. Seria uma conquista fácil, rápida. Não resistiria a um cerco prolongado.
Rabsaqué se dirige a três oficiais de Ezequias entregando a mensagem ameaçadora do rei, seu senhor, requerendo uma capitulação sem luta. Uma síntese do ultimato: Isaías 36
• Que confiança é essa em que te estribas? (4c);
• Teu conselho para a guerra são apenas vãs palavras (5a);
• Eis que confias no Egito, aquele bordão de cana quebrada… assim é faraó para com os que confiam nele (6);
• Mas se me disseres: no Senhor, nosso Deus, confiamos… (7).
Rabsaqué fala aos três oficiais de Ezequias, sendo ouvido também pelo povo, que assentado sobre o muro o escuta. Suas palavras têm o propósito de amedrontar e criar pânico.
Ele conhece a fragilidade militar de Ezequias e, ironicamente, oferece dois mil cavalos, se tiverem soldados para montá-los.
O retorno à possibilidade de ajuda por parte do Egito (36. 6,9) faz pensar que havia algum acordo com faraó, descoberto por Senaqueribe, daí o desejo de aproveitar a oportunidade, entes que Jerusalém recebesse socorro. É uma possibilidade.
• Como poderás repelir um só príncipe dos menores servos de meu senhor…?
• Por ventura subi eu agora sem o Senhor…? (que terrível absurdo)!
Ora, se Jeová é o guardador de seu povo, de seu servo fiel, Ezequias, como enviaria um Ímpio para destruí-lo?

3- Um pedido não atendido. Ameaças intensificadas (Is 36.11-21).
Os três oficiais de Ezquias pedem a Rabsaqué que fale em aramaico (siríaco), uma vez que podiam entender bem aquele idioma (Is 36.11). Com certeza esses oficiais tinham consciência da fraqueza militar de Jerusalém e o povo assentado sobre o muro também sabia disso. Isso poderia gerar pânico no povo e até produzir alguma revolta ou sublevação. Rabsaqué parece ter percebido a preocupação daqueles oficiais e resolveu aproveitar a ocasião. Intensifica as ameaças, dirigindo-se ao povo em nome de Senaqueribe, bradando em judaico:
• Demonstra a intenção de sitiar a cidade, impedindo abastecimento subsistencial: alimento e água: “comerão o próprio excremento e beberão a própria urina” (12);
• Ouvi as palavras do grande rei da Assíria (13):
• Não vos engane Ezequias; porque não vos poderá livrar (14);
• Nem vos faça confiar no Senhor, dizendo: infalivelmente nos livrará o Senhor... (15);
• Não deis ouvidos a Ezequias; assim vos diz o rei da Assíria: fazei as pazes comigo e saí a mim, e … (16);
• Guardai-vos, para que não vos engane Ezequias, dizendo: o Senhor nos livrará (18a);
• Porventura os deuses das nações livraram, cada um, a sua terra das mãos do rei da Assíria? (18b; 37.18,19);
• Onde estão os deuses de Hamate, Arpade,… Sefarvaim? Porventura livraram Samária da minha mão? (19);
• Poderá o Senhor livrar a Jerusalém das minhas mãos?
Todas estas interrogações além de afrontosas são blasfemas. É muita arrogância e o preço que será pago mostrará a Senaqueribe e aos seus oficiais a diferença entre “deuses” e o Senhor.

4- Uma atitude prudente (Is 36.21; 37.7).
Há situações tão delicadas, tão difíceis que requerem procedimentos cuidadosos, prudentes. São momentos nos quais o melhor é não agir. É o tempo de refletir, aguardar, de entregar tudo ao Senhor e descansar n’Ele (Sl 37.1-7).
Os oficiais de Ezequias tomaram essa via. Calaram-se, nada responderam, como lhes ordenara o rei. Foram para ele e lhe relataram as ameaças, as afrontas e as blasfêmias. O rei, por sua vez, humilhou-se, rasgando as vestes, cobrindo-se de saco, indo para a casa do Senhor. Não há melhor lugar em horas angustiantes do que a casa do Senhor (se bem que o Senhor não é restrito a espaços físicos). Ezequias era judeu e para ele o Templo era símbolo da presença de Jeová.
Outra atitude prudente: enviou seus oficiais e alguns sacerdotes idosos ao profeta Isaías, para consultá-lo. Teria o Senhor ouvido as provocações, as blasfêmias de Rabsaqué? Incluído na consulta ao profeta estava um pedido de oração. Que bom quando um povo tem um líder piedoso, humilde, que busca ao Senhor, reconhece, acata, e busca a orientação de seus servos (ministros)! A resposta do profeta é confortadora. .
- Assim diz o Senhor: não temas à vista das palavras que ouviste (v.6a);
- com as quais me blasfemaram os servos do rei da Assíria (v.6b);
- Eis que meterei nele um espírito, e ele voltará para a sua terra (v.7a);
- E lá fá-lo-ei cair morto à espada na sua própria terra (v.7b).
Que conforto maravilhoso para aqueles oficiais, para os sacerdotes que os acompanhavam e para o rei aflito, diante da fraqueza militar de sua nação e do poderio da Assíria e de Senaqueribe!
Senaqueribe está cheio de orgulho, de arrogância, não sabe que já está derrotado, humilhado morto. Ele, seus oficiais e seu numeroso exército.

5- Novas ameaças contra Ezequias, blasfêmias contra Deus (Is 37.8-13).
Após seu atrevimento em Jerusalém, Rabsaqué retorna ao rei Senaqueribe e o encontra combatendo e tentando conquistar Libna. O Senhor havia dito ao profeta Isaías (37.7) que “ele ouvirá uma nova, e voltará para a sua terra”. Esta profecia cumpriu-se rapidamente:
“Então ouviu ele dizer a respeito de Tiraca, rei da Etiópia: Saiu para te fazer guerra” (37.9). Esta notícia fê-lo desejar conquistar Jerusalém imediatamente.
Enviou mensageiros a Ezequias com cartas afrontosas:
- Assim direis a Ezequias, rei de Judá (37.10a);
- Não te engane o teu Deus em quem confias, dizendo: Jerusalém não será entregue na mão do rei da Assíria (37.10b);
- Eis que já tens ouvido… todas as terras, destruindo... e serás tu livrado? (7.11).
- Porventura as livraram os seus deuses… (37.12)?
- Onde estão os reis de Hamate, Sefarvaim, Hena e Iva ( 37.13 )? Ah! Senaqueribe, se tu soubesses em que perigo te meteste!!!

6- Epílogo: Ezequias ora no Templo: Senaqueribe perde seu exército; volta para Nínive e seus próprios filhos o matam (Is 37.14-38).
• Ezequias estende as cartas perante o Senhor (37.14);
• E orou Ezequias ao Senhor, dizendo: (Por favor, leia cuidadosamente, refletindo no conteúdo das palavras de Ezequias) Isaías 37.16-20.
• Ezequias deve lembrar-se de outra oração feita no mesmo lugar por Salomão: 2Crônicas 6.12-38. Considere bem: 6.24,25,32,33. Compare bem, 6.32,33 com Isaías 37.20: “para que todos os povos da terra saibam.”. Jeová há que ser conhecido como o Deus único e verdadeiro por toda a raça humana.
• A Mensagem de Isaías a Ezequias: tua oração foi ouvida (37. 21). E os versos 22 a 35 descrevem a resposta de Jeová à blasfêmia de Senaqueribe.
• O anjo de Jeová aniquila o exército do arrogante rei da Assíria: 18.5000 combatentes são eliminados numa noite. O homem arrogante e seus príncipes, humlhados, envergonhados, retornam para casa. Ali os filhos de Senaqueribe o matam (Is 37.36-38). Jesus ensinou; quem se exaltar será humilhado e quem se humilhar será exaltado (Mt 23.12; Lc 14.11; 18.14) Compare Provérbios 15.33; 16.18; 11.2; 17.19; 18.12. Senaqueribe tinha muitos planos, tinha ótimo exército, bons oficiais, pensava poder fazer o que pretendia. Fez muitas conquistas. Afrontou Ezequias, escarneceu dele, da fraqueza militar de Judá, blasfemou de Deus, desafiando-O, comparando-O aos ídolos das nações. Ele passou, suas palavras foram como palha. Permaneceu a Palavra do Senhor. Deus sempre teve, tem e terá a palavra final (Is 55.10,11; 40.8; 1Pe 11.25).

APLICAÇÕES

Nosso Deus é o mesmo. Sua Palavra permanece para sempre porque Deus é eterno, imutável. Assim:
1- Em face de situações difíceis, desafiadoras, podemos confiar no seu cuidado, no seu socorro. Todos os atos de justiça e de poder dos tempos passados podem ser operados hoje. Muitas coisas acontecem hoje. Nós é que não atentamos para elas.

2- Face a desafios, ameaças, insultos, provocações devemos evitar o revide com atrito, as reações impróprias. Ezequias e seus oficiais procederam com prudência: oração, confiança no Senhor, na sua justiça, no seu agir por nós (Sl 37.1-7).

3- Devemos orar e pedir que Deus nos dê líderes piedosos, que busquem ao Senhor na sua administração. Líderes que reconheçam, valorizem os servos (ministros) de Deus e os consultem para tomar decisões na administração pública. Como seria nosso país se tivéssemos presidentes como Ezequias, ministros como Daniel, governadores como José e homens de Deus como Isaías?

GLOSSÁRIO: NOTAS EXPLICATIVAS

* Temos procurado seguir uma linha de estudos visando a sua aplicação prática para o povo de Deus nas envolventes de sua experiência como cristãos no mundo, que é nosso lugar de atuação como sal e luz. Há muitas questões de natureza acadêmica, irrelevantes para o cristão como agente do Senhor Jesus na comunidade.
Na minha longa experiência pastoral e magisterial tenho percebido que precisamos conhecer a Bíblia como Palavra inspirada de Deus, saber aplicá-la à nossa vida diária, para termos relacionamentos adequados com Deus e o próximo.
Como nas lições anteriores, procuramos no Item APLICACÕES fornecer orientação prática. Creio que é isto que os estudantes da EBD precisam e gostariam de ter. Se nisto estiver contribuindo, fico alegre e grato ao Senhor.

LEITURAS DIÁRIAS:
segunda-feira IS 36.1-22
terça-feira IS 37.1-13
quarta-feira IS 37.14-20
quinta- feira IS 37.15 -35
sexta-feira IS 37.36-38
sábado IS 38.1-8
domingo IS 38.9-22

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Bondade Divina: Apelo, Oportunidade, Perdão

Isaías 55.1-13.

Introdução. Nas abordagens feitas até aqui, no livro do profeta Isaías, dois destaques se manifestam:
Deus* como criador de todas as coisas segundo seu grande propósito eterno: dar ao homem o reino preparado para ele (Mt 25. 34). A História humana é a expressão desse trabalho de Deus, para consumar tal propósito.
O homem*, para quem Deus preparou o Reino, e a favor de quem Ele opera na sucessão de eventos, para alcançar tal objetivo.
Ao considerar este assunto é necessário levar em conta um dado imprescindível, isto é, o pecado como fato da experiência humana. Pensemos em pecado como tudo aquilo que se opõe a Deus, sem buscar descrevê-lo aqui* (1Jo 3.8).
O trabalho de Deus no processo da história é restaurar o homem, para ter relações adequadas com Ele (2Co 5.14-21; Cl 2.13-15; Lc 19.10). Assim, as situações registradas na profecia de Isaías, com o Senhor de um lado e Israel do outro, retratam essa atividade divina, para salvar (restaurar) seu povo para lhe dar o Reino e para nele cumprir a esperança messiânica, trazer no descendente (Gn 3.15; 12.3; 18.18; 22.18; 26.4; 28.14,15, etc.) a bênção (a salvação) a toda a humanidade (a todas as famílias da terra).
. Ora, Israel (descendência de Abraão – Is 41.8), sob o pecado, não correspondia às expectativas divinas: pecava, desobedecia, resvalava. Mas o Senhor não desiste; ao contrário, persiste no seu propósito. Ao invés de destruir sua gente rebelde, busca sua restauração, por meio de Sua Justiça Perfeita, apelando, dando oportunidade para o arrependimento e, mediante este, oferece perdão e restauração. Vejamos:

1-Um Apelo (convite) para se satisfazerem gratuitamente (Is 55.1,2).
Aqui, outra vez, se os eruditos estão certos, o texto está relacionado ao capítulo quarenta (40.1-11) e o convite é dirigido aos retornados da Babilônia. Nestes estudos estamos considerando o livro como uma unidade. Assim, entendemos, à luz da gramática, que o convite é dirigido a todos (tanto aos que retornaram como a aos que ficaram, e aos residentes que não foram para o cativeiro – Ne 1.1- 3; Ed 1.1- 4).
1.1- O convite é: “Ó vós todos os que tendes sede, vinde às àguas…”. Cada israelita é convidado a vir às águas. Os anos de cativeiro na Babilônia, longe de sua terra, os fizeram sedentos, famintos de Deus (Sl 137.1- 9).Todos os israelitas que recebessem a boa mensagem do profeta podiam atendê-la, dependendo de sua disposição pessoal.
Não temos um registro dos resultados do ministério completo do profeta Ezequiel entre os exilados, mas o conteúdo dos capítulos 2.1; 3.27 nos mostra Deus falando ao profeta de que o seu povo é casa rebelde (3.7-11). Quantos desses voltaram não é possível saber. Mas o convite lhes é dirigido também.
“Vinde às águas”. Aqui não há sentido literal. A sede é, certamente, espiritual. Talvez uma referência ao capítulo 12.1-6, especialmente o verso 3: “Portanto, com alegria tirareis águas das fontes da salvação”. A alma sedenta só encontra satisfação na fonte genuína (Jo 4.13,14; 6.35; 7.37,38).
1.2- O Convite é uma oferta graciosa: “e os que não tendes dinheiro… sem dinheiro e sem preço vinho e leite”. Deus socorre, salva, restaura graciosamente. Suas dádivas fluem de seu ser como fruto intrínseco de sua bondade. Ele dá sempre. Vinho e leite faziam parte da dieta Israelita. Eram componentes (arroz e feijão) sempre presentes nas suas mesas. No emprego aqui feito, tornam-se símbolos da graciosidade divina, de seus favores aos famintos espirituais (Jo 6.35).

2- É necessário ouvir, atender o apelo (convite) do Senhor (Is 55.3-5).
Não é apenas ouvir auditivamente, captar o som da voz, mas apropriar-se da oferta traduzida nas palavras: “Inclinai os vossos ouvidos e vinde a mim…. e a vossa alma viverá…”.
O ensino bíblico de que nosso Deus é o Deus* galardoador é abundante (Tg 1.16,17).
Entretanto, sem submissão a Ele é impossível tal acontecer. Deus é perfeito em todos os sentidos (Sl 145.9,17). Adequação à verdade, ao correto e justo é condição para que as bênçãos fluam como que naturalmente.
Tal declaração inclui as bênçãos prometidas e recebidas por Davi e a que se cumpriu na manifestação histórica do Jesus de Nazaré a quem Deus fez Senhor e Cristo (2Sm 7.8-17; Sl 132.1-18; Ez 34.11-24).

3- É necessário Buscar ao Senhor (Is 55.6,7).
O termo aqui usado refere-se a uma atitude diligente; buscar intensamente, zelosamente, de coração, sinceramente. Na lição anterior aprendemos que Deus não aceita ser buscado interesseiramente, egoisticamente. Deus não é “pronto-socorro”.*
Paulo em Colossenses 3.1,2 nos fala de buscar as coisas lá do alto e pensar nelas, usando um presente contínuo e um modo intenso de fazê-lo A motivação é tão preciosa e importa que deve ser como a nossa respiração.
3.1- Deve ser uma busca sincera, reverente, com o ser integral (Jr 29.12,13; 24.7).
Há o perigo de atitudes levianas, que o Senhor reprova, rejeita. Cada busca de Deus deve ter motivação santa, pura, respeitosa, humilde (Sl 51.17).
3.2 Buscar ao Senhor para ter vida: Amós foi contemporâneo de Isaías, ministrando no reino do Norte. Profeta franco, contundente, ensina a busca ao Senhor para viver: “Assim diz o Senhor: ... Buscai-me e vivei” (5.4,6).
“Buscai o bem e não o mal para que vivais”… e assim, o Senhor, o Deus dos exércitos estará convosco…” (5.14,15).

4-Aproveitar a oportunidade (busca urgente – Is 55.6).
Deus ama, Deus chama, Deus dá oportunidade.É necessário reconhecê-la e agarrar-se a ela. O ser humano é, muitas vezes, negligente com respeito aos apelos, ofertas, oportunidades, deixando para depois.
Israel (Norte e Sul) estava vivendo em desobediência. Era urgente sua conversão, seu retorno para o Senhor. Este, compassivamente, apela ao arrependimento, dá-lhe oportunidade; “Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto”. A Bíblia está repleta de exemplos do desprezo de oportunidades, e suas consequências: Esaú (Gn 25.30-34; 27.34- 36; Hb 12.16,17); Faraó teve dez oportunidades e desprezou-as, sendo destruído (Êx 14.26-31); Saul rejeitou a oportunidade de confirmar o reino e o perdeu (1Sm 15.26-29; 2Sm 31.3-6). Cumpriu-se neles o que está em Provérbios 1.23-33; 29.1).
O não aproveitamento da oferta de Deus, o desprezo da oportunidade e da mensagem de arrependimento e de perdão custou caro a Jerusalém e Judá (2Cr 36.15-21).
O Escritor de Hebreus lembra aos seus contemporâneos a atitude de seus antepassados no deserto, advertindo-os desse perigo (Hb 3.7-19).
“… Buscai… Invocai… enquanto se pode achar… enquanto está perto…”. Deus se prontifica a ouvir, atender, salvar. Os resultados negativos são consequência da insensatez humana. A falha é sempre humana, pois o Senhor está chamando e esperando para ouvir, abençoar, socorrer, salvar:
• “Busquei ao Senhor, e ele… me respondeu,… livrou” (Sl 34.4);
• “Clamou este pobre, e o Senhor o ouviu, e o livrou de... suas angústias” (Sl 34.6);
• “Perto está o Senhor… e salva os contritos de espírito” (Sl 34. 18);
• “Perto está o Senhor de todos os que o invocam… em verdade” (Sl 145.18);
• “Clama a mim, e responder-te-ei, e anunciar-te-ei…” (Jr 33.3), etc.
Sim, Deus é bom, é justo, compassivo, amoroso. Mas a oportunidade precisa ser levada em consideração muito especial. Que pena que tantos israelitas a desprezaram, e Deus mesmo o lamenta: “Ah! Se tivesses dado ouvidos aos meus mandamentos!”.
Então seria a tua paz como um rio, e a tua justiça como as ondas do mar” (48.18).
O povo de Deus, hoje, deve ficar alerta à voz e às oportunidades de Deus. Todos os povos da terra também (Ef 5.15,16).

5- A bondade divina apela ao arrependimento e à conversão (Is 55.7).
Toda a oferta do Senhor revela, manifesta sua bondade. Ele a oferece, a propõe, não impõe, nem discrimina. Deus mantém a condicionalidade e a universalidade *“Se quiserdes e me ouvirdes, (então) comereis o bem desta terra; mas se recusardes e fordes rebeldes, (então) sereis devorados à espada, pois a boca do Senhor o disse” (Is 1.19,20). Considere-se, ainda, o texto de Isaías 48.18, citado acima, que ajuda a esclarecer isto: “SE me tivesses ouvido, então…”. “SE... ENTÃO”. Compare a relação “causa-efeito” no ensino de Paulo em Gl 6.2: fruto = semente.
“Deixe o ímpio o seu caminho (Is 1.16,17; Jr 3.12,13; Zc 8.15-17). E o homem maligno os seus pensamentos”. A reconciliação (estabelecimento de relações adequadas) com Deus, requer renúncia daquilo que produz a separação (pecado: Is 59.1,2),
“Volte-se para o nosso Deus (converta-se ao Senhor = posicione-se corretamente: At 3.19), que se compadecerá dele.
Israel se havia afastado do Senhor, rebelando-se contra suas ordenanças e ensinos. Praticava a idolatria, a opressão a exploração, profanava o dia do repouso, queixava-se atribuindo indiferença a Ele. Deus lhe mostra o erro, o pecado que tudo isso configurava. Mostra-lhe a maneira justa de viver, dá-lhe oportunidade e apela à mudança de pensamento (traduzido naquele viver impróprio).
“Os meus pensamentos… os vossos pensamentos”. Os de Deus são elevados, justos, bons, santos. Os pensamentos do seu povo precisam mudar, ajustar-se, adequar-se aos perfeitos pensamentos do Senhor (Jr 29.11; Mq 6.8). As promessas de bênçãos, de vida boa, de paz, sucesso, contentamento só se consumam se Israel se arrepender, converter-se: “Deixe o ímpio…” (55.7). “E SE o meu povo…. se desviar dos seus maus caminhos, ENTÃO eu … ouvirei… perdoarei… sararei…” (darei cura – 2Cr 7.14). Israel de então, e de agora também.

6- O Resultado: perdão e restauração.
O agir de Deus é voltado para realização, efetivação de seu propósito, que inclui nossa realização plena. O egoísmo, fincado pelo pecado na experiência humana, fazendo-nos egoístas (agindo com interesse pessoal), dificulta-nos entender a natureza divina perfeita. Jesus Cristo é a expressão suprema da natureza perfeita de Deus. A Bíblia ensina que Deus é Luz (1Jo 1.5); é Amor (1Jo 4.8). Sua bondade e graça são autenticadas em Cristo (Rm 5.8; Gl 2. 2. 20; Jo 15.13; etc).
O ministério de Isaías é, igualmente, expressão do bem-querer divino pelo homem, criado para Sua glória (Is 43.7). Todo o trabalho do profeta é ação obediente para corrigir os erros do povo de Jeová, para o próprio bem desse povo.
Ao conduzir o povo à consciência de pecado, objetivando seu arrependimento, abre a porta ao perdão, que permite a reabilitação, a restauração.
Essa ação de Deus a favor de seu povo se manifesta nos profetas contemporâneos de Isaías: Oseias 1.7,10,11; 6.1-3; 14.1-9. Amós 5.4,6,14,15; 9. 11-15; Miqueias 4.6,7; 7.15-20.
Também os profetas Jeremias e Ezequiel anunciaram o perdão e a restauração de Israel como expressão da bondade intrínseca de Jeová e seu bom propósito neles e naquela geração, e para as gerações futuras, pela manifestação do Messias: Jeremias 31.1-14; 31.31-40; 33.1-18. Ezequiel 11.14-21; 18.23,30-32. 20.33-39; 36.22-38; 37.24-28; 39.25-29; etc.
Deus é fiel. Cumpre o que diz, Sua palavra frutifica. Israel pode confiar na integridade de Jeová. Os versos 10 e 11 dizem isso. A chuva e a neve operam sobre a terra e a fazem frutificar. Assim, a Palavra de Jeová operará nos corações capacitando-os a atuarem com piedade, com justiça, a fazer o que é bom (Jr 1.12; Mq 6.8).
Os versos 12 e 13, que fecham este maravilhoso conteúdo, descrevem em termos proféticos a alegria da restauração de Israel (povo de Jeová). A tristeza será mudada em alegria; a angústia em paz; O próprio ambiente físico se alegrará (linguagem poética).
Espinheiros e sarças serão transmutados em faias e murtas, para exaltação do Senhor.
O povo arrependido, quebrantado, convertido, cultuando adequadamente, vivendo piedosamente, obedientemente, será como o descrito em Isaías 58.11. Aceitar isto é expressar sabedoria. Rejeitar é loucura (Os 14.9). Já fez sua esscolha? Deus abençoe você.

APLICAÇÕES:
O Deus de Isaías, dos seus antepassados é, também, o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Ele é sempre o mesmo. É o nosso Deus. Por isso:

1- Devemos nos lembrar que a mesma sinceridade de cultuar e viver, requeridas, então, nos é requerida hoje, para o servirmos e sermos abençoados (Is 1.19; 58.14).

2- É bom lembrar que os profetas Isaías e seus contemporâneos (nos dois reinos), e também seus colegas posteriores, Jeremias e Ezequiel, pregavam concordemente a mensagem do Senhor, condenando o pecado, apontando a correção e seus frutos. Coerentes com a Revelação histórica anterior. Assim, nós, profetas atuais, devemos praticar essa mesma coerência, convictos de sermos servos do Senhor. A mensagem é DELE.
Nós lhe prestaremos conta. “Sede unânimes entre vós” (Rm 12.16 a).

3- Lembremo-nos que o fato de sermos povo de Deus não nos torna imunes às “ciladas do Diabo” e possibilidade de fraquezas, pecados, etc.(1Jo 2.1,2; Ef 6.11).Deus nos ajuda, mas precisamos lutar para não cairmos nos pecados apontados nestes estudos,os quais ofendem, entristecem a Deus, e nos causam prejuízos, tiram a alegria (Sl 32.1-7; 51.12).

4- Devemos nos lembrar que Deus deseja nosso bem. Sua alegria é ver-nos viver a genuína alegria. Oferece-nos a oportunidade, apela à nossa consciência, oferece-nos perdão. Quem sabe algum estudante destas lições está triste, abatido, por causa de pecado? Deus espera seu arrependimento, sua confissão, sua conversão completa para dar cura à sua alma. Releia com oração e atenção 2Crônicas 7.14 e Mateus 11.28-30.

5- Aproveitar a oportunidade: “… enquanto está perto… enquanto se pode achar” (55.6; Ef 5.15,16,17). Impressiona-me o registro bíblico de três homens que aproveitaram sua última oportunidade O cego de Jericó (Lc 18.35-43); Zaqueu (Lc 19.1-10). Foi a última vez que Jesus esteve ali: o crucificado que clamou por socorro (Lc 23.42).
A melhor oportunidade é “AGORA”. Qual a sua real situação? É uma questão entre você e Deus. Em oração, leia bem e cuidadosamente o hino, 258 do Cantor Cristão, e se sabe cantá-lo, cante-o. A melodia é linda; é de um dos meus compositores prediletos, Franz Joseph Haydn. Deus abençoe você, querido(a) leitor(a).

GLOSSÁRIO: Notas Explicativas.

*Pecado. Uma palavra genérica em nosso idioma para designar tudo aquilo que se opõe a Deus. No antigo Testamento hebraico é possível recorrer a, pelo menos, nove termos para descrever pecado. No Novo Testamento grego podemos recorrer a sete termos para o mesmo fim. Em ambos os Testamentos, cada termo reflete algum aspecto por que o pecado pode ser manifesto. O assunto merece um estudo específico, sendo impossível encaixá-lo neste espaço. Quem sabe em algum tempo posterior isto se torne possível. Busquemos nos adequar ao Senhor, de acordo com a Bíblia, evitando nos opor a Ele. Reflitamos em Colossenses 1.9,10.

*O Deus. Na lição 06, estudamos sobre a exclusividade da divindade, sua unicidade, como declarada em diversos contextos de Isaías, sem, entretanto, estabelecermos justificativas (exposições exegéticas) sobre o assunto.
Todo crente leitor da Bíblia percebe isso com facilidade. Aconteceu com meu pai. Deixou o engano religioso a que se aferrava, converteu-se.
A questão que abordo é a do costume impróprio de referir-se à divindade, usando expressões tais como: cremos num Deus vivo; nosso Deus é um Deus de amor; é um Deus Justo, etc.
A questão da impropriedade está no emprego do “indeterminado”, do “indefinido”, para designar Aquele que é ÚNICO, EXCLUSIVO, e não “um entre outros”, que é o sentido do indefinido, do indeterminado. Gramaticalmente o emprego está correto, mas Teologicamente é impróprio.Tenhamos cuidado com as expressões a que recorremos para tratar de assuntos bíblicos, teológicos.
.
* “Pronto-Socorro”. Há pessoas que não cuidam regularmente da sua saúde.Só buscam tratamento em situações de emergência (Não estou defendendo a hipocondria).
Resolvida a emergência voltam à rotina como se seu corpo fosse um castelo tungstênio. Até nova emergência. Círculo vicioso da saúde.
Há crente (membro de igreja – muitas vezes “membro-ficha) que faz do Senhor o “pronto-socorro” das suas emergências. Nessas circunstâncias parece até gente convertida. Resolvida a emergência, desaparece. Não faz manutenção espiritual. Não lê a Bíblia, não ora, não evangeliza, não vai à E.B.D, nem aos cultos, não contribui etc. Até que…! Irmão(ã), você é um “dos tais”?. Leia cuidadosamente Jeremias 48.10.
Pense bem nisto. Cuidado!!! Terrível maldição !

*-Condicionalidade-Universalidade. A condicionalidade do relacionamento homem-Deus permeia toda a Bíblia. Deus não impõe; propõe. Se o homem aceita adequar-se ao Senhor, recebe bênção, incluindo a Salvação. Se rejeitar o Senhor, fica com a maldição.
2). Deus nos retribui com reta justiça, segundo nossas expressões de vida. O princípio lógico da implicação direta “SE… ENTÃO” faz parte da relação homem-Deus.

*-Universalidade. Refiro-me à abrangência, à globalidade do propósito redentor de Deus.
Não há base bíblica suficiente para ensinar que Deus, na eternidade, determinou uns para a salvação e outros para a reprovação. Esta é uma questão teológica que faz parte da História da Teologia, desde os dias de Agostinho de Hipona (Santo Agostinho).
No texto desta lição. Deus convida a “todos que têm sede”. Em Ezequiel 18, deseja que o ímpio se arrependa e viva (Ez 18.23,30-32). Compare no Novo Testamento: João 3.16; Mateus 11.28-30. Nos comissionamentos da igreja, Jesus ordena pregar a todos os povos e em Marcos, 16 a todas as pessoas; em João 4.42, os samaritanos reconhecem Jesus como verdadeiro salvador do mundo. Compare, ainda: Atos 17.30,31; 2Coríntios 5.14,15; 1Timóteo 2.3,4; Tito 2.11; 2Pedro 3. 9. Romanos 11.32). “... todos sob a desobediência… para mostrar misericórdia com todos”. Jesus ensina que o inferno foi preparado para o Diabo e seus anjos Mateus 25. 41.

LEITURAS DIÁRIAS:

segunda-feira Ez 36.16-38
terça-feira Jr 46.27-28
quarta-feira Jr 33 .1-26
quinta-feira Am 5.1-17
sexta-feira Os 14.1-9
sábado Is 12.1-6
domingo Is 55.1-13

Rótulo e Conteúdo

Isaías 58.1-14

Introdução. É comum ouvir-se de quando em vez: “Cuidado! As aparências enganam”, “nem tudo que reluz é ouro”; “por fora, bela viola; por dentro, pão bolorento”. Estes ditos populares têm seu lugar nas ações humanas. Falam do caráter de pessoas que se revela na sua vida prática.
O Mestre dos mestres ensina: “pelos frutos se conhece a árvore”. O capítulo em estudo nos fala exatamente disto. O culto que era prestado tinha aparência de piedade, porém sua motivação era outra. Havia uma espécie de “culto-barganha”. Havia o propósito de alcançar favores ao invés de adoração por amor, por temor piedoso. Os “adoradores” aparentavam piedade, fidelidade, mas seu viver não traduzia tais sentimentos. Havia dicotomia entre culto e ação.

1- Denúncia ordenada por Deus: Isaías 58.1,2.
“Clama em alta voz... como de trombeta... anuncia ao meu povo... sua transcrição... os seus pecados”. Há muita coisa importante aqui: Deus ordena ao profeta denunciar transgressão e pecados aos que vinham ao culto.
Era o seu povo (meu povo). Gente que havia sido escolhida; recebera leis, mandamentos e tinha sacerdotes, levitas, profetas, etc., cuidando dela, assistindo-a, ensinando-a.
Quando consideramos, assim, um alerta ressoa em nossa percepção: estava havendo falha na ministração ao povo? Que fora feito das reformas de Joás (2Cr 24.1-14); de Ezequias (2Cr 29.1-30); de Josias (2Cr 34.1-35. 19), etc. O registro de 2Crônicas 34. 8-21 dá a entender que houve negligência, pois o Livro da Lei estava abandonado e foi encontrado (v.14). Esse fato produziu o avivamento do reinado de Josias.
Ou o povo não levava em conta os ensinos que lhes eram ministrados? Parece que as duas ocorrências tiveram lugar. Nos nossos dias também... Deus se está agradando das ministrações e cultos que marcam nosso contexto? Os líderes precisam ser zelosos, fiéis na sua ministração. O povo de Deus precisa obedecer à Palavra assim ministrada e praticá-la.
O conteúdo do verso 2 deixa claro que o povo não vivia em justiça (como se fosse um povo que praticasse a justiça); o povo havia se desviado da Palavra de Deus (isso não aconteceria se não tivesse abandonado a ordenança do seu Deus).
Que proveito havia na prática de ritos e viver de maneira ímpia, injusta?

2-Queixas contra Deus: Isaías 58.3.
Esse povo além de prestar um culto egoísta, ainda se queixava do Senhor, atribuindo-lhe indiferença, desinteresse, ou, quem sabe, incapacidade para operar a retribuição esperada. As perguntas (queixas) dirigidas a Deus chegam a ser afrontosas:
• Por que temos jejuado e não atentas para isso?
• Por que temos afligido as nossas almas e não o sabes?
O Povo Israelita costumava celebrar fatos, eventos de sua história, para expressar seu reconhecimento a Deus. Lembravam a libertação do cativeiro egípcio, por meio da Páscoa; a peregrinação de quarenta anos no deserto, por meio da festa dos Tabernáculos; a doação da Lei no Sinai, por meio do Pentecoste; e outras, como a festa das expiações, conforme Lv 16.29-34; 23. 1-44; Nm 29.7, etc. Problemas surgentes na vida do povo levavam-no, também, a jejuns, ao oferecimento de holocaustos, etc. (Jz 20.26; Jr 36.5-10, etc).
Aqui não há uma especificação relativa a festas ou emergências. Parece-nos que se refere à rotina de atividades religiosas como nos capítulos 1 e 59. O povo tinha suas necessidades. Recorria à ajuda de Deus, usando como meio de movê-lo o jejum, o assentar-se sobre saco de cinzas, como expressão de humilhação, aflição, etc., mas apenas ritualidade. Nada fluía de um coração devoto e sincero. O verdadeiro temor, quebrantamento, etc. estava ausente (Sl 51.17). É impossível enganar a Deus (Sl 139. 1-16; Hb 4.13)
Não há no texto qualquer condenação ao Jejum. Jesus o praticou; Paulo o praticava; a igreja em Antioquia (na Síria – At 13) o praticava. A repreensão é dirigida ao superficialismo, ao ritualismo, à hipocrisia que estava ocorrendo. Deus aceita o culto verdadeiro, alegra-se nele, porém abomina, rejeita a hipocrisia, o “culto-barganha”.*

3-A resposta e a rejeição às queixas: Isaías 58.3b,4,5.
É maravilhoso o nosso Deus. Ele ouve as queixas daquela gente e, pacientemente, mostra o erro, classifica-o como transgressão e pecado, e corrige bondosamente. Duas respostas revelam a rejeição da motivação imprópria dessa busca de Deus. Quatro perguntas revelam que não foi essa prática que o Senhor pediu. Com simplicidade o Senhor conduz o povo à consciência de seu erro (pecado e transgressão), mostrando-lhe a seguir a adequada forma de vida que deveria ter.
– No dia em que jejuais prosseguis nas vossas empresas (na busca de vossos interesses) e exigis que se façam todos os vossos trabalhos. Certamente faziam seus jejuns, ofereciam seus sacrifícios no sábado, mas impunham aos seus servos a realização de tarefas pesadas visando ao aumento de suas riquezas, praticando a opressão.
– Jejuais e fazeis contendas, tendes desentendimentos (rixas) pessoais. Agredis (feris com punho iníquo) uns aos outros, etc. É difícil admitir que uma comunidade se disponha a cultuar o Senhor, agindo com tais motivações erradas, com tais atitudes.
O resultado é a rejeição dessa postura: “Jejuando vós assim como hoje, a vossa voz não se fará ouvir no alto” (no céu)... A questão não é indiferença ou incapacidade da parte de Deus (3a), mas atitude equivocada, motivação pecaminosa por parte dos “adoradores” (Is 59.1,2; 1.11-17; Gn 4.3-7; Tg 4.1-3, etc.). Deus, por sua própria natureza (justiça, santidade, verdade...) não pode aceitar tal adoração distorcida, equivocada, egoísta – “culto-barganha”. O culto verdadeiro, sincero, devotado, Deus aceita (Is 57.15; Gn 4.7; Jr 29.11-14). Porventura poderá o Senhor aceitar e retribuir todas as manifestações de cultos e adoração de nossos contextos atuais sob a alegação de contextualização? É necessário entender o que é a contextualização verdadeira e a contextualização clientelista*.

4- Perguntas reveladoras do erro dos “adoradores”: Isaías 58.5.
Há muitas perguntas que o próprio Deus faz, cujo propósito é tornar a pessoa consciente de sua situação pessoal. O Senhor conhece todas as coisas de maneira completa, absoluta (Gn 3.9,11,13; 4.9,10). No texto acima, Deus procura conscientizar o povo de que Ele não escolheria, não pediria, não aceitaria tal prática errada, distorcida, imprópria.
- Seria esse o Jejum que escolhi? É como se o Senhor quisesse lhes fazer pensar, refletir se Ele (Jeová) seria capaz de tal contradição (Zc 7.5-8).
- O dia em que o homem aflija sua alma? Qual o resultado de afligir-se, impor-se desconforto, penitenciar-ser fisicamente, flagelar-se como muita gente ainda hoje o faz?
- Consiste em inclinar a cabeça como o junco emurchecido pelo calor? Sentar-se sobre saco de cinzas? Que proveito em efetuar todo esse ritual e continuar com a maldade aninhada na alma, continuar na prática da iniquidade?
- Chamarias tu a isso Jejum e dia aceitável ao Senhor? As respostas a todo esse questionamento que o Senhor levanta é um categórico não. Jeová é o Deus da verdade, da justiça, da sinceridade, nunca das expressões exteriores, ritualistas, travestidas de adoração.

5- O jejum que Deus escolheu (O Culto Verdadeiro). Isaías 58. 6,7.
Novamente o Senhor volta ao método interrogativo para fazer Israel entender que o culto que Ele requer e aceita brota de um coração contrito, quebrantado (Sl 51.17; Is 57.15; Jr 29.12,13). Esse culto é expressão devocional sincera. O adorador adora conscientemente, sua alma se derrama naturalmente por reconhecer que o Senhor é digno de louvor, honra, glória (Sl 96.1-13; 100.1-5; Ap 4.8-11; 5.11-14).
O Senhor mostra por intermédio do questionamento que a atitude sincera, a prática da justiça, as atitudes piedosas devem estar em pleno acordo com os atos de culto (Mq 6.8; Ml 1.5,6; Os 6.6; 12.6; 1Sm 15.22).
Após mostrar o erro, o Senhor vai corrigi-lo, mostrando a atitude adequada para seu povo servi-lo, adorá-lo. Por meio de perguntas e respostas, ensina que o verdadeiro Jejum (culto) se manifesta por coerência entre adorar e viver. Vejamos o verso 6:
Acaso não é este o jejum que escolhi?
1-Que soltes as ligaduras da impiedade?
2-Que desfaças as ataduras do jugo?
3-Que deixes ir livres os oprimidos?
4-Que despedaces todo o jugo?
Agora a resposta a todas essas questões é um categórico sim. Que proveito haverá em deslocar-se ao Templo (ou qualquer local de culto), apresentar sacrifícios, jejuar, ajoelhar-se, aparentar quebrantamento, piedade, enquanto continua no pecado, na exploração, opressão de escravos ou trabalhadores (até mesmo no dia do repouso)? Deus repudia, reprova a injustiça social, a exploração, a opressão (Am 4. 1-5; Os 4. 1-3; 9.17; Jr 34. 8-22).
Vejamos agora o verso 7:
1- Porventura não é também que repartas o teu pão com o faminto?
2- Que recolhas em casa os pobres e desamparados?
3- Que vendo o nu, o cubras (o vistas)?
4- E não te escondas da tua própria carne; de teus próprios irmãos; de tua própria gente (Ne 5.10-12; Lv 25.25-35; Dt 15.12-18)?
O Antigo Testamento registra o cuidado que o Senhor manifesta com os necessitados (pobres, órfãos, viúvas, etc.) e ensinou seu povo a praticar a beneficência, lembrando-lhe o sofrimento experimentado no Egito (Mq 6.8; Is 1.16; Jr 4.14; Am 5.14,15).

6- A Justa Retribuição do Senhor à Prática da Justiça: Isaías 58.8-12.
A Bíblia inteira mostra a soberania de Deus orientando, dirigindo a história, cujo protagonista é o ser humano, Sua imagem e semelhança. Sua soberania se expressa numa condicionalidade relacional: “SE... ENTÃO”.
Vimos acima que Deus rejeitou a adoração imprópria, deixou de atender as reivindicações do seu povo por não atenderem seus ensinos. Não era culto autêntico, era um culto reivindicatório, “culto-barganha”.
Agora neste conteúdo o Senhor ensina o modo correto de adorá-lo. E as expressões de vida devem corresponder ao novo do povo: “Povo do Senhor” (2Cr 7.14). Vejamos:
Então romperá a tua luz como a alva (Pv 4.18). Haverá uma mudança completa. Os aspectos negativos da situação anterior serão mudados em expressões benditas da comunhão com o Senhor. Verão o Deus bondoso, cuidadoso, zeloso, pronto e poderoso.
E a tua cura apressadamente brotará. Se o povo (Israel) abandonar o superficialismo, a atitude egoísta, afastar-se da mera religiosidade e praticar o que é bom, então Deus operará sua justiça e mudará sua condição (2Cr 7.14; Jr 30.15-22).
E a tua justiça irá adiante de ti. A postura adequada, recompensada pelo Senhor, o fará seguir praticando o bem, realizando sua tarefa como Deus preparou.
• E a glória do Senhor será a tua retaguarda. Deus foi guia na condução de seu povo ao sair do Egito e também o protetor de sua retaguarda. Continuará a sê-lo se andar nos seus ensinos (Êx 14.19,20; Nm 15.16; Is 52.12; 63.8,9).
• Então clamarás e o Senhor te responderá... Eis-me aqui. O Senhor tem prazer em ouvir, atender seu povo. Mas é necessário estar adequadamente sintonizado com Deus (2Cr 7.14; Jr 33.3; 29.11-14).
• Se abrires a tua alma ao faminto, e fartares ao aflito. A liberalidade da alma generosa para socorrer os necessitados é o oposto do egoísmo. Na expressão aqui, seria como andar em trevas, na escuridão. O Egoísta (avarento, insensível) vive afastado do Senhor, da Luz.
• Então a tua luz nascerá nas trevas... como o meio-dia. A ação benevolente, misericordiosa reflete o caráter de Deus (Pv 4.18; Sl 37.6; 2Sm 23.3,4).
• O Senhor te guiará continuamente opondo-se às queixas do povo de não ser considerado, não ser atendido, Deus diz, por intermédio do profeta, que havendo mudança (conversão, abandono do pecado), Ele cuidará do seu povo continuamente.
• E te fartará até em lugares áridos. Estará Deus querendo lembrar ao povo do suprimento que seus antepassados receberam por quarenta anos no deserto? Nenhum Israelita morreu de fome, de sede, de nudez, de enfermidade. Morreu uma grande quantidade por rebeldia.
• Fortificará os teus ossos. Deus não somente farta com subsistência. Também com saúde. Ele prometeu que se houvesse obediência, nenhuma enfermidade viria sobre seu povo.
• Serás como um jardim... como manancial cujas águas nunca falham. Linda figura para habitantes da Palestina. Ambiente árido, desértico. Mas os que forem fiéis, permanecerem no Senhor, serão tais.
• Os descendentes serão abençoados: Serão a raiz de muitas gerações. Reconstruirão (restaurarão) os lugares assolados pelos babilônios. Vale a pena um estudo cuidadoso de como o Senhor cumpriu esta Palavra por meio de Neemias e Esdras.

7- O Sábado desvirtuado. Isaías 58.13,14.
A palavra sábado é um aportuguesamento da palavra hebraica, cujo significado em português é repouso, descanso, etc. A palavra não é sinônimo de sete. O repouso, de acordo com o registro de Gênesis (Gn, 2.1-3), ocorreu no sétimo dia. A ênfase, entretanto, está no significado, na finalidade, não no dia específico. Alguns destaques:
•Deus o estabeleceu e o justifica em Êxodo 20 e Deuteronômio 5.
•Estabeleceu-o como dia necessário ao descanso, à restauração física, mental, espiritual:
1-Abençoou-o: Fê-lo para nosso bem. Jesus afirma que o sábado foi feito por causa do homem.
2-Estabeleceu-o para repouso e culto; santificou-o. Separou-o para Si mesmo exclusivamente. No verso 13 há observações sobre o sábado, o dia do repouso, porque estava sendo profanado pelos israelitas. Pensavam estar procedendo bem, a ponto de se queixarem e requererem recompensas do Senhor, mas usavam o sábado em proveito próprio.
•Se desviares do sábado (do dia do repouso) o teu pé;
•E deixares de prosseguir nas tuas empresas (atividades de interesses pessoais) no MEU SANTO DIA (pertencente ao Senhor exclusivamente);
•Se ao sábado (dia de repouso) chamares deleitoso, ao santo dia do Senhor;
•Digno de honra; se o honrares, não seguindo os teus caminhos (propósitos pessoais);
•Nem te ocupando nas tuas empresas (cuidando de empreendimentos pessoais);
•Nem falando palavras vãs (prometendo fidelidade e não cumprindo). “SE... ENTÃO”.
Os resultados são descritos no verso 14 e podemos resumi-los na seguinte frase:
Tu serás bendito do Senhor em todos os aspectos de tua vida.

APLICAÇÕES

1- O povo de Israel (nos dois reinos) era descendência de Abraão, Isaque e Jacó. Foi formado para ser fiel e servir ao Senhor. Recebeu leis, preceitos, mandamentos e líderes para o apascentar (reis) e para os guiar espiritualmente (sacerdotes e profetas). Mas desviou-se, como estamos vendo na lição de hoje. Precisamos ficar atentos, como povo de Deus em nosso tempo e contexto, evitando cairmos nos mesmos erros.

2- Hoje, como então, Deus chama, prepara e envia líderes para cuidar do seu povo. É necessário que atendamos os ensinos que recebemos, tendo cuidado de discernir se realmente são alicerçados na Palavra de Deus.

3- Precisamos nos conscientizar do que é culto, como adoração ao Senhor, tanto no devocional, pessoal, como no familiar e no coletivo. Há diferença marcante entre “show” de entretenimento travestido de culto e culto genuíno, preparado e desenvolvido com o propósito de honrar, exaltar, glorificar ao Senhor, num espírito de verdadeiro respeito, de reverência à Trindade Santa.

4- Precisamos estar precavidos com tanta pregação “novidadeira” nos veículos de comunicação de massa apresentando outro Cristo que não é aquele do evangelho. Este é o Filho de Deus, que veio buscar e salvar os perdidos; que requer renúncia, arrependimento, vida nova; santidade e serviço. Aquele outro (o da mídia) é falsificado por seus apresentadores atuando apenas para o contexto terreno e material.

5- Precisamos valorizar, respeitar, santificar o domingo, o dia do repouso para os cristãos. Nada mudou de seu significado e finalidade. Jesus nos diz no Evangelho de João que nosso amor a Ele se manifesta por nossa obediência a seus ensinos. Esses grupos que ao invés de dedicar todo o dia a Ele, aproveitando os cultos, a alegria do convívio familiar, visitando necessitados, evangelizando, etc. se aplicam a coisas menos importantes, cuidado!


Glossário: Notas Explicativas:

* “Culto-Barganha”: Nunca me deparei com esta expressão em qualquer publicação, nem mesmo a ouvi em qualquer comunicação oral. Desde meus tempos de seminário, com o propósito de conhecer diretamente a verdade sobre muita coisa sensacionalista, visitava lugares desse tipo de “manifestações espetaculares”. Numa delas havia muitos deficientes físicos e nenhum foi curado. Mas as “promessas” de curas e solução de problemas mediante certas quantias mínimas sempre eram feitas. E dava resultado. Os ajudantes (obreiros) recolhiam bastantes e boas ofertas.
Certa feita, após acompanhar por algumas semanas os estudos de livros das chamadas “T.J.”, fiz uma pergunta. Fui descoberto e expulso como “espião”. Mas o colhido naquelas semanas com mais alguma pesquisa me rendeu bom grau na monografia.
Presentemente alguns grupos fazem sucesso com suas “manifestações espetaculares” e em pouco tempo já ostentam bom status. Os “milagres” requerem boas doações em moeda, veículos, imóveis, etc. É como se o Senhor tivesse “loteca” ou algum “baú da prosperidade”. Os tais líderes (milagreiros) nos quais favores são trocados, e os frequentadores apostam na possibilidade de serem agraciados. Assim estava acontecendo com aquela geração Israelita, de Isaías 58. Bom, eu chamei aquilo e as presentes “cerimônias”, de “culto-barganha”, ou seja: “toma lá, dá cá”. Mas se alguém tiver uma designação mais adequada, use o meu e-mail e me ajude. Obrigado.

• Contextualização Clientelista.
A palavra contextualização tem uma função muito especial no âmbito da comunicação. Eu a uso muito nas minhas aulas de Missiologia (Missões Transculturais). Desde o Seminário me senti atraído pelo estudo da comunicação.
No âmbito da Missiologia a Contextualização é aplicada à Comunicação e Relacionamento Transcultural. Como estabelecer boa comunicação do evangelho e um bom relacionamento com um outro grupo cultural.
Bem, a gente anda por aí, visitando, pregando, palestrando, etc. Vê-se muita coisa, coisa estranha também, do ponto de vista bíblico quanto a culto e adoração.
Contextualizar é o recurso ou método que a igreja usa para tornar a mensagem de Salvação inteligível (entendida) e relevante à sua comunidade. Isto é contextualização verdadeira. Quando, ao contrário, ela é usada para atrair gente, sem considerar Deus como objetivo do culto, torna-se contextualização clientelista. É aquilo que o Senhor Jesus conceitua como “porta estreita, caminho apertado” e “porta larga, caminho espaçoso”.




LEITURAS DIÁRIAS

segunda-feira Tg 4.1-6
terça-feira Gn 4.1-7
quarta-feira Dt 15.1-11
quinta-feira Ml 1.1-14
sexta-feira Jr 34.8-22
sábado Sl 96.1-13
domingo Is 58.1-14

A Idolatria

Texto Básico: Isaías 44.1-20

Introdução: Após apresentar o Senhor Deus incomparável e único; após mostrar que o Senhor é o Deus vivente*, cujas obras O atestam, o texto contrasta-o com os ídolos mortos, insensíveis, impotentes, obras de mãos humanas, expressão de engano, de ignorância, resultado absurdo da falta de raciocínio, de reflexão.
Idolatria* genericamente quer dizer culto, adoração, devoção que se presta, que se oferece a objetos materiais: estátuas, árvores, animais e uma série de outras representações de supostas divindades.
Há expressões de afeição, apego a coisas que alguém aprecia, coloca-a em lugar de Deus, ou preferencializa-as* em relação ao Senhor, que são consideradas como ídolos, e tais atitudes são considerados na Bíblia uma idolatria (Ef 5.5; Cl 3.5) e outras que consideraremos mais na parte final de nossa abordagem.

1-O tratamento bíblico da idolatria (Êx 20.1-5; Dt 5.7-10)
O povo do Senhor (Jeová) acabara de ser libertado da escravidão egípcia. Vivera lá 430 anos e convivera com o paganismo e a idolatria de seus opressores.
Estava sendo conduzido para a terra de Canaã, habitada por nações idólatras e devassas (Lv 18.1; 19.37) a presciência* divina leva-o a advertir os Israelitas a se absterem de todas as perversidades dos cananeus, incluindo seus cultos detestáveis, ofensivos ao Senhor.
Os acontecimentos envolvidos no processo de libertação de Israel do Egito, sua peregrinação de quarenta anos no deserto, a conquista das nações cananitas são todos manifestações sobrenaturais operadas por Jeová, jamais representados por qualquer forma ou objeto.
Ainda que possa parecer repetitivo, todo esse conteúdo histórico é a Revelação do trabalho de Deus no processo da história, para alcançar (consumar) seu propósito eterno. Por isso, Deus instrui seu povo, para preservá-lo na verdade, abençoá-lo, protegendo-o do engano, da mentira, cujo pai e autor é o Diabo (Jo 8.44).
2- Israel desobedeceu a Deus, corrompeu-se (Is 44.1-20)
Considerando os ensinos dados por Deus por intermédio de Moisés, Josué, e os profetas que o sucederam, cai certa perplexidade sobre os leitores da Bíblia. Isaías parece sentir-se perplexo. As suas palavras satirizantes da idolatria de seus contemporâneos nos dois reinos (Israel e Judá) revelam esse seu estado de perplexidade.
Nos versos 1-8 o profeta relembra as ações do Senhor que fizeram Israel vir a existir, a ser o seu povo (44.1,2): “Agora, pois, ouve, ó Jacó, servo meu, ó Israel a quem escolhi. Assim, diz o Senhor, que te criou, te formou, te ajudará (continuará ajudar-te): Não temas...”.
Seguem-se as promessas renovadas e novas perguntas para trazer a lembrança as coisas passadas e o futuro promissor que lhe tem preparado (44.3-8; Jr 29.11-13).
Ao fazer tais declarações Deus reitera que ele, somente Ele, é Deus. As suas obras nos dias passados hão que ser lembradas como atestado de que Israel é a testemunha que Jeová pode apresentar diante dos povos como aquela nação criada, preservada, conduzida, pelo Deus vivente, contraste perfeito aos ídolos inanimados, mudos, incapazes; falsos deuses que não podem falar, operar. São inúteis, simplesmente imaginários (44.6-8). É como se o Senhor perguntasse: Israel, meu povo; depois de tudo que tenho feito; depois de toda a manifestação de minha bondade, de meu poder, de minhas maravilhas nas gerações passadas e até hoje, como tu podes tomar essas coisas enganosas como teus deuses? É mesmo difícil entender! Fico perplexo.

3- A Insensatez da Idolatria (Is 44. 9-20)
É bom lembrar que o profeta está ministrando ao povo do Senhor. É gente que recebeu os ensinos, as leis, a instrução por meio de pessoas (servos) chamados e encarregados de proclamar a verdade. Não é a um povo pagão que o profeta ministra. A mensagem, os ensinos recebidos são precedidos da expressão: ”Assim diz o Senhor”. Ações poderosas confirmaram a autenticidade da mensagem.
Neste grupo de enunciados o profeta mostra a inutilidade do ídolo e a falta de entendimento, de discernimento de um povo que parece ter perdido sua nacionalidade:
3.1- Os artífices são insensatos; suas obras são de nenhum préstimo, isto é, nada valem (9,10);
3.2- Os fabricantes de deuses são apenas seres humanos: ferreiros, carpinteiros que trabalham com madeira (pau) e transformam isso numa estátua de aparência humana. Eles mesmos, os fabricantes de ídolos, se cansam, desfalecem (11-13);
3.3- Essa matéria-prima serve como lenha, e parte é transformada numa estátua, à qual se prostra e adora; diz a tal objeto: livra-me, pois tu és o meu deus (14-17);
3.4- Nada sabem, nada entendem esses artífices (44.18); nada sabem, nada entendem os que carregam ídolos em procissão (45.20). São deuses inúteis, não podem salvar;
3.5- Eles (os idólatras) não refletem, não param para pensar, para perguntar se isso tem sentido (lógica). Não é apenas uma árvore transformada em um objeto? (40.19);
3.6-Tais objetos de culto são uma abominação*, uma mentira, um engano. Tal culto é abominação ao Senhor (40.20; 41.24; 66.13; Jr 4.1; 6.15; 13.27; 16.18; cf. Is 1.13; Hb 2.19; etc.).
As considerações do profeta chegam a ser satirizantes, ridicularizantes, por ser um contrassenso. Como pode uma pessoa chegar a tal ponto de insensatez? Como pode descer a tal nível de embrutecimento (Rm 1.18-25; Ef 4.17-19). E que dizer do nosso tempo, em que o desenvolvimento tecnológico e científico nos tiram o fôlego, ainda contemplamos com perplexidade comunidades que adoram animais, e os que se dizem materialistas, negando a Deus, ridicularizando tudo o que se relaciona com Sua Revelação?
4- A Idolatria e o Novo testamento (1Co 10.14-22)
O Deus revelado no Antigo Testamento: o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó (Êx 3.6) é o mesmo Deus e Pai do Senhor Jesus Cristo (Jo 20.17). A Ele Jesus se refere que é necessário que o adoremos adequadamente (Jo 4.22-24).
O evangelho ao ultrapassar os limites do estreito nacionalismo judaico e penetrar o mundo gentílico, deparou-se com um contexto de idolatria e depravação, considerado naturais pelos povos que o habitavam (mundo Greco-romano).
As pregações apostólicas registradas nos Atos e as cartas tratam com toda a clareza e veemência a questão. Muito especialmente o apóstolo Paulo trata do assunto.
No texto acima e em outros correlatos ele ensina, guiado pelo Espírito Santo, alicerçado nos Escritos do Antigo Testamento, que o ídolo é uma nulidade, um engano demoníaco. O culto prestado ao ídolo é prestado aos demônios (1Co 10.19,20).
Ainda, fica clara para nossa advertência a necessidade de completa separação de coisas impróprias nas nossas celebrações. Nosso culto ao Senhor, nossas expressões de vida excluem todo e qualquer vínculo com aquilo que se relaciona a Satanás(1Co 10.21-22).
Outra manifestação perigosa da idolatria é a cauterização da consciência moral. Paulo reconhece que a depravação do mundo gentílico é fruto de suas crenças e práticas idólatras (Rm 1.18-32; Ef 4.17-19).

Aplicações:
1- Precisamos nos lembrar que, como povo de Deus no tempo e contexto atuais, corremos o mesmo perigo de Israel de então de desobedecermos a lei do Senhor (Sua Palavra Revelada), introduzindo práticas estranhas nos nossos cultos, como se fossem aceitáveis pelo Senhor (Is 1.12,13). A idolatria no passado entrou progressivamente até se tornar uma forma corrompida de culto. Hoje há muita coisa estranha penetrando os fundamentos da pureza bíblico-doutrinária em nossos ambientes evangélicos. Os líderes, principalmente os pastores, precisam estar atentos aos “bezerros de ouro “ e ao “fogo estranho”, impedindo-os de se enraizarem entre nós.

2- Há necessidade do ensino fiel e corajoso da pureza escriturística, entregando “oráculos de Deus” (1Pe 4.11; Ml 2.1-7); Isaías foi mensageiro fiel. Combateu o pecado, ensinou a verdade, não receou o povo nem os reis. Se nos seus dias fosse feita uma lei considerando o combate à idolatria “crime hediondo e inafiançável” ele teria cumprido sua missão como a cumpriu: “importa obedecer antes a Deus do que aos homens”. “Quando os fundamentos estão sendo destruídos, o que pode (deve) fazer o justo”
(Sl11. 3)?

3- Precisamos buscar na Palavra de Deus e na oração a capacitação para discernir o que é verdade e erro. O que é de Deus e o que é do mundo. Precisamos ser “luz do mundo”, brilhar no mundo escuro das trevas malignas. Impedir firmemente que as coisas do mundo tenebroso do pecado penetrem os “átrios do Senhor”, travestidas de coisas santas (Jo17. 14-19; 2Co11.3,14,15).

4- Precisamos saber que, com toda a certeza, nenhum membro de Igreja evangélica irá fazer um ídolo, ajoelhar-se a ele, cultuá-lo, etc. Entretanto, poderá “idolatrizar” no seu coração, na sua mente coisas que ofendem a Deus. Poderá, por ignorância (falta de ensino bíblico) agir idolatricamente, colocando, no lugar de Deus, coisas que parecem inocentes, inofensivas, que se tornam ídolos. Tais pessoas precisam de ajuda, de ensino, de orientação, de advertência (Ez 3.16-21).

Glossário:
Deus vivente*. Normalmente as traduções tanto no Antigo quanto no Novo Testamento usam a expressão “Deus vivo” em contraste aos falsos deuses, aos ídolos.
Porém a idéia é que o Deus da Bíblia é eterno, imutável, etc. Ao criar o homem, assoprou-lhe nas narinas o fôlego da vida e ele tornou-se alma vivente. As expressões verbais que designam tanto o homem como Deus trazem a ideia de algo que permanece para sempre. No Novo Testamento, especialmente, é usado o particípio presente para descrever o Senhor, num sentido progressivo, durativo, linear. Um exemplo clássico é o da confissão de Pedro em Mateus 16.16, cuja tradução rigorosa, é: “... Tu és o Cristo o Filho do Deus vivente”. Há vários outros exemplos semelhantes.

Idolatria*: Os termos Hebraico (Antigo Testamento) e Grego (Novo Testamento) designam um tipo de culto impróprio, indevido. O único culto verdadeiro, legítimo é aquele prestado a Deus (Senhor = Jeová – Dt 6.13;10.20,etc.). Jesus, ao ser solicitado por Satanás a adorá-lo, lhe responde, usando esta referência: “... ao Senhor teu Deus adorarás, e só a Ele servirás”. Satanás, petulantemente propôs a “Satanolatria” (culto ou adoração a Satanás). Qualquer forma de adoração não dirigida a Deus é tratada como idolatria. Paulo afirma que a avareza é idolatria (Ef 5.5; Cl 3.5 ).
Que dizer nos dias atuais da “Balipodolatria”, apego exagerado, fanático ao futebol? E tantas outras manifestações que superam o amor e o culto a Deus.

Preferencializar* (não registrado nos dicionários, nem usado). De quando em vez torna-se necessário criar um neologismo para expressar melhor uma ideia, abolindo o uso de verbos auxiliares. É o que faço aqui. Dar preferência com intenção especial. Ação de agir de maneira preferencial em relação a alguma coisa ou pessoa.

Presciência*: A palavra usada de maneira especial por Paulo e Pedro. Refere-se à Onisciência de Deus. Refere-se ao conhecimento absoluto e eterno de Deus. Ele conhece todas as coisas antes que venham a existir ou a acontecer. Deus nunca é apanhado de surpresa; nunca enfrenta emergências. Nele como num presente eterno, tudo é real.
A palavra usada para que nós entendamos que antes de nós Deus sempre e eternamente conhece todas as coisas.

Abominação*: Tradução de uma palavra hebraica (Antigo Testamento e Cognatas), grega (novo Testamento e cognatas). Há variado uso de ambos. Designa algo repulsivo, repugnante, nauseante. A idolatria é tão vil que Deus a vê assim, diante d’Ele. Este termo merece uma consideração especial associada à idolatrai, divórcio (Ml 2.16) e uma série de perversidades e iniquidades que estão sendo institucionalizadas em nosso país (recordemos o Salmo 11.3).

LEITURAS DIÁRIAS
segunda-feira Jr 10.1-25
terça-feira Sl 115.1-18
quarta-feira Is 44.1-8
quinta-feira Is 44.9-20
sexta-feira Is 46.1-13
sábado Rm 1.18-32
domingo 1Co 10.14-22

A Teologia de Isaías ( II ): A exclusividade de Deus (Is 41 e 43)

Texto Básico: Isaías 41.1-7; 43.10-13

Introdução: Na lição anterior vimos Isaías demonstrando a incomparável grandeza de Deus, revelada nas Suas ações e na glória da criação. Nesta lição buscaremos compreender a mensagem do profeta demonstrando que o Deus de Israel é Deus único (Dt 6.5; Is 42.8; Jo 17.3; 1Co 8.4-6).
Uma observação importante. Para assimilar o sentido da mensagem de Isaías neste estudo, é necessário ler atentamente os capítulos 41 e 43 e mais as referências paralelas recomendadas, considerando que é o próprio Deus quem fala. Há passagens em que o pronome da primeira pessoa do singular ocorre explicitamente por meio de “Eu /Me/ Mim” ou pelo uso do possessivo correspondente “Meus”, “Minhas” e das flexões verbais correspondentes. Ocorre umas poucas vezes na 3ª pessoa (singular e plural), sempre de modo enfático. Vejamos:
1- Me, Mim: 41.1; 43.10,11,20,21,22,23,24,25,26,27.
2- Meus, Minhas: 41.8; 43.1,6,7,10,12,13,20,21.
3- Eu: 41.4,10,13,14,17; 43.1,2,3,4,5,11,12,13,15,25.
4- Flexões verbais (1ª pes.sing. e pl.): 41.4,8,9,15,18,19,43.6,7,14,19,28.
5- Flexões verbais na 3ª pessoa: 41.2,3,4,16,21,22; 43.17,26.

1- Deus revela-se a Israel, afirmando-se único: Isaías 41.1-7.
A Bíblia começa apontando Deus como Criador: “No princípio criou DEUS* os céus e a terra” (Gn 1.1). Termina falando do Deus encarnado, Jesus Cristo, como o Salvador: “A graça do Senhor Jesus seja convosco” (Ap 22.21).
Entre estes dois extremos há um longo registro de Deus e de Sua Revelação no processo da história. Da criação à consumação, as ações de Deus o mostram como único, exclusivo. Ainda que o pecado e a ignorância (falta do conhecimento necessário)* tenham levado os pagãos à ilusão de deuses imaginários (não existem deuses). Os tais nunca existiram, nunca se manifestaram, nunca realizaram atos que demonstrassem sua existência, seus atributos, ou coisa semelhante.
O capítulo 41 começa com uma expressão contundente: “Calai-vos diante de mim… cheguem-se, e então falem; cheguemo-nos juntos a juízo”. Seguem-se perguntas que não têm respostas: “Quem suscitou do Oriente...”; “Quem faz que as nações…”. “Ele os entrega à sua espada…”; “Ele os persegue…”. A resposta é óbvia : o Senhor. Não há concorrentes ou competidores. A profecia, certamente, refere-se a Ciro, filho de Cambises. Há evidências de que era relacionado à nobreza da Média, que ficava ao Norte de Babilônia enquanto a Pérsia ficava ao Oriente.
Ciro conquistou as nações ao Norte e a Leste. Agora prepara-se para conquistar a Babilônia, vindo no primeiro ano de seu reinado a decretar a libertação dos israelitas (2 Cr 36.22,23).
Em Isaías 45.1-7, 150 anos antes do nascimento de Ciro, o Senhor dá essas palavras ao profeta e declara ser o Deus único (5,6) e criador de todas as coisas. O Senhor é o soberano sobre a história. Nenhum suposto “deus” responde.
No verso 4, outra pergunta é lançada, cuja melhor tradução entre algumas versões circulantes e adotada por A. R. Crabtree* é: “Quem consegue executar eventos tão maravilhosos, chamando as gerações dos homens desde o princípio da história humana?” Novamente, a resposta é obvia: O Senhor. Deus criou todas as coisas, o homem com sua natureza peculiar, capacitando-o e ordenando-lhe multiplicar-se e encher a terra (Gn 1.26-28; At 17.24-26; Is 37.16; 46.4; 48.12).

2- O Deus único cuida do seu povo. Isaías 41.8-20.
Deus dirige-se a Israel como seu povo especial. Nestes versos (8-13) Deus lhe fala, dizendo ser seu servo, seu escolhido de entre todos os povos da terra, para ser povo santo ao Senhor, nação sacerdotal (Êx 19.5,6; Lv 20.26; Is 62.12; 1Pe 2.5,9).
Como resultado de sua fidelidade, Deus não o deixará, nunca o abandonará, nunca renunciará seu propósito expresso na eleição (chamada) de Israel, que remonta a Abrãao (Gn 12.1-3).
Esse propósito é relembrado nas mensagens de Jeremias (Jr 30.10,11; 46.27,28) e de Ezequiel (Ez 28.25,26; 34.11-15; 37.24-28).
O Senhor dirige-se ao seu povo, dizendo: “Israel, servo meu”, para designar a posição que ocupa entre as nações. A palavra “servo” genericamente significa escravo, prestador forçado de serviços a seu amo. Mas aqui como “Servo do Senhor” (Jeová), Israel é honrado como o servo do rei, um nobre que ocupa uma posição honrosa entre as nações.
Israel é chamado “descendência de Abraão, meu amigo”, cuja melhor tradução é: “Abraão a quem eu amo”. Esse propósito expresso na chamada de Israel acompanha todo o registro da Revelação de Deus no Antigo Testamento.

2.1- O Deus único ajuda (socorre) o seu servo (Israel) 41.10,13,14; 43.1-7.
A história de Israel é o registro das ações do Senhor (Jeová) na vida do seu povo, como o Deus fiel, que o acompanha de geração a geração, manifestando seu cuidado (Dt 4.31). “Não temas, porque eu estou contigo…” (v.10); “… não temas, eu te ajudarei”.* (v.13). Esse encorajamento é acompanhado da enfática afirmação: “Eu sou teu Deus”; “Eu, o Senhor teu Deus, te sustento e te ajudo; e te digo: eu te ajudarei”. Ainda que Israel enfrente dificuldades, ameaças e perigos, o Senhor está com ele. Israel está exilado, prisioneiro na Babilônia, sofrendo sob seus dominadores, mas o Senhor está presente, trabalhando nos acontecimentos para libertá-lo da opressão e plantá-lo novamente na sua terra (43.14-21; 45.1-6).
Israel é como um troféu que Deus exibe às nações. É o povo que Ele formou, que é assistido, guardado, conduzido, amparado, protegido. Que outro povo pode ser apresentado por algum suposto “deus” como testemunho de sua existência, poder, ação na história (Dt 4.32-35)?
O Senhor pode fazer isto. Israel é o atestado do agir de Deus (Jeová) no processo da história. Deus pode desafiar as nações e dizer-lhes: olhem para Israel, sua existência, sua trajetória, desde Abraão até agora. Olhem para sua história. Avaliem os fatos passados e apontem algum povo que exista, que tenha uma história como a de Israel. Israelitas são as minhas testemunhas. O povo de Israel é a revelação de que Eu Sou, que opero na história, que cuido do meu povo (43. 9-14). Eu faço maravilhas aos olhos de Israel e das nações (41.17-20; 43.15–21).

2.3- O Deus único faz Israel vitorioso sobre os seus inimigos (41.11,12; 14-16).
Israel (povo de Deus) está exilado, triste numa terra pagã, sendo atormentado e oprimido (Sl 137.1-9). Enfraquecido, desarmado, empobrecido, sem poder para guerrear e vencer seus dominadores. O Senhor é onisciente, sabe dessa condição como sabia dos sofrimentos durante a opressão egípcia (Êx 3.6-11). Deus operou poderosamente contra Faraó; operou muitas vezes nos dias dos Juízes. Agora chegou o momento de favorecer seu povo operando contra a Babilônia. “Envergonhados e confundidos serão todos os que se irritam contra ti… perecerão” (11). “Quanto aos que pelejam contigo buscá-los-ás, mas não os acharás. E os que guerreiam contigo… perecerão…” (12). No meu entender, a profecia é dada 150 anos antes da libertação.
Não há dificuldade para o Senhor falar de qualquer fato em qualquer tempo (Is 45.11; 46.10).
Antes que a opressão chegasse, a libertação já estava preparada.
Ciro, o persa, no comando de seu exército, marcha vitoriosamente, derrotando os reis inimigos do povo de Deus. Ele não sabia que estava operando sob a soberania de Deus, para que o eterno propósito elaborado antes da fundação do mundo (Ef 4.9,10) se cumprisse. Israel era, no seu tempo, a geração na qual esse propósito se desenvolvia (Is 4.6; 9.10).
Ciro é convocado por Deus para efetuar a libertação de Israel (Is 45.1-5). Deus opera sábia e soberanamente; disciplina o povo por causa do pecado; detesta a rebeldia, porém ama o rebelde. Israel estava no cativeiro por isso, mas o Senhor o ama e o restaura.
Israel era fraco, impotente. Mas Deus o faz forte, vitorioso e livre (41.15,16). Sua fraqueza é mudada em fortaleza; sua opressão em liberdade; sua derrota em vitória; sua tristeza em alegria; seus lamentos em louvor; suas lágrimas em sorrisos (Sl 126.1-6).
Que gozo, que bênção, que paz, que gloriosa esperança para nós, Israel deste tempo. Somos o povo de Deus nesta geração. Ele é o mesmo: “O Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó”. O Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo (Jo 20.17,18). Aleluia! Amém!
(Complete sua alegria com a mensagem do hino 14 do Cantor Cristão).

Aplicações:

1- Precisamos saber conscientemente que o Deus único dos dias de Isaías é o nosso mesmo Deus. Ele trabalha na história em suas sucessivas gerações, até consumar seu propósito eterno feito no Seu Filho. Ele nos trata hoje da mesma maneira como tratou seu povo nas gerações passadas, como aquela contemporânea do profeta Isaías:

1.1- Se lhe obedecermos Ele nos abençoará. Se formos rebeldes, nos corrigirá (disciplinará), mas preservará sua bondade, pois detesta a rebeldia, mas ama o rebelde (Rm 5.5-8).

1.2- Precisamos estar conscientes e atentos aos meios que Deus usa para nos falar hoje. Como no passado enviou mensageiros para entregar Sua Mensagem, assim o faz em nosso tempo e nosso contexto. Devemos, com humildade, ouvir os recados de Deus, tendo o cuidado muito especial de verificar se estão fundamentados na Bíblia (At 17.10,11).

1.3- Devemos entender que nós, hoje, como nas gerações passadas, enfrentamos oposição e inimigos, por sermos o povo de Deus. Lembremo-nos que o Senhor sabe disso e está conosco. Ele proverá os meios para nos amparar, guardar e preservar (Dt 4.31; Mt 28.20; Is 41.10,13; 43.1,2,13). Releia os hinos 34 (Plena Graça) e 313 (Proteção Divina) do Cantor Cristão.

1.4- Atentemos para o fato que cada geração do povo de Deus tem seu papel no momento e contexto, e projeta influências e consequências no seu ambiente, momento e para as gerações sucedentes. Devemos buscar discernir qual a nossa responsabilidade, nossas expressões de vida como pessoa e como igreja, em conformidade com o propósito de Deus (Cl 1.9,10; 2Pe 1.2-11).

Glossário e Notas Explicativas:

• Deus: O Antigo Testamento usa várias palavras na sua língua original, o hebraico, para referir-se a Deus. Usa o termo genérico “EL” no Gênesis, no relato da criação, Sl 19.1-6, etc..
Outras palavras como “Senhor” já refletem outros aspectos da divindade. O espaço reservado na revista não permite uma descrição adequada desses nomes. Além dos nomes usados para designar Deus, Isaías recorre a uma série de títulos que tem significados relativos à natureza e ações de Deus. Ficamos devendo um ou mais artigos sobre este assunto.
Se os editores tiverem condições de inserir a matéria como encarte em uma ou mais publicações, faremos o possível para prepará-la.

• Crabtree: A. R.Crabtree. A Profecia de Isaías, vol. II. Casa Publicadora Batista,Rio de Janeiro,RJ-Brasil, 1967.

• Ignorância: O emprego que fazemos aqui não tem a ver com aspereza, grosseria, agressividade, etc. Significa falta do conhecimento necessário sobre um assunto, um fundamento doutrinário, informação insuficiente, etc.
Assim, as crenças pagãs são o resultado da falta de conhecimento de Deus, por não terem o registro de Sua Revelação. Paulo faz emprego de termos do idioma grego traduzidos, por “ignorar, ignorância, ignorante” e cognatos, para referir-se a conhecimento insuficiente (At 17.30; 1Co 12.1; Ef 4.18; 1Ts 4.13).

• Ajudo… Ajudarei: As palavras, as frases são expressões de ideias, de conceitos mentais. Na estrutura da comunicação o emissor (comunicador) age para fazer o receptor (ouvinte) entender o sentido de seu pensamento, expresso em linguagem. (Comunicar é estabelecer um entendimento comum sobre um assunto, entre duas ou mais pessoas.) Isaías está comunicando com fidelidade o pensamento (a mensagem ) de Deus ao seu povo. Ajudo é uma ação no presente, mas também traz o sentido de continuidade. O povo é dependente da assistência do Senhor. Ajudo, aqui, significa: “Eu te estou ajudando e continuarei a ajudar-te (Js 1.5,9). Presente progressivo.
Ajudarei: Quando, em que tempo, em que circunstâncias futuras? Outra vez o sentido é progressivo; ajudarei continuamente (Gn 28.15); Estou contigo (continuamente); te guardarei (continuamente); Js 24.15: serviremos ao Senhor (continuaremos a servir ao Senhor).
As ações do Senhor são presentes, manifestam-se diariamente, continuamente (Jr 3.22). Em Deus a gramática traz sentidos mais atraentes, mais profundos. Que tal aprender na gramática do Senhor?

Leituras Diárias

segunda-feira Sl 137.1- 9
terça-feira Is 41.1-19
quarta-feira 2Cr 36.11-23
quinta-feira Jr 31.1-14
sexta-feira Is 45.1-13
sábado Is 43.1-28
domingo Sl 126.1-6

A Teologia de Isaías ( I )

Texto Básico: Is 40.12-31

Introdução
Para nosso entendimento, deixemos de lado as discussões acadêmicas, os termos difíceis, os enunciados complicados, e pensemos com simplicidade. Consideremos Teologia como tudo que tem sido pensado, dito, escrito a respeito de Deus.
Para nosso propósito, consideremos Teologia como aquilo que a Bíblia diz acerca de Deus. Se queremos, verdadeiramente, ter um conhecimento (entendimento) acerca de Deus devemos buscá-lo na Bíblia.
Durante o seu ministério, o Senhor Jesus Cristo foi confrontado com perguntas, com questões difíceis. Muitas vezes queriam pô-lo em dificuldade. Ele sempre respondeu recorrendo às Escrituras (Mt 19.1-6; 22.29-33; Lc 10.25-28; Jo 5.39; etc).
Ora, o profeta Isaías pregou, entregou, proclamou a “Palavra do Senhor”, a “Palavra de Deus”. Quem é o Senhor? Quem é Deus? Como Isaías descreveu, explicou Deus para seus ouvintes ou leitores? A essa descrição, a essa explicação, denominamos de a “Teologia de Isaías”.
A palavra usada centenas de vezes pelo profeta para referir-se a Deus é Senhor (Jeová – ver lição 01, glossário, item 01). Mas emprega vários títulos para referir-se a Deus, ao descrever as ações do Senhor para com o Seu povo.
Isaías, ao recorrer a esses títulos, o faz à luz da Revelação dada ao povo, desde o Gênesis até o seu momento. Usa a história anterior como base de sua comunicação.

1- A Incomparável Grandeza do Senhor

1.1- Expressa na Criação
A Versão Revisada, da Imprensa Bíblica Brasileira (JUERP, 1988), melhor versão bíblica que temos em nosso idioma, intitula o texto de Isaías 40.12-31 como acima. Titulo apropriado.
Se os eruditos estão certos (40.1-11) o texto refere-se à restauração futura de Israel do cativeiro babilônico. Então, os restantes versos encorajam os receptores da mensagem a confiar no Senhor, cuja grandeza é descrita.
Os versos 12,13 e 14 apresentam três questões a serem consideradas:
1- Quem operou no universo medindo águas, os céus, o pó da terra, pesando os montes em balanças? 2- Quem guiou o Espírito do Senhor e lhe deu entendimento? 3- Quem foi seu conselheiro?
O propósito do profeta, com certeza, é animar os exilados, chamando-lhes a atenção para as obras poderosas e sábias de Deus: A grandeza, a beleza, a magnitude do universo é o reflexo da grandeza, da magnitude, do poder do Criador: Deus (Sl 8.1-9; Sl 19.1- 6; Jó 38.1-41). Gosto dos questionamentos levantados na Bíblia. O universo me fascina. Tenho o privilégio de morar no campo (roça) bem onde foi a sede da fazenda de nossa família. Como é inspirador apreciar os crepúsculos matutino e vespertino, cujos quadros só o artista divino é capaz de elaborar.
Como é encantador em ambiente sem poluição, contemplar à noite a multidão das estrelas a tremeluzir, e o Cruzeiro do Sul acima da serra, a cintilar sobre a floresta. Certa noite o pastor Fausto Vasconcelos hospedou-se conosco aqui. Chegamos tarde de uma reunião. Como foi difícil convencê-lo a interromper seu interesse, sua deslumbrância do espetáculo celeste e ir dormir!
Hoje, a Astrofísica nos faz perder o fôlego com as suas descobertas da grandeza, da complexidade, ordem, distâncias intergaláticas, dimensões de astros, etc. (veja-se, por exemplo, a dimensão de Alfa-Hércules* da constelação de Touro). O Deus (Senhor) Criador e mantenedor de todas estas coisas (Is 40.21,26 ). É o criador de Israel, que o ama, que o disciplina, mas não o abandona (Dt 4.30,31). O Deus que construiu tão maravilhosa morada, nunca o abandonará, pois essas maravilhosas dádivas revelam o valor que Ele atribui a Sua criatura.
Israel pode animar-se, descansar na sabedoria, na justiça, no poder, na fidelidade do Senhor (e nós também). Ele o libertará, o restaurará, o trará de volta para a terra que deu em possessão perpétua ao seu povo (Gn 13.14,15; 26.1-6; 28.12-15).

1.2- Expressa na Sua incomparabilidade
A Bíblia não se preocupa em provar a existência de Deus. Ele é realidade tão manifesta, que só não O reconhece quem não quer, ou tem seu entendimento entenebrecido pelo pecado. Quando estudamos a Antropologia geral e Cultural, descobrimos que todos os povos têm uma ideia de Deus (sobrenatural)*. Paulo afirma que Deus é manifesto por meio da criação (Rm 1.18-21; At 14.17; Sl 8.1-9; Sl 19.1-6).
Durante os quinze anos de trabalho missionário na África tivemos oportunidade de conviver com dezenas de etnias em oito países. Juntamente com o pastor Evenos Nunes, atuamos em aldeias no interior. Foi impressionante perceber a religiosidade dessas etnias, sem ter qualquer livro ou escritos de Revelação*.
Assim, a Bíblia descreve Deus por intermédio de suas ações, que traduzem seu “SER”, isto é, sua natureza. Igualmente, a mesma Bíblia não busca provar a existência do Diabo. Ela descreve suas ações, igualmente reveladoras de sua malignidade.
Ao registrar a Revelação do “SER” de Deus, a Bíblia não tem como recorrer a qualquer outra realidade, figura, ilustração, ou padrão de comparação. Deus não tem similares no conjunto da realidade total do universo.
Duas vezes o próprio Senhor pergunta aos destinatários da mensagem enviada por meio do profeta: 1: “A quem, pois, podeis assemelhar a Deus? ou que figura podeis comparar a Ele?” (v.18); “A quem, pois, me comparareis, para que eu lhe seja semelhante? Diz o Santo”. Não há como usar qualquer materialização, ou qualquer parábola para descrever ou explicar Deus. Não há definições de Deus (cf. Mt 11.27). Deus é manifesto por seus atos. Não gastemos tempo, energias mentais, etc., tentando explicar Deus. Leiamos
Sua Palavra e percebamos no seu conteúdo e significado QUEM É DEUS.

1.3- Expressa por Sua ação soberana
Após fazer as perguntas referidas nos itens anteriores (1.1; 1.2; 1.3) o profeta apresenta algumas orientações ou respostas que ajudariam seus receptores a terem melhor entendimento, percepção de Deus (conhecimento em forma de conceitos) *.
Deus é soberano sobre as nações. Estas não vieram a existir por si mesmas. São realidades limitadas, pequenas. São finitas e sujeitas a muitas variações. São constituídas de pessoas (gerações que surgem e desaparecem – vv.15,23).
O Senhor é ilimitado, transcende a tudo (v. 22). O seu domínio vai além de qualquer pretensa avaliação humana. É imutável, eterno. Só o Filho o conhece plenamente, por ser divino (de mesma natureza que o Pai (cf. Mt 11.27).
O Senhor é soberano sobre o universo (criação ou natureza). O Deus em quem Israel deve esperar e crer é aquele que opera no universo, nas coisas físicas, nos astros, e estes o atendem. Ele os criou, os sustenta e os controla (Is 38.8; 2Rs 20.8-11; Js 10.12-14; Hb 1.3).
O Senhor conhece todas as coisas. Nada está encoberto a Ele (40. 27; Hb 4.13). Ainda que o povo pensasse diferente, a realidade é que o Senhor o acompanhava, lhe fazia justiça (Is 41.10).
O Senhor fortalece, restaura, revigora. Ele trará Israel ao seu lugar, o acompanhará e o protegerá. Israel precisa ter confiança (fé). Precisa esperar no Senhor e experimentar toda a grandeza incomparável do Senhor. A mensagem é integralmente válida para o povo de Deus hoje. Somos o seu povo e Ele é o nosso Deus. Amém.


Aplicações

1- O conhecimento de Deus no conteúdo de Isaías é manifesto à base da Revelação dada anteriormente. O profeta recorre à experiência do povo de Deus, acumulada gradativamente na sua história. Nós hoje estamos em muito melhores condições do que os contemporâneos de Isaías, pois temos o conhecimento efetivado na pessoa, vida, obras e ensinos de Jesus.

2- Os ensinos dados por Deus ao seu povo por intermédio de Isaías em forma profética para os tempos posteriores, em boa parte, já se cumpriram, atestando a fidelidade do Senhor.
As profecias acerca da manifestação do Messias e de suas obras já se cumpriram na vinda de Jesus (Lc 24.44,45).

3- O conhecimento necessário à salvação, que há exclusivamente no Senhor Jesus Cristo, não decorre de conhecimentos acadêmicos, mas do que está nas Escrituras (Jo 5.39; Rm 10.13-17). Esta afirmação não é rejeição do conhecimento acadêmico (sistemático) acerca de Deus, pois eu mesmo por longos anos tenho sido professor de teologia e disciplinas correlatas. O que quero dizer é que precisamos conhecer as Escrituras e nos firmarmos nelas, não nos deixando levar pelo fascínio do saber meramente humano.

4- Precisamos nos apegar às Escrituras, como “Palavra de Deus”, lembrando o que ela mesma diz acerca do perigo da “falsa sabedoria”, da “falsa erudição”. (Rm 1.21,22; 1Co 1.18-24; Jó 5.12,13; Is 29.14; Jr 8.9).

Glossário - Notas Explicativas

* 1- Alfa-Hércules: É uma estrela da constelação de Touro. Um gigante. Pensemos em nosso planeta. Pensemos no Sol. Se pudéssemos esvaziar o Sol, torná-lo uma cápsula gigante, poderíamos colocar nela um milhão e trezentos mil planetas terra. A distância terra-sol é de cento e cinquenta milhões de quilômetros. Um objeto voando a 50 mil km/h, levaria 125 dias para fazer o percurso . Pois bem: se fosse possível colocar o Sol num ponto daquela estrela, dar um espaço terra-sol, colocar outro sol e, assim, sucessivamente, poderia repetir-se a operação vinte e cinco vezes. Estrela gigantesca, não é mesmo? Quem, senão somente Deus, poderia criar tal maravilha?

2- Antropologia, Sobrenatural, Revelação.
A Antropologia é a ciência do homem. Procura explicar o que e quem é o homem. Tal estudo enfocado na Bíblia explica quem é o homem, como imagem e semelhança do Criador.
A Antropologia Cultural tenta explicar (descrever) o homem à luz de suas expressões de vida: costumes, tradições, artes, linguagem, crenças, vida familiar, educação, sociedade, etc. Até hoje não se detectou um único grupo humano (etnia) que não tivesse ideia de “sobrenatural” (crença religiosa). Falta-lhes o conhecimento de Deus como revelado na Bíblia. Revelação é, pois, o registro das ações de Deus, como temos nas Escrituras.

3-Conceito e Definição. As publicações em língua inglesa geralmente falam em definições. Hoje já há até um manual usado para candidatos ao pastorado, que são estudados visando ao exame conciliar. Tudo na base de perguntas e respostas. Penso diferente. Não se assustem. O exame deveria ser à base de leitura e exposição de textos bíblicos. Definir (de onde deriva definição) significa circunscrever e descrever rigorosamente o objeto em questão. Imaginemos, por exemplo, definir prego, sapo, camundongo, etc., falando de cada um rigorosamente, sem omitir um único componente, uma única função, característica, qualidade, etc. Se qualquer leitor conhecer tal “mestre”, por favor, avise-me. Muito obrigado.
Conceito refere-se àquela visão geral, panorâmica, que se tem do objeto. Temos ideias básicas de Deus, que nos são fornecidas, dadas, pelas Escrituras. Definir o Senhor (Deus) impossível. O conhecimento que temos de Deus é escriturístico e experiencial (vivencial, resultante da comunhão). Por enquanto, contentemo-nos com o que Paulo e o Senhor Jesus nos dizem (1Co 13.12; Mt 11.27). O conhecimento necessário para a salvação, para viver dignamente do Senhor e fazer o que é bom, nós o temos revelado e registrado nas Escrituras (Mq 6.8; Rm 15.4-6).

. LEITURAS DIÁRIAS
segunda-feira Jó 5.1-27
terça-feira Jó 38.1-41
quarta-feira Sl 8.1-9
quinta-feira Sl 19.1-6
sexta-feira Sl 25.1-22
sábado Is 25.1-12
domingo Is 40.12-31

“Tal Pai, Tal Filho”: Nem Sempre

Texto Básico: Isaías 7.1-9; 17-25.

Após a divisão do reino em dois outros (1Rs 12.16-24), há o registro na história do povo de Deus tanto no Norte (Israel) quanto no Sul (Judá) de uma sucessão de reis, acerca dos quais é dito: “E fez o que era reto” ou “e fez o que era mau aos olhos do Senhor” (Jeová).
Um fato chama a atenção: como pode um bom rei (que era reto) gerar um filho que vinha a ser mau rei; ou mau rei (que era ímpio) gerar um filho que vinha a ser um bom rei?
Isaías, como já vimos, ministrou por mais de cinquenta anos sob o governo de quatro reis em sucessão direta (Is 1.1) e, se estava vivo nos primeiros anos de Manassés, teve de conviver com cinco administrações: reis bons e maus, considerando, ainda, a rebeldia e pecados do povo a quem ministrava.
O profeta passou por essa longa experiência e cumpriu sua missão com imparcialidade, com integridade, com fidelidade. Não bajulou nem se acovardou perante os reis, quer bons, quer maus. Permaneceu na sua integridade.
A abordagem aqui feita tem o objetivo primordial de avaliar o problema e descobrir as lições que aí encontramos e como exercermos o encargo de mensageiros (profetas) do Senhor em nosso tempo e contexto, mantendo a consciência capaz de poder falar como o profeta de então: “Assim diz o Senhor”, para conduzir Seu povo “nas veredas da Justiça” (Sl 23.3b e Mq 6.8).

Os Reis Sob os Quais Isaías Serviu

1- Uzias: Filho de Amazias, rei que começou bem, mas deixou-se corromper (2Cr 25.1,2; 14.15; 27,28). Como filho sucede seu pai (2Cr 26.1-5), mantendo uma postura digna.
A leitura de todo o capítulo 26 de 2Crônicas nos informa melhor. Entretanto, ao tornar-se poderoso (importante), deixou-se levar pelo orgulho, agiu como sacerdote, pecando contra Deus.
Repreendido pelo sacerdote Azarias, não se humilha, sendo punido com lepra, tendo de isolar-se pelo resto da vida. Jotão fazia o trabalho do rei, sucedendo-o após a morte (2Cr 26.16-23).
Uzias fez coisas boas, mas cometeu erros também.
Não há um registro explícito de seu relacionamento com o profeta Isaías, mas pelo conteúdo de Isaías 1.1 e 6.1, deduz-se que Isaías, vivendo em Jerusalém, provavelmente de linhagem real, tenha tido boa aproximação com o rei Uzias. Sua mensagem nos capítulos primeiro e sexto mostra que o profeta tem de denunciar a decadência vivenciada naquele contexto.
Que influência teria Uzias exercido sobre Jotão, que conheceu a transgressão do pai e teve de substituí-lo no cargo de rei, resultado de sua transgressão?

2- Jotão: Começou reinar ainda jovem (25 anos) e por 16 anos ocupou o trono, falecendo aos 41 anos (2Rs 15.32-38; 2Cr 27.1-9).

As duas referências (2Rs 15.34 e 2Cr 27.2) descrevem-no como um rei que fez o que era reto aos olhos do Senhor, conforme seu pai fizera. 2Crônicas 27.2 acrescenta: “Todavia não invadiu o santuário do Senhor. Mas o povo se corrompia”. O verso 6, afirma: “Assim Jotão se tornou poderoso, porque dirigiu os seus caminhos na presença do Senhor seu Deus”.
Há algumas observações que podem ser feitas:
Jotão foi influenciado pelo pai. Embora ele tenha transgredido a lei referente à queima do incenso sobre o altar, procurou servir bem ao Senhor. Seu erro foi levado em conta pelo filho. Certamente Jotão assimilou bem o fato e evitou cometer o mesmo pecado.
Porém o povo continuava a pecar. Os locais impróprios para oferecer sacrifícios não foram tirados, o que desrespeitava a lei quanto ao local do culto.
Qual e como teria sido o relacionamento de Jotão com o profeta Isaías? Nenhuma referência escrita, exceto Is 1.1, de que o profeta ministrou em seus dias (de Jotão).
Mas como Isaías exerceu sua missão dignamente, conclui-se que se manteve profeta autêntico sob Jotão. E os mensageiros ou profetas de hoje?

3- Acaz:
Foi um homem ímpio, o perfeito contraste do pai. Começou a reinar com vinte anos e faleceu aos trinta e seis. As descrições feitas a seu respeito em 2Reis e 2Crônicas são chocantes, como referências a um descendente do rei Davi. 2Reis 16.1-4 descreve as ações de “culto” por Acaz, como se fosse um pagão de elevada perversidade. Os versos 10-20 desse capítulo descrevem uma mistura de paganismo e judaismo, apoiado pelo sacerdote Urias, que deveria repreendê-lo e omite-se, cooperando na sua depravação espiritual. Não há espaço para abordar tudo. É melhor ler os textos completos de 2Reis 16.1-20; 2Crônicas 28.1-27; Isaías 7.1-9 e 17-25. Em 2Crônicas 28.3 e 2Reis 16.3, está escrito que Acaz sacrificava (queimava) os próprios filhos.
No capítulo 7 de Isaías, Deus fala pessoalmente ao profeta acerca das perversidades do rei, procurando acalmá-lo quanto ao perigo da aliança de Israel com a Síria (7.4-7). Acaz, entretanto, ao invés de confiar no Senhor, na mensagem de seu profeta, vai buscar aliança com Tiglate-Pileser, da Assíria, usando como pagamento ouro e outros materiais preciosos do próprio Templo (2RS 16.6-8; 2Cr 28.16-21). A sua perversidade é destacada em termos vivos em 2Crônicas 28.22-25.
Parece que nenhuma influência do caráter de Jotão operou em Acaz. Agiu como se nunca tivesse recebido qualquer formação espiritual.
No conjunto de textos citados, o de Isaías capítulo 7 deixa patente que o profeta esteve com o rei e lhe transmitiu a mensagem enviada pelo Senhor. Penso que o profeta com toda a integridade cumpriu sua tarefa. Se as coisas continuarem a evoluir como estão evoluindo presentemente, os mensageiros fiéis (profetas autênticos) do Senhor devem estar preparados para sofrer por causa da verdade, pois “acazes” estão ocupando cada vez mais posição de autoridade, agindo sem escrúpulo moral e espiritual. Estão provocando o Senhor, insultando seu povo, institucionalizando a perversidade. Vale pensar no conteúdo do Salmo 11, especialmente o do verso 3, cuja melhor tradução é: “Quando os fundamentos estão sendo destruídos, o que pode fazer o justo”? Profetas e povo do Senhor: estamos prontos?

4-Ezequias: Duas observações iniciais:
• Conteúdo registrado no livro do profeta Isaías sobre Ezequias será abordado de outro ângulo.
• Os conteúdos de 2Reis e 2Crônicas são longos. Faremos destaques, apenas, para inseri-los nos objetivos desta lição. Por favor, leia-os e se enriqueça: 2Reis 18.1-12; 2Crônicas 29.1 a 31.21.

Ezequias: Começou a reinar aos vinte e cinco anos em Jerusalém. Reinou vinte e nove anos, falecendo aos cinquenta e quatro. Foi contemporâneo de Isaías (Is 1.1) e tudo indica que eram amigos (Is 37.1-7).
O governo de Ezequias expressa um caráter íntegro, piedoso:
a- Fez o que era reto aos olhos do Senhor (2Cr 29 .2)
b- No primeiro ano reabriu as portas do Templo (2Cr 29.3 – Acaz as fechara)
c- Trouxe de volta os sacerdotes e levitas (2Cr 29.4)
d- Promoveu a purificação do Templo (2Cr 29.19)
e- Restabeleeceu o culto (2Cr 29.2-30)
f- Restabeleceu as contribuições para a manutenção do culto (2Cr 31 a 36)
g- Restaurou a celebração da Páscoa (2Cr 30.1-27)
h- Aboliu a idolatria (2Cr 31.1)
i- Estabeleceu as turmas de sacerdotes e elaborou leis acerca das ofertas e dos dízimos (2Cr 31.2-21)
Estas palavras de reconhecimento a Ezequias podem ser lidas em 2Crônicas 31.20,21: “Assim fez Ezequias em todo o Judá; e fez o que era bom, e reto, e fiel perante o Senhor, seu Deus. E toda a obra que empreendeu no serviço da casa de Deus, e de acordo com a lei e os mandamentos, para buscar a seu Deus, ele a fez de todo o seu coração e foi bem-sucedido”.
É quase inacreditável que uma pessoa tão especial, um rei tão piedoso, tão amigo de seu povo, tão fiel a seu Deus, tenha sido gerado pelo ímpio e perverso rei Acaz.
Igualmente é quase inacreditável que o perverso rei Manassés tenha sido gerado pelo piedoso Ezequias.
Isaías deve ter tido um tempo de refrigério e alegria, servindo ao Senhor sob uma administração tão abençoada.
Duas conclusões:
• Tal pai, tal filho: nem sempre. Isto nos adverte que devemos ter o maior empenho possível na formação de nossos filhos. Orientação firme, segura, e exemplo impactante de vida.
• Assim como o profeta Isaías enfrentou momentos diferentes com muitas diferentes experiências, precisamos hoje da capacitação que vem do Senhor, para profetizar dignamente, honrando o Senhor e servindo o seu povo (Cl 1.9,10).

Aplicações:
• Na história da revelação de Deus, Ele trabalha a favor do homem individual e coletivamente, usando seres humanos. A Bíblia é o registro desta realidade.

• Deus continua operando em nosso tempo, para alcançar o seu propósito eterno feito em Cristo Jesus. A consumação desse propósito é chamada de “Consumação dos séculos” em Mateus 28.20. Para alcançá-lo Ele comissiona pessoas para atuar na proclamação da mensagem de Salvação.

• É necessário efetuar essa gloriosa tarefa com integridade. Entregar a mensagem tal qual nos foi dada. É necessário ser fiel ao Salvador e à mensagem (proclamar a verdade).
• Isaías na sua ministração enfrentou diferentes situações, porém mantendo-se imparcial no desempenho de sua missão. Ele se torna exemplo e estímulo para nós.

Glossário e Notas Explicativas:

Altos: Locais de Culto.
Quando o Senhor tirou seu povo do Egito, entregou-lhe a sua lei por intermédio de Moisés.
Havia uma grande quantidade de orientações (ordenanças) para serem observadas. Entre essas ordenanças estava aquela referente ao local de culto: Deuteronômio 12.1-18 (por favor, leia o texto para poder entender bem o assunto). Considere bem os versos 11 e 18.
O propósito do Senhor era preservar a unidade do povo, a pureza do culto, evitar a corrupção dos princípios da verdadeira adoração, influências perniciosas possíveis de ocorrer por parte dos habitantes da Palestina de então (compare com Levítico, capítulos 18,19 e 20. Não apenas Sodoma e Gomorra eram perversas. Mas toda a terra dos cananeus).
A referência de 2Reis 16.3 e 2Crônicas 28.1-4, que descrevem as ações de Acaz, têm a ver com essa ordenança dada ao povo. Outros reis foram infiéis a esse respeito.
Salomão (1Rs 11.4-8); Roboão (1Rs 14.21-24); Oseias (reino do Norte: 2Rs 17. 6-12); Jeorão (2Cr 21.5,6; 11-15); etc.
Altos e outeiros estão ligados intimamente. O termo “altos” refere-se certamente aos altares, onde se ofereciam os sacrifícios, e o termo “outeiros” refere-se a lugares elevados, onde acreditavam vivessem os deuses. Os cultos pagãos aí realizados eram caracteristicamente idólatras. Cada suposto “deus” tinha sua representação material em estátuas de ferro, cobre, pedra, madeira, etc., e também por meio de várias outras formas. Os reis do povo de Deus tinham o dever de zelar para que o povo se mantivesse na verdade. Entretanto, muitos deles erraram e fizeram o povo errar, mantendo tais locais e formas condenáveis de culto, ofensivo a Deus.
Hoje há o grande perigo de deterioração do culto, das formas de adoração. Os profetas de agora precisam ser íntegros, zelosos, corajosos, obedecendo às ordenanças do Senhor (Sua Santa Palavra), amando o Seu povo, guiando-o na LUZ.

OBSERVAÇÃO FINAL: Um estudo acurado do assunto deve requerer uma apostila de 50 páginas. Meus queridos, leiamos a Bíblia. Pratiquemos a Bíblia!

LEITURAS DIÁRIAS

segunda-feira 2Rs 12.16-24
terça-feira 2Cr 26.1-23
quarta-feira 2Cr 27.1- 9
quinta-feira 2Rs 16.1-20
sexta-feira 2Cr 28.1-27
sábado 2Cr 29.12- 30
domingo Is 7.1-9; 17-25

A Missão de Profeta

Texto Básico: Is 6.1-13

Em nosso tempo há muita confusão, muito equívoco acerca do que vem a ser o profeta e qual a sua missão, ou tarefa. Vivemos num contexto de autointitulados “profetas, patriarcas, bispos, apóstolos, missionários”, etc. (como afirmou certo líder evangélico, só falta um aparecer autointitulando-se “vice-Deus”).
O profeta de Deus (ao contrário do falso profeta) é o mensageiro da parte de Deus, que ouve (recebe) a Palavra do Senhor e a transmite fielmente aos seus ouvintes.
Não é prognosticador nem adivinhador; é porta-voz de Deus.
Não há “novas revelações” (Hb 1.1). O propósito de Deus é tornar-se conhecido dos homens, manifestar-lhes sua vontade (boa, agradável, perfeita – Rm 12.2), fazer conhecido seu propósito eterno feito em Cristo Jesus (Ef 1.4-6; 1.9,10; 3. 8-11). Esta vontade reveladora consumou-se na pessoa de Seu Filho (Jo 5.37, 38,42,43; 12.44,45; 14.9,10; 6.40; Hb 1.1).
Deus acompanha a história, é soberano sobre ela e persevera no Seu propósito redentor (restaurador do homem) vocacionando, capacitando, credenciando e enviando seus mensageiros (profetas) a cada geração.

1-Deus Chama Pessoas para o Seu Serviço:

Podemos, pelo exame da Bíblia, elaborar uma extensa lista de pessoas que Deus chamou e encarregou de tarefas especiais nas suas gerações: Noé (Gn 6. 9 e 13-22); Abrão (Gn 12.1-3); Moisés (Êx 3.1-20); Josué (Js 1.1-9 ); Samuel, (1Sm 3.1-14); etc.
O escritor da carta aos Hebreus menciona uma longa lista de pessoas a quem Deus chamou e usou no Seu serviço. É suposto por alguns expositores da Bíblia que Hebreus 11.36,37 inclui o profeta Isaías, que teria ministrado nos primeiros anos de Manassés, em cujas mãos teria sido martirizado. Vale a pena considerar Isaías, seus contemporâneos, incluindo alguns sucessores.

1.1- Isaías: Isaías 6.1-13
Nas lições 01 e 02 tivemos uma visão panorâmica da geração de Isaías, tanto no reino do Sul quanto no reino do Norte. Nos dois reinos (Israel dividido) o nível moral e espiritual era decadente. Deus chama dois profetas no Sul e dois no Norte, incumbindo-os de entregar Sua mensagem.
Há duas referências às visões do profeta, anteriores à sua vocação (1.1; 2.1). O capítulo 6.1-13 descreve em termos vivos a cena. O Deus Santo é visto assentado num alto e sublime trono (Is 57.15) cercado de seu séquito. Os serafins enunciando proclamações exaltadoras. Isaías contempla a glória, a santidade do Senhor e confronta-se e à sua geração com o fato: “homem de lábios impuros… povo de impuros lábios”. O profeta se sente abalado.
Um dos serafins toma uma brasa viva do altar, toca-lhe os lábios e declara tirada a sua iniquidade e perdoado o seu pecado. À voz do Senhor, dispôs-se a aceitar a incumbência, e é-lhe ordenado: “Vai e dize a este povo”. Sua missão era falar ao povo, levar a palavra do Senhor: repreensão pelos pecados e perdão e misericórdia, traduzidos na esperança da redenção que se seguiria à justa ação disciplinar.
Por mais de cinquenta anos o profeta desincumbiu-se da tarefa, com integridade, fidelidade, enfrentando a rebeldia do povo, das autoridades religiosas e, se foi mesmo martirizado pelo ímpio Manassés, com toda a certeza, o fato resultou de sua integridade. O verdadeiro profeta honra o Seu Senhor.

1.2- Miqueias:
Foi contemporâneo de Isaías. Seu nome significa; “Quem é igual a Jeová” (YHWH – vide lição 01, glossário, item 01). Sua profecia é dada a partir do ano 730 a.C, provavelmente, tendo ministrado nos dias de Jotão, Acaz e Ezequias (Mq1.1).
Embora ministrando às populações do interior (zona rural) de Judá, a situação moral e espiritual era muito semelhante à enfrentada por Isaías em Jerusalém.
A mensagem do profeta é dura, contundente na sua repreensão. Ela começa com a expressão: “A Palavra do Senhor que veio a Miqueias”. A “Palavra do Senhor” ou “Assim diz o Senhor” é a maneira característica para mostrar que a sua mensagem é “Recado enviado pelo Senhor”. O profeta é o porta-voz fiel do seu Deus.
A mensagem tem conteúdos de repreensão intensa (Mq 1.2-16; 2.1-3.12; 6.1; 7.20) com a declaração das tristes consequências, fruto da rebeldia, da oposição a Deus.
Miqueias demonstrou no seu ministério a postura de profeta de Jeová. Reconheceu sua vocação, correspondeu à expectativa do Senhor, proclamou fielmente Sua Palavra (Voltaremos ao profeta em lição posterior numa abordagem ao Messias).

1.3- Oseias e Amós:
Foram contemporâneos de Isaías, ministrando no reino do Norte. Oseias ministrou nos dias de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias (Judá) e de Jeroboão, filho de Joás, em Israel (Os 1.1).
O livro começa com a clara indicação de que ele era profeta: “A Palavra do Senhor, que veio a Oseias…”. Os três primeiros capítulos, por meio dos dois casamentos do profeta (uma prostituta: 1.2; e uma adúltera: 3.1), simbolizam a infidelidade de Israel e a paciência e a bondade de Deus (Os 2.14-23; 3.5).
A continuidade da profecia registra a pregação de Oseias, as repreensões por causa da infidelidade, a declaração da disciplina como resultado dessa infidelidade, terminando com um veemente apelo ao arrependimento e adoção de sabedoria (14.12). Essa volta, retorno para o Senhor, mediante o arrependimento é a maneira como a humanidade deve corrigir sua falta de conhecimento, que a torna infeliz e desesperada (Is 1.3; 5.13; Os 4.6).
Amós foi profeta no reino do Norte durante o reinado de Jeroboão, filho de Joás, e de Uzias, rei de Judá (Am 1.1). Era um homem do campo (Am 7.14,15). O seu nome significa “Fardos ou Carregador de Fardos”.
Sua mensagem é contundente e dura, condenando as injustiças e maldades de seus contemporâneos, inclusive a vida de luxo e exploração por parte da nobreza palaciana em Samária (Am 4.1-5). Parece que ele estava em nosso tempo. Usando a expressão característica do profeta corajoso e consciente: “Assim diz o Senhor” (Am 1.3; 6,9,11,13; 2.1,4,6; 3.1,11,12; 4.3,6,8,9,10,11, etc.). Toda a profecia de Amós demonstra sua convicção de chamada, de profeta do Senhor, ao qual serve conscientemente (Am 7.14,15 ). Amós foi um profeta autêntico.

2- Profetas Que Sucederam Isaías
Ao nos referir a profetas que sucederam Isaías, não significamos que o substituíram ou ministraram imediatamente após ele. Nosso propósito é considerar Isaías como profeta legítimo no seu tempo e contexto, buscando por intermédio dele e de seus contemporâneos chegar a um conceito verdadeiro do que vem a ser profeta, e com disso desfazer confusão e equívocos que se manifestam em nossos dias.
Gostaríamos, ainda, de considerar resumidamente dois profetas posteriores a Isaías por nos darem uma compreensão do profeta, como enviado e mensageiro de Deus. Em ambos, percebemos claramente: chamada (vocação); conteúdo da mensagem (a Palavra de Deus); fidelidade (obediência), consciência do encargo.

2.1- Jeremias
O profeta Jeremias ministrou em Jerusalém, mesmo ambiente do profeta Isaías. Não há relatos de que se tenham conhecido, mas há profecias de Isaías que se cumpriram nos dias de Jeremias: a destruição de Jerusalém e Judá por Nabucodonosor (Is 5.5,6,13; Jr 52.1-34).
Jeremias é chamado para ser profeta (Jr 1.1-9) e, embora relutante, aceita o chamado ante a promessa de o Senhor lhe colocar A Palavra na boca (Jr 1.9 ). Ele tinha de ir aonde o Senhor o enviasse e dizer tudo quanto o Senhor mandasse (Jr 1.7,17). Recebeu um chamado, foi-lhe dado um encargo e orientação explícita quanto a quem e o que falar: Foi enviado a Jerusalém para entregar “a Palavra do Senhor”. O profeta cumpriu sua missão, iniciada no capítulo 2.1,2, honrosamente.

2.2- Ezequiel

Ministrando aos rebeldes do exílio, demonstrou misericórdia e fidelidade a Jeová (Dt 4.30,31). Os capítulos 2 e 3 de Ezequiel narram sua vocação e condicionamento. Ele é ordenado a ir à casa de Israel, a casa rebelde, “e lhes dirás: Assim diz o Senhor” (2.4; 3.11).
O profeta deveria entregar sua mensagem como a Palavra do Senhor (2.7; 3.4,10,17). Ezequiel foi íntegro, foi fiel, fez o ministério de profeta.

Conclusão:
Deus ama Seu povo e lhe dá líderes (profetas) para serem os porta-vozes de Seu Santo Propósito. Isaías o foi no seu tempo e contexto. Miqueias, Oseias, Amós, Jeremias e Ezequiel o foram também no seu contexto e seu tempo.
Ministraram com integridade, fidelidade, zelo. Honraram o Senhor, serviram o Seu povo.
Nosso tempo e contexto está sob a soberania de Deus. Ele é imutável. É sempre o mesmo. É amor (1Jo 4.8). Oremos pedindo profetas para o nosso tempo. Pedindo discernimento para não sucumbirmos ao pecado, às imitações, às novidades travestidas de adoração. Pedindo capacidade para discernir os verdadeiros profetas daqueles que mascaram a “PALAVRA” em proveito próprio.

Aplicações:

1- O povo de Deus e a humanidade (geração) atual precisam da “Palavra de Deus”. Esta é proclamada por seus mensageiros (profetas= pregadores).

2- É necessário que os mensageiros do momento e do nosso contexto retenham o caráter, o zelo, a integridade, a fidelidade dos profetas bíblicos, podendo dizer conscientemente: “Assim diz o Senhor”.

3- É necessário ao mensageiro (profeta) contextualizar adequadamente a mensagem ao seu momento e ambiente, tornando-a compreensível (acessível) ao entendimento dos seus ouvintes, demonstrando sua relevância e sentido prático para a pessoa humana, como indivíduo e como raça.

Glossário e Notas Explicativas

• Hebreus 1.1. Deus, por todo o processo da história, revelou-se progressivamente na direção de Seu propósito eterno, feito e consumado em termos redentivos na pessoa de Seu Filho, o Senhor Jesus Cristo. A Revelação final do Pai e de Seu propósito encontra-se registrada na Bíblia. A declaração de Hebreus 1.1 é que Jesus falou de maneira efetiva, falou de vez. Precisamos estudar as Escrituras com cuidado, usando os recursos científicos disponíveis para sua correta interpretação e exposição (exegese).
É claro que Deus nos fala hoje por intermédio de Sua Palavra. Mas quanto a qualquer acréscimo ou supressão, a própria Bíblia proíbe.

• Restauração: Quando o Senhor completou sua obra criadora, examinou-a pela sétima vez e tudo estava esplendidamente bem. Devemos considerar que a linguagem humana é insuficiente para descrever em plenitude o “SER” de Deus, bem assim seus atos e obras. Consultando versões bíblicas diferentes em nosso idioma, em outros idiomas (grego, latim, espanhol, francês, italiano, diversas versões em Inglês), nenhuma consegue trazer o sentido rigoroso da expressão hebraica de Gn 1.31. No meu entendimento a melhor versão, a que mais se aproxima do sentido original da expressão hebraica é a versão alemã atualizada, tradução de Lutero, editada pela Sociedade Bíblica em Stutgart, Alemanha.
Nossa dificuldade está no fato de nosso conhecimento limitado, para circunscrever e descrever aquilo que refletia a sabedoria, a grandeza, o poder, a majestade da natureza divina expressa na criação. Era uma realidade sem a experiência do pecado.
Restaurar e restauração têm a ver com a total reversão da ordem presente, tanto física quanto moral. Tanto Jesus quanto Pedro falam de restauração, que na língua original do Novo Testamento é expressa por uma palavra composta de três partículas gramaticais, e cujo sentido em português é: “Recolocar cada coisa no seu devido lugar, tal qual ela é”. Efésios 1.10 aponta para isso, ou seja, na plenitude dos tempos, Deus reassumirá seu completo domínio de todas as coisas em Cristo. Quando isto chegar, outra vez se dirá: “Eis que tudo é muito bom”. Tudo estará bem, cada coisa na sua essência, no devido lugar.

LEITURAS DIÁRIAS
segunda-feira Is 2.1-22
terça-feira Is 3.1-26
quarta-feira Is 5.1-30
quinta-feira Mq 3.1-12
sexta-feira Am 3.1-12
sábado Os 12.1-14; Am 3.1-15
domingo Jr 1.1-9; Ez 3.1-27

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