quarta-feira, 23 de novembro de 2011

A Idolatria

Texto Básico: Isaías 44.1-20

Introdução: Após apresentar o Senhor Deus incomparável e único; após mostrar que o Senhor é o Deus vivente*, cujas obras O atestam, o texto contrasta-o com os ídolos mortos, insensíveis, impotentes, obras de mãos humanas, expressão de engano, de ignorância, resultado absurdo da falta de raciocínio, de reflexão.
Idolatria* genericamente quer dizer culto, adoração, devoção que se presta, que se oferece a objetos materiais: estátuas, árvores, animais e uma série de outras representações de supostas divindades.
Há expressões de afeição, apego a coisas que alguém aprecia, coloca-a em lugar de Deus, ou preferencializa-as* em relação ao Senhor, que são consideradas como ídolos, e tais atitudes são considerados na Bíblia uma idolatria (Ef 5.5; Cl 3.5) e outras que consideraremos mais na parte final de nossa abordagem.

1-O tratamento bíblico da idolatria (Êx 20.1-5; Dt 5.7-10)
O povo do Senhor (Jeová) acabara de ser libertado da escravidão egípcia. Vivera lá 430 anos e convivera com o paganismo e a idolatria de seus opressores.
Estava sendo conduzido para a terra de Canaã, habitada por nações idólatras e devassas (Lv 18.1; 19.37) a presciência* divina leva-o a advertir os Israelitas a se absterem de todas as perversidades dos cananeus, incluindo seus cultos detestáveis, ofensivos ao Senhor.
Os acontecimentos envolvidos no processo de libertação de Israel do Egito, sua peregrinação de quarenta anos no deserto, a conquista das nações cananitas são todos manifestações sobrenaturais operadas por Jeová, jamais representados por qualquer forma ou objeto.
Ainda que possa parecer repetitivo, todo esse conteúdo histórico é a Revelação do trabalho de Deus no processo da história, para alcançar (consumar) seu propósito eterno. Por isso, Deus instrui seu povo, para preservá-lo na verdade, abençoá-lo, protegendo-o do engano, da mentira, cujo pai e autor é o Diabo (Jo 8.44).
2- Israel desobedeceu a Deus, corrompeu-se (Is 44.1-20)
Considerando os ensinos dados por Deus por intermédio de Moisés, Josué, e os profetas que o sucederam, cai certa perplexidade sobre os leitores da Bíblia. Isaías parece sentir-se perplexo. As suas palavras satirizantes da idolatria de seus contemporâneos nos dois reinos (Israel e Judá) revelam esse seu estado de perplexidade.
Nos versos 1-8 o profeta relembra as ações do Senhor que fizeram Israel vir a existir, a ser o seu povo (44.1,2): “Agora, pois, ouve, ó Jacó, servo meu, ó Israel a quem escolhi. Assim, diz o Senhor, que te criou, te formou, te ajudará (continuará ajudar-te): Não temas...”.
Seguem-se as promessas renovadas e novas perguntas para trazer a lembrança as coisas passadas e o futuro promissor que lhe tem preparado (44.3-8; Jr 29.11-13).
Ao fazer tais declarações Deus reitera que ele, somente Ele, é Deus. As suas obras nos dias passados hão que ser lembradas como atestado de que Israel é a testemunha que Jeová pode apresentar diante dos povos como aquela nação criada, preservada, conduzida, pelo Deus vivente, contraste perfeito aos ídolos inanimados, mudos, incapazes; falsos deuses que não podem falar, operar. São inúteis, simplesmente imaginários (44.6-8). É como se o Senhor perguntasse: Israel, meu povo; depois de tudo que tenho feito; depois de toda a manifestação de minha bondade, de meu poder, de minhas maravilhas nas gerações passadas e até hoje, como tu podes tomar essas coisas enganosas como teus deuses? É mesmo difícil entender! Fico perplexo.

3- A Insensatez da Idolatria (Is 44. 9-20)
É bom lembrar que o profeta está ministrando ao povo do Senhor. É gente que recebeu os ensinos, as leis, a instrução por meio de pessoas (servos) chamados e encarregados de proclamar a verdade. Não é a um povo pagão que o profeta ministra. A mensagem, os ensinos recebidos são precedidos da expressão: ”Assim diz o Senhor”. Ações poderosas confirmaram a autenticidade da mensagem.
Neste grupo de enunciados o profeta mostra a inutilidade do ídolo e a falta de entendimento, de discernimento de um povo que parece ter perdido sua nacionalidade:
3.1- Os artífices são insensatos; suas obras são de nenhum préstimo, isto é, nada valem (9,10);
3.2- Os fabricantes de deuses são apenas seres humanos: ferreiros, carpinteiros que trabalham com madeira (pau) e transformam isso numa estátua de aparência humana. Eles mesmos, os fabricantes de ídolos, se cansam, desfalecem (11-13);
3.3- Essa matéria-prima serve como lenha, e parte é transformada numa estátua, à qual se prostra e adora; diz a tal objeto: livra-me, pois tu és o meu deus (14-17);
3.4- Nada sabem, nada entendem esses artífices (44.18); nada sabem, nada entendem os que carregam ídolos em procissão (45.20). São deuses inúteis, não podem salvar;
3.5- Eles (os idólatras) não refletem, não param para pensar, para perguntar se isso tem sentido (lógica). Não é apenas uma árvore transformada em um objeto? (40.19);
3.6-Tais objetos de culto são uma abominação*, uma mentira, um engano. Tal culto é abominação ao Senhor (40.20; 41.24; 66.13; Jr 4.1; 6.15; 13.27; 16.18; cf. Is 1.13; Hb 2.19; etc.).
As considerações do profeta chegam a ser satirizantes, ridicularizantes, por ser um contrassenso. Como pode uma pessoa chegar a tal ponto de insensatez? Como pode descer a tal nível de embrutecimento (Rm 1.18-25; Ef 4.17-19). E que dizer do nosso tempo, em que o desenvolvimento tecnológico e científico nos tiram o fôlego, ainda contemplamos com perplexidade comunidades que adoram animais, e os que se dizem materialistas, negando a Deus, ridicularizando tudo o que se relaciona com Sua Revelação?
4- A Idolatria e o Novo testamento (1Co 10.14-22)
O Deus revelado no Antigo Testamento: o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó (Êx 3.6) é o mesmo Deus e Pai do Senhor Jesus Cristo (Jo 20.17). A Ele Jesus se refere que é necessário que o adoremos adequadamente (Jo 4.22-24).
O evangelho ao ultrapassar os limites do estreito nacionalismo judaico e penetrar o mundo gentílico, deparou-se com um contexto de idolatria e depravação, considerado naturais pelos povos que o habitavam (mundo Greco-romano).
As pregações apostólicas registradas nos Atos e as cartas tratam com toda a clareza e veemência a questão. Muito especialmente o apóstolo Paulo trata do assunto.
No texto acima e em outros correlatos ele ensina, guiado pelo Espírito Santo, alicerçado nos Escritos do Antigo Testamento, que o ídolo é uma nulidade, um engano demoníaco. O culto prestado ao ídolo é prestado aos demônios (1Co 10.19,20).
Ainda, fica clara para nossa advertência a necessidade de completa separação de coisas impróprias nas nossas celebrações. Nosso culto ao Senhor, nossas expressões de vida excluem todo e qualquer vínculo com aquilo que se relaciona a Satanás(1Co 10.21-22).
Outra manifestação perigosa da idolatria é a cauterização da consciência moral. Paulo reconhece que a depravação do mundo gentílico é fruto de suas crenças e práticas idólatras (Rm 1.18-32; Ef 4.17-19).

Aplicações:
1- Precisamos nos lembrar que, como povo de Deus no tempo e contexto atuais, corremos o mesmo perigo de Israel de então de desobedecermos a lei do Senhor (Sua Palavra Revelada), introduzindo práticas estranhas nos nossos cultos, como se fossem aceitáveis pelo Senhor (Is 1.12,13). A idolatria no passado entrou progressivamente até se tornar uma forma corrompida de culto. Hoje há muita coisa estranha penetrando os fundamentos da pureza bíblico-doutrinária em nossos ambientes evangélicos. Os líderes, principalmente os pastores, precisam estar atentos aos “bezerros de ouro “ e ao “fogo estranho”, impedindo-os de se enraizarem entre nós.

2- Há necessidade do ensino fiel e corajoso da pureza escriturística, entregando “oráculos de Deus” (1Pe 4.11; Ml 2.1-7); Isaías foi mensageiro fiel. Combateu o pecado, ensinou a verdade, não receou o povo nem os reis. Se nos seus dias fosse feita uma lei considerando o combate à idolatria “crime hediondo e inafiançável” ele teria cumprido sua missão como a cumpriu: “importa obedecer antes a Deus do que aos homens”. “Quando os fundamentos estão sendo destruídos, o que pode (deve) fazer o justo”
(Sl11. 3)?

3- Precisamos buscar na Palavra de Deus e na oração a capacitação para discernir o que é verdade e erro. O que é de Deus e o que é do mundo. Precisamos ser “luz do mundo”, brilhar no mundo escuro das trevas malignas. Impedir firmemente que as coisas do mundo tenebroso do pecado penetrem os “átrios do Senhor”, travestidas de coisas santas (Jo17. 14-19; 2Co11.3,14,15).

4- Precisamos saber que, com toda a certeza, nenhum membro de Igreja evangélica irá fazer um ídolo, ajoelhar-se a ele, cultuá-lo, etc. Entretanto, poderá “idolatrizar” no seu coração, na sua mente coisas que ofendem a Deus. Poderá, por ignorância (falta de ensino bíblico) agir idolatricamente, colocando, no lugar de Deus, coisas que parecem inocentes, inofensivas, que se tornam ídolos. Tais pessoas precisam de ajuda, de ensino, de orientação, de advertência (Ez 3.16-21).

Glossário:
Deus vivente*. Normalmente as traduções tanto no Antigo quanto no Novo Testamento usam a expressão “Deus vivo” em contraste aos falsos deuses, aos ídolos.
Porém a idéia é que o Deus da Bíblia é eterno, imutável, etc. Ao criar o homem, assoprou-lhe nas narinas o fôlego da vida e ele tornou-se alma vivente. As expressões verbais que designam tanto o homem como Deus trazem a ideia de algo que permanece para sempre. No Novo Testamento, especialmente, é usado o particípio presente para descrever o Senhor, num sentido progressivo, durativo, linear. Um exemplo clássico é o da confissão de Pedro em Mateus 16.16, cuja tradução rigorosa, é: “... Tu és o Cristo o Filho do Deus vivente”. Há vários outros exemplos semelhantes.

Idolatria*: Os termos Hebraico (Antigo Testamento) e Grego (Novo Testamento) designam um tipo de culto impróprio, indevido. O único culto verdadeiro, legítimo é aquele prestado a Deus (Senhor = Jeová – Dt 6.13;10.20,etc.). Jesus, ao ser solicitado por Satanás a adorá-lo, lhe responde, usando esta referência: “... ao Senhor teu Deus adorarás, e só a Ele servirás”. Satanás, petulantemente propôs a “Satanolatria” (culto ou adoração a Satanás). Qualquer forma de adoração não dirigida a Deus é tratada como idolatria. Paulo afirma que a avareza é idolatria (Ef 5.5; Cl 3.5 ).
Que dizer nos dias atuais da “Balipodolatria”, apego exagerado, fanático ao futebol? E tantas outras manifestações que superam o amor e o culto a Deus.

Preferencializar* (não registrado nos dicionários, nem usado). De quando em vez torna-se necessário criar um neologismo para expressar melhor uma ideia, abolindo o uso de verbos auxiliares. É o que faço aqui. Dar preferência com intenção especial. Ação de agir de maneira preferencial em relação a alguma coisa ou pessoa.

Presciência*: A palavra usada de maneira especial por Paulo e Pedro. Refere-se à Onisciência de Deus. Refere-se ao conhecimento absoluto e eterno de Deus. Ele conhece todas as coisas antes que venham a existir ou a acontecer. Deus nunca é apanhado de surpresa; nunca enfrenta emergências. Nele como num presente eterno, tudo é real.
A palavra usada para que nós entendamos que antes de nós Deus sempre e eternamente conhece todas as coisas.

Abominação*: Tradução de uma palavra hebraica (Antigo Testamento e Cognatas), grega (novo Testamento e cognatas). Há variado uso de ambos. Designa algo repulsivo, repugnante, nauseante. A idolatria é tão vil que Deus a vê assim, diante d’Ele. Este termo merece uma consideração especial associada à idolatrai, divórcio (Ml 2.16) e uma série de perversidades e iniquidades que estão sendo institucionalizadas em nosso país (recordemos o Salmo 11.3).

LEITURAS DIÁRIAS
segunda-feira Jr 10.1-25
terça-feira Sl 115.1-18
quarta-feira Is 44.1-8
quinta-feira Is 44.9-20
sexta-feira Is 46.1-13
sábado Rm 1.18-32
domingo 1Co 10.14-22

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