terça-feira, 30 de agosto de 2011

Uma igreja contextualizada sem se tornar banal

Texto: Atos 15.1-31.

Introdução
O livro dos Atos do Espírito Santo registra um dos mais destacados eventos da história da igreja, o Concílio de Jerusalém. Sua finalidade era ouvir, discutir e trazer solução para um conflito que prejudicava o funcionamento da igreja. Deveria responder o seguinte questionamento: os gentios cristãos eram obrigados a obedecer às leis dos judeus? A resposta precisava ser obra do Espírito e da reflexão humana, pois dela dependeria o avanço da igreja: ser um apêndice do judaísmo ou um grupo fiel a Jesus, apelidado de cristãos (At 11.26), que tinha uma missão concedida pelo Mestre (Mt 28.18-20;At 1.8), sendo uma religião não circunscrita ao Oriente Médio.
No texto de Atos 15, percebe-se a atuação expressiva do Espírito e da igreja, onde figuras destacadas se levantaram com veemência e abordaram o assunto, com vistas a uma saudável solução.
A decisão do Concílio foi precisa, equacionou um problema que parecia ser eminentemente teológico (At 15.1), mas na verdade também era administrativo, moral e ético. Não dá para tratar das coisas do Espírito de outra forma, sem que seja com honestidade, com respeito às coisas sagradas (1Sm 2.22-26), com temor (Êx 20.20) e com vontade de subtrair obstáculos de qualquer ordem para que o povo viva melhor e apaziguado no íntimo, na fé, no convívio cristão e em suas relações com Deus.
Quando a solução é construída em Deus e a partir d’Ele, promove estabilidade. A Bíblia diz que quando as igrejas receberam a carta com a resolução dos conciliares (apóstolos e anciãos) de Jerusalém, aconteceu um sentimento notável de alegria (At 15.30,31), conforto espiritual e encanto pela vida da fé (pareceu bem ao Espírito Santo e a nós); era uma decisão não pautada por apego às tradições mosaicas, mas em obediência e valorização à pessoa e obra do Senhor Jesus Cristo. Perceberam que a igreja é uma realidade divino-humana, palco das realizações de Deus, onde o sobrenatural atua, onde são demovidos de suas ganâncias, intransigências e maldades, onde as coisas espirituais acontecem de modo surpreendente e o poder de Deus torna-se evidente.

I- Administra conflitos para não obstruir o progresso

A igreja do Senhor precisa ser sábia para não perder o foco, não se deixar levar pelas demandas, desafios e ações equivocadas (Fp 3.12-14).
Com o avanço da pregação do evangelho em Antioquia, muitos gentios se converteram, eram membros da igreja havia vários anos sem que fossem circuncidados. Surgiram então os questionamentos e até os que defendiam que eles deveriam se submeter ao ritual da circuncisão, conforme preceito mosaico. A situação avolumou-se tanto que, se esse problema não fosse resolvido, poderia atrapalhar o avanço da obra que eles realizavam. Temiam que esse ritual afrontoso e doloroso afastasse as pessoas da graça por não se submeterem a ele e, por outro lado, os que se submeteram, poderiam achar que não precisavam de Cristo (Gl.5.2). A igreja decidiu, então, enviar uma comitiva a Jerusalém (At 15.2), para que essa questão fosse tratada com diplomacia e dependência de Deus.
Em Jerusalém a decisão sobre o assunto foi democratizada. O Concílio não usou de parcialidade, ouviu algumas exposições, inclusive de Paulo, que era fariseu zeloso, mas sua lealdade a Cristo foi tão acentuada que o levou a separar-se da prática dos ritos da Lei como indispensáveis para a salvação, pois entendia que o sacrifício de Cristo era suficiente. Também foi proclamada a posição do cristianismo farisaico, que defendia a circuncisão como meio de salvação (At 15.1b). A posição de Pedro foi clara ao dizer que submeter um crente em Cristo a tal prática era o mesmo que tentar a Deus e colocar um jugo pesado, andando na contramão dos ensinos do Mestre (At 15.10; Mt 11.29,30).
A igreja que se contextualiza adequando-se e encontrando novos mecanismos e rumos para construir alternativas viabilizadoras de soluções, estará sempre na vanguarda, é o que nos ensina o Concílio de Jerusalém.
Não dá para olhar a igreja com visão estreita, político-eclesiástica, como os fariseus viam. Para eles era um partido dentro da congregação judaica. Essa visão distorcida era fruto da falta de entendimento da Palavra como um todo. Não compreendiam que a justiça excede o ritual (Os 6.6; Mq 6.6-8) e que o Senhor deseja um coração sincero e voltado para Ele, motivado pelo amor e não somente pela obediência legal (Ez 36.25-27; Jr 31.31-34).
A igreja contextualizada não mata o pecador para livrar-se do pecado, mas corrige em amor (Hb 12.5-11), resolve os conflitos com seriedade, analisando-os em profundidade, com diálogo e não com imposição. É consciente de que não dá para expor as vidas, nem ficar exposta; não se prende à mera letra da Lei; não usa de parcialidade, mas de justiça no tratamento de suas questões (1Jo 3.10; Jo 7.24); onde o que não é bom para um não pode ser bom para o outro (Mt 7.12) e valoriza os líderes, pessoas separadas por Deus, ouvindo suas orientações na solução dos conflitos teológicos, culturais, morais, sociais e pessoais. É igreja antenada com a eternidade e com o tempo, com o querer de Deus e o desejo do homem, com a imutabilidade de Deus e a mobilidade humana. Ela comunica a revelação dos mistérios da eternidade (Dn 2.28,29; Rm 16.25), aplica sua mensagem ao tempo, de acordo com a mensagem do Senhor (Ag 1.13; 1Jo 1.5) e apesar de sua fraqueza e imperfeição, a igreja louva seu Senhor pelo “grande mistério” – Cristo e a Igreja (Ef 5.23), sendo convicta, convincente e não banal.

II- Tem uma mensagem profética

Somos cidadãos de uma pátria conflituosa, com marcas de corrupção (Rm 8.20-22), de degradação moral e que jaz no maligno (1Jo 5.19). Isso nos leva, em alguns momentos, à apatia, à indiferença, achando que nada vai melhorar e que nem compensa lutar. É claro que esse não pode ser o quadro! Nosso desafio é pregar a Palavra contextualizada, recheada da essência divina e não das preferências humanas, que culminam com a banalização do sagrado; Palavra que mostre a dureza e a sublimidade da verdade (Jo 6.60-69); que apresente o evangelho bíblico mostrando a realidade do sacrifício e a necessidade de renúncia e compromisso com Cristo e sua igreja (Rm 12.1; Lc 14.33); que leve as pessoas ao amadurecimento para conviver com as diferenças para alimentar as convicções pessoais e a respeitar, sem murmuração, os que pensam e vivem diferente.
A pregação profética contextualizada não apresenta Deus mandando recados, mas comunicando vida; não fala em nome de Deus o que não está de acordo com a sua natureza e registrado em sua Palavra, o “assim diz o Senhor” (Êx 5.1); não apresenta Deus e o diabo como numa queda de braços disputando uma alma; o inimigo está derrotado (1Co 15.57; Rm 8.37) e, denuncia o pecado onde quer que ele esteja (Lc 3.2-6; Mt 14.3-5). Muitos, no ideal de contextualizar, acabam banalizando; quando amenizam a intensidade da Palavra, quando fazem concessões negociando a verdade (Gl 2.3-5), desprezando os princípios e romanceando a Palavra, dizendo o que ela não diz na essência (1Rs 22.16; Rm 1.25). Na pregação contextualizada, o pregador traz o passado para o presente, o distante para próximo, o de outro tempo para este tempo e o de outra cultura para a nossa cultura. O que foi dito aos outros será dito aos nossos, quando com piedade, temor, competência e humildade buscarmos em Deus a mensagem e a localizamos diante do povo e a aplicarmos para deleite e vigor espirituais para o seu progresso.
A falta de verdade profética permite o surgimento de práticas legalistas, vistas na impureza, na carnalidade (Rm 8.8), na fraqueza espiritual ou na inversão colocando o homem e não Deus no centro das coisas. Abre espaço também para o liberalismo, que não crê na veracidade, nem na inspiração da Bíblia distanciando-se dos referenciais da fé. Os profetas são homens do “Livro Aberto”, falam em nome de Deus, e na Bíblia comprovam o que dizem. Profetas do “livro fechado” são falsos e impostores.
Os servos de Deus são comissionados por ordem divina, são “encarregados do evangelho” (1Co 4.2) e proclamam uma mensagem correta (1Co 15.3,4) e não o “evangelho do êxito”, desejado pela sociedade que cultua a saúde, a riqueza e a felicidade. Para tanto, tais profetas buscam no Antigo Testamento textos que oferecem suporte às suas teses; a Bíblia está a serviço deles e rejeitam os conselhos de Deus (At 20.27). O “evangelho do êxito” é sem compromisso de fé. É mensagem barata para quem deseja soluções rápidas, mas sem mudança de caráter.

III – Confronta os fatos e as ideias

A grande beleza da verdade bíblica é comunicar o querer de Deus, que resiste aos questionamentos e averiguações (At 4.19,20). A igreja comportou-se de maneira lúcida ao desejar tratar da questão dos judaizantes de forma ampla e irrestrita. No Concílio, os relatos foram vistos como abordagens consistentes e inquietantes, pois receberam elogios e objeções. Pedro era figura importante do início da igreja (At 1.1-5), fez uso da palavra e defendeu a postura adotada em Antioquia, lembrou-se da visão em Jope (At 10.9-16) e de tudo que Deus lhe permitiu viver, inclusive anunciando o evangelho aos gentios, na casa de Cornélio (At 10.34-48), pois não fez diferença entre eles e nós, purificando os seus corações pela fé (At 15.9). É um contraste à purificação exterior da circuncisão tão defendida pelos adeptos do judaísmo. Pedro encerra seu discurso apelando para que não tentassem a Deus, colocando sobre a cerviz dos discípulos um jugo pesado (At 15.10), sendo o de Jesus suave (Mt 11.29,30), ficando clara a diferença entre a Lei e a graça. Em remate, contextualizou a instrumentalização da salvação: não era necessário o sangue de animais, mas o de Cristo (Hb 9.11,12); o sacrifício no Templo, mas no Calvário (Hb 9.13-15); o filho da cordeira, mas o Filho de Deus, que tira os pecados do mundo (Jo 1.29), que é nome sem igual (At 4.12) e dá graça salvadora (At 15.11).
Ouvem-se Barnabé e Paulo sobre a obra que, por intermédio deles, Deus fazia entre os gentios (At 15.12) e, a partir daí, Tiago, irmão de Jesus e pastor titular da igreja de Jerusalém, que moderava o concílio (At 15.19a), faz uso da palavra de maneira habilidosa e surpreendente resumindo o assunto: Agora não estamos mais sozinhos como povo de Deus, não devemos perturbar os gentios que se converteram (At 15.19), as palavras dos profetas apoiam essa verdade (At 15.15-18), estão isentos de obedecer à lei judaica, contudo vamos escrever-lhes uma carta (At 15.20) dizendo que como gentios cristãos deveriam se abster das contaminações dos ídolos, grande preocupação da igreja primitiva (1Co 8.1-10; 10.19); da prostituição, prática adotada por pagãos até nos cultos; do que é sufocado, pois o sangue não era retirado da carne e, do comer sangue, restrição desde o tempo de Noé (Gn 9.4).
A conclusão do Concílio de Jerusalém foi simpática aos apóstolos, aos anciãos e a toda a igreja (At 15.22). Foi a sentença de emancipação dos gentios da tutela cerimonial judaica. Eles agora continuariam na igreja servindo a Jesus e ligados aos preceitos de sua Palavra.
Esta solução agradou a todos, promovendo alegria espiritual (At 15.31). Sendo assim, contextualizar é confrontar fatos e ideias e não pessoas. É equacionar conflitos promovendo saídas com alternativas sábias. É descortinar diante das pessoas o que era obscuro. É mudar métodos e não o caráter. É ajustar as formas sem abrir mão da postura digna.

Para pensar e agir

 A igreja contextualizada se envolve neste mundo sem se contaminar com ele, fazendo diferença e sendo útil para dar respostas aos seus anseios. Não banaliza a verdade reduzindo o sagrado ao profano, nem o contrário. Contextualizar é deixar a Palavra ao alcance da compreensão das pessoas, mas não é mudar o tempo nem a Bíblia.
 Quando a ideia de contextualização leva em conta destruir a história, fazer ruptura no presente e projetar o futuro de forma autônoma, é divisão, golpe ou deslealdade. Contextualizar não é romper, mas adequar e apropriar-se de mecanismos novos, e dos avanços tecnológicos para melhorar a performance.
 Vale a pena administrar conflitos, confrontar fatos e ideias à luz da mensagem profética para encontrar as soluções e alternativas necessárias ao progresso espiritual.
 A contextualização é necessária, visto que vivemos num mundo de franco progresso, onde as coisas mudam numa velocidade assustadora, impondo a revisão de conceitos, costumes e métodos. Quem se atira de forma irresponsável a essas revisões pode cometer muitos desatinos e banalidades, ocasionando prejuízos terríveis à pessoa e à Causa.

Leituras diárias
segunda-feira – Colossenses 4.2-6
terça-feira – Provérbios 16.1-9, 16-24.
quarta-feira – Hebreus 2.1-18
quinta-feira – 1Timóteo 1.3-11
sexta-feira – 2Timóteo 2.14-26
sábado – 2Pedro 3.14-18
domingo – Gálatas 2.1-16

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Uma igreja que socorre a humanidade em suas dores

Texto: Lucas 10.25-37.

Introdução
Essa parábola foi contada por Jesus em um contexto bem amplo de atuação do seu ministério evangelístico e de ensino, enquanto desenvolvia sua caminhada para Jerusalém, a poucos meses de sua paixão.
A igreja do Senhor precisa ter os seus olhos voltados para as carências e necessidades das pessoas, à semelhança do seu Mestre, que as via como ovelhas perdidas e machucadas da casa de Israel (Mt 9.36;10.6).
Tenho consciência que nenhuma parábola deve ser usada para embasar ou justificar uma doutrina, mas pode ser utilizada em um diálogo de cunho teológico (Lc 7.36-50;18.18-30), com aplicabilidade para a vida. A parábola do Bom Samaritano deve ser vista como um diálogo intercalado com perguntas e respostas (Lc 10.25-28) entre Jesus e um doutor da lei, pessoa instruída na legislação mosaica, na tradição judaica, e não meramente como uma exortação ética para alcançar as pessoas necessitadas.
O diálogo apresentado prioriza o princípio da inversão, o que a sociologia chama de Argumento do Contraditório, em que o Mestre por excelência não se rende às indagações, mas responde com perguntas confrontadoras.

I – Além do ideário religioso

À religião pode-se atribuir atos formais e informais. Ela tem formas, ritos e liturgia. A religiosidade do Antigo Testamento era mais ritualista, presa às formas descritas na Lei; já a do Novo Testamento é mais flexível e sua liturgia deve expressar o conteúdo da Palavra, sem prescindir da decência e da ordem (1Co 14.40). A igreja não é mais espiritual ou menos espiritual por ser formal ou informal, mas por evidenciar respeito à Palavra revelada, amor e compaixão pelo próximo e santidade nas ações. Conhecer os regulamentos da religião, as necessidades sociais e os fundamentos da fé é necessário, mas não essencial em si mesmo. Esse conhecimento precisa ser alimentado pela experiência de salvação em Cristo (Tt 3.4-7), pela sensibilidade espiritual, pela consciência que servindo a Deus servimos às pessoas e pelo intento de imitar Jesus, que ensinou ser sublime dar a vida pelos semelhantes, devotando-lhes amor, compaixão e misericórdia. Discurso de bondade não reflete a bondade, falar de amor não traduz a sua grandeza (Ef 5.2), usar de misericórdia sem estender a mão, sem dispor de comodidades e sem investir no outro é andar na contramão dos ideais de Cristo (1Ts 4.1).
O ideário religioso (conjunto de ideias sobre religião) apresentado pelo mestre da Lei foi excelente, pois versava sobre a salvação em Cristo: “Que farei para herdar a vida eterna?” (Lc 10.25b), mas tudo não passou de fachada, pois sua pergunta não expressou a sinceridade de sua alma pela busca da verdade eterna; foi malicioso, tinha a intenção de deixar o Mestre grandemente exposto às disputas judaicas. Não foi além do conjunto das ideias por ele apresentado, ficou emaranhado em suas próprias palavras. O Mestre percebeu que ele estava sendo ardiloso e que na simples busca de orientação espiritual estava uma grande artimanha.
Como salvos, precisamos ir além das palavras. O amor a Deus e ao próximo é o grande desafio para a religião (Mc 12.30,31).


II – Omissão não dá

Querendo justificar-se o doutor da Lei pergunta quem era o seu próximo (Lc 10.29). Jesus responde contando uma parábola muito significativa como história, inesquecível como parte da revelação divina e extremamente apropriada para definir a condição interior do gênero humano.
O trecho percorrido pelo homem que caiu nas mãos dos salteadores era movimentado. Por ali passavam muitos viajantes, embora fosse de geografia acidentada, áspera, com descida íngreme e desabitada em alguns lugares, o que fez dele um ambiente favorável para malfeitores e bandidos. A parábola não descreve o homem com toda a sua identidade. Diz apenas que ele foi despojado de tudo, espancado e deixado a ponto de morrer (Lc 10.30. Estava inconsciente e reduzido a um mero ser humano em estado de necessidade; não dava para identificar a cultura, língua e comunidade étnica ou religiosa a que pertencia. Quem poderá ajudá-lo? O primeiro que passa é o sacerdote (Lc 10.31), possivelmente retornando do serviço de uma semana no Templo. Para evitar a profanação cerimonial, que inviabilizaria o desempenho de suas funções sacerdotais por algum tempo, passou para o outro lado da estrada e não se comprometeu. Sua função foi mais importante do que a vida de uma pessoa, não sendo sensível à necessidade humana, ficou preso à omissão. Depois, passa o levita, auxiliar do sacerdote, que chegou mais perto, por um lampejo de compaixão ou por curiosidade, mas não prosseguiu para servir (Lc 10.32). Passou para o outro lado. Deve ter raciocinado que não era conveniente desempenhar uma tarefa perigosa, a qual o seu superior, não se prontificou a executar. Com certeza, o que mais pesou não foi a intenção de prestigiar o superior, mas a falta de amor e compaixão por alguém que perecia à beira do caminho. Acabou por abraçar a omissão. Agora aparece o samaritano, sem nome e nível social importantes, cuja origem era menosprezada pelos judeus (Jo 4.9 ), por não ser considerado “puro sangue” e pela “religião paralela” centralizada no Monte Gerizim (Jo 4.20-22); este, ao desenvolver sua viagem viu o homem meio morto, chegou perto e teve uma reação de íntima compaixão (Lc 10.33) por um ser humano que estava sofrendo. Não foi insensível nem omisso. Atrasou sua viagem para ajudar alguém, demonstrando valorizá-lo além dos projetos pessoais.
A igreja como comunidade dos santos e coluna da verdade (1Tm 3.14-16) não pode se omitir diante das dores das pessoas, agindo como o sacerdote, descendo por uma estrada, sem se incomodar com os que sofrem à margem das oportunidades e agredidas por toda a sorte de ataques; nem como o levita, que até se aproxima um pouco, só que utiliza desculpas e subterfúgios para não estender a mão aos que estão sofrendo; mas como o samaritano que para, corre riscos, investe atenção e recursos com as providências para salvar, ajudar e impedir que as ações do mal se concretizem, destruindo vidas.

III –Amor na prática

Praticar o amor é evidenciar ações que mostram interesse pelo gênero humano. O Pai nos deu essa notável lição (Jo 3.16,17;15.9) e o Filho a consumou de forma magnífica (Rm 5.6,8; Gl 2.20). É preciso dar forma aos sentimentos, materializá-los com visibilidade para abençoar; socorrendo os que foram feitos à imagem e semelhança de Deus (Gn 1.26).
O samaritano mostrou compaixão. Colocou o amor em prática e desenvolveu ações restauradoras: atou-lhe as feridas, deitando-lhes azeite e vinho, colocou-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem e cuidou dele (Lc 10.34). Este ato é desafiador e mobilizador! Ensina que fazer o bem, em qualquer tempo, é arriscado e perigoso, mas não dá para ser indiferente. Só abençoamos quando compartilhamos o que somos e o que temos, pois cuidar do ser humano, dar sem cobrar devolução é prova de amor. É corresponder com o ideal de Deus, que nos amou primeiro (1Jo 4.19) e é demonstrar uma filosofia de vida que está na contramão deste tempo: “O que é meu pode ser seu. Vamos dividir”.
A igreja não pode se furtar em agir como o samaritano para amenizar as dores da humanidade, tão agredida em sua dignidade, por malfeitores, pessoas inescrupulosas que querem mudar os métodos, a essência, e que desejam o progresso a qualquer custo.

Para pensar e agir

Socorrer os aflitos em suas necessidades, proteger o direito dos órfãos e das viúvas (Is 10.2 e Is. 58. 6-11) e dar do seu pão ao pobre (Pv 22.9) é generosidade e prática religiosa que agrada a Deus. Ser indiferente ao clamor do pobre (Pv 21.13), à dor dos que sofrem e às angústias dos necessitados é não ter compaixão nem vínculo com os ensinos de Cristo, que viu, parou, chorou, socorreu e investiu nos que careciam. A igreja socorre a humanidade em suas dores a partir da sua Jerusalém, sendo ilimitado o seu campo de atuação. A negligência de quem pode socorrer e não o faz, contribui para aumentar o sofrimento das pessoas feridas.
Quais as dores que a humanidade tem sofrido? O que fazer para amenizar? Vivemos numa sociedade que jaz no maligno (1Jo 5.19b), que tem sido açoitada e machucada pelo pecado e que carece da graça restauradora de Jesus (Tt 2.11-14). Como igreja temos o que a humanidade precisa.

Leituras Diárias
segunda-feira – 1Tessalonicenses 1.3-10
terça-feira – Mateus 8.5-13
quarta-feira – Mateus 25.31-46
quinta-feira- Marcos 2.1-12
sexta-feira – 1João 2.7-11
sábado – 1João 4.7-12
domingo – Romanos 8.18-27

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Uma igreja expressão do Reino e não empresa da fé

Texto Bíblico: Atos 20.17-38

Introdução
Ao longo dos anos, a igreja tem sido vista de diversas formas: um clube religioso; um grupo de ação política pressionando contra os males da sociedade; a vitrine de Deus no mundo; um reformatório; um hospital para curar as feridas da alma; uma agremiação de fanáticos religiosos; uma espécie de tábua de salvação; um meio de ganhar dinheiro; o ópio (entorpecente que causa dependência) do povo; uma democracia religiosa que deseja apresentar as regras morais para o mundo; e uma empresa para comercializar os produtos da fé. Apesar de na prática de vida da igreja encontrarmos vários equívocos e inúmeras fraquezas, também percebemos sua influência positiva, a sua poderosa força na defesa do bem e na restauração da dignidade dos seres humanos; sendo luz na escuridão (Mt 5.14,15) e sal para retardar o alastramento da corrupção moral na sociedade (Mt 9.50); atuando como um tempero de alta qualidade para trazer sabor à vida; quebrando as barreiras étnicas e de classes em nome de Cristo, que nos fez um n’Ele (Rm 10.12;12.5); livrando as pessoas do medo, da culpa, da vergonha e da ignorância. A igreja do Senhor não é uma empresa da fé. Seus objetivos são divinos e não humanos. Seus resultados são trabalhados no tempo, mas voltados para a eternidade e sua finalidade principal vai muito além de lucros e bens materiais.
O Senhor Jesus recomendou que a sua igreja construísse tesouros nos céus (Mt 6.19,20), lugar inatingível às ações dos malfeitores. Será então pecado adquirir bens, e levar uma vida mais folgada financeiramente? Claro que não! Mas a motivação principal da igreja não é essa. Não dá para colocar o transitório à frente do permanente, o que perece na frente do imperecível e o que é da terra suplantando o que é do céu. Devemos planejar, trabalhar e construir as coisas daqui, mas não dá para ter o coração nelas (Mt 6.21). No período do Antigo Testamento o sinal de aprovação divina e bênçãos dos céus era a multiplicidade de bens materiais (Gn 12.1-8; Jó 1.1-3); já no tempo da graça, o enfoque volta-se para o caráter cristão (Mt 5.1-10), para o zelo com os salvos (At 4.34,35), para a riqueza espiritual, que se expressa na compaixão e numa nova visão de si e dos fatos da vida (Fp 4.10-19), em que se aprende a contentar-se com o que se tem, percebendo que mais bem-aventurada coisa é dar do que receber (At 20.35b). Como expressão do Reino, a igreja não se preocupa em construir impérios, em fazer grandes aquisições, com suntuosidade e com dinheiro em bancos, mas em investir em pessoas, seu maior patrimônio. Ela proclama a verdade eterna, traz direcionamento para a vida humana e pauta-se pelo evangelho de Cristo, não se desviando dos seus ensinamentos (Gl 1.6-12).

I - Tem líderes e não gerentes

Na igreja de Cristo não há clericalismo, estrutura hierárquica e governo totalitário. A relação não pode ser por imposição, mas deve ser de cordialidade, de parceria, de respeito e de cooperação mútua.
Os gerentes não se encaixam nessa visão. A função deles é de fiscalizar os projetos ou alvos de terceiros, supervisionar o que está em execução e motivar para o cumprimento das metas, visando a uma maior produção e lucratividade. Os líderes são de natureza diferente. Sua visão é de servo. Sua preocupação é com o Reino. Seu investimento é nas pessoas, de valor excedente aos resultados por elas produzidos. Sua maior realização é o crescimento pessoal dos liderados, e pela causa sacrificam a própria vida. Paulo estava de viagem para Jerusalém, desejando contato com os irmãos de Éfeso. Preferiu parar em Mileto e chamar os líderes efésios (At 20.17) para transmitir-lhes uma mensagem visando à preservação de elevada pureza na doutrina e na conduta cristã. O apóstolo proferiu uma aula magistral àqueles líderes: a mensagem que transmitimos precisa ter o respaldo da vida (At 20.18-21). Somos servos dos servos de Cristo e o nosso valor reside em servir e cumprir a missão que nos foi confiada (At 20.24), pois aqueles que servem às reais necessidades do povo servem melhor ao seu Senhor (Mt 25.34-40).
Como expressão do Reino, somos igreja que passa por perigos e privações (2 Co 11.26,27), por incompreensões e injustiças (Mt 5.11,12); que sofre pressões e abatimentos (2Co 4.8,9), mas não foge aos desafios espirituais (At 20.22,23); que anuncia o plano de salvação, mostrando o que Deus oferece, pede aos homens (At 20.27) e cuida de vidas (At 20.28), o maior patrimônio para Deus. O imperecível tesouro é visto no que somos e não no que possuímos.
É missão do líder desafiar a igreja de Deus a ter seus olhos fixados para além das coisas visíveis – nas eternas (2Co 4.16-18); a não desanimar diante das tribulações (2Co 7.4), a ser vigilante para não se ensoberbecer caindo nos laços do maligno (1Pe 5.6-9) e a envolver-se com Deus em consagração e edificação; vivenciando a sua herança entre os santificados (At 20.32), realidade que afasta a ganância e a cobiça, pois a prata e o ouro estão aquém de um coração purificado, da plenitude do Espírito e de uma vida submetida incondicionalmente à vontade de Deus.

II - Tem uma missão integral

No percurso de sua história, a igreja tem apresentado diferentes percepções sobre o sentido e a definição de sua missão no mundo. Não dá para olhar essa missão de forma fracionada, mas coesa e que se apresenta com aspectos diferentes descrevendo a mesma essência. A igreja que evangeliza é a mesma que educa, que louva e que adora e que, em amor sacrifical, desenvolve ações que traduzem de forma prática e concreta o seu amor ao próximo (Lc 4.14-21).
Os líderes de Éfeso foram instruídos quanto a investir e socorrer os que carecem (At 20.34,35), sendo generosos com as pessoas, fato que está perfeitamente de acordo com o espírito e o caráter dos ensinos de Cristo (Lc 6.38).
A missão da igreja deve ser entendida como koinonia, comunhão com Deus e com os homens; relacionamentos de intimidade, de respeito e de valorização; didaskalia, ensinar aos servos de Deus o aprimoramento da fé e a crescer no conhecimento (2Pe 3.18); aproximado-se da Palavra e conhecendo os mistérios de Cristo; poimenia, assistência aos que necessitam de encorajamento espiritual, dar suporte na fé e velar pelos Santos de Deus e diaconia, que é o serviço prestado ao Senhor em todos os níveis. Tudo isso nos mostra que a igreja, expressão do Reino, tem sua visão voltada para o gênero humano (Mc 1.14, 15), viabilizando qualidade de vida na dinâmica do tempo, entendendo que a suprema excelência da riqueza está reservada nos céus (Ef. 1.18; 2.7). O que conquistamos aqui é fruto da bondade de Deus e deve ser empregado para abençoar a nós mesmos e as pessoas que nos cercam; a exaltar e glorificar o nome de Jesus. Não é sábio construir tesouros para o deleite exclusivamente pessoal (1Tm. 6.17) nem esperar em Cristo só para esta vida (1Co 15.19).

III – Não tem adeptos nem celebridades, mas servos

A igreja, expressão do Reino, desenvolve relacionamentos marcados pelo amor e cordialidade espiritual. O apóstolo trabalhou os servos de Cristo, pessoas alcançadas pela graça (Rm 3.24), seladas pelo Espírito (Ef 1.13) e comprometidas com o evangelho. Sua despedida em Mileto foi marcada por oração (At 20.36), lágrimas e tristeza (Atos 20.37,38), mas os líderes se voltaram para as demandas dos ministérios deles em Éfeso, porque eram seguidores de Cristo e não de Paulo, eram servos de Cristo e não adeptos de Paulo e a igreja era de Cristo e não de Paulo ou de homem algum (1Co 1.2). Tem sido lamentável ouvir que as pessoas abrem suas igrejas, negociam essas igrejas e compram franquias, autorização para usar o nome de igreja, que é propriedade de alguém. A igreja pertence exclusivamente a Jesus. É expressão do Reino e não propriedade humana, empresa religiosa ou herança de família.
Na igreja do Senhor, o culto não é show, espetáculo nem programa de auditório; o dirigente não é artista nem apresentador e a igreja não é plateia. O culto precisa ser alegre (Fp 4. 4), reflexivo, uma festa em homenagem a Jesus Cristo; em que não há lugar para celebridades, para os que desejam a atenção e ser o centro das coisas. Só o Senhor é merecedor de toda a honra, louvor e glória (1Tm 1.17; 2Pe 1.17). É distúrbio espiritual e carência de conhecimento bíblico tratar a igreja como não sendo expressão do Reino, comprada por Jesus com preço de sangue (Ef 1.7; Ap 5.9). Usar a influência da liderança para exercer proeminência sobre as pessoas, colocando-se acima delas e puxando todas as luzes só para si (3Jo 1.9-11). É megalomania querer ser além do que se é, ter mais do que os outros e desejar que todos o vejam como celebridade. Para alguns, ser pastor, ternura de Deus para os crentes, não basta. Intitulam-se bispos, não como superintendentes, mas no sentido de hierarquia eclesiástica. Também de apóstolos e patriarcas, o que foge ao padrão da revelação bíblica, que recomenda não ser sábio aos próprios olhos (Rm 12.16) nem se julgar superior aos outros (Fp 2.3). No livro “A crise de integridade”, Warren W. Wiersbe afirma que a igreja tem tido celebridade demais e servos de menos, um número grande de pessoas com muitas medalhas, mas sem cicatrizes. A celebridade religiosa fabrica a mensagem que mais realça a sua popularidade e talvez aumente a sua renda. O servo verdadeiro se preocupa tanto com a sua integridade quanto com a sua mensagem. Para os servos de Cristo, que não são adeptos de homem algum nem desejam ser celebridades nas ribaltas da vida, é confortador lembrar: “importa que ele cresça e eu diminua” (Jo 3.30).

Para pensar e agir

A natureza da igreja é divina e não humana, conquanto seja composta de seres humanos limitados e falhos, mas regenerados, nascidos de novo de semente incorruptível, pela Palavra de Deus (1Pe 1.23). A igreja não tem como seu alvo primeiro construir bens materiais, mas espirituais, apesar de saber que tudo que Deus faz chegar às suas mãos é espiritual, só que o nosso maior empenho deve ser pelo que não perece, mas sem fechar os olhos para melhorar, em todos os níveis, a condição de nossa peregrinação por esta pátria (1Pe 1.17). Se a igreja fosse empresa da fé tinha gerentes; o dono da Razão Social seria figura proeminente, sua missão seria monetária e as pessoas seriam funcionárias e não corpo.
Como igreja, temos demonstrado a grandeza do Senhor? Representamos bem aquele que nos salvou e comissionou para fazermos discípulos de todas as nações (Mt 28.19,20)? A igreja é testemunha de Jesus em todos os lugares, começando em sua Jerusalém e indo até os confins da Terra (At 1.8). A igreja é expressão do reino de Deus, por intermédio dela Ele tempera esse mundo e trabalha na terra os que viverão na eternidade. O domínio de Deus estende-se, por meio da igreja, sobre o mundo e o seu maior patrimônio são as vidas.

Leituras Bíblicas

segunda-feira – 2Coríntios 9.1-13
terça-feira – Atos 8.14-23
quarta-feira – Mateus 20.20-28
quinta-feira – Romanos 16.1-6;17-20
sexta-feira – Lucas 4.14-30
sábado – Efésios 5.1-27
domingo – 1Coríntios 4.1-14

Uma igreja com influência na comunidade

Texto: Atos 2.37-47.

Introdução
A igreja tem uma grande tarefa: influenciar o meio social. Isso só será possível com a proclamação do evangelho, com o testemunho dos crentes e com o exercício da compaixão, por intermédio do socorro aos carentes, necessitados e sofredores. É confortador saber que a mensagem do evangelho não se limita à transformação do homem; ela vai além, transformando também a sociedade.
Jesus olhava o homem como um todo, atendendo suas múltiplas necessidades (Mt 9.35). Ele pregava, ensinava e curava, era tratamento completo, atingia corpo, coração e intelecto. Tornou-se procurado, desejado e relevante para o povo, por isso grandes multidões o seguiam (Mt 19.2). A igreja tem a mensagem de Jesus e precisa compartilhá-la também de forma integral para se tornar, de igual modo, relevante na sociedade, influenciando e alterando comportamentos. A igreja que assim procede é vista pela comunidade como necessária, não propriamente por socorrer o ser humano com o trabalho social, mas por transmitir esperança e instrução, promovendo dignidade.

I – Tem resposta para as inquietações

A igreja precisa, com voz profética, marcar presença na sociedade, proclamando com a autoridade que lhe foi conferida pelo Filho de Deus, a mensagem do evangelho, que liberta das trevas do pecado (Mt 4.16,17) e traz salvação, esperança, conforto e ânimo; não se amoldando com a forma existente (Rm 12.2), sendo voz de quem não tem voz, lutando para melhorar a qualidade de vida do povo e não se calando diante das injustiças (Lc 3.4-6) e do pecado praticado por gente simples ou nobres (Lc 3.1-20). A sociedade tem se desumanizado de maneira preocupante, o convívio social tem se mostrado em desajuste com as pessoas, sem rumo, vivendo uma crise de respeitabilidade, de desvalorização da história de vida, em que tudo é transitório, descartável e sem limites, evidenciando tempos trabalhosos de inversão de valores e da ordem natural das coisas, com homens amantes de si mesmos, obstinados, cruéis e mais amigos dos deleites do que amigos de Deus (2Tm 3.1-5); em que a visão religiosa da sociedade contemporânea tem se mostrado plural, marcada pelo misticismo, pelo modelo oriental de introspecção e quietude como solução para um povo que vive em agitação, pelo esoterismo e magia que dão ênfase ao transcendental e a capacidade mental interior; pelo espiritismo que oferece alívio para a dor pela comunicação com os mortos e reencarnação e pelos grupos religiosos que pregam prosperidade, valorizando em demasia as emoções e as experiências. Por intermédio da mídia, a mensagem de liberar geral tem chegado aos lares, onde tudo é permitido e, fazer diferente é ser retrógrado e desconectado com a modernidade.
É hora de levantar a voz, viver a diferença que o evangelho produz, mostrando o padrão de Deus como alternativa para essa sociedade corrompida (Gn 6.12; Fp 2.15). O que às vezes vemos, são crentes com vergonha de serem diferentes: não se embriagar, não fumar, guardar-se virgem para o casamento, ser fiel ao cônjuge e não se encontrar na roda dos escarnecedores (Sl 1. 1). Só uma mudança espiritual, uma experiência profunda com Jesus permitirá uma nova visão, uma nova postura com ações diferentes, em que a vida tem valor por ser dádiva dos céus, a família é respeitada e cuidada por ser ideia de Deus (Gn 2.18,24; 1Tm 5.8), o ser humano, valorizado por ser coroa da criação e o temor, sinalizado nas escolhas e decisões da vida.

II – Faz diferença com o seu exemplo

A igreja precisa de referência espiritual, estar centrada na Bíblia. É virtude cristã preservar e vivenciar os ensinos fundamentais de Cristo (At 2.42). Era perceptível o zelo que eles tinham uns pelos outros (At 4.32), quando surgiam as necessidades especiais, algum ou alguns crentes vendiam propriedades e deixavam os resultados das vendas disponíveis para solucionar a emergência. Era um sentimento bonito de temor a Deus e cuidado com os irmãos (At 2.43-45). Não faz parte dos ideais de Cristo para os seus servos a mesquinharia, a exploração alheira e o viver encostado nos outros. A recomendação de Deus é que devemos trabalhar “fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com o que tiver necessidades” (Ef 4.28) e não sermos pesados a ninguém (1Ts 2.9). Mas se o irmão precisar, é nosso dever cristão socorrê-lo em suas necessidades. É uma agressão à Palavra de Deus agir com indiferença ao sofrimento de alguém, podendo ajudar e não ajudando (Tg 4.17), usar de mentira para ficar bem diante da opinião pública e praticar a agiotagem (Dt 24.10-13; Sl 15.5; Lc 6.34,35). Aprendemos na Palavra de Deus que não era permitido acrescentar naquilo que emprestavam aos filhos de Israel (Êx 22.25-27), podia haver penhora, desde que obedecesse a regras (Am 2.8) e não executassem de maneira desumana as hipotecas contra os devedores; aos pobres israelitas todos deveriam ajudar, mas sem aplicar usura (Lv 25.35-37).
A comunidade foi influenciada com ações práticas da igreja: valorização da família (1Tm 5.8), proteção e cuidado com os que foram gerados por Jesus (1Pe 1.23), lutar em favor dos desfavorecidos, participar com os outros organismos e entidades em prol da justiça, socorrer e investir nos necessitados, desenvolver qualidade nos relacionamentos e dar atenção respeitosa em obediência aos preceitos divinos (Lc 1.6; 1Co 11.2).

III – Alcançando resultados

A influência dos convertidos em Jerusalém foi tão expressiva que os de fora reconheciam o seu amor fraternal, percebiam que havia harmonia entre o que eles falavam, criam e viviam (At 4.19,20) e apreciavam a postura cristã que eles evidenciavam. Por conseguinte, se abriam para conhecer o que eles tinham para compartilhar, pois haviam caído na graça do povo, ou seja, o terreno estava preparado e fértil para semear e germinar a semente (Mt 13.1-8;18-23), pois “... todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que estavam sendo salvos” (At 2.47b). Era uma atuação primorosa da igreja como sal e luz do mundo (Mt 5.13,14), marcando mais do que presença, impactando as vidas com o testemunho de Cristo (At 8.25). Era uma igreja relevante, que colocava à disposição da comunidade os resultados da obra do Espírito: convicção, conversão e comunhão. Uma igreja sem convicção não é referencial da verdade (Ef 2.20-22), promove imaturidade e contenda (1Co 3.1-5) e expõe a obra de Cristo aos escândalos, além de não desfrutar de um ambiente saudável para compartilhar a mensagem salvadora e desenvolver um convívio marcado pelos laços do Calvário (Ef 2.18,19). O testemunho é a arma da graça para alcançar o pecador, trazendo-o para a riqueza espiritual, que é muito mais do que bens materiais.
O evangelho sempre promoveu resultados positivos e enriquecedores. Na igreja de Tessalônica, os crentes tornaram-se imitadores do Senhor (1Ts 1.6), haviam se convertido dos falsos deuses para o Deus verdadeiro (1Ts 1.9), opuseram-se à falsa religião, não tomando parte nela (At 17.5-9) aguardavam o retorno de Jesus com uma esperança inabalável (1Ts 1.10) e amadureceram rapidamente pelo poder da Palavra (1Ts 2.13). Na igreja de Filipos, houve uma grande atuação evangelística e uma generosidade ímpar ao desenvolver a mordomia da graça (At 16.15-34; Fp 4.15,16). O testemunho é um facilitador, ele viabiliza credibilidade para comunicar a mensagem que traz uma nova dimensão para a vida humana e abre a porta do céu (At 20.24; 1Jo 5.9-13).


Para pensar e agir

Se a sua igreja fechasse as portas ou mudasse o local, as pessoas da comunidade sentiriam falta dela?
Não dá para ser igreja e fechar os olhos para tudo que acontece à sua volta. É preciso amar o pecador, afastar o pecado, apontar alternativas, desempenhar cidadania, votar com consciência, fiscalizar as ações dos mandatários e não ser massa de manobra.
A igreja relevante se faz necessária, indispensável à sua comunidade, cumpre a sua missão em todos os aspectos básicos: de adoração, proclamação e serviço.
Quais os serviços que sua igreja oferece à sua comunidade?
Os crentes têm mostrado no cotidiano a diferença que Cristo faz na vida deles?


Leituras diárias

segunda-feira – Romanos 12.1,2
terça-feira – Atos 4.32-37
quarta-feira – Romanos 12.9-21
quinta-feira – João 17.1-12
sexta-feira – Atos 14.1-28
sábado – Tito 3.1-9
domingo – 1João 3.14-18

terça-feira, 2 de agosto de 2011

EBF



Minivigilia

Mês Jovem

Atenção

Uma igreja que combate o império das trevas

Texto bíblico: Efésios 6.10-18


Introdução:
A igreja entra nessa guerra consciente de sua vitória (Mt 16.18b). Seu
Senhor deu-lhe a garantia (1Co 15.57). Contudo, a batalha é monumental, pois não lutamos contra a carne e o sangue, mas contra as hostes sobrenaturais da maldade
(Ef 6.12). Temos que enfrentar um mundo que está no maligno (1Jo 5.19), marcado por problemas, desencontros, sofrimentos, violências, conflitos, tragédias, corrupção
e crimes ambientais que destroem a natureza, onde as pessoas vivem assustadas, angustiadas e cheias de incertezas. Mas é este o mundo pelo qual Jesus veio e, por ele, deu a sua vida (Jo 3.16).
A ideia de guerra e campo de batalha aparece nesta segunda parte do capítulo 6 e não em toda a Epístola aos Efésios. Sendo indispensável para combater esse império das trevas, a propagação do evangelho, único capaz de eliminar as guerras entre os homens, promover a paz espiritual (Rm 5.1), viabilizar um ambiente cordial no Corpo de Cristo (Ef 6.1-9) e expandir o domínio de Deus sobre as pessoas, promovendo reconciliação com Ele (2Co 5.17-19).

I – Conhecendo o seu inimigo

Nossa luta é contra forças crueis e poderosas que se empenham por agredir a
Deus, o seu Reino e a todos quantos foram alcançados e libertos pela graça redentora de
Jesus.
Pertencemos a dois mundos: espiritual e material. Daí, sermos atacados por essas forças invisíveis, mas perceptíveis, que ameaçam e promovem grandes males.
Satanás é o estrategista dessa guerra, ele mina o campo de batalha com os explosivos da mentira, da sedução, da ilusão, do desejo desenfreado e do engano. É o grande patrocinador das obras da carne (Gl 5.19-21); age de forma traiçoeira e perspicaz (Lc
4.1-13; Ap 12.9) e faz camuflagens para enganar (At 13.9-11; 2Co 11.3,4; 3Ts 2. 9,10).
Esse poder maligno arrasa a vida humana, escraviza e almeja tê-la como sua contínua morada (Mt 12.43-45), além de obscurecer o entendimento (Ef 4.18), distanciar de
Deus, degradar a vida e procurar devorá-la (1Pe 5.8). O inimigo a ser derrotado, o
Diabo e seu exército de forças demoníacas, são ferozes. Na linguagem do apóstolo
Paulo devemos nos armar contra os principados, as potestades, os príncipes das trevas, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais (Ef 6.12; Rm 8.38,39; Cl 1.13).
O Comandante do império das trevas é falível, não possui os atributos da onisciência, onipotência, onipresença e imutabilidade, que são exclusivos de Deus, incomunicáveis a qualquer ser. Mas isso não o torna menos implacável. Ele tem o poder da morte (Hb 2.14), age por intermédio dos seus demônios em todo o lugar, muda suas táticas para alcançar seus planos maléficos, é organizado em suas estratégias para prometer o que não pode cumprir (Lc 4.6), para oprimir (At 10.38), para armar ciladas
(Ef 6.11), para atrapalhar a propagação do evangelho e afastar da fé (At 13.4-12). Seu alvo é derrotar o povo de Deus, e para isso ele se articula de todos os meios visando conseguir o seu intento. Só que não ficará impune, sem a sua recompensa (Ap 20.10).

II - Resgatando vidas do poder do pecado

O salário do pecado é a morte e a vida eterna é o dom gratuito de Deus, em
Cristo (Rm 6.23). Só por meio d’Ele há libertação (Jo 8.32,36), redenção e remissão dos pecados (Cl 1.14; At 26.18). Ele é o meio de resgate, mediador entre Deus e os homens
(1Tm 2.5) e viabilizador da promessa da eterna herança (Hb 9.15).
Paulo é enfático ao descrever o estilo de vida de quem se encontra à margem da graça salvadora e vivificadora de Cristo, afirmando que os tais estão mortos nos seus delitos e pecados (Ef 2.1). Isto significa que sem Cristo a humanidade está espiritualmente perdida, separada de Deus, morta, não tendo a percepção de que o verdadeiro sentido da vida suplanta a existência finita do corpo (Gn 3.19; Ec 12.7). É terrível, mas o pecado conduz segundo o curso do mundo, debaixo da influência do inimigo de nossas almas e em desobediência, para servir aos desejos da carne e dos pensamentos corrompidos (Ef 2.2,3).
Para o apóstolo, o poder transformador exercido por Cristo e comunicado à sua igreja sobrepõe-se às forças das trevas e alcança o gênero humano em sua integral dimensão. Pois aprouve a Deus salvar o homem pela loucura da pregação (1Co 1.21).
A pregação do evangelho é plano divino de resgate da vida humana, pois conduz a aceitação de Jesus (Rm 10.8-17), que derruba as barreiras da separação (Ef 2.13-16) e nos submete ao seu jugo suave (Mt 11.29,30). Sendo Ele rico em misericórdia e movido pelo seu imenso amor, nos ressuscitou para uma novidade de vida, nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo, mostrando a suprema riqueza de sua graça e sua bondade infinita (Ef 2.4-7), destruindo o domínio do pecado (Rm 6.14), por meio do seu sacrifício no Calvário.

III – Usando armadura de Deus

O império das trevas é a esfera onde Satanás “manda” e o pecador vive. É lugar de arbítrio, de impulsos e vontades insaciáveis, onde vale tudo, por ser sem leis, sem ordem, sem respeito, sem amor, sem temor, onde o ladrão vem para cumprir a sua função (Jo 10.10a) e tentar desfazer a criação de Deus. Nesse império, Satanás dá a impressão ao homem de que ele pode fazer o que deseja, mas ai de quem ousar pensar diferente, pois será pressionado com fúria para cair.
Não dá para enfrentar esses inimigos sem comando e munição à altura. A orientação bíblica é que sejamos revestidos de toda a armadura de Deus (Ef 6.11), meio de resistir às ciladas, astúcias ou enganos do diabo. A ideia central aqui é que precisamos de um equipamento divino, completo, pois nosso inimigo é violento, de sorte, que devemos usar tudo que Deus nos disponibiliza para nossa luta defensiva e ofensiva. A armadura transmite a ideia de completude, poder de Deus que precisa ser uma realidade plena na vida dos seus filhos, para que eles triunfem, vencendo este conflito visível e invisível de planos enganosos e de investidas astuciosas. De acordo com Efésios 6.13-18, o apóstolo dos gentios apresenta uma descrição das armaduras: cinturão da verdade, caráter firme, ilibado e aliado ao entendimento iluminado pelo Espírito; couraça da justiça, vida santa para dar suporte ao enfrentar as críticas e perseguições; escudo da fé, recurso para repreender os ataques do maligno; pés calçados, para desenvolver a trajetória em obediência ao Senhor, levando a preciosa semente; capacete da salvação, para guardar os pensamentos e guiar nos combates, desenvolvendo a vitória que Cristo já concedeu, impedindo que prevaleçam desejos egoístas e pecaminosos; espada do Espírito, para avançar na batalha com a Palavra de Deus na mão, no coração e na mente (Hb 4.12). Sendo a dependência fator primordial para que o manejo da armadura seja exitoso, melhor dizendo, essas armas precisam ser utilizadas em oração.
De nós mesmos não somos capazes, nem alcançaremos absolutamente nada, mas envolvidos pelo poder de Deus, utilizando as suas armaduras somos imbatíveis (Fp 4.13; Ef 1.19; 3.20), enquanto reconhecedores que a glória não será nossa, os méritos não serão nossos nem nos pertence a grandeza da vitória, mas a Jesus, Rei dos reis e
Senhor dos senhores, e nós, por sermos d’Ele, nos alegramos com as conquistas do
Reino, pois o poder das trevas só será combatido na força do Senhor.


Para pensar e agir

O mundo está no maligno, mas não pertence a ele (Sl 24.1,2). Como igreja do
Senhor, temos um compromisso com este mundo: apresentar a mensagem do evangelho que destrona o pecado e traz o brilho da glória de Deus.
Cada salvo é um carregador de luzeiro (Fp 2.15) e aonde chega a luz de
Cristo as trevas são dissipadas (Jo 8.12; 9.5;12.46).
É na Palavra que conhecemos o nosso inimigo, recebemos as instruções para combater na batalha contra o império das trevas e nos vestirmos da armadura de Deus para resgatar vidas, tirando-as do reino das trevas e levando-as para o reino do Filho do seu amor (Cl 1.13). Como usar a armadura de Deus? A batalha é cruel! O desafio é por um fortalecimento continuado.


Leituras Diárias

segunda-feira – 1Coríntios 15.21-26
terça-feira – Efésios 1.17-23
quarta-feira – Colossenses 1.10-14
quinta-feira - – Colossenses 2.12-19
sexta-feira – 2 Timóteo 3.1-5
sábado – 1João 4.1-6
domingo – Romanos 1.16-17

Quem sou eu

Minha foto
Igreja Batista Ebenézer. Uma igreja que AMA você!