segunda-feira, 10 de junho de 2013

Lição 11 – A luta interior (I)
Texto bíblico: Gálatas 5.16-26

A liberdade que Cristo oferece não significa ausência de conflitos. Pelo contrário, uma vez liberto, cada cristão é colocado, diariamente, numa arena, para lutar.

Nessa ‘anfiteatro da alma’, duas influências opostas combatem para exercer o domínio sobre o salvo. De um lado, a ‘carne’, que significa a inteira natureza terrena do homem, sua sensibilidade e razão, apelando para o pecado. Do outro, o Espírito Santo, o agente da santificação (Gl 5.17a).

Nesta lição, focalizaremos a “agonia” diária de enfrentar a velha natureza. Tal qual os atletas gregos, que combatem por um prêmio (1Co 9.25), cabe-nos a “luta” interior, a fim de resistir aos apelos da carne e de nos deixar conduzir pelo Espírito (Ef 6.12).

O fermento que faz crescer toda a massa

Estamos em luta constante contra a natureza pecaminosa (Hb 12.4; Rm 7.20). Matthew Henry, comentando essa luta, diz: “Se fôssemos cuidadosos para agir sob a direção e poder do bendito Espírito Santo, mesmo que não fôssemos libertos dos estímulos e da oposição da natureza corrupta que procura permanecer em nós, esta não nos dominaria”.[1]

O pecado atua como fermento na igreja cristã (1Co 5.6-8). Essa levedura da “maldade e da malícia” descreve a rápida e perigosa difusão das manifestações pecaminosas, que se denominam “obras da carne” (Gl 5.19). Listas de pecados semelhantes aos dessa descrição podem ser encontradas em Romanos 13, 1Coríntios 3, Efésios 5, Colossenses 3 e 1Pedro 4.
Em Gálatas, as obras da carne assim se manifestam:

Nossa impureza interior

Paulo trata da impureza da alma fazendo uso de três palavras gregas (Gl 5.19; Cl 3.5):
● porneia (prostituição, fornicação – 1Ts 4.3);
● akatharsia (impureza física e de intenções e motivos – 1Ts 4.7); 
● aselgueia (dissolução, paixão lasciva, licenciosidade, atitude impudica – Ef 4.19).

A palavra prostituição é associada em muitas passagens com a fornicação e o adultério. Ilustra o abandono de Deus, no Antigo Testamento (p. ex.: Jr 3.8) e mantém-se estreitamente relacionada com as relações sexuais ilícitas.

Impureza é o viver motivado por uma intenção maldosa, maliciosa. É pecado capaz de gerar uma vida licenciosa, desregrada e luxuriosa, como parece comportar-se a geração de nosso século.

Lascívia está mais ligada aos procedimentos escandalosos contra a decência pública, como palavrões e os movimentos corpóreos indecentes. Eis dois exemplos:
(1)    o ‘funk’, por exemplo, apregoa a violência e os jovens repetem tais gestos desde a mais tenra idade.
(2)    Vídeos que exaltam a sensualidade e a sexualidade, promovendo o desejo sexual e os movimentos pélvicos insinuando o ato sexual pelos cantores de Rock and Roll em suas apresentações.

ð  Que atitudes devemos tomar para “fugir” da prostituição (1Co 6.18)?
ð  Que comportamentos comuns em nossos dias são motivados pelos pecados que descrevem a impureza da alma?



Atitudes impuras em relação a Deus

 As palavras gregas do segundo grupo estão relacionadas às atitudes errôneas dos homens em relação a Deus (Gl 5.20a):

● eidololatria (idolatria, adoração de um ídolo ou de uma deidade representada por um ídolo, geralmente como imagem – Jn 2.8);
● pharmakeia (feitiçaria, magia, encantamento – Ap 18.23).

Paulo considerava a idolatria uma estultícia humana e representava uma perversão da religião verdadeira (Rm 1.22.23; At 17.16).

A idolatria constituía um perigo constante para os gálatas. Eles haviam sido salvos dos ídolos (Gl 4.9). Precisavam, portanto, evitar aquela estrutura sociopolítico-cultural idólatra de sua época (At 15.19,20). Isso não era nada fácil, pois na província romana da Ásia (onde se situava a Galácia) funcionava um dos maiores centros de promoção do culto ao imperador.

A feitiçaria, por sua vez, associava-se à idolatria no Mundo Antigo (1Sm 15.23). A palavra grega deu origem à palavra ‘farmácia’ em nossa língua, pois os feiticeiros usavam ‘drogas’ em seus encantamentos.

A indústria musical é um exemplo de produção de idolatria e dessa capacidade de “enfeitiçar”, de adormecer o homem real, com problemas reais, nas causas sociais.

Algumas letras vêm à mente, em razão do uso de imagens mundanas para falar do relacionamento com Deus: “Pai, olha para mim, estou aqui desesperado por mais de ti” (assim fica o dependente químico, antes da próxima dose); “embriagado de amor” (pergunte-se: o amor de Deus embriaga, inebria, tira a consciência?!).

Muitos cultos que se dizem cristãos parecem estar mais para sessões de encantamento do que para atos de culto. Bandeiras da fé, terra de Jerusalém, folhas de oliveira, água benta, e tantas coisas encontradas nas reuniões religiosas de algumas igrejas “evangélicas” apontam para essa atitude supersticiosa que está ligada à obra da carne conhecida como feitiçaria.

ð  Por que o pecado da idolatria provoca aversão e indignação em Deus e resulta em aflição para o pecador (Sl 16.3,4)?

Impurezas nos relacionamentos humanos

A lista dos pecados relacionais, em Gálatas, contempla: (a) “inimizades”, (b) “contendas”, (c) “ciúmes”, (d) “iras”, (e) “facções”, (f) “dissensões”, (g) “partidos”, (h) “invejas”, (i) “bebedices”, (j) “orgias” (Gl 5.20b,21).

Uma tradução das palavras gregas apontaria os seguintes sentidos para as obras da carne acima citadas:

a) ter ou manter atitudes de inimizade com pessoas (virar o rosto, falar mal de, tratar mal etc.);
b) espírito de contenda, manter viva uma disputa;
c) rivalidade gratuita contra alguém, quase sempre movido pela inveja;
d) explosões de raiva, com gritos, brigas e insultos;
e) espírito politiqueiro, tentativa de estar sempre ganhando vantagem (principalmente com falsos elogios ou elogios insistentes não merecidos);
f) jogar uma pessoa contra outra;
g) opinar e pautar o comportamento de modo contrário à doutrina que prevalece, muitas vezes conscientemente (por escolha pessoal);
h) a inveja propriamente dita, portanto, uma palavra ligada a “ciúmes”;
i) intoxicar-se de bebida, embriagar-se;
j) participar de festas lascivas ou orgíacas.

Essas traduções sugerem alguns comportamentos nossos que precisam mudar? Eis a batalha interior a que Paulo se refere, em que esses instintos pecaminosos cedem lugar ao estímulo do Espírito.

Jorge Luiz Borges escreveu:

“As ditaduras fomentam a opressão,
As ditaduras fomentam o servilismo,
As ditaduras fomentam a crueldade;
Mas o mais abominável é que elas fomentam a idiotia.

ð  De que forma as palavras em destaque podem ser relacionadas com a “ditadura do pecado” na alma humana?

Hora de separar o trigo do joio

A metáfora do trigo e do joio é excelente para explicar nossa luta diária para viver segundo o Espírito, em detrimento da satisfação da carne (Mt 13.24-30). Trigo e joio crescem juntos, até a hora da colheita. Colhido, o trigo segue para o celeiro. O joio para nada serve, senão para ser destruído pelo fogo.

Do mesmo modo, nós, os salvos, acumulamos em nossa experiência humana tanto componentes bons (que devem ser guardados, cuidadosamente) como ruins (que devem ser evitados, conscientemente). Isso requer autodisciplina e implica a submissão da nossa consciência aos ditames da Palavra de Deus.

Ações efetivas:

1) Purificar-se das “imundícies da carne e do espírito”, mediante o arrependimento e confissão de pecados, para a santificação no temor de Deus (2Co 7.1);
2) Dizer “não” ao mundo e seus apelos, os quais se dirigem para a natureza pecaminosa (1Jo 2.16; Gl 5.24; Rm 13.14);
3) Não acompanhar pessoas que andam na concupiscência da carne, nem se deixar convencer por seus conselhos blasfemos (2Pe 2.10,18; Cl 2.22,23);
4) Ser um bom mordomo do tempo e do corpo (1Pe 4.1,2);
5) Não confundir liberdade (de pecado) com libertinagem (licença para pecar) (Gl 5.13a).
Conselhos úteis

Gálatas nos adverte da força destrutiva dos nossos instintos pecaminosos. Essa é uma forte razão pela qual devemos resistir à sua influência e, pelo poder do Espírito, vencê-los.

Não vivamos, portanto, para satisfazer as obras da carne. Quem assim age é designado pela expressão “homem natural” (do grego, psíquico), isto é, alguém inclinado para os instintos carnais, um “menino” em Cristo (1Co 2.14; 3.1).

Na continuação desta lição, veremos como ocorre a superação dos instintos pecaminosos, pelo fruto do Espírito.



[1] HENRY, Matthew. Comentário Bíblico. Rio de Janeiro: CPAD, 2002. p. 988.
Leituras diárias
Segunda       Romanos 13.8-14
Terça              1Coríntios 3.1-11
Quarta           Efésios 5.3-14         
Quinta           1Pedro 4.1-5
Sexta             Romanos 7.15-25
Sábado          Apocalipse 22.14,15          
Domingo       Gálatas 5.16-26

''Convenção Batista Fluminense - Revista Palavra e Vida''

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Lição 10 – A liberdade em Cristo
Texto bíblico: Gálatas 4.1-11; 5.1-15

Nesta lição, desvendaremos o segredo para viver livres, a norma e o propósito da liberdade alcançada em Cristo. A partir dos capítulos 4 e 5 de Gálatas, buscaremos uma explicação plausível sobre essa condição espiritual. Sem esse entendimento, ficamos à mercê da natureza pecaminosa e, por isso, em apuros.

Entre outros significados, a liberdade em Cristo está relacionada com as seguintes ações:

O resgate da cruz

Resgatar, remir são ações que pertencem às mais belas imagens do Antigo Testamento (Jó 19.25; Sl 19.14; Is 47.4). Literalmente, o redentor é alguém que compra de volta a liberdade de outrem, que fora colocado em estado de escravidão, seja por causa de uma dívida ou qualquer outro motivo.

Tendo essa imagem em mente, entendemos por que, na plenitude dos tempos, Jesus veio para resgatar os que estavam debaixo da lei (Gl 4.4,5). Sobre esse resgate, podemos afirmar, entre outras possibilidades:
●teve preço de sangue (1Co 6.20; 7.23);
● trouxe libertação ao pecador, sua redenção e condução para fora da condição anterior;
● dá-se na esfera espiritual, em que ocorre “o recebimento do Espírito” (Gl 3.2) e o cumprimento da promessa da parte de Deus (Gl3.14), pela resposta positiva ao apelo da fé (Gl 3.11).

ð  Descreva, com suas palavras, a bênção divina que ocorre na passagem da morte para a vida, das trevas para a luz, da lei para a graça.

O abandono das obrigações espirituais da lei

Outra importante relação com a liberdade em Cristo é a renúncia da lei em prol da graça.

Paulo usou palavras duras para expressar a perversidade da servidão da lei: “viver como judeus” (Gl 2.14), a “maldição da lei” (Gl 3.13), o “estar reduzido à servidão debaixo dos rudimentos do mundo” (Gl 4.3). Tal influência escravizadora ocorre em dois aspectos:

a) Primeiro, cria vítimas oprimidas e indefesas. Intelecto, sentimento, coração e vontade são influenciados por essa condição pecaminosa. Nesse sentido, o pecador sofre os terríveis resultados decorrentes de seus erros (Jo 8.34).

b) Segundo, os homens não são apenas vítimas desse estado pecaminoso. A servidão do pecado mantém um influência corruptora. Os que acolhem a opção legalista tornam-se, também, algozes. Nessa busca inócua por liberdade mediante a adoção de regras e de rituais (Gl5.1b), eles não apenas sofrem, mas infligem os efeitos do pecado aos demais – o jugo da escravidão.

O que é esse tal “jugo da escravidão” de que Paulo tanto fala? A palavra jugo se refere à canga colocada sobre o lombo do boi, prendendo seus movimentos a um serviço a ser executado. A metáfora é simples: Paulo fala do fardo de viver sob obrigações religiosas e civis impossíveis de guardar em busca da salvação.

O fracasso da lei é absoluto (Rm 8.3a; Sl 14.3). Logo, se a lei não é capaz de solucionar a desordem interior que é causada pelo pecado, não há esperança de justificação para aqueles que esperam na lei (Gl 5.4).

Paulo explica que “o que vem pela lei é o pleno conhecimento do pecado” (Rm 3.20b). Portanto, ao constatarmos nossa condição pecaminosa, nada nos resta senão a culpa. Todos que tentam salvar a si mesmos por meio da autojustificação encontram-se separados de Cristo.

Até que sejamos libertados da culpa e declarados inocentes de nossos pecados, pesa sobre nós a expectativa da condenação. No entanto, somos advertidos de que esta liberdade foi possibilitada “pelo escândalo da cruz” (Gl 5.11b), onde Jesus “se deu a si mesmo por nossos pecados” (Gl1.4). Glórias a Deus!

ð  A tragédia desse estado de escravidão espiritual, principalmente, quando é forjado pela influência de falsos mestres, evidencia-se, hoje (2Pe 2.17-19)?

Firmeza contra a apostasia da fé

Paulo afirma, categoricamente, que o cristão precisa de constância na decisão de crer: “permanecei, pois, firmes” (Gl 5.1b). Crer em Cristo é uma condição vitoriosa, espiritualmente (1Jo 5.4), pois sustenta-se na justiça de Deus obtida no sacrifício da cruz.

Entretanto, nem todos que se aproximam da igreja têm a experiência da fé salvadora (2Co 13.5; 2Ts 3.2). Os opositores do evangelho, por exemplo, não a tinham. Além disso, procuravam desvirtuar os crentes da Galácia e conduzi-los à apostasia, que é o repúdio e abandono deliberado da fé que a pessoa professou (ver Hb 3.13).

Em Romanos 11, Paulo usa a figura de uma oliveira para ilustrar a “queda” de Israel. Nessa imagem, os ramos quebrados representam a rejeição de Deus, parcial e temporária, causada pela incredulidade e pela desobediência (Rm 11.22,23). Assim, a queda de Israel tornou possível que a riqueza da salvação alcançasse os gentios. A partir dessa nova realidade, a misericórdia divina manifesta-se sobre todos, judeus e gentios, em Cristo (Rm 11.26,27).

É importante observar que Paulo não advoga a perda da salvação em Gálatas 5.4. A queda “para fora” da graça é a escolha dos adversários do evangelho pregado por Paulo. Essa opção representa a realidade das pessoas que alienando-se (separando-se) da opção de Deus – a “justificação pela fé” – obedecem aos preceitos da lei (circuncisão e guarda dos mandamentos). Esse “esperar na lei” constitui-se como um viver carnal, alheio à influência do Espírito e à verdade do evangelho (Gl 5.7; 1Tm 4.1; 2Tm 3.8).

Em Gálatas 5.5, o uso do pronome na primeira pessoa do plural identifica os salvos: Porque nós, pelo Espírito, aguardamos a esperança da justiça que provém da fé.” Conectados a Deus, pela fé, entre outras possibilidades, abrem-se para os salvos as seguintes situações cotidianas:
● sentem-se libertados da culpa e declarados inocentes (Rm 8.1);
● são guardados e protegidos pelo poder de Deus (1Pe 1.5);
● crescem e amadurecem, suportando as perseguições do mundo, para a glória de Deus (2Ts 1.3,4; Cl 2.7);
● oferecem conforto espiritual uns aos outros (Rm 1.12);
● batalham pela fé que afirmam possuir na incessante, tomando posse da vida eterna (Jd 1.3; 1Tm 6.12).  (((CONFIRMAR)))

ð  De que maneira podemos lutar juntos pela fé evangélica (Fp 1.27)?

A adoção espiritual

A mais tenra imagem da liberdade em Cristo é a adoção espiritual.

Paulo utiliza-se do campo jurídico, como no caso da justificação, para descrever a adoção (gr. huiothesia). Era um procedimento comum nas sociedades grega e romana, pelo menos entre as classes superiores, ainda que limitado a cidadãos livres. No caso romano, o adotado tornava-se, praticamente, um escravo, sob a autoridade do pai adotivo. Assim, sua adoção conferia-lhe direitos, mas também tinha uma lista de deveres.[1]
Em Gálatas 4, Paulo apresenta a figura da lei escravizando herdeiros até uma determinada data. Duas situações trariam liberdade: a maioridade ou a morte do pai. A partir do versículo 4, essa figura modifica-se. Alguém que era realmente um escravo (não um menor), torna-se um filho e herdeiro mediante a redenção (Gl 4.5).[2] A referência aos gálatas fica evidente, pois eles haviam sido libertados do pecado da idolatria (Gl 4.8,9) e tornados filhos de Deus, pela fé em Cristo (Gl 3.26).

Em Efésios 5.1, temos declarado o motivo da adoção: o imenso amor de Deus. Assim, no tocante a Deus e à salvação, não há mais hierarquia ou classes de pessoas [ricas e pobres; inteligentes e obtusas, brancas e negras, etc.]. Deus só faz uma exigência: a fé. Por ela, seus filhos “aguardam a esperança da justiça [de Deus]” (Gl5.5b).

ð  O resgate da cruz modifica a condição do pecador. Torna-o um filho e herdeiro de Deus, por adoção. O que esse status e modo de vida representa, no aspecto prático?

Conselhos úteis  

Escravidão. Esse é o status sombrio que cerca a humanidade, sob duas diferentes perspectivas: a servidão do pecado e a da lei.
Adoção. Esse é o status luminoso que cerca a humanidade, sob a perspectiva da liberdade da graça de Deus, em Cristo, que justifica o pecador.

O verdadeiro cristão não anda mais em trevas, mas é luz no Senhor (Ef 5.8). Assim, ele não vive mais escravo da lei do pecado e de sua maldição. Também não vive mais para si mesmo. Foi tornado servo do Rei e tratado como filho e amigo de Deus.

Você já escolheu servir a Deus, pela fé? Você já passou das trevas para a luz? Então siga o conselho de Paulo em 1Tessalonicenses 2.12!




[1]ELWELL, Walter A. Enciclopédia histórico-teológica da igreja cristã. São Paulo: Vida Nova, 1993, Vol I, p. 19.
[2]Idem, p.19.
Leituras diárias
Segunda       Isaías 61.1-3
Terça              Lucas 4.14-21
Quarta           Romanos 11.25-27
Quinta           João 8.31-36           
Sexta             Tiago 1.23-25
Sábado          Gálatas 4.1-11
Domingo       Gálatas 5.1-15
           

''Convenção Batista Fluminense - Revista Palavra e Vida''

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Lição 9 – Solidariedade na igreja
                                      Texto bíblico: Gálatas 4.8-20
Texto áureo: Gálatas 6.2

A palavra de ordem nesta seção da carta aos Gálatas é solidariedade.

Dom Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo, em conferência na USP, ao definir esse vocábulo, aproximou-o do conceito de caridade: “Solidariedade é presença e militância da igreja naquilo que tem que ver com a dignidade humana, com os direitos humanos, com a liberdade, com a exclusão. E é aí onde vivemos nossa fé cristã”.[1]

Entretanto, para a igreja cristã, a ênfase desse nobre sentimento não subjaz ao gesto caridoso que o expressa, simplesmente. O revestimento do amor de Deus, em nós, impulsiona o relacionamento solidário, que é gerador da responsabilidade mútua entre pessoas unidas por um único interesse: Cristo.


O caso Paulo:
um enfermo recebendo a solidariedade da igreja

Na carta aos Gálatas, Paulo foi objeto da ação solidária da igreja. Estavam unidos pelo evangelho. Pregador e ouvintes, ambos praticantes. A partir da análise desse comportamento, procuraremos encontrar formas semelhantes de agir em relação aos demais irmãos e de demonstrar a unidade cristã.

Na única vez que o apóstolo fala de doença ou enfermidade física em Gálatas,
fala de si mesmo: “por causa de uma enfermidade da carne vos anunciei o evangelho” (Gl 4.13).

Uma incapacidade física (a palavra também traduz fraqueza ou doença) impediu-o de continuar viagem e permitiu-lhe ficar entre os gálatas e pregar-lhes o evangelho. Mesmo a enfermidade pode ser motivo de ação de graças!

Ninguém sabe ao certo qual era a doença de Paulo. Quase todos os estudiosos concordam que era uma doença oftalmológica, pois condiz com a afirmação em Gálatas 4.15: “se possível fora, teríeis arrancado os vossos olhos, e mos teríeis dado”.

A experiência de conversão de Paulo na estrada de Damasco também corrobora para este fato (At 9). Depois do encontro de Paulo (à época, Saulo) com Cristo, em que um clarão de luz o deixou temporariamente cego, escamas ou crostas cobriram os olhos do apóstolo (At 9.18). Teriam ficado sequelas? Muito provavelmente.


Zelo e cuidado: lições solidárias da igreja

Os gálatas demonstraram um zelo e um cuidado muito especial pelo apóstolo nos momentos em que sua enfermidade manifestou-se ali. Dessa atitude, podemos extrair duas verdades básicas da ação solidária:

a) Não se deixar afetar pelo preconceito.

Os gálatas receberam o apóstolo e sua mensagem como se tivessem recebido um anjo do céu ou o próprio Cristo (Gl 4.14). Isso é relevante, principalmente, diante de uma cultura espiritual predominante em nossos dias, que entende haver uma conexão moral com a condição física. Nessa incoerente perspectiva, a enfermidade seria uma consequência do pecado.

Contrária à essa ideia, a experiência de Jó corrobora a tese de que nem sempre uma enfermidade está relacionada à atitude pecaminosa. Outro exemplo é suscitado pela pergunta dos discípulos a Jesus, quando viram um cego de nascença: Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?” (Jo 9.2). A resposta de Jesus – Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus” (Jo 9.3) – mostra que o problema não é descobrir a origem da enfermidade, mas enfrentá-la com as armas espirituais.  

ð  Você consegue identificar formas discriminatórias contra irmãos que passam por momentos de provação física na igreja? Quais?

b) Demonstrar felicidade e satisfação interior com a presença dos enfermos na igreja.

Soa inspiradora a atitude da igreja na Galácia, em relação à presença do apóstolo Paulo entre eles. Paulo não lhes era um “peso”, apesar de sua enfermidade.

Aplicando à vida, como trataríamos irmãos afetados com o vírus HIV, se o soubéssemos? Como tratamos os idosos, que são as pessoas mais propensas a enfermidades? Esses e tantos outros casos que não citamos aqui, por falta de espaço, merecem ser tratados com o mesmo respeito que damos a todos os demais. Infelizmente, algumas comunidades religiosas deixam de lado os enfermos, principalmente.

ð  De que modo podemos zelar pela saúde das pessoas com que convivemos?
ð  Que expressões de solidariedade podem ser realizadas por nós para dignificar a vida dos enfermos da igreja?


Princípios essenciais da ação solidária

Os princípios essenciais que orientam essa dimensão da vida cristã são o primado da pessoa humana e a mutualidade.

1) Assim, respeitar a pessoa humana é reverenciar a Deus, pois fomos criados à imagem e semelhança dele.

Entre as atitudes bíblicas que demonstram esse respeito, encontramos os seguintes imperativos :

● o serviço ao próximo (Gl 5.13b).

No famoso episódio do lava-pés, Jesus ensinou os seus discípulos a serem servos uns dos outros. Essa é a característica dos que obedecem aos seus ensinos (Mc 10.44).

O mesmo vale para nós, também. O serviço cristão precisa acontecer porque nem todos somos fortes de espírito ou animados. Velhos hábitos que tínhamos antes de nossa conversão nos acompanharão para sempre. Alguns trazem traumas da infância, outros ainda sofrem com suas perdas, outros com o luto, etc. A verdade é que todos precisamos de ajuda. O serviço cristão é o meio divino de ajudar nossos irmãos.

● a tolerância paciente em relação aos erros cometidos contra nós (Ef 4.2; Cl 3.13a). Essa lembrança exige humildade e mansidão, mas, principalmente, o reconhecimento de que poderíamos estar do outro lado, o do ofensor. Como gostaríamos de ser tratados, então?

● a inclusão social, principalmente, no culto.

Em relação aos idosos, isso significa, entre outras inúmeras possibilidades, as ações seguintes:
● permitir-lhes atuar mais, agindo sem preconceitos estéticos. Isso é democratizar o culto e honrar a Palavra de Deus.
● respeitar o ritmo diferente dos idosos, não resmungando quando o culto tiver seu ritmo diminuído;
● não forçar os idosos a terem comportamentos joviais;

Em relação aos enfermos, isso implica as ações seguintes:

● produzir material para aqueles que não podem mais cultuar no templo, por exemplo: uma fita de vídeo do culto dominical, um informativo das atividades, que seria entregue numa visita social, etc.
● Deveríamos dar-lhes mais atenção. Visitas sociais, conduzidas com espírito cristão e devoção são essenciais à recuperação do enfermo, pois a fé é um fator vital para ele.

2) O caráter comum do cuidado e da comunhão que move os relacionamentos cristãos – a mutualidadediferencia o cristão do mundo ao seu redor.

Paulo nos ensina isto, ao afirmar: “Levai as cargas uns dos outros” (Gl 6.2).

Para comprovar esse fato, basta ouvir (entendendo o que se diz) os cantores de Pop Rock. Dizem em suas canções “I don’t care!” (Eu não ligo!),  They don’t care” (Eles não se importam!), “Nobody cares” (ninguém tá nem aí!). Mensagens com esse teor mostram que persiste no mundo uma ausência de mutualidade. É a total desesperança, o sentimento de  isolamento, de não ter alguém em quem confiar ou com quem contar...

Cristo mudou essa realidade em nossa vida, pois ele se importou conosco. Ele o fez até a morte, e morte de cruz! Ele deseja que nos importemos com os demais, também. Paulo transcreve essas ideias em suas cartas. Aos Romanos, disse: “Nós, que somos fortes, devemos suportar as fraquezas dos fracos...” (Rm 15.1). Aos Tessalonicenses, disse: “... que consoleis os de pouco ânimo, sustenteis os fracos, e sejais pacientes com todos” (1Ts 5.14).

ð  Que seria da igreja sem a mutualidade, sem o cuidado mútuo?

ð  Num sentido prático da esfera da ação social e no cuidado mútuo, em que o exemplo de Paulo pode nos ajudar? Como ser solidários num mundo voltado para o individualismo e o egoísmo?

Conselhos úteis

O fator que nos une e nos faz solidários é Cristo. Por isso, Paulo faz o apelo aos cristãos da Galácia para que neles “Cristo seja formado” (Gl 4.19). Desse modo, os laços de solidariedade são solidificados pela unidade do Espírito.

Não percamos tempo. Procuremos por outros que estão necessitando de ajuda, de um abraço amigo, de um conselho, de um telefonema, de um simples “Eu me importo!”. É o que Paulo quis dizer com a expressão “façamos o bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé” (Gl 6.10).

Que tal estreitar relações com os irmãos enfermos? É algo fácil em nossos dias: um telefonema, um bilhete, uma visita rápida, uma oração a Deus pelo seu bem-estar, tudo isso traz muita alegria a quem passa por dificuldades físicas.



[1] HUMMES, Cláudio. Ética e Solidariedade – o verdadeiro conceito de caridade cristã . Acesso em 7 de fevereiro, 2010, às 16h00.
  
Leituras diárias
Segunda       João 9.1-38
Terça              João 13.1-17
Quarta           Romanos 12.4-21
Quinta           Romanos 15.1-7
Sexta             Hebreus 13.1-3
Sábado          Gálatas 4.8-20
Domingo       Gálatas 6.1-10

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