quarta-feira, 23 de novembro de 2011

“Tal Pai, Tal Filho”: Nem Sempre

Texto Básico: Isaías 7.1-9; 17-25.

Após a divisão do reino em dois outros (1Rs 12.16-24), há o registro na história do povo de Deus tanto no Norte (Israel) quanto no Sul (Judá) de uma sucessão de reis, acerca dos quais é dito: “E fez o que era reto” ou “e fez o que era mau aos olhos do Senhor” (Jeová).
Um fato chama a atenção: como pode um bom rei (que era reto) gerar um filho que vinha a ser mau rei; ou mau rei (que era ímpio) gerar um filho que vinha a ser um bom rei?
Isaías, como já vimos, ministrou por mais de cinquenta anos sob o governo de quatro reis em sucessão direta (Is 1.1) e, se estava vivo nos primeiros anos de Manassés, teve de conviver com cinco administrações: reis bons e maus, considerando, ainda, a rebeldia e pecados do povo a quem ministrava.
O profeta passou por essa longa experiência e cumpriu sua missão com imparcialidade, com integridade, com fidelidade. Não bajulou nem se acovardou perante os reis, quer bons, quer maus. Permaneceu na sua integridade.
A abordagem aqui feita tem o objetivo primordial de avaliar o problema e descobrir as lições que aí encontramos e como exercermos o encargo de mensageiros (profetas) do Senhor em nosso tempo e contexto, mantendo a consciência capaz de poder falar como o profeta de então: “Assim diz o Senhor”, para conduzir Seu povo “nas veredas da Justiça” (Sl 23.3b e Mq 6.8).

Os Reis Sob os Quais Isaías Serviu

1- Uzias: Filho de Amazias, rei que começou bem, mas deixou-se corromper (2Cr 25.1,2; 14.15; 27,28). Como filho sucede seu pai (2Cr 26.1-5), mantendo uma postura digna.
A leitura de todo o capítulo 26 de 2Crônicas nos informa melhor. Entretanto, ao tornar-se poderoso (importante), deixou-se levar pelo orgulho, agiu como sacerdote, pecando contra Deus.
Repreendido pelo sacerdote Azarias, não se humilha, sendo punido com lepra, tendo de isolar-se pelo resto da vida. Jotão fazia o trabalho do rei, sucedendo-o após a morte (2Cr 26.16-23).
Uzias fez coisas boas, mas cometeu erros também.
Não há um registro explícito de seu relacionamento com o profeta Isaías, mas pelo conteúdo de Isaías 1.1 e 6.1, deduz-se que Isaías, vivendo em Jerusalém, provavelmente de linhagem real, tenha tido boa aproximação com o rei Uzias. Sua mensagem nos capítulos primeiro e sexto mostra que o profeta tem de denunciar a decadência vivenciada naquele contexto.
Que influência teria Uzias exercido sobre Jotão, que conheceu a transgressão do pai e teve de substituí-lo no cargo de rei, resultado de sua transgressão?

2- Jotão: Começou reinar ainda jovem (25 anos) e por 16 anos ocupou o trono, falecendo aos 41 anos (2Rs 15.32-38; 2Cr 27.1-9).

As duas referências (2Rs 15.34 e 2Cr 27.2) descrevem-no como um rei que fez o que era reto aos olhos do Senhor, conforme seu pai fizera. 2Crônicas 27.2 acrescenta: “Todavia não invadiu o santuário do Senhor. Mas o povo se corrompia”. O verso 6, afirma: “Assim Jotão se tornou poderoso, porque dirigiu os seus caminhos na presença do Senhor seu Deus”.
Há algumas observações que podem ser feitas:
Jotão foi influenciado pelo pai. Embora ele tenha transgredido a lei referente à queima do incenso sobre o altar, procurou servir bem ao Senhor. Seu erro foi levado em conta pelo filho. Certamente Jotão assimilou bem o fato e evitou cometer o mesmo pecado.
Porém o povo continuava a pecar. Os locais impróprios para oferecer sacrifícios não foram tirados, o que desrespeitava a lei quanto ao local do culto.
Qual e como teria sido o relacionamento de Jotão com o profeta Isaías? Nenhuma referência escrita, exceto Is 1.1, de que o profeta ministrou em seus dias (de Jotão).
Mas como Isaías exerceu sua missão dignamente, conclui-se que se manteve profeta autêntico sob Jotão. E os mensageiros ou profetas de hoje?

3- Acaz:
Foi um homem ímpio, o perfeito contraste do pai. Começou a reinar com vinte anos e faleceu aos trinta e seis. As descrições feitas a seu respeito em 2Reis e 2Crônicas são chocantes, como referências a um descendente do rei Davi. 2Reis 16.1-4 descreve as ações de “culto” por Acaz, como se fosse um pagão de elevada perversidade. Os versos 10-20 desse capítulo descrevem uma mistura de paganismo e judaismo, apoiado pelo sacerdote Urias, que deveria repreendê-lo e omite-se, cooperando na sua depravação espiritual. Não há espaço para abordar tudo. É melhor ler os textos completos de 2Reis 16.1-20; 2Crônicas 28.1-27; Isaías 7.1-9 e 17-25. Em 2Crônicas 28.3 e 2Reis 16.3, está escrito que Acaz sacrificava (queimava) os próprios filhos.
No capítulo 7 de Isaías, Deus fala pessoalmente ao profeta acerca das perversidades do rei, procurando acalmá-lo quanto ao perigo da aliança de Israel com a Síria (7.4-7). Acaz, entretanto, ao invés de confiar no Senhor, na mensagem de seu profeta, vai buscar aliança com Tiglate-Pileser, da Assíria, usando como pagamento ouro e outros materiais preciosos do próprio Templo (2RS 16.6-8; 2Cr 28.16-21). A sua perversidade é destacada em termos vivos em 2Crônicas 28.22-25.
Parece que nenhuma influência do caráter de Jotão operou em Acaz. Agiu como se nunca tivesse recebido qualquer formação espiritual.
No conjunto de textos citados, o de Isaías capítulo 7 deixa patente que o profeta esteve com o rei e lhe transmitiu a mensagem enviada pelo Senhor. Penso que o profeta com toda a integridade cumpriu sua tarefa. Se as coisas continuarem a evoluir como estão evoluindo presentemente, os mensageiros fiéis (profetas autênticos) do Senhor devem estar preparados para sofrer por causa da verdade, pois “acazes” estão ocupando cada vez mais posição de autoridade, agindo sem escrúpulo moral e espiritual. Estão provocando o Senhor, insultando seu povo, institucionalizando a perversidade. Vale pensar no conteúdo do Salmo 11, especialmente o do verso 3, cuja melhor tradução é: “Quando os fundamentos estão sendo destruídos, o que pode fazer o justo”? Profetas e povo do Senhor: estamos prontos?

4-Ezequias: Duas observações iniciais:
• Conteúdo registrado no livro do profeta Isaías sobre Ezequias será abordado de outro ângulo.
• Os conteúdos de 2Reis e 2Crônicas são longos. Faremos destaques, apenas, para inseri-los nos objetivos desta lição. Por favor, leia-os e se enriqueça: 2Reis 18.1-12; 2Crônicas 29.1 a 31.21.

Ezequias: Começou a reinar aos vinte e cinco anos em Jerusalém. Reinou vinte e nove anos, falecendo aos cinquenta e quatro. Foi contemporâneo de Isaías (Is 1.1) e tudo indica que eram amigos (Is 37.1-7).
O governo de Ezequias expressa um caráter íntegro, piedoso:
a- Fez o que era reto aos olhos do Senhor (2Cr 29 .2)
b- No primeiro ano reabriu as portas do Templo (2Cr 29.3 – Acaz as fechara)
c- Trouxe de volta os sacerdotes e levitas (2Cr 29.4)
d- Promoveu a purificação do Templo (2Cr 29.19)
e- Restabeleeceu o culto (2Cr 29.2-30)
f- Restabeleceu as contribuições para a manutenção do culto (2Cr 31 a 36)
g- Restaurou a celebração da Páscoa (2Cr 30.1-27)
h- Aboliu a idolatria (2Cr 31.1)
i- Estabeleceu as turmas de sacerdotes e elaborou leis acerca das ofertas e dos dízimos (2Cr 31.2-21)
Estas palavras de reconhecimento a Ezequias podem ser lidas em 2Crônicas 31.20,21: “Assim fez Ezequias em todo o Judá; e fez o que era bom, e reto, e fiel perante o Senhor, seu Deus. E toda a obra que empreendeu no serviço da casa de Deus, e de acordo com a lei e os mandamentos, para buscar a seu Deus, ele a fez de todo o seu coração e foi bem-sucedido”.
É quase inacreditável que uma pessoa tão especial, um rei tão piedoso, tão amigo de seu povo, tão fiel a seu Deus, tenha sido gerado pelo ímpio e perverso rei Acaz.
Igualmente é quase inacreditável que o perverso rei Manassés tenha sido gerado pelo piedoso Ezequias.
Isaías deve ter tido um tempo de refrigério e alegria, servindo ao Senhor sob uma administração tão abençoada.
Duas conclusões:
• Tal pai, tal filho: nem sempre. Isto nos adverte que devemos ter o maior empenho possível na formação de nossos filhos. Orientação firme, segura, e exemplo impactante de vida.
• Assim como o profeta Isaías enfrentou momentos diferentes com muitas diferentes experiências, precisamos hoje da capacitação que vem do Senhor, para profetizar dignamente, honrando o Senhor e servindo o seu povo (Cl 1.9,10).

Aplicações:
• Na história da revelação de Deus, Ele trabalha a favor do homem individual e coletivamente, usando seres humanos. A Bíblia é o registro desta realidade.

• Deus continua operando em nosso tempo, para alcançar o seu propósito eterno feito em Cristo Jesus. A consumação desse propósito é chamada de “Consumação dos séculos” em Mateus 28.20. Para alcançá-lo Ele comissiona pessoas para atuar na proclamação da mensagem de Salvação.

• É necessário efetuar essa gloriosa tarefa com integridade. Entregar a mensagem tal qual nos foi dada. É necessário ser fiel ao Salvador e à mensagem (proclamar a verdade).
• Isaías na sua ministração enfrentou diferentes situações, porém mantendo-se imparcial no desempenho de sua missão. Ele se torna exemplo e estímulo para nós.

Glossário e Notas Explicativas:

Altos: Locais de Culto.
Quando o Senhor tirou seu povo do Egito, entregou-lhe a sua lei por intermédio de Moisés.
Havia uma grande quantidade de orientações (ordenanças) para serem observadas. Entre essas ordenanças estava aquela referente ao local de culto: Deuteronômio 12.1-18 (por favor, leia o texto para poder entender bem o assunto). Considere bem os versos 11 e 18.
O propósito do Senhor era preservar a unidade do povo, a pureza do culto, evitar a corrupção dos princípios da verdadeira adoração, influências perniciosas possíveis de ocorrer por parte dos habitantes da Palestina de então (compare com Levítico, capítulos 18,19 e 20. Não apenas Sodoma e Gomorra eram perversas. Mas toda a terra dos cananeus).
A referência de 2Reis 16.3 e 2Crônicas 28.1-4, que descrevem as ações de Acaz, têm a ver com essa ordenança dada ao povo. Outros reis foram infiéis a esse respeito.
Salomão (1Rs 11.4-8); Roboão (1Rs 14.21-24); Oseias (reino do Norte: 2Rs 17. 6-12); Jeorão (2Cr 21.5,6; 11-15); etc.
Altos e outeiros estão ligados intimamente. O termo “altos” refere-se certamente aos altares, onde se ofereciam os sacrifícios, e o termo “outeiros” refere-se a lugares elevados, onde acreditavam vivessem os deuses. Os cultos pagãos aí realizados eram caracteristicamente idólatras. Cada suposto “deus” tinha sua representação material em estátuas de ferro, cobre, pedra, madeira, etc., e também por meio de várias outras formas. Os reis do povo de Deus tinham o dever de zelar para que o povo se mantivesse na verdade. Entretanto, muitos deles erraram e fizeram o povo errar, mantendo tais locais e formas condenáveis de culto, ofensivo a Deus.
Hoje há o grande perigo de deterioração do culto, das formas de adoração. Os profetas de agora precisam ser íntegros, zelosos, corajosos, obedecendo às ordenanças do Senhor (Sua Santa Palavra), amando o Seu povo, guiando-o na LUZ.

OBSERVAÇÃO FINAL: Um estudo acurado do assunto deve requerer uma apostila de 50 páginas. Meus queridos, leiamos a Bíblia. Pratiquemos a Bíblia!

LEITURAS DIÁRIAS

segunda-feira 2Rs 12.16-24
terça-feira 2Cr 26.1-23
quarta-feira 2Cr 27.1- 9
quinta-feira 2Rs 16.1-20
sexta-feira 2Cr 28.1-27
sábado 2Cr 29.12- 30
domingo Is 7.1-9; 17-25

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