quarta-feira, 23 de novembro de 2011

A Missão de Profeta

Texto Básico: Is 6.1-13

Em nosso tempo há muita confusão, muito equívoco acerca do que vem a ser o profeta e qual a sua missão, ou tarefa. Vivemos num contexto de autointitulados “profetas, patriarcas, bispos, apóstolos, missionários”, etc. (como afirmou certo líder evangélico, só falta um aparecer autointitulando-se “vice-Deus”).
O profeta de Deus (ao contrário do falso profeta) é o mensageiro da parte de Deus, que ouve (recebe) a Palavra do Senhor e a transmite fielmente aos seus ouvintes.
Não é prognosticador nem adivinhador; é porta-voz de Deus.
Não há “novas revelações” (Hb 1.1). O propósito de Deus é tornar-se conhecido dos homens, manifestar-lhes sua vontade (boa, agradável, perfeita – Rm 12.2), fazer conhecido seu propósito eterno feito em Cristo Jesus (Ef 1.4-6; 1.9,10; 3. 8-11). Esta vontade reveladora consumou-se na pessoa de Seu Filho (Jo 5.37, 38,42,43; 12.44,45; 14.9,10; 6.40; Hb 1.1).
Deus acompanha a história, é soberano sobre ela e persevera no Seu propósito redentor (restaurador do homem) vocacionando, capacitando, credenciando e enviando seus mensageiros (profetas) a cada geração.

1-Deus Chama Pessoas para o Seu Serviço:

Podemos, pelo exame da Bíblia, elaborar uma extensa lista de pessoas que Deus chamou e encarregou de tarefas especiais nas suas gerações: Noé (Gn 6. 9 e 13-22); Abrão (Gn 12.1-3); Moisés (Êx 3.1-20); Josué (Js 1.1-9 ); Samuel, (1Sm 3.1-14); etc.
O escritor da carta aos Hebreus menciona uma longa lista de pessoas a quem Deus chamou e usou no Seu serviço. É suposto por alguns expositores da Bíblia que Hebreus 11.36,37 inclui o profeta Isaías, que teria ministrado nos primeiros anos de Manassés, em cujas mãos teria sido martirizado. Vale a pena considerar Isaías, seus contemporâneos, incluindo alguns sucessores.

1.1- Isaías: Isaías 6.1-13
Nas lições 01 e 02 tivemos uma visão panorâmica da geração de Isaías, tanto no reino do Sul quanto no reino do Norte. Nos dois reinos (Israel dividido) o nível moral e espiritual era decadente. Deus chama dois profetas no Sul e dois no Norte, incumbindo-os de entregar Sua mensagem.
Há duas referências às visões do profeta, anteriores à sua vocação (1.1; 2.1). O capítulo 6.1-13 descreve em termos vivos a cena. O Deus Santo é visto assentado num alto e sublime trono (Is 57.15) cercado de seu séquito. Os serafins enunciando proclamações exaltadoras. Isaías contempla a glória, a santidade do Senhor e confronta-se e à sua geração com o fato: “homem de lábios impuros… povo de impuros lábios”. O profeta se sente abalado.
Um dos serafins toma uma brasa viva do altar, toca-lhe os lábios e declara tirada a sua iniquidade e perdoado o seu pecado. À voz do Senhor, dispôs-se a aceitar a incumbência, e é-lhe ordenado: “Vai e dize a este povo”. Sua missão era falar ao povo, levar a palavra do Senhor: repreensão pelos pecados e perdão e misericórdia, traduzidos na esperança da redenção que se seguiria à justa ação disciplinar.
Por mais de cinquenta anos o profeta desincumbiu-se da tarefa, com integridade, fidelidade, enfrentando a rebeldia do povo, das autoridades religiosas e, se foi mesmo martirizado pelo ímpio Manassés, com toda a certeza, o fato resultou de sua integridade. O verdadeiro profeta honra o Seu Senhor.

1.2- Miqueias:
Foi contemporâneo de Isaías. Seu nome significa; “Quem é igual a Jeová” (YHWH – vide lição 01, glossário, item 01). Sua profecia é dada a partir do ano 730 a.C, provavelmente, tendo ministrado nos dias de Jotão, Acaz e Ezequias (Mq1.1).
Embora ministrando às populações do interior (zona rural) de Judá, a situação moral e espiritual era muito semelhante à enfrentada por Isaías em Jerusalém.
A mensagem do profeta é dura, contundente na sua repreensão. Ela começa com a expressão: “A Palavra do Senhor que veio a Miqueias”. A “Palavra do Senhor” ou “Assim diz o Senhor” é a maneira característica para mostrar que a sua mensagem é “Recado enviado pelo Senhor”. O profeta é o porta-voz fiel do seu Deus.
A mensagem tem conteúdos de repreensão intensa (Mq 1.2-16; 2.1-3.12; 6.1; 7.20) com a declaração das tristes consequências, fruto da rebeldia, da oposição a Deus.
Miqueias demonstrou no seu ministério a postura de profeta de Jeová. Reconheceu sua vocação, correspondeu à expectativa do Senhor, proclamou fielmente Sua Palavra (Voltaremos ao profeta em lição posterior numa abordagem ao Messias).

1.3- Oseias e Amós:
Foram contemporâneos de Isaías, ministrando no reino do Norte. Oseias ministrou nos dias de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias (Judá) e de Jeroboão, filho de Joás, em Israel (Os 1.1).
O livro começa com a clara indicação de que ele era profeta: “A Palavra do Senhor, que veio a Oseias…”. Os três primeiros capítulos, por meio dos dois casamentos do profeta (uma prostituta: 1.2; e uma adúltera: 3.1), simbolizam a infidelidade de Israel e a paciência e a bondade de Deus (Os 2.14-23; 3.5).
A continuidade da profecia registra a pregação de Oseias, as repreensões por causa da infidelidade, a declaração da disciplina como resultado dessa infidelidade, terminando com um veemente apelo ao arrependimento e adoção de sabedoria (14.12). Essa volta, retorno para o Senhor, mediante o arrependimento é a maneira como a humanidade deve corrigir sua falta de conhecimento, que a torna infeliz e desesperada (Is 1.3; 5.13; Os 4.6).
Amós foi profeta no reino do Norte durante o reinado de Jeroboão, filho de Joás, e de Uzias, rei de Judá (Am 1.1). Era um homem do campo (Am 7.14,15). O seu nome significa “Fardos ou Carregador de Fardos”.
Sua mensagem é contundente e dura, condenando as injustiças e maldades de seus contemporâneos, inclusive a vida de luxo e exploração por parte da nobreza palaciana em Samária (Am 4.1-5). Parece que ele estava em nosso tempo. Usando a expressão característica do profeta corajoso e consciente: “Assim diz o Senhor” (Am 1.3; 6,9,11,13; 2.1,4,6; 3.1,11,12; 4.3,6,8,9,10,11, etc.). Toda a profecia de Amós demonstra sua convicção de chamada, de profeta do Senhor, ao qual serve conscientemente (Am 7.14,15 ). Amós foi um profeta autêntico.

2- Profetas Que Sucederam Isaías
Ao nos referir a profetas que sucederam Isaías, não significamos que o substituíram ou ministraram imediatamente após ele. Nosso propósito é considerar Isaías como profeta legítimo no seu tempo e contexto, buscando por intermédio dele e de seus contemporâneos chegar a um conceito verdadeiro do que vem a ser profeta, e com disso desfazer confusão e equívocos que se manifestam em nossos dias.
Gostaríamos, ainda, de considerar resumidamente dois profetas posteriores a Isaías por nos darem uma compreensão do profeta, como enviado e mensageiro de Deus. Em ambos, percebemos claramente: chamada (vocação); conteúdo da mensagem (a Palavra de Deus); fidelidade (obediência), consciência do encargo.

2.1- Jeremias
O profeta Jeremias ministrou em Jerusalém, mesmo ambiente do profeta Isaías. Não há relatos de que se tenham conhecido, mas há profecias de Isaías que se cumpriram nos dias de Jeremias: a destruição de Jerusalém e Judá por Nabucodonosor (Is 5.5,6,13; Jr 52.1-34).
Jeremias é chamado para ser profeta (Jr 1.1-9) e, embora relutante, aceita o chamado ante a promessa de o Senhor lhe colocar A Palavra na boca (Jr 1.9 ). Ele tinha de ir aonde o Senhor o enviasse e dizer tudo quanto o Senhor mandasse (Jr 1.7,17). Recebeu um chamado, foi-lhe dado um encargo e orientação explícita quanto a quem e o que falar: Foi enviado a Jerusalém para entregar “a Palavra do Senhor”. O profeta cumpriu sua missão, iniciada no capítulo 2.1,2, honrosamente.

2.2- Ezequiel

Ministrando aos rebeldes do exílio, demonstrou misericórdia e fidelidade a Jeová (Dt 4.30,31). Os capítulos 2 e 3 de Ezequiel narram sua vocação e condicionamento. Ele é ordenado a ir à casa de Israel, a casa rebelde, “e lhes dirás: Assim diz o Senhor” (2.4; 3.11).
O profeta deveria entregar sua mensagem como a Palavra do Senhor (2.7; 3.4,10,17). Ezequiel foi íntegro, foi fiel, fez o ministério de profeta.

Conclusão:
Deus ama Seu povo e lhe dá líderes (profetas) para serem os porta-vozes de Seu Santo Propósito. Isaías o foi no seu tempo e contexto. Miqueias, Oseias, Amós, Jeremias e Ezequiel o foram também no seu contexto e seu tempo.
Ministraram com integridade, fidelidade, zelo. Honraram o Senhor, serviram o Seu povo.
Nosso tempo e contexto está sob a soberania de Deus. Ele é imutável. É sempre o mesmo. É amor (1Jo 4.8). Oremos pedindo profetas para o nosso tempo. Pedindo discernimento para não sucumbirmos ao pecado, às imitações, às novidades travestidas de adoração. Pedindo capacidade para discernir os verdadeiros profetas daqueles que mascaram a “PALAVRA” em proveito próprio.

Aplicações:

1- O povo de Deus e a humanidade (geração) atual precisam da “Palavra de Deus”. Esta é proclamada por seus mensageiros (profetas= pregadores).

2- É necessário que os mensageiros do momento e do nosso contexto retenham o caráter, o zelo, a integridade, a fidelidade dos profetas bíblicos, podendo dizer conscientemente: “Assim diz o Senhor”.

3- É necessário ao mensageiro (profeta) contextualizar adequadamente a mensagem ao seu momento e ambiente, tornando-a compreensível (acessível) ao entendimento dos seus ouvintes, demonstrando sua relevância e sentido prático para a pessoa humana, como indivíduo e como raça.

Glossário e Notas Explicativas

• Hebreus 1.1. Deus, por todo o processo da história, revelou-se progressivamente na direção de Seu propósito eterno, feito e consumado em termos redentivos na pessoa de Seu Filho, o Senhor Jesus Cristo. A Revelação final do Pai e de Seu propósito encontra-se registrada na Bíblia. A declaração de Hebreus 1.1 é que Jesus falou de maneira efetiva, falou de vez. Precisamos estudar as Escrituras com cuidado, usando os recursos científicos disponíveis para sua correta interpretação e exposição (exegese).
É claro que Deus nos fala hoje por intermédio de Sua Palavra. Mas quanto a qualquer acréscimo ou supressão, a própria Bíblia proíbe.

• Restauração: Quando o Senhor completou sua obra criadora, examinou-a pela sétima vez e tudo estava esplendidamente bem. Devemos considerar que a linguagem humana é insuficiente para descrever em plenitude o “SER” de Deus, bem assim seus atos e obras. Consultando versões bíblicas diferentes em nosso idioma, em outros idiomas (grego, latim, espanhol, francês, italiano, diversas versões em Inglês), nenhuma consegue trazer o sentido rigoroso da expressão hebraica de Gn 1.31. No meu entendimento a melhor versão, a que mais se aproxima do sentido original da expressão hebraica é a versão alemã atualizada, tradução de Lutero, editada pela Sociedade Bíblica em Stutgart, Alemanha.
Nossa dificuldade está no fato de nosso conhecimento limitado, para circunscrever e descrever aquilo que refletia a sabedoria, a grandeza, o poder, a majestade da natureza divina expressa na criação. Era uma realidade sem a experiência do pecado.
Restaurar e restauração têm a ver com a total reversão da ordem presente, tanto física quanto moral. Tanto Jesus quanto Pedro falam de restauração, que na língua original do Novo Testamento é expressa por uma palavra composta de três partículas gramaticais, e cujo sentido em português é: “Recolocar cada coisa no seu devido lugar, tal qual ela é”. Efésios 1.10 aponta para isso, ou seja, na plenitude dos tempos, Deus reassumirá seu completo domínio de todas as coisas em Cristo. Quando isto chegar, outra vez se dirá: “Eis que tudo é muito bom”. Tudo estará bem, cada coisa na sua essência, no devido lugar.

LEITURAS DIÁRIAS
segunda-feira Is 2.1-22
terça-feira Is 3.1-26
quarta-feira Is 5.1-30
quinta-feira Mq 3.1-12
sexta-feira Am 3.1-12
sábado Os 12.1-14; Am 3.1-15
domingo Jr 1.1-9; Ez 3.1-27

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