segunda-feira, 14 de maio de 2012

A FAMÍLIA DIANTE DOS PROBLEMAS SOCIAIS

Texto bíblico: Romanos 12.9-21 Texto áureo: Romanos 12.18 O escritor paulistano Fernando Bonassi testemunhou: "Eu vivo num bairro que tem ruído de helicóptero. Deve ter gente que sobe no prédio, pega o helicóptero, desce na empresa e não pisa no chão. Gente, que não vê a miséria porque está sempre voando" (Ultimato, nº 281, pág. 18). Aproveitando a rica imagem do texto, talvez não haja muitos que estejam voando literalmente, mas muitos há que não estão nem aí para a situação deplorável de milhares de brasileiros que estão em sub-condições de vida. Vamos procurar analisar neste estudo algumas destas questões sociais incômodas e deixaremos outras para os estudos seguintes, em que teremos mais espaço para nos aprofundar. As doenças sexualmente transmissíveis Um dos problemas sociais de nossos dias é a presença macabra das doenças sexualmente transmissíveis em grande quantidade, como se epidemia fosse, a assustar a nossa população. Se a medicina conseguiu controlar e curar as populações de risco (prostitutas, homossexuais e usuários) de doenças mais antigas, conhecidas no passado como doenças venéreas: cancro, sífilis, blenorragia, entre outras, a AIDS (Síndrome da Imuno-Deficiência Adquirida) é o fantasma que persegue o mundo contemporâneo. São milhões de indivíduos infectados e o Brasil está na dianteira dos contaminados. A igreja precisa alertar os seus jovens e adolescentes quanto ao problema; condenar a apologia da camisinha como alternativa para sexo seguro; e, sim, proclamar o casamento como visão de Deus para o exercício de uma sexualidade sadia e responsável (Lv 18.22-30; Hb 13.4; Ap 21.8; 1Tm 3.2; 5.22). O abuso sexual infantil Filho caçula da libertinagem que se vive em nossos dias, o abuso sexual infantil é outro grave problema de nossa sociedade. Mais presente do que se supunha, e mais cruel do que se imagina, o abuso sexual infantil é monstruoso a partir do momento em que se tem, nas vítimas, indefesas crianças, que ainda não aprenderam a dizer não para os adultos. E o pior, está comprovado que o abuso sexual infantil, de meninas e meninos, parte, em sua maioria, de familiares das vítimas ou de pessoas com quem elas convivem (amigos, vizinhos). E, infelizmente, para gáudio de Satanás, o tema já é recorrente no meio evangélico, demandando até estudos por parte do CPPC (Corpo de Psiquiatras e Psicólogos Cristãos). Precisamos estar alertas quanto ao tema, os pais preservando seus filhos de tais monstruosidades e a igreja contribuindo de alguma forma para a conscientização populacional do problema e o amparo de crianças atingidas pela questão (Lv 18.6-21; Mt 19.14). A gravidez na adolescência Sobrinha rebelde da licenciosidade social, a gravidez na adolescência atingiu índices alarmantes no país. Cada vez em maior quantidade e, cada vez mais cedo, os adolescentes iniciam a sua vida sexual. Tudo isto é fruto de uma sociedade permissiva, mas também da ampla divulgação que a mídia faz da sensualidade, da lascívia, com exposição frequente de corpos desnudos em horários comerciais na tevê e apelos sutis à sensualidade por intermédio das músicas, danças, programas de auditório, novelas e até mesmo nos horários diurnos, ditos infantis. É mais ou menos assim que funciona a moral secular: Deixe sua filha e seu filho à vontade na escolha de sua sexualidade e, depois, qualquer problema, ligue para o Disque Denúncia. A igreja deve precaver-se do problema, mesmo porque nossos pré-adolescentes e adolescentes são seres sexuados, vivem neste tempo e são bombardeados diuturnamente com as mesmas mensagens que provocam no não crente a curiosidade e o interesse pela iniciação sexual. A pregação da castidade, da preservação para o casamento deve continuar sendo de forte apelo em nossas igrejas. O desemprego O desemprego é outra questão que assola o país. Desde as novas ideias da globalização, com a pregação do neoliberalismo, a terceirização nas indústrias como recurso para contenção de despesas – e o Brasil experimentou isto a partir de meados da década de 80 – que o índice de desemprego no país só fez crescer. Muitos funcionários de estatais foram estimulados a ingressar no PDV (Programa de Dispensa Voluntário) e, em assim fazendo, reuniram suas economias de anos para aplicá-las num negócio próprio. Houve um crescimento do comércio, mas muitas destas micro-empresas, como o Sebrae mesmo atesta, não tiveram vida útil de mais de um ano, mergulhando muita gente no desespero. O desemprego tem sido apontado como uma das causas do crescimento da marginalidade nos grandes centros brasileiros. Não tendo de onde extrair sua fonte de sustento, muitos pais desesperados afundam-se na marginalidade para sobreviver. O desemprego é cruel, pois leva ao endividamento e atiça o desespero. A fome e a miséria A presença da fome e da miséria no Brasil também é de assustar. Principalmente nas áreas faveladas das grandes cidades e nos bolsões de pobreza do Norte e Nordeste. É preciso, porém, definir a questão. Como disse César G. Victora, consultor da Organização Mundial da Saúde: "Não se pode confundir pobreza com desnutrição e com fome. Fome é rara, desnutrição é intermediária e pobreza é comum" (Ultimato, nº 282, pág. 14). No Brasil há os três níveis de situação. Não vivemos no país uma fome alarmante como em certos países da África, mas não podemos negar que ela está presente em certos nichos localizados. Já a desnutrição é mais perceptível e a pobreza nem se fala. A pobreza no Brasil é algo estarrecedor. Ela é decorrente da má distribuição de renda nacional. De que adianta ter um PIB considerado dos maiores do mundo se esta riqueza não é compartilhada pelos que estão na base da pirâmide social? A igreja precisa se voltar para esta realidade social difícil e procurar assistir os desvalidos deste mundo. A violência urbana Situação social aflitiva é a vivida nos grandes centros urbanos, onde já não se pode mais ter as janelas da casa abertas, circular com tranquilidade pelas ruas e estar-se de maneira descontraída com os vizinhos. A vida se tornou árida para muita gente, desde que se instaurou um clima de banditismo nas cidades brasileiras. Rio de Janeiro, São Paulo, Recife e Belo Horizonte são as cidades onde esta realidade se instalou de forma abusiva. A qualquer momento pode-se ser alvo de uma bala perdida e ter a vida ceifada. A violência, porém, divide-se em subespécies: os assaltos, roubos, pequenos furtos, invasão de residências, sequestros, brigas de trânsito, propinas obrigatórias, extorsões nos sinais de trânsito ("flanelinhas", "trombadinhas", mendigos e derivados), achaques nas repartições públicas, entre outras formas de violência que se vive hoje. Como cristãos somos pregoeiros da paz. Não podemos de forma alguma ser coniventes com esta onda de criminalidade e, muito menos, de alguma forma, contribuir para o seu incremento. Sigamos a recomendação bíblica de, no que depender de nós, estarmos em paz com todos os homens (Rm 12.18; Rm 8.6; Rm 14.19; 1Co 7.15; 2Co 13.11). . Aplicações para a vida Vamos concluir nosso estudo, mostrando de que maneira podemos contribuir como igreja para amenizar os problemas sociais de nosso país. 1ª) A família precisa estar precavida contra os males deste mundo - Não podemos ser ingênuos ou irresponsáveis a ponto de acharmos que nada disso tem a ver conosco. Somos responsáveis por nossos familiares e precisamos alertá-los e protegê-los das investidas satânicas. A melhor forma de filtrar a influência negativa do mundo é exercer a influência positiva do evangelho dentro de casa. Um boa convivência, com diálogo, respeito, consideração e amor em muito contribui para o enfrentamento deste mundo perverso. 2ª) A família precisa saber lidar com o instinto de preservação da espécie - Muitos pais pecam por não disciplinarem corretamente seus filhos, passarem panos quentes sobre seus erros e até mesmo darem mau exemplo dentro de casa. Quando acobertam os erros dos filhos estão estragando suas vidas. O ridículo da defesa dos próprios interesses em oposição ao que seria o ideal divino (1Co 13.5), é que na ânsia de proteger, tornam vulnerável; de ajudar, atrapalham; de consertar, estragam. Pais estragam seus filhos quando encobrem seus erros e os superprotegem como se fossem bibelôs delicados, que podem quebrar-se a qualquer momento. Quando agem assim, por paradoxal que possa parecer, é evidência de falta de amor. LEITURAS DIÁRIAS segunda - Hebreus 13.4 terça - Levítico 18.6-21 quarta - Levítico 18.22-30 quinta - Mateus 19.13-15 sexta - Mateus 6.1-4 sábado - Mateus 25.31-46 domingo - Romanos 12.9-21

A FAMÍLIA E A FEBRE DO CONSUMISMO

Texto bíblico: 1Timóteo 6.3-10 Texto áureo: 1Timóteo 6.7,8 O que é consumismo? A palavra é um neologismo ainda não de todo assimilado pelos lexicólogos. Vem de consumo. Mas um consumo compulsivo, um gasto desmesurado, aplicando-se as riquezas na satisfação das necessidades pessoais. Consumismo, então, é a gastança descontrolada, quase doentia, a que estão sujeitos os indivíduos que se deixam engodar por uma sociedade voltada para a produção e a comercialização do que se produz, sob a intermediação de um instrumento, que pode ser altamente nocivo, chamado marketing. Sabemos que esta é uma febre mortal que acomete a sociedade moderna e a joga sobre o leito da gastança. Tanto que nossa sociedade já foi devidamente catalogada como "sociedade de consumo". Mas, por que ela nos escraviza? Por uma razão muito simples: nossos olhos se deixam levar pela aparência e somos muito susceptíveis às novidades. Além disso, há um sentimento perverso que nos corrói: a inveja. Se utilizamos um bem material para satisfação das necessidades econômicas próprias, e o fazemos descontroladamente, e se compramos para o gasto próprio de maneira abusiva e obcecada, então já fomos mordidos pelo agente transmissor dessa febre. O difícil é sair dela; curar a doença! O consumo como "deus" destes tempos mercadológicos A complexidade dos tempos modernos, no que diz respeito ao consumo, é tamanha que não podemos nos descuidar do que ocorre à nossa volta. O "deus-consumo" arregimenta uma legião de fiéis, que diariamente acorrem aos seus templos para piedosa e dispendiosa devoção. Se a nossa cultura industrializada depende dos consumidores para subsistir, muitos dos cidadãos tornam-se fanáticos nesta empreitada. O problema do consumo não é o fato em si, mas o excesso, o consumo do descartável, indevido, desnecessário, descontrolado. A própria sociedade se incumbiu de preparar as arapucas mercadológicas para aprisionar o consumidor inveterado: cartões de crédito, cheques pré-datados, crediários, além dos famosos caderninhos de balcão. Somem-se a isto as facilidades: comprar sem dinheiro, pagar depois, parcelar, dividir em inúmeras vezes, a perder de vista... Crédito pré-aprovado, facilidades etc. Comprar, consumir, gastar... Quem, pelo menos uma vez na vida, não caiu nesta armadilha? O importante é, quando se cai, aprender logo a lição para não mais voltar a incorrer no erro. Caso contrário, aos poucos, o indivíduo vai entrando numa consumpção terrível, em que ao consumir, é consumido; ao gastar, se gasta e se desgasta. A pessoa consumptível é aquela que entra num processo de definhamento gradual, porém lento, em que seu organismo vai se desintegrando. O consumidor voraz pode atrair sobre si este tipo de consumptibilidade na forma de doença psicossomática, à medida que perde o controle da situação. O "deus-consumo" é insaciável. Nunca está satisfeito. Mais ainda, não se contenta com pouco, ao contrário, quanto mais alimentado é, mais tem sua fome aumentada. É cruel e implacável. Quer sempre tornar seus súditos e fiéis cada vez mais dependentes dele. Cuidado! Há muitos que não tiveram volta neste caminho tortuoso. Os shopping-centers como templos desse novo culto O culto ao consumismo tem como ponta de lança a superficialidade da vida moderna em que o "ter" se sobressai ao "ser"; em que a aparência conta mais ponto do que a essência; em que se valorizam mais os valores da estética do que da ética; em que se está mais interessado no invólucro do que no conteúdo, na casca do que na polpa. Vivemos a agonia de várias gerações que valorizaram o corpo mais que o espírito. E, como consequência, vivemos num mundo de futilidades e transgressões. Lembremo-nos da situação degradante por que passou Saul, o primeiro rei de Israel. Depois de ter sido ungido rei sobre o povo, desobedeceu às ordens expressas de Samuel, o sacerdote, contrariando a vontade de Deus e colocando a culpa no povo e acrescentando que o motivo era nobre como se os fins justificassem os meios (1Sm 15.1-31). Na sequência, quando ocorre a escolha do novo rei, dentre os filhos de Jessé, ao deparar-se com Eliabe e com ele ficar impressionado, Deus disse para Samuel: "Não atentes para a sua aparência, nem para a sua altura, pois eu o rejeitei. O Senhor não vê como vê o homem. O homem olha para o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração" (1Sm 16.7). Deus vai mais além da superfície. Ele nos conhece por dentro. E como está o nosso "eu" interior? Nunca se viu tanta gente vazia. Vazia de amor, de afeto, de respeito próprio. Vazia de Deus. Esse niilismo é algo extremamente prejudicial à vida em sociedade, pois vem a ser um posicionamento ético-teológico que prescinde de Deus, ao incorporar uma descrença absoluta. O indivíduo que se deixou amordaçar pelo consumismo, passa a ter uma visão materialista e utilitarista da vida, desejando a qualquer custo os objetos de sua predileção seja por força de atração e sedução da mídia, seja por influência do grupo, do meio social, das circunstâncias mais próximas. O estrangulamento da qualidade de vida e o aniquilamento dos relacionamentos humanos como forma agregadora de emoções, sentimentos, experiências, compartilhamento, tudo visando ao crescimento do indivíduo como um ser holístico é a marca deste tempo. Para atender a demanda do consumismo, foram erigidos verdadeiros templos, catedrais modernas, para onde afluem os fiéis a cada dia. São os shopping-centers. Suas portas estão sempre abertas, os apelos à epiderme são grandes: sentir, ver, tocar, saborear, vestir, curtir. O cristão precisa estar atento quanto às formas avassaladoras com que o Diabo tenta seduzir-nos, dentro de sua estratégia de atrair a vista, despertar desejo, aninhar-se no coração, maquiar a razão e promover corrupção. Cada um deve viver como Deus quer Se cada crente tiver consciência da crueldade que promove a sociedade de consumo em que um pode ter algo, outro não; uma criança possui tal ou qual brinquedo, enquanto outra sofre ao vê-la brincando sem sequer poder sonhar em um dia possuir um exemplar; filhinhos de papai desfilam em roupas de grife e carros luxuosos, enquanto uma multidão se apinha em conduções coletivas, vestindo o roupão diário, então seremos mais atenciosos com relação ao valor da vida. "A vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui", é o que Jesus asseverou (Lc 12.15). Assim, precisamos aprender a viver sobriamente, com temperança, optando por um estilo de vida simples, sem ostentação, sabendo honrar aquele que nos chamou e que há de ser fiel a nós, mesmo que sejamos infiéis. A Bíblia nos dá o exemplo de Paulo, que sabia se contentar com o que tinha. Ele sabia que em qualquer situação podia contar com a presença e proteção divinas (Fp 4.11). Por isso podia afirmar: "Sei passar necessidade, e também sei ter abundância. Em toda maneira, e em todas as coisas aprendi tanto a ter fartura, como a ter fome, tanto a ter abundância, como a padecer necessidade" (Fp 4.12). Encontramos, também, na Bíblia a exortação no sentido de seguirmos o exemplo deixado pelos servos de Deus, acreditando sempre em sua proteção: "Seja a vossa vida sem avareza, contentando-vos com o que tendes, pois ele mesmo disse: Não te deixarei, nem te desampararei" (Hb 13.5) Aplicações para a vida Algumas verdades bíblicas que nos ajudarão a enfrentar a sociedade de consumo em que vivemos: 1ª) A família deve buscar as coisas que são de Deus prioritariamente - É isto que nos exorta Paulo com propriedade: "Portanto, se fostes ressuscitados com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus" (Cl 3.1). 2ª) A família deve reconhecer que o necessário nunca lhe faltará - O salmista diz: "Nunca vi desamparado o justo, nem a sua descendência a mendigar o pão" (Sl 37.25). Nenhum crente sincero deve temer por sua vida. 3ª) A família deve ter consciência de que nada trouxe e nada levará deste mundo - Se "nada trouxemos para este mundo, e nada podemos levar dele" como afirma Paulo, viver obcecadamente querendo ficar rico pode levar-nos ao desvio de Deus e à ruína, se colocarmos o amor no dinheiro (1Tm 6.7-10). 4ª) A família deve confiar em Deus, Jeová-Jireh - Com certeza, vivendo pela fé, como deve ser a vida do cristão, seremos assistidos por Deus, em cada circunstância, pois ele é o Deus provedor, como descobriu Abraão no Monte Moriá (Gn 22.1-14). LEITURAS DIÁRIAS segunda - 1Timóteo 6.3-10 terça - 1Samuel 16.7 quarta - Mateus 22.15-22 quinta - 1Coríntios 2.9 sexta - 2Timóteo 1.6-18 sábado - 2Coríntios 12.9 domingo - Lucas 12.13-21

terça-feira, 8 de maio de 2012

A FAMÍLIA E O AVANÇO DO INDIVIDUALISMO

Texto bíblico: 1Tessalonicenses 5.12-24 Texto áureo: 1Tessalonicenses 5.15 O centro de interesse das pessoas de nossos dias, comparado com os mais caros anseios da humanidade do século XIV, mostra o quanto mudou a forma humana de pensar ao longo dos séculos. Se pudéssemos voltar no tempo e entrevistar um habitante daquela época sobre o que mais queriam da vida, com certeza responderiam: “A salvação divina”. A mesma pergunta hoje teria uma resposta semelhante a esta: "Quero ser rico, famoso, bem-sucedido." O que será que ocorreu de lá para cá, que mudou a forma humana de pensar? Por que as pessoas estão tão interessadas no sucesso pessoal? No fundo, esta ânsia por "ser" ou "ter", e isto, de uma forma agressiva e obcecada, revela que os indivíduos não estão conseguindo vislumbrar um horizonte para a sua vida. Trafegam pela existência sem uma definição objetiva de propósitos. E com isso, vivem superficialmente. Desde as inseguranças da Idade Média – período que também passou para a história como Idade das Trevas – vindo a desembocar na Reforma Protestante de Martinho Lutero, até nossos dias, muitos movimentos que foram acolhidos pela humanidade moldaram os novos conceitos e novos valores sobre os quais está fundamentada esta geração contemporânea. O "espírito libertário do protestantismo", como já se definiu, provocou revoluções na forma humana de pensar, introduzindo uma busca de progresso científico e tecnológico e, consequentemente, muitas inovações que não foram, necessariamente, uma bênção, pelo contrário, provocaram afastamento da vida com Deus. O individualismo é um destes valores que apresenta seus prós e contras. Vamos estudá-lo. O que há de bom ou de ruim no individualismo Vamos tentar identificar aspectos do individualismo que poderiam ser classificados de positivos ou negativos. Como tudo na vida, precisamos saber definir o que presta e o que não vale a pena. Rechaçar o ruim; e absorver o bom. Seguir a instrução bíblica: "Examinai tudo. Retende o bem" (1Ts 5.21). De ruim, no individualismo, podemos destacar os seguintes aspectos: A extrema valorização dos interesses pessoais sobre os coletivos. Isto se torna altamente prejudicial, à medida que promove um sentimento egoísta, voltado para a realização pessoal e o esquecimento da coletividade. O indivíduo gravitando em torno de si mesmo. Como decorrência, vamos encontrar um indivíduo focado no seu próprio umbigo, atento ao que lhe interessa, despreocupado com o semelhante, mais interessado no que lhe agrada, a despeito da recomendação paulina – "não busca o seu próprio interesse" -, numa antítese do amor (1Co 13.5). Esta concepção do indivíduo centrado em si mesmo prejudica a visão cristã de família, de corpo. A obcecada luta para alcançar resultados a qualquer custo. Um esforço sobre-humano para obtenção de resultados satisfatórios na vida pode levar a desastres iminentes. Querer romper com os obstáculos sem domesticá-los pode não ser o melhor caminho. É preciso ter-se equilíbrio, e o individualismo, por privilegiar a valorização do individual em detrimento do coletivo, põe a perder, muitas vezes, os aspectos mais caros da vida em sociedade, como companheirismo, solidariedade, participação, envolvimento e comunhão. De bom, no individualismo, podemos destacar os seguintes aspectos: A força interior que impulsiona o indivíduo para a vitória. Desse aspecto não se pode reclamar do individualismo. Essa qualidade de injetar na pessoa um ânimo redobrado para se tornar uma vencedora. À medida que o indivíduo tem nessa doutrina seu valor mais elevado, ele passa a envidar todos os esforços necessários para, superando-se, alcançar seus objetivos. Uma visão mais humana da vida. Não se pode negar que o individualismo está muito ligado ao humanismo. A concepção do humanismo também é de valorização do ser humano, embora sem tanta carga no individualismo. Ela pode descambar num ateísmo, se não prover para si uma base cristã de valorização do ser humano a partir da sua existência em Deus. À proporção que ressalta a importância do ser humano, o individualismo contribui para este aspecto humanizador da vida, tão desgastado na sociedade tecnocrática em que vivemos. O reconhecimento da responsabilidade do indivíduo. O individualismo faz o caminho oposto ao dos movimentos contraditórios de massa. Se estes movimentos escondem o ser na multidão, e jogam a culpa na sociedade pelos seus fracassos, o individualismo responsabiliza o indivíduo pelos seus insucessos. Os cristãos acreditam na possibilidade de restauração do mais cruel indivíduo. Não fora assim, de há muito teria sido melhor interromper a pregação do evangelho. A Bíblia afirma claramente que "cada um dará conta de si mesmo a Deus" (Rm 14.12; Mt 12.36; 1Pe 4.5), e o individualismo, ao enfatizar a importância do indivíduo acaba corroborando esta ideia que precisa estar mais realçada para a humanidade contemporânea. A crença na satisfação pessoal como razão primeira da existência A visão utilitarista, pragmática, hedonista da vida, comportamento este ressaltado pelo individualismo exacerbado de uma sociedade voltada para a satisfação própria, para a busca intensa do prazer a qualquer custo tem sido extremamente desagregadora e tem contribuído para a coisificação da vida e dos relacionamentos. Se o individualismo proclama a busca da satisfação pessoal como a razão primeira da existência – e nossa sociedade imoral abraçou a ideia com afinco, pois as oportunidades desviantes de caráter são inúmeras nos dias atuais – , por outro lado vemos que as pessoas que levaram esta filosofia de vida às últimas consequências caíram num vazio existencial, que levou muitas delas a contraírem doenças de profunda correlação psicossomática, tais como angústia, depressão, ansiedade, estresse, e a conviver com elas, marcando várias gerações que recorreram aos divãs psicanalíticos para desafogar suas mágoas, resolver suas relações intraexistenciais e inter-humanas. O individualismo peca por colocar o indivíduo no lado oposto da vida em sociedade: primeiro o "eu", depois, se sobrar, o "nós". É o que já se tem dito com relação a muitos que procuram a religião e a Deus apenas nos momentos de necessidade: Só quer o "venha a nós", porém, "a vosso reino, nada!". Esta crença na satisfação pessoal como algo que se tenha de conseguir a qualquer custo nega a realidade deste mundo, muitas vezes aflitiva, como declarou Jesus (Jo 16.33) e que deve pautar-se por uma vida de humildade e valorização das pequenas coisas que, no somatório da existência, são as que mais contribuem para a satisfação do "ser" (Mt 5.1-12; Fp 2.1-11; Ef 4.1-16). Aplicações para a vida Podemos concluir este estudo ressaltando que o segredo para ser um vencedor sem ser um individualista inveterado, que não sabe viver em coletividade, esquecendo o valor da comunhão cristã, é buscar o equilíbrio relacional. Como alcançar este equilíbrio? Vejamos algumas sugestões práticas: 1ª) É preciso cumprir o mandamento do "amor ao próximo" - Ninguém que obedeça a este mandamento (cf. Mc 12.28-34) cairá na esparrela degradante de um individualismo que sufoca, que agride e que desrespeita os valores mais caros de vida comunitária, de irmandade e de coletividade. Não podemos perder de vista este mandamento. 2ª) É preciso reconhecer a dimensão social e comunitária do evangelho - Como já temos aprendido, ninguém é salvo para o nada, para o vazio. Somos salvos para Deus, para seus propósitos, e o cristão, convicto de sua fé, há de querer cumprir a vontade do Pai (cf. Jo 15.14). Somos salvos, então, para o serviço. Por isso que cada crente deve cantar o velho hino: "No serviço do meu Rei eu sou feliz" com redobrada satisfação e trabalhar para mostrar pelas obras a fé que tem (Tg 2.14-26). 3ª) É preciso seguir o exemplo do Mestre - Nada melhor do que nos espelharmos em Cristo para fugir dos perigos do individualismo. Se há alguém que sempre pensou no outro, este alguém foi Jesus. Sua compaixão, sua atenção pelos mais pobres e marginalizados, seu cuidado, a dispensação de favores e benefícios aos desvalidos deste mundo, tudo mostra como Jesus focou seu ministério não em sua satisfação própria, mas no outro. O texto de Filipenses 2.1-11 é clássico no sentido de demonstrar esta renúncia, abnegação de Jesus visando à humanidade. O esvaziamento de suas prerrogativas divinas, fazendo-se homem e servo para resgatar a humanidade, levou Cristo à exaltação. Se quisermos ser bem-sucedidos, o caminho é este: do serviço, da humildade; o oposto do que a sociedade busca (Mt 23.12). LEITURAS DIÁRIAS segunda - 1Tessalonicenses 5.12-24 terça - 1Coríntios 13.1-13 quarta - Romanos 14.1-12 quinta - Romanos 14.13-23 sexta - Mateus 12.33-37 sábado - 1Pedro 4.1-19 domingo - Mateus 5.1-12

100 dias de orações

Durante os 100 dias você dedicará uma hora de um dia, vários dias ou de todos os dias em prol das necessidades de nosso país. Convide outros irmãos para que juntos formem uma corrente de oração nestes dias. Os participantes poderão se reunir em um mesmo lugar ou promover essa ação em locais diferentes. Escolha um horário e lugar que lhe permita interceder com tranquilidade, tendo como sua agenda de oração o livro “100 Dias que Impactarão o Brasil”.

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