terça-feira, 13 de dezembro de 2011




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Messianismo (III). O Reino Messiânico

Texto básico: Daniel 7.9-14; 18.22,26,27

Introdução: A Bíblia começa dizendo :“No princípio criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1), e termina dizendo: “A graça do Senhor Jesus seja com todos” (Ap 22.21).
Entre estes dois extremos encontra-se o “script” do drama existencial humano; o registro histórico do homem, de suas ações, de suas expressões de vida, de seus erros e acertos; de seus empenhos na busca de realização plena – plenitude de contentamento.
O caminho percorrido é longo; muitas vezes marcado, assinalado por sangue, suor e lágrimas; por dores, suspiros e gemidos, etc.
Por quê?… Como?… Para Quê? Já lhe subiram à mente tais considerações? tais perguntas ? Ou você é daqueles que vivem por viver? Seu “barquinho” desliza indiferente pelo “rio da vida” porque tem de ser assim?
Creio que tudo tem propósito, finalidade, dentro de um plano maravilhoso, bem elaborado com sabedoria, com justiça, com amor, bem querer. “Deus é BOM”. (Sl 106.1).
Vamos recapitular um pouquinho.

1- Relembrando a Bíblia.
Houve um tempo quando Deus-Pai, Filho, Espírito Santo – a divindade – era a única realidade. Impossível ao nosso entendimento ultrapassar isto. Pensemos agora de Deus, de tudo o que Ele é e possui. Sua bondade intrínseca o leva à decisão de partilhar seus bens, riquezas, glória, natureza, etc.
Para alcançar esse desejo santo há que haver seres capazes de se relacionar com Ele adequadamente. Pensaram – Pai, Filho, Espírito – trazer tal “espécie” à existência: “façamos o homem…” (Gn 1.26). Mas, para isso, esse ser precisaria de um “lar” para habitar, subsistir, reproduzir-se, tornar-se multidão, pois a “casa do Pai”, o céu, é grande.
Ora, para estabelecer tal “lar” seria necessário inseri-lo estavelmente num contexto maior. Foram criados os céus, e a terra, nosso lar temporário, adequado à primeira etapa existencial. Isto feito, o “bebê” chegou, uma imagem e semelhança da divindade.
A divindade (trindade santa) avalia tudo, e admirada exclama: “eis que tudo está maravilhosamente bem! É muito bom! Transbordamento de alegria.

2-Relembrando ainda a Bíblia.
Entra em cena o “perturbador”, o ser maligno, que no seu agir na criação de Deus expressa sua malignidade. Pela mentira, pela sua hermenêutica, seduz a criatura e fá-la rebelar-se. A declaração de Gênesis 3.17, “maldita é a terra (solo, porção cultivável) por causa do que fizeste” é o contraste de Gênesis 1.31. Lá alegria plena; aqui tristeza.
Em Gênesis 3.15, Deus revela à serpente (Satanás) que não foi apanhado de surpresa. Apresenta seu plano redentor – “o descendente da mulher”. De lá até hoje Deus está trabalhando na história, para no tempo próprio invalidar definitivamente toda a ação de Satanás e manifestar a restauração de todas as coisas, consumar seu eterno propósito, o “Reino Messiânico”, no qual viveremos eternamente em relações adequadas com o nosso Deus, por meio do seu Messias (o Ungido) o Senhor Jesus Cristo, e tudo será novamente, eternamente, maravilhoso, esplendidamente bom.

3-O Reino Messiânico na Perspectiva Israelita.
O messianismo permeia todo o Antigo Testamento. Os Israelitas entendiam que Davi era um tipo do Messias e que seu reino era um tipo do Reino Messiânico. Entendiam que o Messias seria um descendente de Davi e que num momento da história esse reino seria restaurado como o “reino de Israel” (At 1.4; Is 1.26,27).
Jeremias falou desse tempo, profetizando acerca da restauração do cativeiro babilônico (Jr 30.8,9). Ezequiel igualmente profetiza nessa direção (Ez 34.22-24; 37.24-28; Os 3.5). Ainda hoje, os judeus que não se converteram continuam apegados a esta perspectiva, na esperança de que o “Messias” sairá de seu meio, será um descendente de Davi e Israel virá a ser o que dizem essas profecias.
Outras profecias de Isaías são igualmente tomadas como ainda não cumpridas, e terão sua consumação na manifestação do Messias, descendente de Davi, que virá (Is 45.14-25; 51.3,6,11-16; 54.1-6; 56.6-8; 60.1-22; 62.1-12; etc).
Israel teve sua missão histórica para anunciar a salvação entre seus contemporâneos (Is 49.6; 42.6; Sl 67.1-7; Sl 96.1-13); e para trazer ao mundo o Messias, o descendente de Davi, o salvador da humanidade (Mq 5.2-4; Is 9.6; 40.10,11; Mt 2.1–6).
Nenhuma dúvida resta quanto à autenticidade do Messias, o Jesus de Nazaré. Os registros do Novo Testamento são abundantes. Sem desenvolver os textos, vejamos alguns (Mt 2.1,2,5,6; Mt 16.16; Mt 25.63,64. Mc 14.61,62; Lc 2.10,11; Lc 3.21,22; At 2.36; At 9.4,5,20,22; etc).

4- Jesus, o Messias, Consuma Sua Obra Redentora; João 19.30.
O relato de Isaías 52.13 a 53.12 encontra seus paralelos nos quatro Evangelhos.Recomendamos sua leitura cuidadosa. Em João, os acontecimentos estão registrados em 18.1 a 19.37, em Mateus, logo após a confissão de Pedro, Jesus adverte os discípulos de que a Missão do Cristo (Messias) requereria seu sofrimento, seu sacrifício, incluindo a morte (Mt 16.20, 21; 20.17,19; Lc 9.22; 24.46; Jo 1.29).
João registra em 19.30: “Então Jesus, depois de ter tomado o vinagre, disse: está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.”..
Os acontecimentos da cruz e todos os sofrimentos do Messias eram necessários à nossa salvação. Jesus fez a obra expiatória completa, perfeita. Todas as exigências da reta justiça de Deus em relação ao pecado estavam satisfeitas. João registra a declaração de Jesus com um verbo cujo sentido é realizar com perfeição (sem faltar coisa alguma) no particípio perfeito passivo. “Tem sido consumado” e permanece nessa condição eternamente.*
O Reino é oferecido a todos os seres (indivíduos) humanos indistintamente. Deus requer arrependimento (mudança de entendimento), fé na pessoa e obra de Cristo. Vem o perdão, a justificação, o ingresso no Reino.*
As profecias do Antigo Testamento se cumprem no Messias, no Novo Testamento. O Messias recebe o nome de Jesus (o Cristo). O Reino de Israel recebe o nome de Reino de Deus (Reino dos Céus). Judeus e gentios (nações, povos) têm acesso a ele por meio do Filho de Deus (Rm 5.1,2; Ef 2.13-18).

5- A Natureza do Reino Messiânico - Daniel 7.9,10,13,14,18,22.
Nos textos acima podemos destacar o que foi mostrado ao profeta Daniel:
Visão* dos tronos e o ancião de dias se assenta num deles. A descrição é semelhante à de Apocalipse 1.10-14 e 20.4. A ideia aqui é de julgamento. A manifestação do Reino começa com o Ancião (Filho do homem), Jesus fala algo semelhante em Marcos 8.38, Mateus 16.27. Haverá julgamento, justa retribuição (2Co 5.10). Em Mateus 25.31-46, Jesus fala do Juízo Final. Os justos receberão o Reino (gozo eterno) e os injustos irão para um lugar preparado especificamente para o Diabo e seus anjos (demônios).

O Reino* é universal e eterno: O ser “um como filho de homem “dirige-se ao ancião; é-lhe dado domínio , glória, um reino no qual todos os povos, nações e línguas o servem; domínio eterno, nunca terá fim (7.13,14). Portanto, Reino Justo, Eterno, Universal (Dn 2.44; Dn 10b).

• O Reino Pertence aos Santos: Dn 7.16,22,27. Os santos reinarão com domínio eterno (para todo o sempre – 7.18). Há julgamento e os santos entram na posse do Reino (7. 22). Todos os reinos servirão ao Altíssimo (Dn 7.27).

6- O Reino Caracterizado no Novo Testamento.
São muitas as descrições do Reino na Revelação da nova aliança. Destaquemos algumas, especialmente descrevendo-o como a renovação (restauração) de todas as coisas.

• Jesus ensina que o Reino se manifestará com seu reaparecimento, julgamento universal, justa retribuição a justos e ímpios, sendo encaminhados às suas heranças (Mt 16.27; Mc 8.38; Lc 9.26; MT 25.31-33,34. Vinde… “porque” 35-40); 41: apartai-vos” (porque: 42-45,46: vida eterna e castigo eterno.*

No Apocalipse* encontramos as mais lindas, preciosas descrições do que são as experiências dos salvos, no Reino Messiânico (Céu).

7. 9-17* Multidão inumerável de todos as nações, povos e línguas (universalidade); em pé diante do trono, em presença do cordeiro (Messias); verdadeira adoração (7.9-12 ); lavados no sangue do cordeiro, por isso… diante do trono (7.15); Nunca mais fome… sede, ... fadiga física (7.16); apascentados pelo cordeiro (Messias).

• Apocalipse 21.22 (novos céus: nova terra: Is 65.17; 66.22; 2Pe 3.13 ). As descrições de Apocalipse, vinte e um e vinte e dois, ficam como exercício para nossos queridos irmãos ler, esboçar, destacar, antegozar todas as delícias do Reino Messiânico, ajuntando-se por antecipação àqueles que lá estão, em genuína adoração.
Quantos queridos nossos lá estão na plenitude de gozo!
Em 1976, ao partirmos para o campo missionário, nosso coral e outros grupos musicais gravaram uma coletânia de hinos e nos ofereceram. Entre eles está: “Deus mesmo revelou novo céu e nova terra”. De quando em vez, aqui na minha biblioteca, enquanto “garimpo” a Bíblia e outros livros, ponho o CD para rodar, pensando naqueles que já cantam lá. Pegue seu cantor Cristão e cante aí o hino 497. Pense na sua mensagem. Deus o abençoe.

7- O Reino Messiânico e Missões.
O Messias ao ser ressuscitado deu ima ordem à Sua igreja: Ir ao mundo inteiro e dizer que a morte morreu. Há vida e a vida está n’Ele (2Tm 1.8-11). É impossível ao salvo pelo Messias, tendo sido feito herdeiro e co-herdeiro de Deus com Ele (Rm 8.16,17), permanecer indiferente. O mundo precisa conhecer o Messias.
Nestes dias quando ímpios lutam por transformar o Brasil numa nova Sodoma, que estamos fazendo? A Salvação do Brasil está no Messias. “Quando os fundamentos estão sendo destruídos, o que deve fazer o justo?” (Sl 11.3).

APLICAÇÕES:

1-Deus nos agraciou com sua bondade.Perseverou em nos salvar, trabalhando no seu propósito eterno, feito no Messias antes da fundação do mundo. Manifestou-O no momento próprio, para realizar a obra de redenção. Continuou trabalhando e fez a mensagem messiânica (o Evangelho) chegar a nós. Louvemo-lo, sinceramente, por tudo isto. Sirvamo-lo com zelo, dedicação, com gratidão e amor. Olhemos para o Messias e servilizemo-nos por Ele, como Ele servilizou-se por nós (Fp 2.5-9).

2- Vivendo a expectativa da posse concreta de nossa herança (Rm 8.18-23), lembremos seu mandamento em Mateus 6.33. O Messias nos ama (Rm 5.8) e todos os seus ensinos e mandamentos objetivam nos abençoar.

3-Consideremos e valorizemos a obra redentora do Messias e igualmente a pessoa humana, apresentando-lhe a Salvação. O resumo da Lei e dos profetas é: “Amar adequadamente a Deus e ao próximo” (Dt 6. 4,5; Mt 22.37-40). Pratiquemos isto.
Sejamos missionários. Tornemos nossas igrejas missionárias (At 1.8).

GLOSSÁRIO- NOTAS EXPLICATIVAS..

João 19.30* – “Está Consumado”. O sacrifício vicário do Messias foi plano de Deus. Era necessário, o próprio Cristo o declara (Lc 24.44). O contexto de João é de que Jesus estava plenamente consciente do propósito e da necessidade. Ele sabia o momento próprio durante seu sofrimento, quando havia preenchido o requerido na justiça divina, para que esta se manifestasse, e o Pai pudesse justificar (perdoar a culpa do pecador: Rm 5.1), possibilitando a reconciliação. O Verbo que João emprega tem o sentido de “fazer completamente” (com perfeição). O tempo e modo da ação (particípio perfeito passivo) indica que algo foi feito de modo completo e os efeitos (resultados são permanentes – uma ação irretroagível). A tradução rigorosa é: “tem sido consumado”, o débito está definitiva, perfeita e completamente quitado.
A Vulgata (Bíblia oficial do catolicismo romano) traduz: “Consumado está”. Excelente tradução. O significado é Tudo está feito. Todo que se reconhecer pecador, crer no Senhor Jesus Cristo, arrepender-se de seus pecados é salvo.

Ingresso* no Reino de Deus. Significa ser admitido no Reino, mediante a condição acima. Consciência de pecado, mudança de atitude para com Cristo (adequar-se a ELe). Apropriar-se d’Ele como salvador e Senhor.

• Vida eterna… castigo eterno.
Nornalmente toma-se a palavra “eterna” no sentido adverbial, pensando na extensibilidade, durabilidade, ilimitabilidade, algo que não tem fim; nunca cessará de ser. É correto pensar assim.
Acontece que a palavra da qual traduzimos “eterno/eterna” é também um adjetivo, fala de qualidade. Portanto é empregada também para qualificar essa vida que nunca terminará, mas que é uma vida perfeita, como a que se descreve no Apocalipse, como vimos nesta lição.
Daí, o contraste com “castigo eterno”, “sofrimento eterno”. O salvo e o perdido, existirão sempre. O salvo vive, goza, alegra-se. O perdido “vegeta”, sofre, para sempre.


LEITURAS , DIÁRIAS:

segunda-feira Is 62.1-12
terça-feira Is 65.17-35
quarta-feira Jr 31.31-49
quinta-feira Ez 34.11-31
sexta-feira Mt 25.31-46
Sábado Ap 7.9-17
domingo Dn 2.36-44; 7.9-14,18,22,26,27

O Messianismo (II) - O Messias Redentor

Texto Básico: Isaías 52.13; 53.12.

Introdução: A manifestação histórica do Messias (sua encarnação – Jo 1.14; Fp 2.5-11) foi mais uma etapa do trabalho de Deus na história para consumar o seu propósito.
As profecias do Antigo Testamento sempre apontam para novas operações de Deus no prosseguir de sua atuação no tempo: “eis que vêm os dias que…”.
A afirmação de Paulo em Gálatas 4.4,5; de Lucas 1.5; 2.1; 2.6; de Jesus, em João 5.25,28,29 mostram o fluir do tempo e os fatos acontecendo. Ora, Deus, para alcançar seu propósito como revelado nas Escrituras, realizaria a obra expiatória do pecado, para reconciliar a raça humana consigo * (2Co 5.18-21; Ef 2.13-19; Rm 5.8-11). O tempo apropriado para tal realização chegou. O Messias (o reconciliador, o Emanuel) estava no mundo (Jo 1.10; 1.26,27; Mc 1.14,15; Jo 1.40,41).
O Servo Sofredor veio para realizar essa Obra (Jo 1.29; Jo 6.50-55). A Obra expiatória na pessoa do Messias foi proposta antes da criação (Ef 1.4; 2Tm 1.8-10; 1Pe 1.10,11,19,20; Ap 13.8 ). Era necessário que tudo se realizasse, para que o bendito propósito se efetivasse (Lc 24 44- 47).

1-O Messias Age com prudência - Isaías 52.13-15.
Nos três versos Jeová mesmo fala do seu servo. Fala de sua humilhação e exaltação.
Há uma espécie de contraste entre as duas experiências. O Servo age com prudência pela autoconsciência de que seus sofrimentos são vicários, trazem a salvação ao seu povo, expressão da boa vontade do Senhor. O que poderia ser interpretado como loucura por seus inimigos, perante Deus é descrito como prudência, sabedoria (1Co 1.18-24).
Mas Ele será exaltado e mui sublime. O sofrimento do Servo é degradante. Muitos pasmaram à vista dele. A aparência de sua desfiguração causava espanto. Seu sofrimento ultrapassou o que os próprios inimigos conheciam (Jo 18.1 a 19.37; 1Pe 1.10,11).
O próprio Cristo ensinou que quem se humilha será exaltado. Pedro diz no texto acima (1.10) os sofrimentos que viriam e a glória que os seguiria. Paulo, em Filipenses 2.5-11, descreve a humilhação de Cristo voluntariamente aceita por Ele (humilhou-se, servilizou-se)* resultando na sua exaltação; “…deu-lhe o nome que é sobre todo nome; para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho…”.

2- O Messias, O Homem de Dores - Isaías 53. 1-3.
Segundo alguns eruditos (se eles estão certos) o servo descrito no capítulo cinquenta é considerado um mártir, porém, confiante no Senhor, esperando que ele o ajudaria, o recompensaria (50.7,8,9).
No texto anterior (52-13-15) Deus fala da humilhação e da exaltação de seu servo (agiu com prudência), sofreu para beneficiar outros.
Nestes versos há uma pergunta: “quem creu… e a quem foi revelado o braço do Senhor”?
A pergunta parece referir-s ao conteúdo anterior (52.13-15). O relato continua a falar do servo na sua aparência desfigurada, consequência dos sofrimentos que lhe são infringidos. Há alguns dias alguém me fez uma pergunta intrigante sobre a pessoa física de Jesus. Havia ouvido numa certa reunião de estudo bíblico (com base neste texto) que o homem Jesus era pequenino, magro, aparência desagradável, etc. Bem, o melhor é não perder tempo indo ouvir insípidas “tolices”. O texto é claro ao descrever a aparência desfigurada por causa de castigos aplicados a Jesus (releia novamente Jo 18.1;19.37 e paralelos).
“Era desprezado, rejeitado… um homem de dores… como um de quem os homens escondem o rosto…”. Jesus não era pessoa de aparência repulsiva. Os Evangelhos registram as pessoas se aproximando de Jesus, até disputando para se aproximar d’Ele. Os flagelos que lhe foram impostos desde que se entregou no jardim, até a cruz lhe causaram todo esse aspecto desfigurante.


3- O Messias é Nosso Substituto - Isaías 53. 3-6.
O profeta apresenta o Messias, o Redentor, o Servo Sofredor, o Homem de Dores, como nosso substituto.Neste conjunto de expressões há uma sequência contínua : “Ele e nós”. Ele agindo e nós recebendo as bênçãos. Vejamos em destques:
• Verdadeiramente Ele tomou sobre Si as nossas enfermidades (53. 4a). Deve-se entender aqui o sentido moral também, e não apenas físico;
• E carregou com as nossas dores (53. 4b);*
• E nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido... Os receptores da profecia consideravam o sofrimento como punição de pecados (os amigos de Jó);
• Mas Ele foi traspassado por causa das nossas transgressões (53. 5a);
• E esmagado (moído) por causa das nossas iniquidades (53. 5b);
• O castigo que nos traz a paz estava sobre Ele (53.5c);
• E pelas suas pisaduras (feridas) fomos sarados;
• Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu próprio caminho (53.6a);
• Mas o Senhor fez cair sobre Ele as iniquidades de todos nós (53. 6b).
A morte de Cristo foi uma obra efetiva, substitutiva e universal (Jo 19.30; 2Co 5.14.15; 1Jo 2.2).


4- O Servo Aceitou Voluntariamente Seu Sofrimento - Isaías 53. 7-9.
Seria inaceitável pensar aqui do servo como sendo Israel. O servo é descrito como pessoa, como indivíduo.
A leitura do aprisionamento do Senhor Jesus, de seu julgamento, sua crucificação é a melhor interpretação e constatação de que este conteúdo se refere especificamente ao Senhor Jesus, o Messias Redentor (Mt 26.36-56; 57-68; 27.11-61).
Filipe interpreta este mesmo texto como se referindo a Jesus (At 8.29-35).
Estes versos encerram a narração das afrontas que o Messias sofre de seu próprio povo.
Todas as acusações são injustas, são falsas. Mansamente suporta toda a pressão, sofre sem queixas, sem ameaças... No auge do sofrimento intercede pelos seus inimigos (53.12; Lc 23.34; 1Pe 2. 22,23).

5- O Sofrimento do Messias Estava nos Planos do Senhor - Isaías 53.10.
O fato em referência não foi um acontecimento ocasional. Não foi uma solução de emergência. Os horrores, as dores, a moedura (esmagamento) do Servo compunha o conjunto dos recursos de Jeová para consumar seu propósito. Quando na sua presciência (onisciência absoluta) nos elegeu em Cristo, nos chamou (Ef 1.4; 1Pe 1.1,2; 5.10; 1Tm 6.12; 1Ts 2.12; 1Co 1.9) para sermos filhos e herdeiros (Rm 8.16,17), o Messias já era o Servo Sofredor (Ap 13.8), no propósito (nos planos) de Deus (Ef 3.10,11).
“Foi do agrado (da vontade) do Senhor esmagá-lo, fazendo-o enfermar…” (3.10).
O homem imagem e semelhança do Criador pecaria, não preencheria as expectativas de Deus quanto ao seu propósito. Lá estava o Messias (Is 42.1; Mt 3.17; 12.15-21; 17.5; Lc 3.22; 9.35). O Messias, conhecido na eternidade, manifestou-se na temporalidade, preencheu as expectativas de Jeová, foi moído, consumou sua obra, saiu da temporalidade entrou na eternidade, cheio de gozo, por ver o fruto do trabalho de sua alma, outorgando-nos, assim, o seu Reino Messiânico (glorioso, perfeito, eterno), o propósito eterno de Jeová.


APLICAÇÕES

1- A mensagem dada nos dias de Isaías sobre a esperança messiânica, isto é, que Deus no tempo próprio por intermédio dele restauraria Israel, cumpriu-se na Obra do Cristo. Hoje vivemos a Esperança da manifestação do Reino em plenitude. Devemos vivê-la de maneira digna do Messias apontando a necessidade do arrependimento e conversão de nossos contemporâneos (At 3. 18-21).

2- Precisamos considerar com temor e quebrantamento a bondade de Deus, que nos amou sempre (desde a eternidade) concedendo-nos em Seu Filho a graça da salvação (2Tm 1.8-10). Sua fidelidade se mantém em todo o processo da história, em coerência perfeita, prosseguindo em seu objetivo geração após geração (Sl 100.5).


GLOSSÁRIO E NOTAS EXPLICATIVAS

• Reconciliar Consigo a Raça - A verdade bíblica é: ‘Todos pecaram”. Logo todos estão separados de Deus (Rm 3.23, Sl 14 e 53). A Bíblia nos permite afirmar: toda a Revelação registrada nos dois Testamentos é a Revelação da sua bondade, de seu amor para conosco.
O fruto desse amor é o Messias. Por meio dele, de sua obra redentora nos chama a todos para o restabelecimento de relações adequadas com Ele. A proposta de reconciliação é universal (2Co 5.14,15). Só fica na perdição quem não recebe a mensagem, ou a recebe e rejeita.

• Servilizar-se = tornar-se servo ou fazer-se servo (Fp 2.7). Em muitas construções gramaticais, especialmente quando trabalhamos na voz reflexiva, podemos recorrer à supressão de verbos auxiliares. Este é um caso característico:
Veja como fica mais fácil e preciso. Jesus se fez ou fez-se servo. Usando o recurso, diz-se Jesus servilizou-se.
LEITURAS DIÁRIAS:

segunda-feira Is 42.1-13
terça-feira Is 45.14-25
quarta-feira Is 50.1-11
quinta-feira Jr 8.4-22
sexta-feira Ez 20.33-39.
sábado Ez 36.16-38
domingo IS 52.13-53.12

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Messianismo ( I )

Textos básicos: Isaías 7.10-14; 9.1-7; 11.1-16

Introdução: Messianismo é um termo elaborado a partir de uma palavra aramaica, cuja representação hebraica se escreve em português “Messias”, que se traduzido significa “ungido”. A palavra grega “christós”, aportuguesada “Cristo”, é o correspondente ao termo hebraico. Messianismo, portanto, deriva de Messias.
O messianismo se refere ao conceito histórico da Revelação do propósito de Deus registrado no Antigo Testamento, projetado e efetivado no Novo Testamento na pessoa, vida, obras e ensinos do Senhor Jesus Cristo (o Messias).
O Antigo Testamento engloba a lei, os salmos, as profecias, etc. do que Jesus fala nos seus ensinos, autenticando-o como o Messias (Lc 24.44; Jo 4. 25,26; 5.39,46,47).
Os ensinos e profecias sobre o Messias permeiam todo o Antigo Testamento. Sem considerar a história como um processo, como atuação de Deus para realizar o seu propósito, será difícil entender o significado do Messias como aquele em quem tudo veio a existir (Jo 1.3,10; 1Co 8.6; Cl 1.15.16), e no qual Deus consuma seu “eterno propósito”, a plenitude do Seu Reino (Ef 1.9, 10),* preparado para o homem (Mt 25. 34).
Lembramos, mais uma vez, que estamos deixando de lado questões acadêmicas, discussões, buscando os aspectos práticos que as lições tiveram no seu tempo e que podem ter para nós hoje.

1- O Messianismo entre os judeus - Gênesis 1.31; 3.17; 3.15
Deus criou todas as coisas. Tudo fez com propósito definido (Rm 11.36). Por isso, tudo Ele fez esplendidamente bem (Gn 1.31). Havia alegria n’Ele.
O Diabo, não sendo onisciente, não conhecendo o propósito de Deus, interveio, desconectando o homem da sua comunhão com Ele (queda no pecado). Sobrevém tristeza: “Maldita é a terra (solo, não planeta) por causa de ti” (Gn 3.17).
Deus repreende a serpente (Satanás) e lhe fala do Messias, descendente da mulher, que lhe esmagaria a cabeça (domínio – Gn 3.15).
Começa, então, o trabalho de Deus na história para remover a maldição, restaurar todas as coisas (At 3.21; 2Pe 3.13; Ap 21.1-22).
Entre os judeus havia a esperança de que o “descendente da mulher”, o filho de Davi seria manifesto num tempo apropriado, destruiria a mal e inauguraria “uma idade de ouro” para Israel, ao qual se submeteriam todas as nações, formando um império universal de paz, prosperidade, de realização plena (Is 2.1-4; Jr 31. 6-14; Mq 4.1-7).
Esta esperança da vinda do Messias e da plantação histórica do Seu Reino ultrapassou as fronteiras judaicas e permeou todo o Médio Oriente. Nas nações vizinhas muitos esperavam o nascimento do príncipe judeu que traria essa idade áurea para a humanidade. Os magos (sábios) vindos provavelmente do Planalto Persa a Jerusalém, em busca do recém-nascido “Rei dos Judeus” (Mt 2. 1,2), com toda a certeza, vieram nesta convicção.
O profeta Isaías se destaca nas profecias acerca do Messias, pregando e ensinando os israelitas num tempo difícil, lembrando-lhes que Jeová cumprirá Sua promessa, restaurará Israel e este será proclamador desta mensagem de esperança para todos os povos da terra.

2- O Messias nascerá de uma virgem - Isaías 7.14.
O prometido restaurador virá ao mundo de maneira sobrenatural. Deus, na criação, estabeleceu a maneira de reprodução. Requer sempre a união homem/mulher (macho/fêmea dentro de cada espécie). É o meio para encher o celeiro celestial.
O Messias é o ser ímpar – divindade/humanidade – numa unidade perfeita. Ao ajudar o rei Acaz nos seus momentos difíceis (vide lição 04) o profeta lhe oferece a oportunidade de pedir alguma manifestação especial da parte de Deus. Acaz recusa.
Isaías então lhe fala em termos proféticos que o Senhor fará algo muito maior a favor de Israel e da humanidade. Uma virgem conceberá (sem deixar de ser virgem, sem o conúbio conjugal) e partejará um filho, que será chamado EMANUEL. Aqui o profeta apenas refere o nome, pois Acaz é judeu e sabe o significado (Deus conosco). O rei precisava crer que Deus está com Israel como seu “pastor”, guardador, protetor. A cidade será preservada, como de fato foi, e a promessa do nascimento da criança é garantia do cuidado de Jeová com o seu povo. O nome do menino, Emanuel, e o seu significado atestam que Deus está presente.
No texto acima não há registro de que Acaz tenha aceitado o conselho de Isaías, tenha crido e alcançado sucesso. Os registros de 2Reis 16.1-20 e 2Crônicas 28.1-27 apontam para sujeição ao rei da Síria, e vandalizando o Templo (2Cr 28.24).

3-A profecia do nascimento se cumpre - Mateus 1.18-23; 2.1,2; Lucas 1.26-38; 2.4-15.
No seu trabalho para alcançar seu propósito (Jó 42.1,2), Deus fala a cada geração de seu povo. Socorre-a no seu presente, anima-a com a esperança do futuro, anunciando a glória que se há de manifestar. Isto é profecia.
Na sua fidelidade, perseverança, persistência, no tempo apropriado efetiva o que tem falado. Isto é cumprimento.
Ainda que Acaz pessoalmente não se tenha apropriado da alegria do anúncio do nascimento do Messias, certamente muitos se alegraram. A profecia foi repetida em outros termos (linguagem) a outros reis. Foi o conforto levado àquelas gerações.
No tempo próprio (Gl 4.4,5) Deus alegrou os que esperavam a vinda do Messias.
Em Mateus 1.18, lê-se que Maria engravidou do Espírito Santo, ainda virgem. Compare com Lucas 1.26-38:
• O anjo Gabriel visita uma jovem em Nazaré (Lc 1.26);
• Era uma jovem ainda virgem, prometida em casamento (Lc 1.27);
• Eis que conceberás e partejarás um filho... Jesus (Lc 1.31);
• Será chamado filho do Altíssimo… Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai (Lc 1.32);
• Reinará sobre a casa de Jacó; seu reino não terá fim (Lc 1.33);
• Virá sobre ti o Espírito Santo... seu filho será chamado santo, filho de Deus (Lc 1.35);
• Para Deus não há impossíveis (Lc 1. 37).
Uma avaliação atenta do texto de Mateus e de Lucas nos mostra como Deus trabalha a nosso favor e como efetiva rigorosamente em ações suas palavras.

Voltando a Mateus:
• Mateus 1.21… Jesus, porque Ele salvará (tirará, apartará) o seu povo dos pecados deles;
O Messias veio buscar e salvar (tirar do pecado) e tirar o pecado deles (do mundo – João 1.29);
• Será chamado Emanuel=Deus conosco (Mt 1.23; Is 7.14).

Estas considerações nos permitem concluir:
1- Deus trabalha no fluxo da história a favor do homem como indivíduo e como raça, com vistas ao seu propósito eterno feito em Cristo, antes da fundação do mundo (Ef 1.4), para nos dar o Seu Reino, preparado na eternidade (Is 41.14; Lc 12.32; Mt 25.34);

2- Todas as ações de Deus nos vêm por meio do Senhor Jesus, o “Messias”, o ungido de Deus, em quem, na eternidade, Deus propôs nos abençoar (Jo 1-1-3; 2Tm 1.8-10; 1Pe 1.9,10,20; Ap 13.8);

3- Seu propósito redentor declarado em Gênesis 3.15 tem atravessado todos os séculos desde então, com absoluta continuidade e fidelidade.Podemos crer em todas as promessas para o porvir (profecias) pois tudo se cumprirá e a plenitude do Reino virá.

4- O Messias é descendente de Davi (O Filho de Davi) - Isaías 11.1- 3.
Deus, ao falar a primeira vez sobre a redenção em Gênesis 3.15, afirmou que o Redentor por vir ( já provido na eternidade (1Pe 1.9,10,19,20; 2Tm 1.8-10; Ap 13.8) nasceria de mulher , profecia que se cumpriu como vimos nos itens 2 e 3 acima e referida por Paulo como tendo-se cumprido num tempo apropriado (Gl 4.4,5 ).
Deus anunciou também, ao chamar Abrão, que nele seriam abençoados todos os povos da terra (Gn 12.3. Cf. ainda: Gn 22.18; 26.4; 28.14; Sl 72.17; Gn 49.8-10 1Cr 5.2. Mq 5.2; Mt 2.5,6).
Nunca será demais lembrar que Deus trabalha no desenvolvimento da história sempre conduzindo-a na direção projetada para consumar seu bendito propósito. Na lista de profecias acima, vemos isto e o texto de Mateus 2.5,6 o confirma: “Então brotará um rebento do tronco de Jessé (pai de Davi), e das suas raízes um renovo frutificará” (11.1), quando uma floresta é devastada, dos tocos que ficam surgem brotos (feedback da natureza) que começam o processo de restauração.
Judá será levado em cativeiro, Jerusalém será devastada, queimada, o templo destruído (Jr 39.1-18; 2Rs 25.1-21). Mas não era o fim. Setenta anos depois vem a restauração. O toco brota. E brota porque a restauração de Israel é necessária ao cumprimento da esperança messiânica universal, a vinda em plenitude do Reino de Deus preparado antes da fundação do mundo para todos os povos (Gn 12.3; MT 25.34; At 1.9,10; 3.19-21: 17.30,31: 1Co 15.39; Is 25.6-9).
Outra vez aqui, a mim me parece que alguns eruditos e intérpretes se equivocam quanto a esta profecia. Ela teve seu lugar e aplicação para os dois reinos (Norte, Samária; e Sul, Jerusalém) mas também tem seu lugar e aplicação futura (para nós hoje e para todas as gerações por vir) até que o propósito eterno feito no “Messias”, “O Filho de Davi”, o Senhor Jesus Cristo apareça em plenitude (Dn 2 44; 7.13,14; Mq 4.6,7; 7.18-20; At 1.9,10).

*- A coerência, a perseverança, a fidelidade de Jeová desperta em nós fé, esperança, alegria, algo tão belo, tão sublime e relevante que não encontramos no vocabulário, nas palavras, na linguagem humana, recursos para expressá-los.Mas podemos dizer-lhe; Senhor: Obrigado. Recebe tudo o que está na minha alma, no meu coração, no meu ser, como louvor, como reconhecimento! Amém!


LEITURAS DIÁRIAS

segunda-feira: Is 2.1-5
terça-feira Is 4.1-6
quarta-feira Mq 5.2-15
quinta-feira Is 54.1-17
sexta-feira Is 60.1-22
sábado Is 65.1-25
domingo Is 52.1-15

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Deus Tem a Palavra Final (Arrogância e Abatimento de Um Rei)

Texto Básico: Isaías 36.1 a 37.38

Introdução: Na lição 04, no item 4, fizemos um resumo (esboço) de Ezequias e seu reinado. Seu pai, o rei Acaz, foi ímpio, idólatra, corrompendo o culto (2Cr 28.1-3).
Ezequias, seu filho, foi seu oposto. Andou nos caminhos de Deus, promoveu reformas, esforçou-se por restaurar o culto verdadeiro, trazendo o povo de volta ao Senhor (2Cr 29.1 a 31.21; 2RS 18.1-12).
Judá prosperou com Ezequias no seu reinado de vinte e nove anos (2Cr 29.1,2).
Tudo indica que o profeta Isaías já era bem conhecido do povo e que tinha bom relacionamento com o rei Ezequias (Is 37.1-5). Há possibilidade de que Isaías fosse da linhagem real e conselheiro de Ezequias. Nesse tempo Ezequias já estava no seu 14º ano de governo (Is 36.1; 2Rs 18.13).
Há discussões por parte de estudiosos acerca dessas datas. Segundo eles Ezequias subiu ao trono em 724 a.C. e Senaqueribe invadiu Judá em 701 a.C. Assim, Ezequias estaria no 23º/24º ano de seu reinado e não no décimo quarto. Fiquemos com os relatos bíblicos (Is 36.1,2 e 2Rs 18.13), pois o que nos interessa é o fato em si, o que o Senhor fez, o que significou para seu povo então, e que aplicação tem para nós hoje.*
Avaliemos os acontecimentos e busquemos neles lições para nosso tempo e nosso contexto.

1- Senaqueribe invade Judá (Is 36. 1; 2Cr 32.1; 2Rs 18.13-16).
A Assíria era, então, a grande potência regional. Israel dividido e enfraquecido já vira o irmão do Norte cair (queda de Samária) sob esse poderio. Tendo conquistado o norte da Palestina, animava-se agora em conquistar o Sul.
O texto de Is 36.1 diz que Senaqueribe subiu contra todas as cidades fortificadas de Judá e as tomou. Registros de História Antiga dizem que foram conquistadas quarenta e seis cidades. 2Crônicas 32.1 diz que Senaqueribe, entrando em Judá, acampou-se contra as cidades fortes, a fim de apoderar-se delas. 2Reis 18.13 diz que Senaqueribe subiu contra todas as cidades fortificadas de e as tomou.
Porém há um dado em 2Reis 18.14-16, que deixa vir à tona algo interessante. Parece ter havido um acordo entre Ezequias e Senaqueribe. O texto diz que Ezequias enviou mensageiros a Senaqueribe, a Laquis pedindo sua retirada e propondo-se pagar o que ele lhe impusesse. Está narrado que lhe foi efetuado o pagamento de 300 talentos de prata (13,2 ton) e 30 talentos de ouro (1470 Kg).
Ezequias deve ter percebido que Senaqueribe queria conquistar a capital, Jerusalém, e levar seus habitantes para outras regiões, como era seu costume. O pagamento que lhe foi imposto seria um acordo para preservar Jerusalém. Tal acordo não foi respeitado.

2- Embaixadores de Senaqueribe ameaçam e amedrontam Jerusalém.
Senaqueribe queria conquistar a fortaleza de Jerusalém, o que daria domínio sobre toda a Palestina. De Laquis envia Tartã, Rabe-Sáris e Rabsaqué (títulos de oficiais assírios), príncipes, com um grande exército a Ezequias (2Rs 18.17). Ora, o rei da Assíria enviou de Laquis Rabsaqué a Jerusalém, com um grande exército (Is 36.2). Senaqueribe era homem experiente na tática bélica.Deveria saber que Jerusalém estava isolada, sem possibilidade de ajuda ou socorro. Seria uma conquista fácil, rápida. Não resistiria a um cerco prolongado.
Rabsaqué se dirige a três oficiais de Ezequias entregando a mensagem ameaçadora do rei, seu senhor, requerendo uma capitulação sem luta. Uma síntese do ultimato: Isaías 36
• Que confiança é essa em que te estribas? (4c);
• Teu conselho para a guerra são apenas vãs palavras (5a);
• Eis que confias no Egito, aquele bordão de cana quebrada… assim é faraó para com os que confiam nele (6);
• Mas se me disseres: no Senhor, nosso Deus, confiamos… (7).
Rabsaqué fala aos três oficiais de Ezequias, sendo ouvido também pelo povo, que assentado sobre o muro o escuta. Suas palavras têm o propósito de amedrontar e criar pânico.
Ele conhece a fragilidade militar de Ezequias e, ironicamente, oferece dois mil cavalos, se tiverem soldados para montá-los.
O retorno à possibilidade de ajuda por parte do Egito (36. 6,9) faz pensar que havia algum acordo com faraó, descoberto por Senaqueribe, daí o desejo de aproveitar a oportunidade, entes que Jerusalém recebesse socorro. É uma possibilidade.
• Como poderás repelir um só príncipe dos menores servos de meu senhor…?
• Por ventura subi eu agora sem o Senhor…? (que terrível absurdo)!
Ora, se Jeová é o guardador de seu povo, de seu servo fiel, Ezequias, como enviaria um Ímpio para destruí-lo?

3- Um pedido não atendido. Ameaças intensificadas (Is 36.11-21).
Os três oficiais de Ezquias pedem a Rabsaqué que fale em aramaico (siríaco), uma vez que podiam entender bem aquele idioma (Is 36.11). Com certeza esses oficiais tinham consciência da fraqueza militar de Jerusalém e o povo assentado sobre o muro também sabia disso. Isso poderia gerar pânico no povo e até produzir alguma revolta ou sublevação. Rabsaqué parece ter percebido a preocupação daqueles oficiais e resolveu aproveitar a ocasião. Intensifica as ameaças, dirigindo-se ao povo em nome de Senaqueribe, bradando em judaico:
• Demonstra a intenção de sitiar a cidade, impedindo abastecimento subsistencial: alimento e água: “comerão o próprio excremento e beberão a própria urina” (12);
• Ouvi as palavras do grande rei da Assíria (13):
• Não vos engane Ezequias; porque não vos poderá livrar (14);
• Nem vos faça confiar no Senhor, dizendo: infalivelmente nos livrará o Senhor... (15);
• Não deis ouvidos a Ezequias; assim vos diz o rei da Assíria: fazei as pazes comigo e saí a mim, e … (16);
• Guardai-vos, para que não vos engane Ezequias, dizendo: o Senhor nos livrará (18a);
• Porventura os deuses das nações livraram, cada um, a sua terra das mãos do rei da Assíria? (18b; 37.18,19);
• Onde estão os deuses de Hamate, Arpade,… Sefarvaim? Porventura livraram Samária da minha mão? (19);
• Poderá o Senhor livrar a Jerusalém das minhas mãos?
Todas estas interrogações além de afrontosas são blasfemas. É muita arrogância e o preço que será pago mostrará a Senaqueribe e aos seus oficiais a diferença entre “deuses” e o Senhor.

4- Uma atitude prudente (Is 36.21; 37.7).
Há situações tão delicadas, tão difíceis que requerem procedimentos cuidadosos, prudentes. São momentos nos quais o melhor é não agir. É o tempo de refletir, aguardar, de entregar tudo ao Senhor e descansar n’Ele (Sl 37.1-7).
Os oficiais de Ezequias tomaram essa via. Calaram-se, nada responderam, como lhes ordenara o rei. Foram para ele e lhe relataram as ameaças, as afrontas e as blasfêmias. O rei, por sua vez, humilhou-se, rasgando as vestes, cobrindo-se de saco, indo para a casa do Senhor. Não há melhor lugar em horas angustiantes do que a casa do Senhor (se bem que o Senhor não é restrito a espaços físicos). Ezequias era judeu e para ele o Templo era símbolo da presença de Jeová.
Outra atitude prudente: enviou seus oficiais e alguns sacerdotes idosos ao profeta Isaías, para consultá-lo. Teria o Senhor ouvido as provocações, as blasfêmias de Rabsaqué? Incluído na consulta ao profeta estava um pedido de oração. Que bom quando um povo tem um líder piedoso, humilde, que busca ao Senhor, reconhece, acata, e busca a orientação de seus servos (ministros)! A resposta do profeta é confortadora. .
- Assim diz o Senhor: não temas à vista das palavras que ouviste (v.6a);
- com as quais me blasfemaram os servos do rei da Assíria (v.6b);
- Eis que meterei nele um espírito, e ele voltará para a sua terra (v.7a);
- E lá fá-lo-ei cair morto à espada na sua própria terra (v.7b).
Que conforto maravilhoso para aqueles oficiais, para os sacerdotes que os acompanhavam e para o rei aflito, diante da fraqueza militar de sua nação e do poderio da Assíria e de Senaqueribe!
Senaqueribe está cheio de orgulho, de arrogância, não sabe que já está derrotado, humilhado morto. Ele, seus oficiais e seu numeroso exército.

5- Novas ameaças contra Ezequias, blasfêmias contra Deus (Is 37.8-13).
Após seu atrevimento em Jerusalém, Rabsaqué retorna ao rei Senaqueribe e o encontra combatendo e tentando conquistar Libna. O Senhor havia dito ao profeta Isaías (37.7) que “ele ouvirá uma nova, e voltará para a sua terra”. Esta profecia cumpriu-se rapidamente:
“Então ouviu ele dizer a respeito de Tiraca, rei da Etiópia: Saiu para te fazer guerra” (37.9). Esta notícia fê-lo desejar conquistar Jerusalém imediatamente.
Enviou mensageiros a Ezequias com cartas afrontosas:
- Assim direis a Ezequias, rei de Judá (37.10a);
- Não te engane o teu Deus em quem confias, dizendo: Jerusalém não será entregue na mão do rei da Assíria (37.10b);
- Eis que já tens ouvido… todas as terras, destruindo... e serás tu livrado? (7.11).
- Porventura as livraram os seus deuses… (37.12)?
- Onde estão os reis de Hamate, Sefarvaim, Hena e Iva ( 37.13 )? Ah! Senaqueribe, se tu soubesses em que perigo te meteste!!!

6- Epílogo: Ezequias ora no Templo: Senaqueribe perde seu exército; volta para Nínive e seus próprios filhos o matam (Is 37.14-38).
• Ezequias estende as cartas perante o Senhor (37.14);
• E orou Ezequias ao Senhor, dizendo: (Por favor, leia cuidadosamente, refletindo no conteúdo das palavras de Ezequias) Isaías 37.16-20.
• Ezequias deve lembrar-se de outra oração feita no mesmo lugar por Salomão: 2Crônicas 6.12-38. Considere bem: 6.24,25,32,33. Compare bem, 6.32,33 com Isaías 37.20: “para que todos os povos da terra saibam.”. Jeová há que ser conhecido como o Deus único e verdadeiro por toda a raça humana.
• A Mensagem de Isaías a Ezequias: tua oração foi ouvida (37. 21). E os versos 22 a 35 descrevem a resposta de Jeová à blasfêmia de Senaqueribe.
• O anjo de Jeová aniquila o exército do arrogante rei da Assíria: 18.5000 combatentes são eliminados numa noite. O homem arrogante e seus príncipes, humlhados, envergonhados, retornam para casa. Ali os filhos de Senaqueribe o matam (Is 37.36-38). Jesus ensinou; quem se exaltar será humilhado e quem se humilhar será exaltado (Mt 23.12; Lc 14.11; 18.14) Compare Provérbios 15.33; 16.18; 11.2; 17.19; 18.12. Senaqueribe tinha muitos planos, tinha ótimo exército, bons oficiais, pensava poder fazer o que pretendia. Fez muitas conquistas. Afrontou Ezequias, escarneceu dele, da fraqueza militar de Judá, blasfemou de Deus, desafiando-O, comparando-O aos ídolos das nações. Ele passou, suas palavras foram como palha. Permaneceu a Palavra do Senhor. Deus sempre teve, tem e terá a palavra final (Is 55.10,11; 40.8; 1Pe 11.25).

APLICAÇÕES

Nosso Deus é o mesmo. Sua Palavra permanece para sempre porque Deus é eterno, imutável. Assim:
1- Em face de situações difíceis, desafiadoras, podemos confiar no seu cuidado, no seu socorro. Todos os atos de justiça e de poder dos tempos passados podem ser operados hoje. Muitas coisas acontecem hoje. Nós é que não atentamos para elas.

2- Face a desafios, ameaças, insultos, provocações devemos evitar o revide com atrito, as reações impróprias. Ezequias e seus oficiais procederam com prudência: oração, confiança no Senhor, na sua justiça, no seu agir por nós (Sl 37.1-7).

3- Devemos orar e pedir que Deus nos dê líderes piedosos, que busquem ao Senhor na sua administração. Líderes que reconheçam, valorizem os servos (ministros) de Deus e os consultem para tomar decisões na administração pública. Como seria nosso país se tivéssemos presidentes como Ezequias, ministros como Daniel, governadores como José e homens de Deus como Isaías?

GLOSSÁRIO: NOTAS EXPLICATIVAS

* Temos procurado seguir uma linha de estudos visando a sua aplicação prática para o povo de Deus nas envolventes de sua experiência como cristãos no mundo, que é nosso lugar de atuação como sal e luz. Há muitas questões de natureza acadêmica, irrelevantes para o cristão como agente do Senhor Jesus na comunidade.
Na minha longa experiência pastoral e magisterial tenho percebido que precisamos conhecer a Bíblia como Palavra inspirada de Deus, saber aplicá-la à nossa vida diária, para termos relacionamentos adequados com Deus e o próximo.
Como nas lições anteriores, procuramos no Item APLICACÕES fornecer orientação prática. Creio que é isto que os estudantes da EBD precisam e gostariam de ter. Se nisto estiver contribuindo, fico alegre e grato ao Senhor.

LEITURAS DIÁRIAS:
segunda-feira IS 36.1-22
terça-feira IS 37.1-13
quarta-feira IS 37.14-20
quinta- feira IS 37.15 -35
sexta-feira IS 37.36-38
sábado IS 38.1-8
domingo IS 38.9-22

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Bondade Divina: Apelo, Oportunidade, Perdão

Isaías 55.1-13.

Introdução. Nas abordagens feitas até aqui, no livro do profeta Isaías, dois destaques se manifestam:
Deus* como criador de todas as coisas segundo seu grande propósito eterno: dar ao homem o reino preparado para ele (Mt 25. 34). A História humana é a expressão desse trabalho de Deus, para consumar tal propósito.
O homem*, para quem Deus preparou o Reino, e a favor de quem Ele opera na sucessão de eventos, para alcançar tal objetivo.
Ao considerar este assunto é necessário levar em conta um dado imprescindível, isto é, o pecado como fato da experiência humana. Pensemos em pecado como tudo aquilo que se opõe a Deus, sem buscar descrevê-lo aqui* (1Jo 3.8).
O trabalho de Deus no processo da história é restaurar o homem, para ter relações adequadas com Ele (2Co 5.14-21; Cl 2.13-15; Lc 19.10). Assim, as situações registradas na profecia de Isaías, com o Senhor de um lado e Israel do outro, retratam essa atividade divina, para salvar (restaurar) seu povo para lhe dar o Reino e para nele cumprir a esperança messiânica, trazer no descendente (Gn 3.15; 12.3; 18.18; 22.18; 26.4; 28.14,15, etc.) a bênção (a salvação) a toda a humanidade (a todas as famílias da terra).
. Ora, Israel (descendência de Abraão – Is 41.8), sob o pecado, não correspondia às expectativas divinas: pecava, desobedecia, resvalava. Mas o Senhor não desiste; ao contrário, persiste no seu propósito. Ao invés de destruir sua gente rebelde, busca sua restauração, por meio de Sua Justiça Perfeita, apelando, dando oportunidade para o arrependimento e, mediante este, oferece perdão e restauração. Vejamos:

1-Um Apelo (convite) para se satisfazerem gratuitamente (Is 55.1,2).
Aqui, outra vez, se os eruditos estão certos, o texto está relacionado ao capítulo quarenta (40.1-11) e o convite é dirigido aos retornados da Babilônia. Nestes estudos estamos considerando o livro como uma unidade. Assim, entendemos, à luz da gramática, que o convite é dirigido a todos (tanto aos que retornaram como a aos que ficaram, e aos residentes que não foram para o cativeiro – Ne 1.1- 3; Ed 1.1- 4).
1.1- O convite é: “Ó vós todos os que tendes sede, vinde às àguas…”. Cada israelita é convidado a vir às águas. Os anos de cativeiro na Babilônia, longe de sua terra, os fizeram sedentos, famintos de Deus (Sl 137.1- 9).Todos os israelitas que recebessem a boa mensagem do profeta podiam atendê-la, dependendo de sua disposição pessoal.
Não temos um registro dos resultados do ministério completo do profeta Ezequiel entre os exilados, mas o conteúdo dos capítulos 2.1; 3.27 nos mostra Deus falando ao profeta de que o seu povo é casa rebelde (3.7-11). Quantos desses voltaram não é possível saber. Mas o convite lhes é dirigido também.
“Vinde às águas”. Aqui não há sentido literal. A sede é, certamente, espiritual. Talvez uma referência ao capítulo 12.1-6, especialmente o verso 3: “Portanto, com alegria tirareis águas das fontes da salvação”. A alma sedenta só encontra satisfação na fonte genuína (Jo 4.13,14; 6.35; 7.37,38).
1.2- O Convite é uma oferta graciosa: “e os que não tendes dinheiro… sem dinheiro e sem preço vinho e leite”. Deus socorre, salva, restaura graciosamente. Suas dádivas fluem de seu ser como fruto intrínseco de sua bondade. Ele dá sempre. Vinho e leite faziam parte da dieta Israelita. Eram componentes (arroz e feijão) sempre presentes nas suas mesas. No emprego aqui feito, tornam-se símbolos da graciosidade divina, de seus favores aos famintos espirituais (Jo 6.35).

2- É necessário ouvir, atender o apelo (convite) do Senhor (Is 55.3-5).
Não é apenas ouvir auditivamente, captar o som da voz, mas apropriar-se da oferta traduzida nas palavras: “Inclinai os vossos ouvidos e vinde a mim…. e a vossa alma viverá…”.
O ensino bíblico de que nosso Deus é o Deus* galardoador é abundante (Tg 1.16,17).
Entretanto, sem submissão a Ele é impossível tal acontecer. Deus é perfeito em todos os sentidos (Sl 145.9,17). Adequação à verdade, ao correto e justo é condição para que as bênçãos fluam como que naturalmente.
Tal declaração inclui as bênçãos prometidas e recebidas por Davi e a que se cumpriu na manifestação histórica do Jesus de Nazaré a quem Deus fez Senhor e Cristo (2Sm 7.8-17; Sl 132.1-18; Ez 34.11-24).

3- É necessário Buscar ao Senhor (Is 55.6,7).
O termo aqui usado refere-se a uma atitude diligente; buscar intensamente, zelosamente, de coração, sinceramente. Na lição anterior aprendemos que Deus não aceita ser buscado interesseiramente, egoisticamente. Deus não é “pronto-socorro”.*
Paulo em Colossenses 3.1,2 nos fala de buscar as coisas lá do alto e pensar nelas, usando um presente contínuo e um modo intenso de fazê-lo A motivação é tão preciosa e importa que deve ser como a nossa respiração.
3.1- Deve ser uma busca sincera, reverente, com o ser integral (Jr 29.12,13; 24.7).
Há o perigo de atitudes levianas, que o Senhor reprova, rejeita. Cada busca de Deus deve ter motivação santa, pura, respeitosa, humilde (Sl 51.17).
3.2 Buscar ao Senhor para ter vida: Amós foi contemporâneo de Isaías, ministrando no reino do Norte. Profeta franco, contundente, ensina a busca ao Senhor para viver: “Assim diz o Senhor: ... Buscai-me e vivei” (5.4,6).
“Buscai o bem e não o mal para que vivais”… e assim, o Senhor, o Deus dos exércitos estará convosco…” (5.14,15).

4-Aproveitar a oportunidade (busca urgente – Is 55.6).
Deus ama, Deus chama, Deus dá oportunidade.É necessário reconhecê-la e agarrar-se a ela. O ser humano é, muitas vezes, negligente com respeito aos apelos, ofertas, oportunidades, deixando para depois.
Israel (Norte e Sul) estava vivendo em desobediência. Era urgente sua conversão, seu retorno para o Senhor. Este, compassivamente, apela ao arrependimento, dá-lhe oportunidade; “Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto”. A Bíblia está repleta de exemplos do desprezo de oportunidades, e suas consequências: Esaú (Gn 25.30-34; 27.34- 36; Hb 12.16,17); Faraó teve dez oportunidades e desprezou-as, sendo destruído (Êx 14.26-31); Saul rejeitou a oportunidade de confirmar o reino e o perdeu (1Sm 15.26-29; 2Sm 31.3-6). Cumpriu-se neles o que está em Provérbios 1.23-33; 29.1).
O não aproveitamento da oferta de Deus, o desprezo da oportunidade e da mensagem de arrependimento e de perdão custou caro a Jerusalém e Judá (2Cr 36.15-21).
O Escritor de Hebreus lembra aos seus contemporâneos a atitude de seus antepassados no deserto, advertindo-os desse perigo (Hb 3.7-19).
“… Buscai… Invocai… enquanto se pode achar… enquanto está perto…”. Deus se prontifica a ouvir, atender, salvar. Os resultados negativos são consequência da insensatez humana. A falha é sempre humana, pois o Senhor está chamando e esperando para ouvir, abençoar, socorrer, salvar:
• “Busquei ao Senhor, e ele… me respondeu,… livrou” (Sl 34.4);
• “Clamou este pobre, e o Senhor o ouviu, e o livrou de... suas angústias” (Sl 34.6);
• “Perto está o Senhor… e salva os contritos de espírito” (Sl 34. 18);
• “Perto está o Senhor de todos os que o invocam… em verdade” (Sl 145.18);
• “Clama a mim, e responder-te-ei, e anunciar-te-ei…” (Jr 33.3), etc.
Sim, Deus é bom, é justo, compassivo, amoroso. Mas a oportunidade precisa ser levada em consideração muito especial. Que pena que tantos israelitas a desprezaram, e Deus mesmo o lamenta: “Ah! Se tivesses dado ouvidos aos meus mandamentos!”.
Então seria a tua paz como um rio, e a tua justiça como as ondas do mar” (48.18).
O povo de Deus, hoje, deve ficar alerta à voz e às oportunidades de Deus. Todos os povos da terra também (Ef 5.15,16).

5- A bondade divina apela ao arrependimento e à conversão (Is 55.7).
Toda a oferta do Senhor revela, manifesta sua bondade. Ele a oferece, a propõe, não impõe, nem discrimina. Deus mantém a condicionalidade e a universalidade *“Se quiserdes e me ouvirdes, (então) comereis o bem desta terra; mas se recusardes e fordes rebeldes, (então) sereis devorados à espada, pois a boca do Senhor o disse” (Is 1.19,20). Considere-se, ainda, o texto de Isaías 48.18, citado acima, que ajuda a esclarecer isto: “SE me tivesses ouvido, então…”. “SE... ENTÃO”. Compare a relação “causa-efeito” no ensino de Paulo em Gl 6.2: fruto = semente.
“Deixe o ímpio o seu caminho (Is 1.16,17; Jr 3.12,13; Zc 8.15-17). E o homem maligno os seus pensamentos”. A reconciliação (estabelecimento de relações adequadas) com Deus, requer renúncia daquilo que produz a separação (pecado: Is 59.1,2),
“Volte-se para o nosso Deus (converta-se ao Senhor = posicione-se corretamente: At 3.19), que se compadecerá dele.
Israel se havia afastado do Senhor, rebelando-se contra suas ordenanças e ensinos. Praticava a idolatria, a opressão a exploração, profanava o dia do repouso, queixava-se atribuindo indiferença a Ele. Deus lhe mostra o erro, o pecado que tudo isso configurava. Mostra-lhe a maneira justa de viver, dá-lhe oportunidade e apela à mudança de pensamento (traduzido naquele viver impróprio).
“Os meus pensamentos… os vossos pensamentos”. Os de Deus são elevados, justos, bons, santos. Os pensamentos do seu povo precisam mudar, ajustar-se, adequar-se aos perfeitos pensamentos do Senhor (Jr 29.11; Mq 6.8). As promessas de bênçãos, de vida boa, de paz, sucesso, contentamento só se consumam se Israel se arrepender, converter-se: “Deixe o ímpio…” (55.7). “E SE o meu povo…. se desviar dos seus maus caminhos, ENTÃO eu … ouvirei… perdoarei… sararei…” (darei cura – 2Cr 7.14). Israel de então, e de agora também.

6- O Resultado: perdão e restauração.
O agir de Deus é voltado para realização, efetivação de seu propósito, que inclui nossa realização plena. O egoísmo, fincado pelo pecado na experiência humana, fazendo-nos egoístas (agindo com interesse pessoal), dificulta-nos entender a natureza divina perfeita. Jesus Cristo é a expressão suprema da natureza perfeita de Deus. A Bíblia ensina que Deus é Luz (1Jo 1.5); é Amor (1Jo 4.8). Sua bondade e graça são autenticadas em Cristo (Rm 5.8; Gl 2. 2. 20; Jo 15.13; etc).
O ministério de Isaías é, igualmente, expressão do bem-querer divino pelo homem, criado para Sua glória (Is 43.7). Todo o trabalho do profeta é ação obediente para corrigir os erros do povo de Jeová, para o próprio bem desse povo.
Ao conduzir o povo à consciência de pecado, objetivando seu arrependimento, abre a porta ao perdão, que permite a reabilitação, a restauração.
Essa ação de Deus a favor de seu povo se manifesta nos profetas contemporâneos de Isaías: Oseias 1.7,10,11; 6.1-3; 14.1-9. Amós 5.4,6,14,15; 9. 11-15; Miqueias 4.6,7; 7.15-20.
Também os profetas Jeremias e Ezequiel anunciaram o perdão e a restauração de Israel como expressão da bondade intrínseca de Jeová e seu bom propósito neles e naquela geração, e para as gerações futuras, pela manifestação do Messias: Jeremias 31.1-14; 31.31-40; 33.1-18. Ezequiel 11.14-21; 18.23,30-32. 20.33-39; 36.22-38; 37.24-28; 39.25-29; etc.
Deus é fiel. Cumpre o que diz, Sua palavra frutifica. Israel pode confiar na integridade de Jeová. Os versos 10 e 11 dizem isso. A chuva e a neve operam sobre a terra e a fazem frutificar. Assim, a Palavra de Jeová operará nos corações capacitando-os a atuarem com piedade, com justiça, a fazer o que é bom (Jr 1.12; Mq 6.8).
Os versos 12 e 13, que fecham este maravilhoso conteúdo, descrevem em termos proféticos a alegria da restauração de Israel (povo de Jeová). A tristeza será mudada em alegria; a angústia em paz; O próprio ambiente físico se alegrará (linguagem poética).
Espinheiros e sarças serão transmutados em faias e murtas, para exaltação do Senhor.
O povo arrependido, quebrantado, convertido, cultuando adequadamente, vivendo piedosamente, obedientemente, será como o descrito em Isaías 58.11. Aceitar isto é expressar sabedoria. Rejeitar é loucura (Os 14.9). Já fez sua esscolha? Deus abençoe você.

APLICAÇÕES:
O Deus de Isaías, dos seus antepassados é, também, o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Ele é sempre o mesmo. É o nosso Deus. Por isso:

1- Devemos nos lembrar que a mesma sinceridade de cultuar e viver, requeridas, então, nos é requerida hoje, para o servirmos e sermos abençoados (Is 1.19; 58.14).

2- É bom lembrar que os profetas Isaías e seus contemporâneos (nos dois reinos), e também seus colegas posteriores, Jeremias e Ezequiel, pregavam concordemente a mensagem do Senhor, condenando o pecado, apontando a correção e seus frutos. Coerentes com a Revelação histórica anterior. Assim, nós, profetas atuais, devemos praticar essa mesma coerência, convictos de sermos servos do Senhor. A mensagem é DELE.
Nós lhe prestaremos conta. “Sede unânimes entre vós” (Rm 12.16 a).

3- Lembremo-nos que o fato de sermos povo de Deus não nos torna imunes às “ciladas do Diabo” e possibilidade de fraquezas, pecados, etc.(1Jo 2.1,2; Ef 6.11).Deus nos ajuda, mas precisamos lutar para não cairmos nos pecados apontados nestes estudos,os quais ofendem, entristecem a Deus, e nos causam prejuízos, tiram a alegria (Sl 32.1-7; 51.12).

4- Devemos nos lembrar que Deus deseja nosso bem. Sua alegria é ver-nos viver a genuína alegria. Oferece-nos a oportunidade, apela à nossa consciência, oferece-nos perdão. Quem sabe algum estudante destas lições está triste, abatido, por causa de pecado? Deus espera seu arrependimento, sua confissão, sua conversão completa para dar cura à sua alma. Releia com oração e atenção 2Crônicas 7.14 e Mateus 11.28-30.

5- Aproveitar a oportunidade: “… enquanto está perto… enquanto se pode achar” (55.6; Ef 5.15,16,17). Impressiona-me o registro bíblico de três homens que aproveitaram sua última oportunidade O cego de Jericó (Lc 18.35-43); Zaqueu (Lc 19.1-10). Foi a última vez que Jesus esteve ali: o crucificado que clamou por socorro (Lc 23.42).
A melhor oportunidade é “AGORA”. Qual a sua real situação? É uma questão entre você e Deus. Em oração, leia bem e cuidadosamente o hino, 258 do Cantor Cristão, e se sabe cantá-lo, cante-o. A melodia é linda; é de um dos meus compositores prediletos, Franz Joseph Haydn. Deus abençoe você, querido(a) leitor(a).

GLOSSÁRIO: Notas Explicativas.

*Pecado. Uma palavra genérica em nosso idioma para designar tudo aquilo que se opõe a Deus. No antigo Testamento hebraico é possível recorrer a, pelo menos, nove termos para descrever pecado. No Novo Testamento grego podemos recorrer a sete termos para o mesmo fim. Em ambos os Testamentos, cada termo reflete algum aspecto por que o pecado pode ser manifesto. O assunto merece um estudo específico, sendo impossível encaixá-lo neste espaço. Quem sabe em algum tempo posterior isto se torne possível. Busquemos nos adequar ao Senhor, de acordo com a Bíblia, evitando nos opor a Ele. Reflitamos em Colossenses 1.9,10.

*O Deus. Na lição 06, estudamos sobre a exclusividade da divindade, sua unicidade, como declarada em diversos contextos de Isaías, sem, entretanto, estabelecermos justificativas (exposições exegéticas) sobre o assunto.
Todo crente leitor da Bíblia percebe isso com facilidade. Aconteceu com meu pai. Deixou o engano religioso a que se aferrava, converteu-se.
A questão que abordo é a do costume impróprio de referir-se à divindade, usando expressões tais como: cremos num Deus vivo; nosso Deus é um Deus de amor; é um Deus Justo, etc.
A questão da impropriedade está no emprego do “indeterminado”, do “indefinido”, para designar Aquele que é ÚNICO, EXCLUSIVO, e não “um entre outros”, que é o sentido do indefinido, do indeterminado. Gramaticalmente o emprego está correto, mas Teologicamente é impróprio.Tenhamos cuidado com as expressões a que recorremos para tratar de assuntos bíblicos, teológicos.
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* “Pronto-Socorro”. Há pessoas que não cuidam regularmente da sua saúde.Só buscam tratamento em situações de emergência (Não estou defendendo a hipocondria).
Resolvida a emergência voltam à rotina como se seu corpo fosse um castelo tungstênio. Até nova emergência. Círculo vicioso da saúde.
Há crente (membro de igreja – muitas vezes “membro-ficha) que faz do Senhor o “pronto-socorro” das suas emergências. Nessas circunstâncias parece até gente convertida. Resolvida a emergência, desaparece. Não faz manutenção espiritual. Não lê a Bíblia, não ora, não evangeliza, não vai à E.B.D, nem aos cultos, não contribui etc. Até que…! Irmão(ã), você é um “dos tais”?. Leia cuidadosamente Jeremias 48.10.
Pense bem nisto. Cuidado!!! Terrível maldição !

*-Condicionalidade-Universalidade. A condicionalidade do relacionamento homem-Deus permeia toda a Bíblia. Deus não impõe; propõe. Se o homem aceita adequar-se ao Senhor, recebe bênção, incluindo a Salvação. Se rejeitar o Senhor, fica com a maldição.
2). Deus nos retribui com reta justiça, segundo nossas expressões de vida. O princípio lógico da implicação direta “SE… ENTÃO” faz parte da relação homem-Deus.

*-Universalidade. Refiro-me à abrangência, à globalidade do propósito redentor de Deus.
Não há base bíblica suficiente para ensinar que Deus, na eternidade, determinou uns para a salvação e outros para a reprovação. Esta é uma questão teológica que faz parte da História da Teologia, desde os dias de Agostinho de Hipona (Santo Agostinho).
No texto desta lição. Deus convida a “todos que têm sede”. Em Ezequiel 18, deseja que o ímpio se arrependa e viva (Ez 18.23,30-32). Compare no Novo Testamento: João 3.16; Mateus 11.28-30. Nos comissionamentos da igreja, Jesus ordena pregar a todos os povos e em Marcos, 16 a todas as pessoas; em João 4.42, os samaritanos reconhecem Jesus como verdadeiro salvador do mundo. Compare, ainda: Atos 17.30,31; 2Coríntios 5.14,15; 1Timóteo 2.3,4; Tito 2.11; 2Pedro 3. 9. Romanos 11.32). “... todos sob a desobediência… para mostrar misericórdia com todos”. Jesus ensina que o inferno foi preparado para o Diabo e seus anjos Mateus 25. 41.

LEITURAS DIÁRIAS:

segunda-feira Ez 36.16-38
terça-feira Jr 46.27-28
quarta-feira Jr 33 .1-26
quinta-feira Am 5.1-17
sexta-feira Os 14.1-9
sábado Is 12.1-6
domingo Is 55.1-13

Rótulo e Conteúdo

Isaías 58.1-14

Introdução. É comum ouvir-se de quando em vez: “Cuidado! As aparências enganam”, “nem tudo que reluz é ouro”; “por fora, bela viola; por dentro, pão bolorento”. Estes ditos populares têm seu lugar nas ações humanas. Falam do caráter de pessoas que se revela na sua vida prática.
O Mestre dos mestres ensina: “pelos frutos se conhece a árvore”. O capítulo em estudo nos fala exatamente disto. O culto que era prestado tinha aparência de piedade, porém sua motivação era outra. Havia uma espécie de “culto-barganha”. Havia o propósito de alcançar favores ao invés de adoração por amor, por temor piedoso. Os “adoradores” aparentavam piedade, fidelidade, mas seu viver não traduzia tais sentimentos. Havia dicotomia entre culto e ação.

1- Denúncia ordenada por Deus: Isaías 58.1,2.
“Clama em alta voz... como de trombeta... anuncia ao meu povo... sua transcrição... os seus pecados”. Há muita coisa importante aqui: Deus ordena ao profeta denunciar transgressão e pecados aos que vinham ao culto.
Era o seu povo (meu povo). Gente que havia sido escolhida; recebera leis, mandamentos e tinha sacerdotes, levitas, profetas, etc., cuidando dela, assistindo-a, ensinando-a.
Quando consideramos, assim, um alerta ressoa em nossa percepção: estava havendo falha na ministração ao povo? Que fora feito das reformas de Joás (2Cr 24.1-14); de Ezequias (2Cr 29.1-30); de Josias (2Cr 34.1-35. 19), etc. O registro de 2Crônicas 34. 8-21 dá a entender que houve negligência, pois o Livro da Lei estava abandonado e foi encontrado (v.14). Esse fato produziu o avivamento do reinado de Josias.
Ou o povo não levava em conta os ensinos que lhes eram ministrados? Parece que as duas ocorrências tiveram lugar. Nos nossos dias também... Deus se está agradando das ministrações e cultos que marcam nosso contexto? Os líderes precisam ser zelosos, fiéis na sua ministração. O povo de Deus precisa obedecer à Palavra assim ministrada e praticá-la.
O conteúdo do verso 2 deixa claro que o povo não vivia em justiça (como se fosse um povo que praticasse a justiça); o povo havia se desviado da Palavra de Deus (isso não aconteceria se não tivesse abandonado a ordenança do seu Deus).
Que proveito havia na prática de ritos e viver de maneira ímpia, injusta?

2-Queixas contra Deus: Isaías 58.3.
Esse povo além de prestar um culto egoísta, ainda se queixava do Senhor, atribuindo-lhe indiferença, desinteresse, ou, quem sabe, incapacidade para operar a retribuição esperada. As perguntas (queixas) dirigidas a Deus chegam a ser afrontosas:
• Por que temos jejuado e não atentas para isso?
• Por que temos afligido as nossas almas e não o sabes?
O Povo Israelita costumava celebrar fatos, eventos de sua história, para expressar seu reconhecimento a Deus. Lembravam a libertação do cativeiro egípcio, por meio da Páscoa; a peregrinação de quarenta anos no deserto, por meio da festa dos Tabernáculos; a doação da Lei no Sinai, por meio do Pentecoste; e outras, como a festa das expiações, conforme Lv 16.29-34; 23. 1-44; Nm 29.7, etc. Problemas surgentes na vida do povo levavam-no, também, a jejuns, ao oferecimento de holocaustos, etc. (Jz 20.26; Jr 36.5-10, etc).
Aqui não há uma especificação relativa a festas ou emergências. Parece-nos que se refere à rotina de atividades religiosas como nos capítulos 1 e 59. O povo tinha suas necessidades. Recorria à ajuda de Deus, usando como meio de movê-lo o jejum, o assentar-se sobre saco de cinzas, como expressão de humilhação, aflição, etc., mas apenas ritualidade. Nada fluía de um coração devoto e sincero. O verdadeiro temor, quebrantamento, etc. estava ausente (Sl 51.17). É impossível enganar a Deus (Sl 139. 1-16; Hb 4.13)
Não há no texto qualquer condenação ao Jejum. Jesus o praticou; Paulo o praticava; a igreja em Antioquia (na Síria – At 13) o praticava. A repreensão é dirigida ao superficialismo, ao ritualismo, à hipocrisia que estava ocorrendo. Deus aceita o culto verdadeiro, alegra-se nele, porém abomina, rejeita a hipocrisia, o “culto-barganha”.*

3-A resposta e a rejeição às queixas: Isaías 58.3b,4,5.
É maravilhoso o nosso Deus. Ele ouve as queixas daquela gente e, pacientemente, mostra o erro, classifica-o como transgressão e pecado, e corrige bondosamente. Duas respostas revelam a rejeição da motivação imprópria dessa busca de Deus. Quatro perguntas revelam que não foi essa prática que o Senhor pediu. Com simplicidade o Senhor conduz o povo à consciência de seu erro (pecado e transgressão), mostrando-lhe a seguir a adequada forma de vida que deveria ter.
– No dia em que jejuais prosseguis nas vossas empresas (na busca de vossos interesses) e exigis que se façam todos os vossos trabalhos. Certamente faziam seus jejuns, ofereciam seus sacrifícios no sábado, mas impunham aos seus servos a realização de tarefas pesadas visando ao aumento de suas riquezas, praticando a opressão.
– Jejuais e fazeis contendas, tendes desentendimentos (rixas) pessoais. Agredis (feris com punho iníquo) uns aos outros, etc. É difícil admitir que uma comunidade se disponha a cultuar o Senhor, agindo com tais motivações erradas, com tais atitudes.
O resultado é a rejeição dessa postura: “Jejuando vós assim como hoje, a vossa voz não se fará ouvir no alto” (no céu)... A questão não é indiferença ou incapacidade da parte de Deus (3a), mas atitude equivocada, motivação pecaminosa por parte dos “adoradores” (Is 59.1,2; 1.11-17; Gn 4.3-7; Tg 4.1-3, etc.). Deus, por sua própria natureza (justiça, santidade, verdade...) não pode aceitar tal adoração distorcida, equivocada, egoísta – “culto-barganha”. O culto verdadeiro, sincero, devotado, Deus aceita (Is 57.15; Gn 4.7; Jr 29.11-14). Porventura poderá o Senhor aceitar e retribuir todas as manifestações de cultos e adoração de nossos contextos atuais sob a alegação de contextualização? É necessário entender o que é a contextualização verdadeira e a contextualização clientelista*.

4- Perguntas reveladoras do erro dos “adoradores”: Isaías 58.5.
Há muitas perguntas que o próprio Deus faz, cujo propósito é tornar a pessoa consciente de sua situação pessoal. O Senhor conhece todas as coisas de maneira completa, absoluta (Gn 3.9,11,13; 4.9,10). No texto acima, Deus procura conscientizar o povo de que Ele não escolheria, não pediria, não aceitaria tal prática errada, distorcida, imprópria.
- Seria esse o Jejum que escolhi? É como se o Senhor quisesse lhes fazer pensar, refletir se Ele (Jeová) seria capaz de tal contradição (Zc 7.5-8).
- O dia em que o homem aflija sua alma? Qual o resultado de afligir-se, impor-se desconforto, penitenciar-ser fisicamente, flagelar-se como muita gente ainda hoje o faz?
- Consiste em inclinar a cabeça como o junco emurchecido pelo calor? Sentar-se sobre saco de cinzas? Que proveito em efetuar todo esse ritual e continuar com a maldade aninhada na alma, continuar na prática da iniquidade?
- Chamarias tu a isso Jejum e dia aceitável ao Senhor? As respostas a todo esse questionamento que o Senhor levanta é um categórico não. Jeová é o Deus da verdade, da justiça, da sinceridade, nunca das expressões exteriores, ritualistas, travestidas de adoração.

5- O jejum que Deus escolheu (O Culto Verdadeiro). Isaías 58. 6,7.
Novamente o Senhor volta ao método interrogativo para fazer Israel entender que o culto que Ele requer e aceita brota de um coração contrito, quebrantado (Sl 51.17; Is 57.15; Jr 29.12,13). Esse culto é expressão devocional sincera. O adorador adora conscientemente, sua alma se derrama naturalmente por reconhecer que o Senhor é digno de louvor, honra, glória (Sl 96.1-13; 100.1-5; Ap 4.8-11; 5.11-14).
O Senhor mostra por intermédio do questionamento que a atitude sincera, a prática da justiça, as atitudes piedosas devem estar em pleno acordo com os atos de culto (Mq 6.8; Ml 1.5,6; Os 6.6; 12.6; 1Sm 15.22).
Após mostrar o erro, o Senhor vai corrigi-lo, mostrando a atitude adequada para seu povo servi-lo, adorá-lo. Por meio de perguntas e respostas, ensina que o verdadeiro Jejum (culto) se manifesta por coerência entre adorar e viver. Vejamos o verso 6:
Acaso não é este o jejum que escolhi?
1-Que soltes as ligaduras da impiedade?
2-Que desfaças as ataduras do jugo?
3-Que deixes ir livres os oprimidos?
4-Que despedaces todo o jugo?
Agora a resposta a todas essas questões é um categórico sim. Que proveito haverá em deslocar-se ao Templo (ou qualquer local de culto), apresentar sacrifícios, jejuar, ajoelhar-se, aparentar quebrantamento, piedade, enquanto continua no pecado, na exploração, opressão de escravos ou trabalhadores (até mesmo no dia do repouso)? Deus repudia, reprova a injustiça social, a exploração, a opressão (Am 4. 1-5; Os 4. 1-3; 9.17; Jr 34. 8-22).
Vejamos agora o verso 7:
1- Porventura não é também que repartas o teu pão com o faminto?
2- Que recolhas em casa os pobres e desamparados?
3- Que vendo o nu, o cubras (o vistas)?
4- E não te escondas da tua própria carne; de teus próprios irmãos; de tua própria gente (Ne 5.10-12; Lv 25.25-35; Dt 15.12-18)?
O Antigo Testamento registra o cuidado que o Senhor manifesta com os necessitados (pobres, órfãos, viúvas, etc.) e ensinou seu povo a praticar a beneficência, lembrando-lhe o sofrimento experimentado no Egito (Mq 6.8; Is 1.16; Jr 4.14; Am 5.14,15).

6- A Justa Retribuição do Senhor à Prática da Justiça: Isaías 58.8-12.
A Bíblia inteira mostra a soberania de Deus orientando, dirigindo a história, cujo protagonista é o ser humano, Sua imagem e semelhança. Sua soberania se expressa numa condicionalidade relacional: “SE... ENTÃO”.
Vimos acima que Deus rejeitou a adoração imprópria, deixou de atender as reivindicações do seu povo por não atenderem seus ensinos. Não era culto autêntico, era um culto reivindicatório, “culto-barganha”.
Agora neste conteúdo o Senhor ensina o modo correto de adorá-lo. E as expressões de vida devem corresponder ao novo do povo: “Povo do Senhor” (2Cr 7.14). Vejamos:
Então romperá a tua luz como a alva (Pv 4.18). Haverá uma mudança completa. Os aspectos negativos da situação anterior serão mudados em expressões benditas da comunhão com o Senhor. Verão o Deus bondoso, cuidadoso, zeloso, pronto e poderoso.
E a tua cura apressadamente brotará. Se o povo (Israel) abandonar o superficialismo, a atitude egoísta, afastar-se da mera religiosidade e praticar o que é bom, então Deus operará sua justiça e mudará sua condição (2Cr 7.14; Jr 30.15-22).
E a tua justiça irá adiante de ti. A postura adequada, recompensada pelo Senhor, o fará seguir praticando o bem, realizando sua tarefa como Deus preparou.
• E a glória do Senhor será a tua retaguarda. Deus foi guia na condução de seu povo ao sair do Egito e também o protetor de sua retaguarda. Continuará a sê-lo se andar nos seus ensinos (Êx 14.19,20; Nm 15.16; Is 52.12; 63.8,9).
• Então clamarás e o Senhor te responderá... Eis-me aqui. O Senhor tem prazer em ouvir, atender seu povo. Mas é necessário estar adequadamente sintonizado com Deus (2Cr 7.14; Jr 33.3; 29.11-14).
• Se abrires a tua alma ao faminto, e fartares ao aflito. A liberalidade da alma generosa para socorrer os necessitados é o oposto do egoísmo. Na expressão aqui, seria como andar em trevas, na escuridão. O Egoísta (avarento, insensível) vive afastado do Senhor, da Luz.
• Então a tua luz nascerá nas trevas... como o meio-dia. A ação benevolente, misericordiosa reflete o caráter de Deus (Pv 4.18; Sl 37.6; 2Sm 23.3,4).
• O Senhor te guiará continuamente opondo-se às queixas do povo de não ser considerado, não ser atendido, Deus diz, por intermédio do profeta, que havendo mudança (conversão, abandono do pecado), Ele cuidará do seu povo continuamente.
• E te fartará até em lugares áridos. Estará Deus querendo lembrar ao povo do suprimento que seus antepassados receberam por quarenta anos no deserto? Nenhum Israelita morreu de fome, de sede, de nudez, de enfermidade. Morreu uma grande quantidade por rebeldia.
• Fortificará os teus ossos. Deus não somente farta com subsistência. Também com saúde. Ele prometeu que se houvesse obediência, nenhuma enfermidade viria sobre seu povo.
• Serás como um jardim... como manancial cujas águas nunca falham. Linda figura para habitantes da Palestina. Ambiente árido, desértico. Mas os que forem fiéis, permanecerem no Senhor, serão tais.
• Os descendentes serão abençoados: Serão a raiz de muitas gerações. Reconstruirão (restaurarão) os lugares assolados pelos babilônios. Vale a pena um estudo cuidadoso de como o Senhor cumpriu esta Palavra por meio de Neemias e Esdras.

7- O Sábado desvirtuado. Isaías 58.13,14.
A palavra sábado é um aportuguesamento da palavra hebraica, cujo significado em português é repouso, descanso, etc. A palavra não é sinônimo de sete. O repouso, de acordo com o registro de Gênesis (Gn, 2.1-3), ocorreu no sétimo dia. A ênfase, entretanto, está no significado, na finalidade, não no dia específico. Alguns destaques:
•Deus o estabeleceu e o justifica em Êxodo 20 e Deuteronômio 5.
•Estabeleceu-o como dia necessário ao descanso, à restauração física, mental, espiritual:
1-Abençoou-o: Fê-lo para nosso bem. Jesus afirma que o sábado foi feito por causa do homem.
2-Estabeleceu-o para repouso e culto; santificou-o. Separou-o para Si mesmo exclusivamente. No verso 13 há observações sobre o sábado, o dia do repouso, porque estava sendo profanado pelos israelitas. Pensavam estar procedendo bem, a ponto de se queixarem e requererem recompensas do Senhor, mas usavam o sábado em proveito próprio.
•Se desviares do sábado (do dia do repouso) o teu pé;
•E deixares de prosseguir nas tuas empresas (atividades de interesses pessoais) no MEU SANTO DIA (pertencente ao Senhor exclusivamente);
•Se ao sábado (dia de repouso) chamares deleitoso, ao santo dia do Senhor;
•Digno de honra; se o honrares, não seguindo os teus caminhos (propósitos pessoais);
•Nem te ocupando nas tuas empresas (cuidando de empreendimentos pessoais);
•Nem falando palavras vãs (prometendo fidelidade e não cumprindo). “SE... ENTÃO”.
Os resultados são descritos no verso 14 e podemos resumi-los na seguinte frase:
Tu serás bendito do Senhor em todos os aspectos de tua vida.

APLICAÇÕES

1- O povo de Israel (nos dois reinos) era descendência de Abraão, Isaque e Jacó. Foi formado para ser fiel e servir ao Senhor. Recebeu leis, preceitos, mandamentos e líderes para o apascentar (reis) e para os guiar espiritualmente (sacerdotes e profetas). Mas desviou-se, como estamos vendo na lição de hoje. Precisamos ficar atentos, como povo de Deus em nosso tempo e contexto, evitando cairmos nos mesmos erros.

2- Hoje, como então, Deus chama, prepara e envia líderes para cuidar do seu povo. É necessário que atendamos os ensinos que recebemos, tendo cuidado de discernir se realmente são alicerçados na Palavra de Deus.

3- Precisamos nos conscientizar do que é culto, como adoração ao Senhor, tanto no devocional, pessoal, como no familiar e no coletivo. Há diferença marcante entre “show” de entretenimento travestido de culto e culto genuíno, preparado e desenvolvido com o propósito de honrar, exaltar, glorificar ao Senhor, num espírito de verdadeiro respeito, de reverência à Trindade Santa.

4- Precisamos estar precavidos com tanta pregação “novidadeira” nos veículos de comunicação de massa apresentando outro Cristo que não é aquele do evangelho. Este é o Filho de Deus, que veio buscar e salvar os perdidos; que requer renúncia, arrependimento, vida nova; santidade e serviço. Aquele outro (o da mídia) é falsificado por seus apresentadores atuando apenas para o contexto terreno e material.

5- Precisamos valorizar, respeitar, santificar o domingo, o dia do repouso para os cristãos. Nada mudou de seu significado e finalidade. Jesus nos diz no Evangelho de João que nosso amor a Ele se manifesta por nossa obediência a seus ensinos. Esses grupos que ao invés de dedicar todo o dia a Ele, aproveitando os cultos, a alegria do convívio familiar, visitando necessitados, evangelizando, etc. se aplicam a coisas menos importantes, cuidado!


Glossário: Notas Explicativas:

* “Culto-Barganha”: Nunca me deparei com esta expressão em qualquer publicação, nem mesmo a ouvi em qualquer comunicação oral. Desde meus tempos de seminário, com o propósito de conhecer diretamente a verdade sobre muita coisa sensacionalista, visitava lugares desse tipo de “manifestações espetaculares”. Numa delas havia muitos deficientes físicos e nenhum foi curado. Mas as “promessas” de curas e solução de problemas mediante certas quantias mínimas sempre eram feitas. E dava resultado. Os ajudantes (obreiros) recolhiam bastantes e boas ofertas.
Certa feita, após acompanhar por algumas semanas os estudos de livros das chamadas “T.J.”, fiz uma pergunta. Fui descoberto e expulso como “espião”. Mas o colhido naquelas semanas com mais alguma pesquisa me rendeu bom grau na monografia.
Presentemente alguns grupos fazem sucesso com suas “manifestações espetaculares” e em pouco tempo já ostentam bom status. Os “milagres” requerem boas doações em moeda, veículos, imóveis, etc. É como se o Senhor tivesse “loteca” ou algum “baú da prosperidade”. Os tais líderes (milagreiros) nos quais favores são trocados, e os frequentadores apostam na possibilidade de serem agraciados. Assim estava acontecendo com aquela geração Israelita, de Isaías 58. Bom, eu chamei aquilo e as presentes “cerimônias”, de “culto-barganha”, ou seja: “toma lá, dá cá”. Mas se alguém tiver uma designação mais adequada, use o meu e-mail e me ajude. Obrigado.

• Contextualização Clientelista.
A palavra contextualização tem uma função muito especial no âmbito da comunicação. Eu a uso muito nas minhas aulas de Missiologia (Missões Transculturais). Desde o Seminário me senti atraído pelo estudo da comunicação.
No âmbito da Missiologia a Contextualização é aplicada à Comunicação e Relacionamento Transcultural. Como estabelecer boa comunicação do evangelho e um bom relacionamento com um outro grupo cultural.
Bem, a gente anda por aí, visitando, pregando, palestrando, etc. Vê-se muita coisa, coisa estranha também, do ponto de vista bíblico quanto a culto e adoração.
Contextualizar é o recurso ou método que a igreja usa para tornar a mensagem de Salvação inteligível (entendida) e relevante à sua comunidade. Isto é contextualização verdadeira. Quando, ao contrário, ela é usada para atrair gente, sem considerar Deus como objetivo do culto, torna-se contextualização clientelista. É aquilo que o Senhor Jesus conceitua como “porta estreita, caminho apertado” e “porta larga, caminho espaçoso”.




LEITURAS DIÁRIAS

segunda-feira Tg 4.1-6
terça-feira Gn 4.1-7
quarta-feira Dt 15.1-11
quinta-feira Ml 1.1-14
sexta-feira Jr 34.8-22
sábado Sl 96.1-13
domingo Is 58.1-14

A Idolatria

Texto Básico: Isaías 44.1-20

Introdução: Após apresentar o Senhor Deus incomparável e único; após mostrar que o Senhor é o Deus vivente*, cujas obras O atestam, o texto contrasta-o com os ídolos mortos, insensíveis, impotentes, obras de mãos humanas, expressão de engano, de ignorância, resultado absurdo da falta de raciocínio, de reflexão.
Idolatria* genericamente quer dizer culto, adoração, devoção que se presta, que se oferece a objetos materiais: estátuas, árvores, animais e uma série de outras representações de supostas divindades.
Há expressões de afeição, apego a coisas que alguém aprecia, coloca-a em lugar de Deus, ou preferencializa-as* em relação ao Senhor, que são consideradas como ídolos, e tais atitudes são considerados na Bíblia uma idolatria (Ef 5.5; Cl 3.5) e outras que consideraremos mais na parte final de nossa abordagem.

1-O tratamento bíblico da idolatria (Êx 20.1-5; Dt 5.7-10)
O povo do Senhor (Jeová) acabara de ser libertado da escravidão egípcia. Vivera lá 430 anos e convivera com o paganismo e a idolatria de seus opressores.
Estava sendo conduzido para a terra de Canaã, habitada por nações idólatras e devassas (Lv 18.1; 19.37) a presciência* divina leva-o a advertir os Israelitas a se absterem de todas as perversidades dos cananeus, incluindo seus cultos detestáveis, ofensivos ao Senhor.
Os acontecimentos envolvidos no processo de libertação de Israel do Egito, sua peregrinação de quarenta anos no deserto, a conquista das nações cananitas são todos manifestações sobrenaturais operadas por Jeová, jamais representados por qualquer forma ou objeto.
Ainda que possa parecer repetitivo, todo esse conteúdo histórico é a Revelação do trabalho de Deus no processo da história, para alcançar (consumar) seu propósito eterno. Por isso, Deus instrui seu povo, para preservá-lo na verdade, abençoá-lo, protegendo-o do engano, da mentira, cujo pai e autor é o Diabo (Jo 8.44).
2- Israel desobedeceu a Deus, corrompeu-se (Is 44.1-20)
Considerando os ensinos dados por Deus por intermédio de Moisés, Josué, e os profetas que o sucederam, cai certa perplexidade sobre os leitores da Bíblia. Isaías parece sentir-se perplexo. As suas palavras satirizantes da idolatria de seus contemporâneos nos dois reinos (Israel e Judá) revelam esse seu estado de perplexidade.
Nos versos 1-8 o profeta relembra as ações do Senhor que fizeram Israel vir a existir, a ser o seu povo (44.1,2): “Agora, pois, ouve, ó Jacó, servo meu, ó Israel a quem escolhi. Assim, diz o Senhor, que te criou, te formou, te ajudará (continuará ajudar-te): Não temas...”.
Seguem-se as promessas renovadas e novas perguntas para trazer a lembrança as coisas passadas e o futuro promissor que lhe tem preparado (44.3-8; Jr 29.11-13).
Ao fazer tais declarações Deus reitera que ele, somente Ele, é Deus. As suas obras nos dias passados hão que ser lembradas como atestado de que Israel é a testemunha que Jeová pode apresentar diante dos povos como aquela nação criada, preservada, conduzida, pelo Deus vivente, contraste perfeito aos ídolos inanimados, mudos, incapazes; falsos deuses que não podem falar, operar. São inúteis, simplesmente imaginários (44.6-8). É como se o Senhor perguntasse: Israel, meu povo; depois de tudo que tenho feito; depois de toda a manifestação de minha bondade, de meu poder, de minhas maravilhas nas gerações passadas e até hoje, como tu podes tomar essas coisas enganosas como teus deuses? É mesmo difícil entender! Fico perplexo.

3- A Insensatez da Idolatria (Is 44. 9-20)
É bom lembrar que o profeta está ministrando ao povo do Senhor. É gente que recebeu os ensinos, as leis, a instrução por meio de pessoas (servos) chamados e encarregados de proclamar a verdade. Não é a um povo pagão que o profeta ministra. A mensagem, os ensinos recebidos são precedidos da expressão: ”Assim diz o Senhor”. Ações poderosas confirmaram a autenticidade da mensagem.
Neste grupo de enunciados o profeta mostra a inutilidade do ídolo e a falta de entendimento, de discernimento de um povo que parece ter perdido sua nacionalidade:
3.1- Os artífices são insensatos; suas obras são de nenhum préstimo, isto é, nada valem (9,10);
3.2- Os fabricantes de deuses são apenas seres humanos: ferreiros, carpinteiros que trabalham com madeira (pau) e transformam isso numa estátua de aparência humana. Eles mesmos, os fabricantes de ídolos, se cansam, desfalecem (11-13);
3.3- Essa matéria-prima serve como lenha, e parte é transformada numa estátua, à qual se prostra e adora; diz a tal objeto: livra-me, pois tu és o meu deus (14-17);
3.4- Nada sabem, nada entendem esses artífices (44.18); nada sabem, nada entendem os que carregam ídolos em procissão (45.20). São deuses inúteis, não podem salvar;
3.5- Eles (os idólatras) não refletem, não param para pensar, para perguntar se isso tem sentido (lógica). Não é apenas uma árvore transformada em um objeto? (40.19);
3.6-Tais objetos de culto são uma abominação*, uma mentira, um engano. Tal culto é abominação ao Senhor (40.20; 41.24; 66.13; Jr 4.1; 6.15; 13.27; 16.18; cf. Is 1.13; Hb 2.19; etc.).
As considerações do profeta chegam a ser satirizantes, ridicularizantes, por ser um contrassenso. Como pode uma pessoa chegar a tal ponto de insensatez? Como pode descer a tal nível de embrutecimento (Rm 1.18-25; Ef 4.17-19). E que dizer do nosso tempo, em que o desenvolvimento tecnológico e científico nos tiram o fôlego, ainda contemplamos com perplexidade comunidades que adoram animais, e os que se dizem materialistas, negando a Deus, ridicularizando tudo o que se relaciona com Sua Revelação?
4- A Idolatria e o Novo testamento (1Co 10.14-22)
O Deus revelado no Antigo Testamento: o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó (Êx 3.6) é o mesmo Deus e Pai do Senhor Jesus Cristo (Jo 20.17). A Ele Jesus se refere que é necessário que o adoremos adequadamente (Jo 4.22-24).
O evangelho ao ultrapassar os limites do estreito nacionalismo judaico e penetrar o mundo gentílico, deparou-se com um contexto de idolatria e depravação, considerado naturais pelos povos que o habitavam (mundo Greco-romano).
As pregações apostólicas registradas nos Atos e as cartas tratam com toda a clareza e veemência a questão. Muito especialmente o apóstolo Paulo trata do assunto.
No texto acima e em outros correlatos ele ensina, guiado pelo Espírito Santo, alicerçado nos Escritos do Antigo Testamento, que o ídolo é uma nulidade, um engano demoníaco. O culto prestado ao ídolo é prestado aos demônios (1Co 10.19,20).
Ainda, fica clara para nossa advertência a necessidade de completa separação de coisas impróprias nas nossas celebrações. Nosso culto ao Senhor, nossas expressões de vida excluem todo e qualquer vínculo com aquilo que se relaciona a Satanás(1Co 10.21-22).
Outra manifestação perigosa da idolatria é a cauterização da consciência moral. Paulo reconhece que a depravação do mundo gentílico é fruto de suas crenças e práticas idólatras (Rm 1.18-32; Ef 4.17-19).

Aplicações:
1- Precisamos nos lembrar que, como povo de Deus no tempo e contexto atuais, corremos o mesmo perigo de Israel de então de desobedecermos a lei do Senhor (Sua Palavra Revelada), introduzindo práticas estranhas nos nossos cultos, como se fossem aceitáveis pelo Senhor (Is 1.12,13). A idolatria no passado entrou progressivamente até se tornar uma forma corrompida de culto. Hoje há muita coisa estranha penetrando os fundamentos da pureza bíblico-doutrinária em nossos ambientes evangélicos. Os líderes, principalmente os pastores, precisam estar atentos aos “bezerros de ouro “ e ao “fogo estranho”, impedindo-os de se enraizarem entre nós.

2- Há necessidade do ensino fiel e corajoso da pureza escriturística, entregando “oráculos de Deus” (1Pe 4.11; Ml 2.1-7); Isaías foi mensageiro fiel. Combateu o pecado, ensinou a verdade, não receou o povo nem os reis. Se nos seus dias fosse feita uma lei considerando o combate à idolatria “crime hediondo e inafiançável” ele teria cumprido sua missão como a cumpriu: “importa obedecer antes a Deus do que aos homens”. “Quando os fundamentos estão sendo destruídos, o que pode (deve) fazer o justo”
(Sl11. 3)?

3- Precisamos buscar na Palavra de Deus e na oração a capacitação para discernir o que é verdade e erro. O que é de Deus e o que é do mundo. Precisamos ser “luz do mundo”, brilhar no mundo escuro das trevas malignas. Impedir firmemente que as coisas do mundo tenebroso do pecado penetrem os “átrios do Senhor”, travestidas de coisas santas (Jo17. 14-19; 2Co11.3,14,15).

4- Precisamos saber que, com toda a certeza, nenhum membro de Igreja evangélica irá fazer um ídolo, ajoelhar-se a ele, cultuá-lo, etc. Entretanto, poderá “idolatrizar” no seu coração, na sua mente coisas que ofendem a Deus. Poderá, por ignorância (falta de ensino bíblico) agir idolatricamente, colocando, no lugar de Deus, coisas que parecem inocentes, inofensivas, que se tornam ídolos. Tais pessoas precisam de ajuda, de ensino, de orientação, de advertência (Ez 3.16-21).

Glossário:
Deus vivente*. Normalmente as traduções tanto no Antigo quanto no Novo Testamento usam a expressão “Deus vivo” em contraste aos falsos deuses, aos ídolos.
Porém a idéia é que o Deus da Bíblia é eterno, imutável, etc. Ao criar o homem, assoprou-lhe nas narinas o fôlego da vida e ele tornou-se alma vivente. As expressões verbais que designam tanto o homem como Deus trazem a ideia de algo que permanece para sempre. No Novo Testamento, especialmente, é usado o particípio presente para descrever o Senhor, num sentido progressivo, durativo, linear. Um exemplo clássico é o da confissão de Pedro em Mateus 16.16, cuja tradução rigorosa, é: “... Tu és o Cristo o Filho do Deus vivente”. Há vários outros exemplos semelhantes.

Idolatria*: Os termos Hebraico (Antigo Testamento) e Grego (Novo Testamento) designam um tipo de culto impróprio, indevido. O único culto verdadeiro, legítimo é aquele prestado a Deus (Senhor = Jeová – Dt 6.13;10.20,etc.). Jesus, ao ser solicitado por Satanás a adorá-lo, lhe responde, usando esta referência: “... ao Senhor teu Deus adorarás, e só a Ele servirás”. Satanás, petulantemente propôs a “Satanolatria” (culto ou adoração a Satanás). Qualquer forma de adoração não dirigida a Deus é tratada como idolatria. Paulo afirma que a avareza é idolatria (Ef 5.5; Cl 3.5 ).
Que dizer nos dias atuais da “Balipodolatria”, apego exagerado, fanático ao futebol? E tantas outras manifestações que superam o amor e o culto a Deus.

Preferencializar* (não registrado nos dicionários, nem usado). De quando em vez torna-se necessário criar um neologismo para expressar melhor uma ideia, abolindo o uso de verbos auxiliares. É o que faço aqui. Dar preferência com intenção especial. Ação de agir de maneira preferencial em relação a alguma coisa ou pessoa.

Presciência*: A palavra usada de maneira especial por Paulo e Pedro. Refere-se à Onisciência de Deus. Refere-se ao conhecimento absoluto e eterno de Deus. Ele conhece todas as coisas antes que venham a existir ou a acontecer. Deus nunca é apanhado de surpresa; nunca enfrenta emergências. Nele como num presente eterno, tudo é real.
A palavra usada para que nós entendamos que antes de nós Deus sempre e eternamente conhece todas as coisas.

Abominação*: Tradução de uma palavra hebraica (Antigo Testamento e Cognatas), grega (novo Testamento e cognatas). Há variado uso de ambos. Designa algo repulsivo, repugnante, nauseante. A idolatria é tão vil que Deus a vê assim, diante d’Ele. Este termo merece uma consideração especial associada à idolatrai, divórcio (Ml 2.16) e uma série de perversidades e iniquidades que estão sendo institucionalizadas em nosso país (recordemos o Salmo 11.3).

LEITURAS DIÁRIAS
segunda-feira Jr 10.1-25
terça-feira Sl 115.1-18
quarta-feira Is 44.1-8
quinta-feira Is 44.9-20
sexta-feira Is 46.1-13
sábado Rm 1.18-32
domingo 1Co 10.14-22

A Teologia de Isaías ( II ): A exclusividade de Deus (Is 41 e 43)

Texto Básico: Isaías 41.1-7; 43.10-13

Introdução: Na lição anterior vimos Isaías demonstrando a incomparável grandeza de Deus, revelada nas Suas ações e na glória da criação. Nesta lição buscaremos compreender a mensagem do profeta demonstrando que o Deus de Israel é Deus único (Dt 6.5; Is 42.8; Jo 17.3; 1Co 8.4-6).
Uma observação importante. Para assimilar o sentido da mensagem de Isaías neste estudo, é necessário ler atentamente os capítulos 41 e 43 e mais as referências paralelas recomendadas, considerando que é o próprio Deus quem fala. Há passagens em que o pronome da primeira pessoa do singular ocorre explicitamente por meio de “Eu /Me/ Mim” ou pelo uso do possessivo correspondente “Meus”, “Minhas” e das flexões verbais correspondentes. Ocorre umas poucas vezes na 3ª pessoa (singular e plural), sempre de modo enfático. Vejamos:
1- Me, Mim: 41.1; 43.10,11,20,21,22,23,24,25,26,27.
2- Meus, Minhas: 41.8; 43.1,6,7,10,12,13,20,21.
3- Eu: 41.4,10,13,14,17; 43.1,2,3,4,5,11,12,13,15,25.
4- Flexões verbais (1ª pes.sing. e pl.): 41.4,8,9,15,18,19,43.6,7,14,19,28.
5- Flexões verbais na 3ª pessoa: 41.2,3,4,16,21,22; 43.17,26.

1- Deus revela-se a Israel, afirmando-se único: Isaías 41.1-7.
A Bíblia começa apontando Deus como Criador: “No princípio criou DEUS* os céus e a terra” (Gn 1.1). Termina falando do Deus encarnado, Jesus Cristo, como o Salvador: “A graça do Senhor Jesus seja convosco” (Ap 22.21).
Entre estes dois extremos há um longo registro de Deus e de Sua Revelação no processo da história. Da criação à consumação, as ações de Deus o mostram como único, exclusivo. Ainda que o pecado e a ignorância (falta do conhecimento necessário)* tenham levado os pagãos à ilusão de deuses imaginários (não existem deuses). Os tais nunca existiram, nunca se manifestaram, nunca realizaram atos que demonstrassem sua existência, seus atributos, ou coisa semelhante.
O capítulo 41 começa com uma expressão contundente: “Calai-vos diante de mim… cheguem-se, e então falem; cheguemo-nos juntos a juízo”. Seguem-se perguntas que não têm respostas: “Quem suscitou do Oriente...”; “Quem faz que as nações…”. “Ele os entrega à sua espada…”; “Ele os persegue…”. A resposta é óbvia : o Senhor. Não há concorrentes ou competidores. A profecia, certamente, refere-se a Ciro, filho de Cambises. Há evidências de que era relacionado à nobreza da Média, que ficava ao Norte de Babilônia enquanto a Pérsia ficava ao Oriente.
Ciro conquistou as nações ao Norte e a Leste. Agora prepara-se para conquistar a Babilônia, vindo no primeiro ano de seu reinado a decretar a libertação dos israelitas (2 Cr 36.22,23).
Em Isaías 45.1-7, 150 anos antes do nascimento de Ciro, o Senhor dá essas palavras ao profeta e declara ser o Deus único (5,6) e criador de todas as coisas. O Senhor é o soberano sobre a história. Nenhum suposto “deus” responde.
No verso 4, outra pergunta é lançada, cuja melhor tradução entre algumas versões circulantes e adotada por A. R. Crabtree* é: “Quem consegue executar eventos tão maravilhosos, chamando as gerações dos homens desde o princípio da história humana?” Novamente, a resposta é obvia: O Senhor. Deus criou todas as coisas, o homem com sua natureza peculiar, capacitando-o e ordenando-lhe multiplicar-se e encher a terra (Gn 1.26-28; At 17.24-26; Is 37.16; 46.4; 48.12).

2- O Deus único cuida do seu povo. Isaías 41.8-20.
Deus dirige-se a Israel como seu povo especial. Nestes versos (8-13) Deus lhe fala, dizendo ser seu servo, seu escolhido de entre todos os povos da terra, para ser povo santo ao Senhor, nação sacerdotal (Êx 19.5,6; Lv 20.26; Is 62.12; 1Pe 2.5,9).
Como resultado de sua fidelidade, Deus não o deixará, nunca o abandonará, nunca renunciará seu propósito expresso na eleição (chamada) de Israel, que remonta a Abrãao (Gn 12.1-3).
Esse propósito é relembrado nas mensagens de Jeremias (Jr 30.10,11; 46.27,28) e de Ezequiel (Ez 28.25,26; 34.11-15; 37.24-28).
O Senhor dirige-se ao seu povo, dizendo: “Israel, servo meu”, para designar a posição que ocupa entre as nações. A palavra “servo” genericamente significa escravo, prestador forçado de serviços a seu amo. Mas aqui como “Servo do Senhor” (Jeová), Israel é honrado como o servo do rei, um nobre que ocupa uma posição honrosa entre as nações.
Israel é chamado “descendência de Abraão, meu amigo”, cuja melhor tradução é: “Abraão a quem eu amo”. Esse propósito expresso na chamada de Israel acompanha todo o registro da Revelação de Deus no Antigo Testamento.

2.1- O Deus único ajuda (socorre) o seu servo (Israel) 41.10,13,14; 43.1-7.
A história de Israel é o registro das ações do Senhor (Jeová) na vida do seu povo, como o Deus fiel, que o acompanha de geração a geração, manifestando seu cuidado (Dt 4.31). “Não temas, porque eu estou contigo…” (v.10); “… não temas, eu te ajudarei”.* (v.13). Esse encorajamento é acompanhado da enfática afirmação: “Eu sou teu Deus”; “Eu, o Senhor teu Deus, te sustento e te ajudo; e te digo: eu te ajudarei”. Ainda que Israel enfrente dificuldades, ameaças e perigos, o Senhor está com ele. Israel está exilado, prisioneiro na Babilônia, sofrendo sob seus dominadores, mas o Senhor está presente, trabalhando nos acontecimentos para libertá-lo da opressão e plantá-lo novamente na sua terra (43.14-21; 45.1-6).
Israel é como um troféu que Deus exibe às nações. É o povo que Ele formou, que é assistido, guardado, conduzido, amparado, protegido. Que outro povo pode ser apresentado por algum suposto “deus” como testemunho de sua existência, poder, ação na história (Dt 4.32-35)?
O Senhor pode fazer isto. Israel é o atestado do agir de Deus (Jeová) no processo da história. Deus pode desafiar as nações e dizer-lhes: olhem para Israel, sua existência, sua trajetória, desde Abraão até agora. Olhem para sua história. Avaliem os fatos passados e apontem algum povo que exista, que tenha uma história como a de Israel. Israelitas são as minhas testemunhas. O povo de Israel é a revelação de que Eu Sou, que opero na história, que cuido do meu povo (43. 9-14). Eu faço maravilhas aos olhos de Israel e das nações (41.17-20; 43.15–21).

2.3- O Deus único faz Israel vitorioso sobre os seus inimigos (41.11,12; 14-16).
Israel (povo de Deus) está exilado, triste numa terra pagã, sendo atormentado e oprimido (Sl 137.1-9). Enfraquecido, desarmado, empobrecido, sem poder para guerrear e vencer seus dominadores. O Senhor é onisciente, sabe dessa condição como sabia dos sofrimentos durante a opressão egípcia (Êx 3.6-11). Deus operou poderosamente contra Faraó; operou muitas vezes nos dias dos Juízes. Agora chegou o momento de favorecer seu povo operando contra a Babilônia. “Envergonhados e confundidos serão todos os que se irritam contra ti… perecerão” (11). “Quanto aos que pelejam contigo buscá-los-ás, mas não os acharás. E os que guerreiam contigo… perecerão…” (12). No meu entender, a profecia é dada 150 anos antes da libertação.
Não há dificuldade para o Senhor falar de qualquer fato em qualquer tempo (Is 45.11; 46.10).
Antes que a opressão chegasse, a libertação já estava preparada.
Ciro, o persa, no comando de seu exército, marcha vitoriosamente, derrotando os reis inimigos do povo de Deus. Ele não sabia que estava operando sob a soberania de Deus, para que o eterno propósito elaborado antes da fundação do mundo (Ef 4.9,10) se cumprisse. Israel era, no seu tempo, a geração na qual esse propósito se desenvolvia (Is 4.6; 9.10).
Ciro é convocado por Deus para efetuar a libertação de Israel (Is 45.1-5). Deus opera sábia e soberanamente; disciplina o povo por causa do pecado; detesta a rebeldia, porém ama o rebelde. Israel estava no cativeiro por isso, mas o Senhor o ama e o restaura.
Israel era fraco, impotente. Mas Deus o faz forte, vitorioso e livre (41.15,16). Sua fraqueza é mudada em fortaleza; sua opressão em liberdade; sua derrota em vitória; sua tristeza em alegria; seus lamentos em louvor; suas lágrimas em sorrisos (Sl 126.1-6).
Que gozo, que bênção, que paz, que gloriosa esperança para nós, Israel deste tempo. Somos o povo de Deus nesta geração. Ele é o mesmo: “O Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó”. O Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo (Jo 20.17,18). Aleluia! Amém!
(Complete sua alegria com a mensagem do hino 14 do Cantor Cristão).

Aplicações:

1- Precisamos saber conscientemente que o Deus único dos dias de Isaías é o nosso mesmo Deus. Ele trabalha na história em suas sucessivas gerações, até consumar seu propósito eterno feito no Seu Filho. Ele nos trata hoje da mesma maneira como tratou seu povo nas gerações passadas, como aquela contemporânea do profeta Isaías:

1.1- Se lhe obedecermos Ele nos abençoará. Se formos rebeldes, nos corrigirá (disciplinará), mas preservará sua bondade, pois detesta a rebeldia, mas ama o rebelde (Rm 5.5-8).

1.2- Precisamos estar conscientes e atentos aos meios que Deus usa para nos falar hoje. Como no passado enviou mensageiros para entregar Sua Mensagem, assim o faz em nosso tempo e nosso contexto. Devemos, com humildade, ouvir os recados de Deus, tendo o cuidado muito especial de verificar se estão fundamentados na Bíblia (At 17.10,11).

1.3- Devemos entender que nós, hoje, como nas gerações passadas, enfrentamos oposição e inimigos, por sermos o povo de Deus. Lembremo-nos que o Senhor sabe disso e está conosco. Ele proverá os meios para nos amparar, guardar e preservar (Dt 4.31; Mt 28.20; Is 41.10,13; 43.1,2,13). Releia os hinos 34 (Plena Graça) e 313 (Proteção Divina) do Cantor Cristão.

1.4- Atentemos para o fato que cada geração do povo de Deus tem seu papel no momento e contexto, e projeta influências e consequências no seu ambiente, momento e para as gerações sucedentes. Devemos buscar discernir qual a nossa responsabilidade, nossas expressões de vida como pessoa e como igreja, em conformidade com o propósito de Deus (Cl 1.9,10; 2Pe 1.2-11).

Glossário e Notas Explicativas:

• Deus: O Antigo Testamento usa várias palavras na sua língua original, o hebraico, para referir-se a Deus. Usa o termo genérico “EL” no Gênesis, no relato da criação, Sl 19.1-6, etc..
Outras palavras como “Senhor” já refletem outros aspectos da divindade. O espaço reservado na revista não permite uma descrição adequada desses nomes. Além dos nomes usados para designar Deus, Isaías recorre a uma série de títulos que tem significados relativos à natureza e ações de Deus. Ficamos devendo um ou mais artigos sobre este assunto.
Se os editores tiverem condições de inserir a matéria como encarte em uma ou mais publicações, faremos o possível para prepará-la.

• Crabtree: A. R.Crabtree. A Profecia de Isaías, vol. II. Casa Publicadora Batista,Rio de Janeiro,RJ-Brasil, 1967.

• Ignorância: O emprego que fazemos aqui não tem a ver com aspereza, grosseria, agressividade, etc. Significa falta do conhecimento necessário sobre um assunto, um fundamento doutrinário, informação insuficiente, etc.
Assim, as crenças pagãs são o resultado da falta de conhecimento de Deus, por não terem o registro de Sua Revelação. Paulo faz emprego de termos do idioma grego traduzidos, por “ignorar, ignorância, ignorante” e cognatos, para referir-se a conhecimento insuficiente (At 17.30; 1Co 12.1; Ef 4.18; 1Ts 4.13).

• Ajudo… Ajudarei: As palavras, as frases são expressões de ideias, de conceitos mentais. Na estrutura da comunicação o emissor (comunicador) age para fazer o receptor (ouvinte) entender o sentido de seu pensamento, expresso em linguagem. (Comunicar é estabelecer um entendimento comum sobre um assunto, entre duas ou mais pessoas.) Isaías está comunicando com fidelidade o pensamento (a mensagem ) de Deus ao seu povo. Ajudo é uma ação no presente, mas também traz o sentido de continuidade. O povo é dependente da assistência do Senhor. Ajudo, aqui, significa: “Eu te estou ajudando e continuarei a ajudar-te (Js 1.5,9). Presente progressivo.
Ajudarei: Quando, em que tempo, em que circunstâncias futuras? Outra vez o sentido é progressivo; ajudarei continuamente (Gn 28.15); Estou contigo (continuamente); te guardarei (continuamente); Js 24.15: serviremos ao Senhor (continuaremos a servir ao Senhor).
As ações do Senhor são presentes, manifestam-se diariamente, continuamente (Jr 3.22). Em Deus a gramática traz sentidos mais atraentes, mais profundos. Que tal aprender na gramática do Senhor?

Leituras Diárias

segunda-feira Sl 137.1- 9
terça-feira Is 41.1-19
quarta-feira 2Cr 36.11-23
quinta-feira Jr 31.1-14
sexta-feira Is 45.1-13
sábado Is 43.1-28
domingo Sl 126.1-6

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