segunda-feira, 30 de abril de 2012

A FAMÍLIA E A CRISE DE AUTORIDADE

Texto bíblico: 2Timóteo 3.1-9
Texto áureo: Provérbios 13.24

A autoridade em nossos dias está muito desgastada. Ela sofre do uso excessivo e da sua má aplicação. O mau exemplo vem de cima e as bases se rebelam quando são obrigadas a se submeter a códigos de lei e de conduta que as próprias autoridades se incumbem de menosprezar. Este descaso é nocivo para todos, pois se instaura um sistema de bangue-bangue em que cada um faz a sua própria lei.
Na vida pública, a questão da autoridade é regulada pelos códigos de conduta e pelos direitos do cidadão. A cidadania está mais valorizada hoje em dia. Porém nem todos conhecem os seus direitos e deles fazem uso. Entre os direitos do cidadão, por exemplo, está o de intocabilidade do corpo. Quando qualquer autoridade usa no tratamento dado ao cidadão formas de coação, tortura ou atitudes degradantes, ela incorre em algo que é preceituado por lei, chamado de abuso de autoridade, passando a estar sujeita às penas previstas.
Na família, vivem-se os dois extremos da questão: frouxidão ou excesso de autoridade: laissez-faire ou autoritarismo. E com isso, quem sempre sai perdendo são os filhos, que se criam sem orientações balizadoras para uma boa conduta social.

A rebeldia dos tempos modernos
Escrevendo a irmãos em Cristo de seu tempo, o apóstolo Pedro alertou quanto à existência de falsos mestres, que, andando segundo a carne, "desprezam as autoridades" (2Pe 2.10). Dá para se perceber que o problema, então, é de longa data. Entretanto os mais idosos costumam dizer que "as coisas estão muito mudadas", já não são "como antigamente". Então, isto pode ser um indício de que vivemos dias em que a questão da autoridade sofre do mal do "pouco-caso". Caiu-se num sistema depreciativo da autoridade, e isto tem levado a uma exacerbação deste sentimento em que sofrem as instituições, e a família não fica para trás.
As conquistas sociais forjaram várias gerações de jovens que abraçaram de certa forma um ideal de liberdade. Somem-se a isso os novos ventos de democracia soprados sobre países, que dura e cruelmente experimentaram, em algum período ao longo do século XX, algum tipo de censura sobre sua democracia. Saiu-se do extremo da repressão para o extremo da liberação. Muitos jovens embarcaram nesta canoa furada do "sigo minha consciência, faço o que me dá prazer" e assim, perdeu-se o controle da situação.
Muitos pais reclamam da rebeldia de seus filhos: crianças que não querem estudar; adolescentes que fogem da escola; jovens e adolescentes que se envolvem com as drogas. Some-se a isso, também, a facilidade para relacionamentos sexuais ilícitos; a influência nociva dos meios de comunicação de massa; entre outras questões graves de nossos dias. Mas devemos também olhar o outro lado da moeda, e lembrar do afrouxamento do controle do comportamento dos filhos por parte de pais que não querem provê-los de uma educação responsável. O fato é que filhos-problemas podem revelar a existência de pais-problemas. A psicologia tem mostrado que, quando um filho se envereda pelo caminho das drogas, a família já ficou doente antes. Segundo o psicólogo Vicente Parizi, especialista em psicologia transpessoal, "numa família saudável ninguém usa drogas ou abusa do álcool" (Ultimato, nº 282, pág. 14).
Tudo isso leva-nos à compreensão de que vivemos dias difíceis, à semelhança do alerta dado por Paulo a seu filho na fé Timóteo: "Sabe, porém, isto: Nos últimos dias sobrevirão tempos difíceis; pois os homens serão amantes de si mesmos, gananciosos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeição natural, irreconciliáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, atrevidos, orgulhosos, mais amigos dos prazeres do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando-lhe o poder" (2Tm 3.1-5).
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Como ser pai sem perder a pose
Muitos jovens casam-se hoje em dia sem estarem devidamente preparados para a vida a dois. Como faz falta a figura do conselheiro nupcial! Casam-se para ficarem livres dos pais, para alcançarem uma pretensa independência, para legalizarem uma vida sexual ativa que se vive escondidamente, para tantos fins menos nobres e, no decorrer dos dias é que vão se deparando com as questões mais pertinentes à vida de um casal. Vários destes jovens já entram para o casamento trazendo um filho na barriga ou mesmo já nascido. Como vão educar uma criança se ainda não aprenderam a cuidar de si mesmos? Por conta desta má preparação para a paternidade ou a maternidade, sofre-se uma inadequação a este novo papel social, que se tem que assumir quando chega uma criança no lar.
E, como a corda sempre arrebenta do lado do mais fraco, muitas vezes são as crianças que sofrem nas mãos desses pais. Pais embrutecidos pelos problemas da vida, que descarregam sobre a inocente criança suas frustrações e seus recalques. Diante de uma situação destas, vale o conselho de Paulo: "E vós, pais, não provoqueis à ira vossos filhos, mas criai-os na disciplina e instrução do Senhor" (Ef 6.4 - ECA).
Nesta advertência paulina, vamos encontrar o reconhecimento de uma situação muito comum nos lares: há pais que são mestres em provocar à ira seus filhos. Como fazem isto? Vivendo de forma a não se dar ao respeito, a não preservar a sua condição de pai e a autoridade inerente ao seu posto. Quando se perdem as rédeas da disciplina familiar, seja porque a rebeldia dos filhos extrapolou os limites do aceitável, seja porque os próprios pais não são exemplos a serem seguidos, então fica difícil de obter qualquer resultado positivo na vida de muitos adolescentes e jovens.
Provocar à ira os filhos pode ser de forma objetiva, como responder mal, não dar a atenção requerida, não respeitar o cônjuge, e assim despertar a revolta, entre outros casos. Mas pode ser também indireta, como ser irresponsável e não contribuir para a boa formação do caráter e do futuro do filho, ou mesmo prejudicar seus sonhos por meio de comportamentos inadequados.
Ser pai não é sinônimo de sisudez, endurecimento, dura cerviz, formalidade. Pode-se ser um bom pai e ainda assim ser amigo, legal, leal, brincalhão, recreativo. Pode-se e deve-se exercer a disciplina com autoridade e nem por isso se perderá a simpatia e a amizade do filho. Toda criança sabe quando erra e quando está a merecer um castigo. Saber aplicá-lo na dose certa, na hora certa e com amor, será muito benéfico para a formação de seu caráter. Como diz o provérbio: "O que retém a vara odeia a seu filho, mas o que o ama a seu tempo o disciplina" (Pv 13.24). E o filho sabe disso.


Aplicações para a vida
Vamos concluir nosso estudo sobre a crise de autoridade, reportando-nos ao modelo bíblico de autoridade familiar e em que bases ela deve ser estabelecida.
1ª) A Bíblia reconhece a autoridade do pai como líder da família - Não podemos fugir desta constatação bíblica. A figura do pai como peça-chave no exercício da autoridade está bem clara na Bíblia e, se as famílias experimentam muitos problemas hoje em dia, isto também tem a ver com pais que não assumem o seu papel e deixam com as mães (verdadeiras heroínas) esta tarefa (Ef 5.22-6.4).
2ª) A autoridade do pai é compartilhada com a esposa - Ter a prevalência da autoridade no lar não significa despotismo por parte dos homens. O exercício da autoridade está mais para o exemplo de conduta e proceder do que para a aplicação da vara. Assim sendo que, na visão moderna de parceria que deve existir no casamento, o casal deve agir em conjunto, harmonicamente, no exercício da autoridade sobre os filhos.
3ª) A autoridade que funciona é aquela que se exerce na base do amor - O amor é a base da vida. Sem ele, nada funciona como deveria. Não seria diferente numa religião em que a maior característica de seu Deus é "ser amor" (1Jo 4.8).
4ª) Toda autoridade precisa ser legitimada pelas Escrituras - Os pais precisam aprender a aplicar e exercer uma autoridade com base nos princípios bíblicos. Quando se vive e se recorre à autoridade da Palavra para a aplicação da disciplina, os resultados sempre são infalíveis. Há um preço, o preço da fidelidade. Quem for sábio que o pague e verá os lucros futuros na vida de filhos prósperos, dedicados e fiéis servos do Senhor. A Escritura é proveitosa para muita coisa, inclusive para ensinar, repreender, corrigir, instruir em justiça (2Tm 3.16).

LEITURAS DIÁRIAS
segunda - 2Pedro 2.10
terça - 2Timóteo 3.1-9
quarta - Efésios 6.1-9
quinta - Provérbios 13.24
sexta - Jeremias 29.6
sábado - Hebreus 13.4
domingo - 2Timóteo 3.14-17

Radical

quinta-feira, 19 de abril de 2012

OS NOVOS JEITOS DE SER FAMÍLIA

Texto bíblico: Salmo 127.1-5
Texto áureo: Salmo 127.1

Pensando na família como sendo uma instituição milenar, não podemos deixar de avaliar suas transformações ao longo dos séculos. É sabido que várias mudanças se fizeram perceber ao longo da história. Da antiga família de gerações, em que prevaleciam os interesses do clã, passamos a ter uma família de esposos. Da antiga família patriarcal, em que a figura masculina era preponderante, passamos a ter uma família de parceiros, em que as ideias são compartilhadas. De uma família numerosa, que atendia aos interesses econômicos do clã, vimos originar-se uma família de poucos filhos. De uma família de posse, proprietária de terras, passou a existir uma família de assalariados. A família de produção deu lugar a uma família de consumo; a família de trabalho, a uma de tempo livre; e a família estático-estável, a uma dinâmico-móvel.
Assim sendo, o "ser família" em nossos dias difere em muito dos modelos que a sociedade viu surgir e transformar-se ao longo dos anos. E hoje? Como está a família nestes tempos? O fato é que, como instituição, a família está em constante processo de revitalização, adequando-se aos novos tempos. O que estes novos tempos sinalizam acerca da família? Nem tudo o que a gente percebe hoje, em termos das novas formas de ser família, significa algo bom. Mas precisamos estudar estes sinais para compreendermos para onde caminha a família.

Amigado ou juntado e sem papel passado
Um modelo de relacionamento muito encontrado em nossa sociedade é o de casais que vivem juntos, na condição que se costumou chamar de "amigado" ou "juntado". Os que decidem viver juntos passam por cima das conveniências por diversos fatores (irresponsabilidade, carências econômicas, desvios de percurso, transgressão às regras sociais) e, depois que pulam neste barco, acostumam-se à situação e não mais se lembram ou desejam mudar o quadro.
Até bem pouco tempo as igrejas prestavam grande contribuição social disseminando o evangelho e alcançando casais nestas circunstâncias, paralelamente à recomposição de sua vida espiritual, contribuindo para os ajustes necessários à boa ordem social. Estes casais que viviam numa situação irregular recebiam toda a cobertura da igreja para ajustar-se perante a Lei. Os tempos passaram e a situação mudou. Primeiro, foi a evolução da interpretação da lei, que passou a reconhecer uniões estáveis, com mais de três anos de convivência, para fins de indenização, pensão ou herança. Depois foi surgindo uma regulamentação da situação e uma flexibilização das cobranças sociais sobre os indivíduos que assim procediam. Até que a questão caiu num total desinteresse social, dentro do esfacelamento dos valores éticos, passando a ser vista como normal.
Tal concepção, porém, sempre esteve à margem da interpretação bíblica ou do reconhecimento cristão de que assim devesse se proceder. Muitas igrejas flexibilizaram e passaram a aceitar em seu rol de membros gente amasiada – este é outro termo utilizado – gerando desconforto para as outras que primavam por só efetivar o batismo de um neoconverso quando ele regularizasse sua condição civil. É aqui que reside todo o problema: quando a igreja faz concessões por motivos outros que não a grandeza do reino de Deus, ela põe a perder o que o cristianismo tem de mais importante, que são seus princípios redentivos, que conduzem o ser a uma total recuperação de sua vida, após uma experiência de conversão, "o tudo que se faz novo" (2Co 5.17).

Casamento de fachada: a convivência entre matriz e filial
Evento muito difícil e constrangedor em nossos dias é a grande incidência de casamentos de fachada, em que já não se vive mais plenamente à relação conjugal, mas mantém-se o casamento, pois na balança entre perdas e ganhos, o lucro será maior em manter a situação como está, do que romper de vez. Situações como estas têm como causa o esfriamento do amor; a rotinização do casamento; as lutas da vida; a diminuição do apetite sexual por parte de um dos parceiros; motivações econômicas etc. Com o passar do tempo, os longos anos de convivência, a batalha pela criação de filhos, o envelhecimento e, em muitos casos, certo despreparo para a vida ou um descuido em manter constante alimentação da vida a dois, faz com que muitos casamentos estejam sobrevivendo apenas como forma de dar uma satisfação à igreja ou à sociedade.
É de se refletir sobre a validade de tal procedimento. Quem lucra e quem perde com tal embuste? Daí a importância de se ter uma assistência por parte da igreja por meio de ministérios específicos que cuidem da família, do cuidado pastoral em aconselhamento e edificação dos lares e do incremento da recorrência à terapia familiar especializada quando isto se fizer necessário. Tudo isto, porque, à revelia do nosso interesse e vontade, nossas igrejas estão cheias de casais vivendo em situação semelhante.
Não só isso! O passo seguinte é o mais assustador. Quando não se está experimentando a plenitude do casamento, da vivência conjugal, e, percebendo-se o passar dos anos, muitos indivíduos partem para a busca de um terceiro que venha a satisfazer seus desejos mais particulares de carinho, aceitação, compreensão, afeto e semelhantes, que, com os desgastes do casamento, seu cônjuge já não mais lhe propicia. É quando a intromissão desse intruso no casamento provoca iras, revoltas, dissensões e dissabores, cujas consequências, sobre o casal e os filhos, não se pode aquilatar com certeza, tal o volume do estrago que faz.
A igreja, porém, deve ser firme e segura quanto à condenação do adultério, pois é abundantemente condenado em toda a Bíblia (Êx 20.14; Lv 20.10; Jó 24.15; Mt 5.27; Rm 7.3; 1Co 6.9; 2Pe 2.14).

O projeto original de Deus
A família que nasce em Deus é voltada para a satisfação do ser: "Não é bom que o homem esteja só" (Gn 2.18). Esta constatação, por si só, evidencia que Deus estava interessado no bem-estar da sua criatura. Família, portanto, surgiu para trazer satisfação, complementação, ajuste, prazer, alegria, plenitude e todos os outros sentimentos inerentes à própria condição de ser família. Ou seja, família é para ser bênção, segundo a intenção original de Deus. Daí, os servos do Senhor não deverem se contentar com nada menos que uma família bem estabelecida, ajustada, em que reine a paz e o amor. Se não experimentam esta realidade por algum motivo circunstancial, devem lutar diante de Deus, corrigir seus erros (2Cr 7.14) e arrependidos procurar elevar a sua família à condição original para a qual Deus a estabeleceu.
No plano divino a família é formada de um(a) só parceiro(a), por isso Deus providenciou apenas uma companheira para Adão (Gn 2.18) e recomendou que os líderes fossem maridos de uma só mulher (1Tm 3.2). Ele estabeleceu que o casamento fosse o lugar para procriação e que o casal teria essa tarefa de povoar a terra (Gn 1.28). Estabeleceu que o relacionamento entre marido e mulher seria de submissão, por parte dela (Ef 5.22) e amor, por parte dele (Ef 5.25). Ele definiu que os filhos são bênçãos, heranças, do Senhor (Sl 127.3-5) e que por isso os pais deveriam zelar por eles, aplicando disciplina, se necessário, com amor (Ef 6.4). Também definiu que os filhos fossem obedientes a seus pais (Ef 6.1) e que a eles deveriam honrar, prometendo longevidade para aqueles que assim procedessem (Êx 20.12). Qualquer constituição familiar que fuja a este padrão divino é pecado, pois contraria frontalmente a intenção de Deus, caracterizando-se como desobediência aos seus ensinamentos. Todo servo de Deus deve primar por uma família dentro dos padrões divinos.

Aplicações para a vida
Algumas considerações finais sobre como ser família hoje dentro dos padrões de Deus:
1ª) A família precisa rejeitar o pecado sem discriminar o pecador - Convivemos com pessoas das mais diversas formações e concepções. Podemos conviver socialmente com todos, respeitando e agindo com maturidade, sem, contudo, ser conivente com o pecado ou ter que segregar alguém.
2ª) A família deve prevenir-se do mal vivendo em amor - Uma união sólida, respeitável, em que se construa uma família com bases espirituais, em amor e santidade será condição para prevenir-se dos ataques de Satanás.
3ª) A família precisa sempre querer saber a vontade de Deus - A aprovação divina para nossa maneira de ser família deve ser buscada constantemente, com sinceridade e devoção.

LEITURAS DIÁRIAS
segunda - Salmo 127.1-5
terça - 2Coríntios 5.17
quarta - Mateus 10.26-33
quinta - Êxodo 20.14
sexta - Jó 24.15-20
sábado - Mateus 5.27-30
domingo - Efésios 5.22-6.4

A ERA DOS RELACIONAMENTOS DESCARTÁVEIS

Texto bíblico: Jeremias 31.1-40
Texto áureo: Jeremias 31.3


Uma marca cruel dos tempos em que vivemos é a superficialidade dos relacionamentos. As pessoas se tornam, forçosamente, ilustres desconhecidas, já que as relações sociais são restringidas ao mínimo necessário para a sobrevivência. Além disso, quanto menos envolvimento emocional ou afetivo com o outro, melhor. Para não haver compromissos. Para não haver carências. Para não sofrer rupturas.
Esta abordagem que mostra a vivência superficial dos relacionamentos revela que tal comportamento atingiu também a família. Casamento passou a ser não mais aquele compromisso "até que a morte separe", mas "até que surja uma nova opção". Com isso, a família saiu prejudicada e o futuro passou a correr o risco de tornar-se mais “sensaboroso” para aqueles que de alguma forma continuam acreditando na família e têm de lutar contra os novos conceitos, novos valores e novas formas de "ser família" dos tempos modernos.

Os perigos de uma sociedade extremamente voltada para o prazer
Esta sociedade que cultua o individualismo é extremamente voltada para o prazer. Um lema de uma grande Loja de Departamentos que faliu (talvez tenha sido por isso) era: "Sua satisfação garantida ou seu dinheiro de volta!". Isto retratava bem claramente a ambição humana de encontrar satisfação, ter lucros, se dar bem. Também é isso que as pessoas querem obter em seus relacionamentos: Satisfação! Numa visão egoísta da vida, para dentro de si mesma, esquecendo-se de que relacionamento é uma via de mão dupla: à medida que eu procuro satisfazer o próximo, eu sou satisfeito.
A busca irrefreada e irrefletida do prazer têm absorvido em grande escala o que o ser humano tem de melhor: criatividade, saúde, espontaneidade, laços familiares, espiritualidade. E o ser humano não tem se dado conta disto. É bíblico: "O homem natural não compreende as coisas que são do Espírito de Deus" (1Co 2.14). Assim sendo, este hedonismo leva as pessoas para mais perto de um mundo imoral, em que as velhas crenças e o velhos valores são postos de lado, em benefício de supostas satisfações mais imediatas. Casas de shows, praias de nudismo, filmes, eventos, publicações são a ponta mais visível de uma indústria do entretenimento, que visa oferecer prazer para as pessoas. Não há nenhum tipo de compromisso com as verdades bíblicas.
Num certo sentido, também a liberação feminina, a partir dos movimentos feministas, que buscavam a libertação da mulher do jugo opressor do homem, contribuiu para estas mudanças. Com o advento da pílula anticoncepcional, a mulher tornou-se mais independente, foi à luta, conquistou seu espaço no mercado de trabalho, galgando maior desenvoltura pessoal e desapegando-se da figura masculina. Não se questiona a importância que teve a mulher buscar seus direitos sociais, mas não se pode deixar de perceber o quanto isto representou de perda para a família em muitos aspectos.

Casamentos que prescindem do compromisso
Neste tópico queremos discutir um pouco a diferença entre "o amar" e "o gostar". Para um relacionamento dar certo, funcionando como deve, precisam existir os dois. Os dois são importantes, cada qual na sua função. Mas falemos antes de outro elemento muito presente nos relacionamentos: "a paixão". A paixão difere do amor, na medida em que ela possui a marca da extemporaneidade, num concerto improvisado do amor que nem sempre afina. A paixão é galopante, avassaladora, muito sentida e pouco pensada.
É preciso se ter muito cuidado com a paixão. Aquele sentimento de se estar "perdidamente apaixonado" por alguém, muitas vezes, não passa de um interesse físico, sexual, que tão logo seja satisfeito pode levar ao rompimento da relação. Os adolescentes (principalmente) e jovens e, mais presentemente, os quarentões da vida, são presas fáceis da paixão. Uma vez por ela engodado, pode-se pôr muita coisa a perder, e o Diabo é astuto em suas maquinações para destruir a família.
Mas, falemos do "amar" e do "gostar". Dizíamos que ambos precisam se fazer presentes nos relacionamentos; nos casamentos. O que é o gostar? O gostar é uma qualidade de interesse em algo ou alguém que revela tendência ou inclinação para algo. É ter prazer em possuir, experimentar, saborear, pertencer a algo ou alguém. É ser simpático, interessado, com a atenção voltada para aquilo que lhe desperta afinidades. É sentir o sabor de algo que lhe agrada. Não pode faltar o "gostar" num relacionamento que se pretende eterno (não "eterno enquanto dure" como apregoou Vinícius de Moraes). Como pode alguém conviver por anos a fio com outrem de quem não gosta? É preciso gostar! E no casamento este gostar é sinônimo de ter prazer.
Mas e o amar? O que é? O amor, como acontece? Ah, "o amor é lindo", diria o romântico. "O amor é a porta que abre o paraíso", diria o poeta. "O amor é o compromisso que se estabelece nas dobras do coração", diria o filósofo. Este sentimento fundamental para a vida e para a fé; para o presente e para o porvir, é algo inerente à vida cristã, ao casamento cristão. Sem amor não há lar que resista. Diria que o amor é conceitual, é filosófico. É mais da cabeça do que do coração (embora Blaise Pascal tenha dito que "o amor tem razões que a própria razão desconhece..."). Então, o amor é uma escolha, uma decisão.
Tudo isso que temos falado neste tópico é o oposto do que essa sociedade de relacionamentos descartáveis apresenta. Vivemos dias de casamentos sem compromisso, obviamente, casamentos sem amor. Devemos responder com casamentos de qualidade para influenciarmos positivamente nossa geração.

A problemática do divórcio
Não poderíamos deixar de abordar esta questão neste estudo. A drástica consequência de tudo o que temos visto sobre esta era de relacionamentos descartáveis é o aumento agressivo de separações de casais. A superficialidade, a falta de amor, o descompromisso desta geração desemboca na cruel realidade do divórcio, que destrói famílias, agride filhos e provoca rupturas difíceis de serem corrigidas.
Como a igreja deve se comportar diante da escalada do divórcio na sociedade? Pode a igreja fechar os olhos a essa realidade? E quando as pessoas que tomam decisões espirituais em nossas igrejas vêm de lares desfeitos ou estão com seus casamentos rompidos? Esta é uma questão muito delicada, para a qual não podemos tapar os olhos.
Em primeiro lugar, a igreja de Jesus Cristo deve pautar-se por uma postura contrária ao divórcio. Todo líder que é espiritual deverá ir até as últimas consequências para salvar um casamento à beira da ruína. Mas muitos casos têm chegado até nossas igrejas já insolúveis, questão de anos, de novos relacionamentos, novas famílias. O que fazer? Então, reafirmamos: a igreja de Jesus Cristo deve ser contrária ao divórcio, mas a favor do divorciado! Todo divorciado é também um pecador digno do amor de Deus, alvo do perdão e da graça divinos. Se tudo se faz novo na vida de quem está em Cristo, se todas as coisas velhas já passaram (cf. 2Co 5.17) então isto também é uma verdade na vida do divorciado.
Reiteramos que o projeto original de Deus para o casamento é a sua indissolubilidade, um casamento para sempre (Mt 19.6), e que isto continua sendo válido para nossos dias, mas que, por causa da dureza dos corações humanos (Mt 19.8), nossos pecados, Deus permite que haja uma válvula de escape, a cláusula exceptiva mencionada por Jesus (Mt 19.9) para contribuir com ministrações de misericórdia aos que estejam enfrentando tais problemas. Trata-se de assunto sério, que não podemos tratar com leviandade, muito menos sem amor, mas que deve-se enfocar a partir da perspectiva de que "cada caso é um caso" a fim de que se busquem as melhores soluções de Deus.

Aplicações para a vida
Fiquemos com as seguintes conclusões, que são desafios de tudo o que temos visto neste estudo:
1ª) A família precisa valorizar a espiritualidade - Em um mundo que valoriza o material e o que satisfaz ao corpo, a família precisa valorizar o espiritual, investindo na comunhão com Deus.
2ª) A família precisa fundamentar-se no amor - A família não pode abrir mão do amor como amálgama a unir seus membros. Espelhar-se em Deus e no seu amor incondicional deve ser busca constante (Rm 5.8).
3ª) A família precisa estabelecer-se em laços de compromisso - O compromisso de amparar, zelar, investir, amar, cuidar e proteger a família não deve ser posto de lado. Todos os membros da família precisam contribuir para seu sucesso.

LEITURAS DIÁRIAS
segunda - 1Coríntios 2.6-16
terça - Salmo 1.1-6
quarta - 1Coríntios 13.1-13
quinta - Jeremias 31.1-40
sexta - Efésios 5.22-33
sábado - 2Coríntios 5.17
domingo - Mateus 19.1-12

quarta-feira, 18 de abril de 2012

A FAMÍLIA DIANTE DA PERDA DE VALORES

Texto bíblico: 2Coríntios 6.11-18
Texto áureo: 2Coríntios 6.14


O mundo vive um momento sem semelhança com nenhum outro, de total descontrole sobre a aplicação e vivência de princípios e valores nas relações sociais. Ninguém quer ser tachado de "chato" por querer organizar, disciplinar ou manter as bases da boa convivência. Há um alto preço a se pagar, inclusive nas próprias igrejas. As instituições que deveriam ser reguladoras da ordem e da boa conduta soçobram diante do caos imperante. A família transferiu para a igreja a responsabilidade da educação religiosa e a igreja, em muitos casos, faz o jogo do sistema e não quer manter firme a sua conduta cristã, abrindo brechas para o Inimigo.
Acusa-se a igreja de ter-se transformado em "clube social" para onde todos afluem embonecados, no desfile semanal da passarela da moda. Se a igreja não se mantiver firme na pregação do evangelho e na condenação do pecado, ela perderá a sua relevância para uma sociedade já em extremo decaída. Já no livro de Deuteronômio temos a instrução divina acerca do zelo que a família deve ter na preservação da fé em Deus e da experiência religiosa: "Estas palavras que hoje te ordeno estarão no teu coração. Tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, andando pelo caminho, deitando-te e levantando-te" (6.6,7 – ECA).
Vamos estudar um pouco acerca da situação vigente em nosso mundo e como a família precisa ser instrumento de Deus para preservação de princípios e crescimento espiritual de seus membros.

Reconhecendo os desvalores do mundo presente
Diz-se que "uma nação está condenada a repetir os seus erros se não conhecer a sua história". Muitos crentes querem "tapar o sol com a peneira" dizendo que os tempos modernos são outros e que os nossos jovens e adolescentes precisam de mais espaço para respirar suas ideias e valores. Conheço muitos pais que se arrependem amargamente disto, ao verem hoje seus filhos nas drogas, com lares desfeitos e fora da igreja porque eles, pais, não souberam reconhecer a maldade do mundo e pôr limites em suas vontades. A psicologia pregava sobre a não recriminação; hoje ela ensina o contrário: saiba estabelecer limites!
Vivemos uma era de amplas possibilidades. O acesso aos bens de consumo e às ideias se tornou mais democrático, embora muitos ainda não possam dispor dos cenários e adereços de seus sonhos. A questão é que junto com o ouro veio o cascalho. E é esse lixo moral que a família não pode permitir que entre em seu lar. Nossa sociedade é permissiva, tudo é possível desde que haja certas regras e compromissos. Só que, quase sempre, estas regras opõem-se à ética cristã. Daí que, entre ficar com o socialmente aceitável e o biblicamente recomendável, o crente deve optar pelo segundo.
De acordo os padrões da sociedade, pode-se consumir álcool, desde que seja socialmente; não se recrimina quem fuma, desde que respeite os locais para não fumantes; não há problemas numa pequena mentira, afinal os fins justificam os meios; relacionamentos sexuais pré-conjugais não são questionados, desde que sejam motivados pelo amo,r e outras explicações do gênero são dadas para justificá-los. A questão é que a moral do mundo é diferente da moral cristã.
Na sociedade em que vivemos houve uma inversão de valores, em que o certo passou a ser o errado e vice-versa. Ai de quem contrarie o sistema, por uma conduta díspar. As adolescentes têm vergonha na escola, de declararem-se virgens, pois as colegas zombam na cara. Este é o mundo em que vivemos. As famílias precisam estar bem entrosadas, unidas, num relacionamento em que reina o amor, o carinho e a compreensão para que os mais novos possam suportar todas as pressões a eles sobrevindas.

A importância de se estar firmado em princípios
Concluímos, então, pela importância de se estar fundamentado em princípios e valores normativos que sirvam de balizamento para que os membros da família possam pautar suas ações e ancorar seus ideais.
Que princípios, para a família, seriam estes, à luz das Escrituras Sagradas?
a) O princípio do respeito mútuo - Uma boa convivência na família não prescinde do respeito para poder existir. O respeito deve existir tanto entre cônjuges, quanto de pais para filhos e destes para seus progenitores (Is 9.15; Mc 12.6). Todos querem ser felizes e alcançar sucesso na vida, mas isso começa com uma boa base no lar, assegurada pela valorização que cada um faz do seu familiar – este próximo tão próximo –, que Deus colocou perto da gente para nos ajudar a ser alguém neste mundo.
b) O princípio da solidariedade responsável - Outro princípio importante concernente à família é o da solidariedade responsável. Precisamos nos interessar pelo parente; investindo nele o que pudermos; esforçando-nos para torná-lo um vencedor; cooperando para resolver seus problemas; apoiando-o em suas necessidades; encorajando-o e estimulando-o em seus desencantos; sustentando-o com as nossas orações e "chegando junto" (At 16.9) quando ele estiver precisando, seja em que área for de sua vida.
Que o sentimento de fraterno interesse pelo membro da família nos leve a tornarmo-nos empáticos (sentindo junto com o outro) em suas alegrias e tristezas.
c) O princípio da obediência à liderança - Este é um princípio muito desgastado nas famílias dos dias atuais. A obediência a qualquer tipo de liderança começa no lar (Ef 6.1-9). Pais que não se dão ao respeito, que não exercem uma autoridade com amor, que não disciplinam seus filhos com compaixão, que se tornam verdadeiras marionetes nas mãos de abusadas crianças sem limites estão pondo a perder o futuro de seus filhos. Costumo dizer que é melhor usar a "vara" em casa, do que deixar os filhos apanharem da vida. Em casa a disciplina será com amor. Na vida, a correção virá cruel, em forma de vingança, implacável e sem apelação. Há criança que não respeita os pais em casa, não obedece aos professores na escola, não aceita sobre si nenhuma autoridade seja religiosa (pastor, diácono), política ou qualquer outra institucional (médico, policial) dentre outras. Não se quebra este princípio impunemente. A conta virá futura, porém amarga.
d) O princípio do amor sincero - Como não poderia deixar de ser, não pode faltar o amor na família. O amor agape, despojado, incondicional. Amor doador, de entrega, que se espelha no próprio Cristo, que vê no outro o alvo das atenções. Aquele amor que não espera nada em troca, amor altruísta, visionário, cheio de renúncias e interesses solidários (1Co 13.1-13). Amor sem desconfiança, sem competitividades, sem outros interesses menores. Somente o amor é capaz de fazer do lar um espaço de vitória, de prazer. Irmãos, pais e filhos que se amem cooperam para o crescimento autossustentado da família, do ponto de vista do amparo e proteção emotiva. E num mundo tão destrutivo e estéril em que vivemos, nada melhor do que um lar assim estabelecido.
e) O princípio da espiritualidade prioritária - Também para a família este princípio tem muito valor. A orientação do Mestre, "Mas buscai primeiro o reino de Deus e a sua justiça e todas as demais coisas vos serão acrescentadas" (Mt 6.33), mostra que quando as questões espirituais estão indo bem, Deus cuida do resto. Se a casa não for provedora de espiritualidade, o mundo não vai poder oferecer isto para os nossos filhos. É de responsabilidade dos pais agirem espiritualmente em direção aos seus, com oração, leitura bíblica, devoção, cultos e valorização da igreja como instituição divina. Cada família deve exercitar a confiança do salmista, entregando ao Senhor todo o seu caminhar e confiando nele (Sl 37.4,5).

Aplicações para a vida
Diante de tudo que vimos até aqui, podemos tirar as seguintes conclusões:
1ª) É preciso valorizar a família como projeto de Deus - A família é instituição divina (cf. Gn 2.18-25) e como tal precisa ser valorizada. Ainda não foi inventado algo melhor para substituir a família em termos de companhia, aconchego, proteção, amor e desenvolvimento sadio. Nem nunca será! A família continua sendo válida para os nossos dias e ela será garantidora do futuro da humanidade.
2ª) É preciso fundamentar a família em princípios bíblico-cristãos - A família precisa estar atenta quanto às influências nocivas do mundo e não permitir que seus valores e princípios cristãos sejam destruídos.
3ª) É preciso ter a família em vigilância constante - "Orar e vigiar!" Este é o binômio que a família não deve abandonar nunca. Na dependência de Deus e na vigilância quanto às ciladas armadas pelo Inimigo, a família sobreviverá nestes dias tão difíceis (Lc 21.36; 1Pe 4.7).

LEITURAS DIÁRIAS
segunda - Deuteronômio 6.1-12
terça - Deuteronômio 6.13-25
quarta - Marcos 12.1-12
quinta - Atos 16.9-15
sexta - Efésios 6.1-9
sábado - 2Coríntios 6.11-18
domingo - Mateus 6.25-34

PERFIS DE NÚCLEOS FAMILIARES NO BRASIL

Texto bíblico: Filipenses 4.1-9
Texto áureo: Filipenses 4.8

Neste estudo vamos procurar analisar a família em seu contexto brasileiro. A realidade nacional ainda precisa ser pintada com as cores do terceiro-mundismo, que é marca vigorosa no país. Não adianta falarmos de um ideal de família que muitas vezes não tem nada a ver com a realidade tupiniquim. Muitas destas organizações evangélicas que trabalham com família no Brasil pecam por falar de uma família americana média e tentar impor este modelo ao país. Nossa realidade é bem outra, e precisa ser entendida e respeitada se quisermos contribuir de maneira positiva para o aperfeiçoamento das famílias brasileiras.
Vamos tentar apresentar algumas dessas situações, e assim traçar os perfis de núcleos familiares existentes no Brasil.

A família sob o ponto de vista socioeconômico
A análise da realidade brasileira sob o ponto de vista geográfico nos remete para a questão maior, que é a socioeconômica. O Brasil é um país cruel em se tratando da distribuição da renda nacional. Um PIB (Produto Interno Bruto) altíssimo, entre os 10 maiores do planeta, mas com uma péssima distribuição, pois a concentração de renda nas mãos de uns poucos privilegiados é gritante. Já se tem falado em valores como 90% da riqueza do país concentrada nas mãos de 10% dos habitantes. A igualdade social é um lema velho, da cartilha socialista mundial, mas que no Brasil ainda não se escreveu com tintas fortes.
Vamos procurar entender um pouco estes contextos socioeconômicos em que se inserem nossas famílias, para entender seus meandros sociais típicos e os câmbios sociais a que estão sujeitas:
1º) A presença da fome e da pobreza no país - A fome e a pobreza no Brasil é algo estarrecedor, ainda mais, levando-se em conta a riqueza nacional em termos de solo, água doce, multiplicidade de culturas agrícolas; dentro da constatação primeira de Pero Vaz de Caminha em sua famosa carta, “Nesta terra, tudo que se planta, dá!”, não era para o país enfrentar crises de abastecimento ou abrigar bolsões de miséria, em que crianças subnutridas e pais desempregados disputam comida por causa da fome.
O programa “Fome Zero” é uma iniciativa para pôr termo a este tipo de situação que depõe contra o bom nome do país. Mas o Brasil não precisa de paliativos. O Brasil precisa de ações concretas de educação, distribuição de renda, saneamento básico, acesso democrático ao mercado de trabalho, oferta de empregos, justiça social, para que, numa visão global da realidade, se possa, pela via do desenvolvimento, construir-se esta sociedade plural, em que todos tenham acesso às condições mínimas de sobrevivência e cooperem para a construção de um Brasil melhor.
2º) A baixa classe média - Costuma-se classificar a classe média em: baixa, média e alta. A baixa classe média seria aquela mais próxima da linha de pobreza, desta, porém, distinguindo-se por encontrar-se numa situação mais privilegiada quanto a moradia e emprego. Este território, entretanto, é muito difícil de demarcar, num contexto brasileiro de muitas desigualdades e muitos revezes. As famílias, no entanto, que se enquadram nesta categoria passam por tremendas privações, que prejudicam sua estabilidade emocional, a partir de carências várias no âmbito socioeconômico.
3º) O achatamento da classe média - Um dos revezes sofridos pela classe média a partir da década de 80 passada foi o que os estudiosos chamaram de “achatamento da classe média”. Toda vez que os poderes executivo e o legislativo se uniam para lançar um novo “Pacote Econômico” a corda sempre arrebentava do lado do mais fraco, no caso, a classe média. Com isso, empurrou-se a classe média para mais perto da linha de pobreza, diminuindo seu poder de compra, consumindo sua reserva monetária da poupança, prejudicando a classe mercantilista – os burgueses contemporâneos – que viram seus lucros baixar e suas economias se corroer. Sem o giro de capital do comércio, e o fomento do desenvolvimento pela construção civil, o país estagnou-se na chamada “década perdida” e custa a se encontrar novamente. Milhares de famílias passaram por maus bocados decorrentes desse realinhamento social a partir do neoliberalismo e da globalização.
4º) Os novos-ricos: emergentes - Mas nem tudo foi decepção neste emaranhado de novos conceitos sociopolíticos e novos investimentos econômicos. Surgiu uma classe de novos-ricos, os “emergentes” que, oriundos das classes menos favorecidas, desenvolveram atividades comerciais e industriais que despontaram, deram lucro e projetaram seus autores no cenário recente da industrialização brasileira, formando o que se chamou de classe emergente. Geograficamente, no Rio de Janeiro, a Barra da Tijuca e o Recreio, novos points habitacionais do estado, representam este novo momento, pois para lá se dirigiram estes novos-ricos, que passaram a ostentar seus sinais exteriores de riqueza por meio de amplos e luxuosos condomínios fechados e megashoppings, que passaram a ser verdadeiros templos de adoração ao deus consumo.
5º) As classes mais favorecidas - Por fim, as já tradicionais famílias localizadas no topo da pirâmide socioeconômica, constituída por nomes reconhecidos no jet-set internacional ou na high society brasileira. Famílias que detêm grande parte do capital nacional, que comandam as grandes corporações, que exercem influência desmedida na política partidária, que manipulam a mídia e que construíram nomes a partir do trabalho ou da hereditariedade.

A família sob o ponto de vista cultural
Visualizando a família sob o ponto de vista cultural, vamos detectar um dos principais problemas nacionais, que é a alta taxa de analfabetos no país.
Segundo informações do IBGE, 70% dos jovens de 14 a 21 anos no país estão fora da escola ou apresentam defasagem escolar, o que, nas análises dos especialistas, trata-se da consideração que fazem de uma possível distorção entre idade cronológica e série cursada pelo aluno. Quando se restringe a análise à faixa dos 19 anos, o percentual aumenta para 90%, o que é extremamente angustiante para o futuro do país.
Além disso, os números são gritantes quando se focam os trabalhadores acima de 18 anos. São 65 milhões de trabalhadores acima de 18 anos que não concluíram o ensino médio. Mas o problema não é só em função da absorção de mão de obra pelo mercado de trabalho por causa das necessidades econômicas da família. Há o problema governamental, de oferta de salas de aula, professores, oportunidades. Dados do MEC revelam que faltam 250 mil professores no ensino médio e de 5ª a 8ª séries.
Quando os pais de família não têm consciência do valor da educação, fica difícil repassar para seus filhos este valor. Quando as necessidades mais urgentes empurram os adolescentes e até mesmo crianças para o trabalho informal ou assalariado, não há educação formal que resista aos apelos do urgente. Neste sentindo detectamos os disparates dos vários brasis embutidos na Federação: dos analfabetos, dos medíocres, dos escolarizados, dos doutores e mestres. Mas os índices de acesso às universidades brasileiras ainda são baixíssimos, mesmo com a grande proliferação de cursos particulares que mais parecem ser "caça-níqueis" do que "forja-gênios".


Aplicações para a vida
Tudo o que pudemos analisar para compor os vários perfis da família em solo pátrio, queremos relacionar com as seguintes orientações bíblicas:
1ª) A família cristã precisa entender que todos somos iguais perante Deus. Ele não faz acepção de pessoas, e nós também não podemos fazer. Precisamos ter a visão de Deus com relação aos meandros sociais. Todos são importantes para Deus, independentemente de sua condição social (At 10.34; Rm 2.11; Tg 2.1).
2ª) A família cristã deve preservar os valores da família. A grande mobilidade social de nossos dias, e o surgimento de novas formas de ser família, em função da agitação dos tempos modernos, tendem a enfraquecer os laços familiares. A família cristã deve preservar os valores institucionais da família, seguindo as recomendações paulinas acerca da busca e vivência de tudo o que é bom, honesto e edificante (Fp 4.8,9).
3ª) A família cristã deve zelar pelos valores espirituais. Diante de tantas tendências religiosas e o surgimento de novas seitas e heresias, que procuram minar os valores cristãos, a família cristã deve desenvolver a devoção de maneira sincera, e cuidar da espiritualidade no ambiente do lar, conforme o exemplo da família de Timóteo (2Tm 1.5).


LEITURAS DIÁRIAS
segunda - 1Coríntios 15.57,58
terça - Atos 10.34
quarta - Tiago 2.1-13
quinta - Mateus 25.31-46
sexta - Gálatas 6.10
sábado - 2Timóteo 1.1-5
domingo - Filipenses 4.1-9

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