terça-feira, 13 de dezembro de 2011




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Messianismo (III). O Reino Messiânico

Texto básico: Daniel 7.9-14; 18.22,26,27

Introdução: A Bíblia começa dizendo :“No princípio criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1), e termina dizendo: “A graça do Senhor Jesus seja com todos” (Ap 22.21).
Entre estes dois extremos encontra-se o “script” do drama existencial humano; o registro histórico do homem, de suas ações, de suas expressões de vida, de seus erros e acertos; de seus empenhos na busca de realização plena – plenitude de contentamento.
O caminho percorrido é longo; muitas vezes marcado, assinalado por sangue, suor e lágrimas; por dores, suspiros e gemidos, etc.
Por quê?… Como?… Para Quê? Já lhe subiram à mente tais considerações? tais perguntas ? Ou você é daqueles que vivem por viver? Seu “barquinho” desliza indiferente pelo “rio da vida” porque tem de ser assim?
Creio que tudo tem propósito, finalidade, dentro de um plano maravilhoso, bem elaborado com sabedoria, com justiça, com amor, bem querer. “Deus é BOM”. (Sl 106.1).
Vamos recapitular um pouquinho.

1- Relembrando a Bíblia.
Houve um tempo quando Deus-Pai, Filho, Espírito Santo – a divindade – era a única realidade. Impossível ao nosso entendimento ultrapassar isto. Pensemos agora de Deus, de tudo o que Ele é e possui. Sua bondade intrínseca o leva à decisão de partilhar seus bens, riquezas, glória, natureza, etc.
Para alcançar esse desejo santo há que haver seres capazes de se relacionar com Ele adequadamente. Pensaram – Pai, Filho, Espírito – trazer tal “espécie” à existência: “façamos o homem…” (Gn 1.26). Mas, para isso, esse ser precisaria de um “lar” para habitar, subsistir, reproduzir-se, tornar-se multidão, pois a “casa do Pai”, o céu, é grande.
Ora, para estabelecer tal “lar” seria necessário inseri-lo estavelmente num contexto maior. Foram criados os céus, e a terra, nosso lar temporário, adequado à primeira etapa existencial. Isto feito, o “bebê” chegou, uma imagem e semelhança da divindade.
A divindade (trindade santa) avalia tudo, e admirada exclama: “eis que tudo está maravilhosamente bem! É muito bom! Transbordamento de alegria.

2-Relembrando ainda a Bíblia.
Entra em cena o “perturbador”, o ser maligno, que no seu agir na criação de Deus expressa sua malignidade. Pela mentira, pela sua hermenêutica, seduz a criatura e fá-la rebelar-se. A declaração de Gênesis 3.17, “maldita é a terra (solo, porção cultivável) por causa do que fizeste” é o contraste de Gênesis 1.31. Lá alegria plena; aqui tristeza.
Em Gênesis 3.15, Deus revela à serpente (Satanás) que não foi apanhado de surpresa. Apresenta seu plano redentor – “o descendente da mulher”. De lá até hoje Deus está trabalhando na história, para no tempo próprio invalidar definitivamente toda a ação de Satanás e manifestar a restauração de todas as coisas, consumar seu eterno propósito, o “Reino Messiânico”, no qual viveremos eternamente em relações adequadas com o nosso Deus, por meio do seu Messias (o Ungido) o Senhor Jesus Cristo, e tudo será novamente, eternamente, maravilhoso, esplendidamente bom.

3-O Reino Messiânico na Perspectiva Israelita.
O messianismo permeia todo o Antigo Testamento. Os Israelitas entendiam que Davi era um tipo do Messias e que seu reino era um tipo do Reino Messiânico. Entendiam que o Messias seria um descendente de Davi e que num momento da história esse reino seria restaurado como o “reino de Israel” (At 1.4; Is 1.26,27).
Jeremias falou desse tempo, profetizando acerca da restauração do cativeiro babilônico (Jr 30.8,9). Ezequiel igualmente profetiza nessa direção (Ez 34.22-24; 37.24-28; Os 3.5). Ainda hoje, os judeus que não se converteram continuam apegados a esta perspectiva, na esperança de que o “Messias” sairá de seu meio, será um descendente de Davi e Israel virá a ser o que dizem essas profecias.
Outras profecias de Isaías são igualmente tomadas como ainda não cumpridas, e terão sua consumação na manifestação do Messias, descendente de Davi, que virá (Is 45.14-25; 51.3,6,11-16; 54.1-6; 56.6-8; 60.1-22; 62.1-12; etc).
Israel teve sua missão histórica para anunciar a salvação entre seus contemporâneos (Is 49.6; 42.6; Sl 67.1-7; Sl 96.1-13); e para trazer ao mundo o Messias, o descendente de Davi, o salvador da humanidade (Mq 5.2-4; Is 9.6; 40.10,11; Mt 2.1–6).
Nenhuma dúvida resta quanto à autenticidade do Messias, o Jesus de Nazaré. Os registros do Novo Testamento são abundantes. Sem desenvolver os textos, vejamos alguns (Mt 2.1,2,5,6; Mt 16.16; Mt 25.63,64. Mc 14.61,62; Lc 2.10,11; Lc 3.21,22; At 2.36; At 9.4,5,20,22; etc).

4- Jesus, o Messias, Consuma Sua Obra Redentora; João 19.30.
O relato de Isaías 52.13 a 53.12 encontra seus paralelos nos quatro Evangelhos.Recomendamos sua leitura cuidadosa. Em João, os acontecimentos estão registrados em 18.1 a 19.37, em Mateus, logo após a confissão de Pedro, Jesus adverte os discípulos de que a Missão do Cristo (Messias) requereria seu sofrimento, seu sacrifício, incluindo a morte (Mt 16.20, 21; 20.17,19; Lc 9.22; 24.46; Jo 1.29).
João registra em 19.30: “Então Jesus, depois de ter tomado o vinagre, disse: está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.”..
Os acontecimentos da cruz e todos os sofrimentos do Messias eram necessários à nossa salvação. Jesus fez a obra expiatória completa, perfeita. Todas as exigências da reta justiça de Deus em relação ao pecado estavam satisfeitas. João registra a declaração de Jesus com um verbo cujo sentido é realizar com perfeição (sem faltar coisa alguma) no particípio perfeito passivo. “Tem sido consumado” e permanece nessa condição eternamente.*
O Reino é oferecido a todos os seres (indivíduos) humanos indistintamente. Deus requer arrependimento (mudança de entendimento), fé na pessoa e obra de Cristo. Vem o perdão, a justificação, o ingresso no Reino.*
As profecias do Antigo Testamento se cumprem no Messias, no Novo Testamento. O Messias recebe o nome de Jesus (o Cristo). O Reino de Israel recebe o nome de Reino de Deus (Reino dos Céus). Judeus e gentios (nações, povos) têm acesso a ele por meio do Filho de Deus (Rm 5.1,2; Ef 2.13-18).

5- A Natureza do Reino Messiânico - Daniel 7.9,10,13,14,18,22.
Nos textos acima podemos destacar o que foi mostrado ao profeta Daniel:
Visão* dos tronos e o ancião de dias se assenta num deles. A descrição é semelhante à de Apocalipse 1.10-14 e 20.4. A ideia aqui é de julgamento. A manifestação do Reino começa com o Ancião (Filho do homem), Jesus fala algo semelhante em Marcos 8.38, Mateus 16.27. Haverá julgamento, justa retribuição (2Co 5.10). Em Mateus 25.31-46, Jesus fala do Juízo Final. Os justos receberão o Reino (gozo eterno) e os injustos irão para um lugar preparado especificamente para o Diabo e seus anjos (demônios).

O Reino* é universal e eterno: O ser “um como filho de homem “dirige-se ao ancião; é-lhe dado domínio , glória, um reino no qual todos os povos, nações e línguas o servem; domínio eterno, nunca terá fim (7.13,14). Portanto, Reino Justo, Eterno, Universal (Dn 2.44; Dn 10b).

• O Reino Pertence aos Santos: Dn 7.16,22,27. Os santos reinarão com domínio eterno (para todo o sempre – 7.18). Há julgamento e os santos entram na posse do Reino (7. 22). Todos os reinos servirão ao Altíssimo (Dn 7.27).

6- O Reino Caracterizado no Novo Testamento.
São muitas as descrições do Reino na Revelação da nova aliança. Destaquemos algumas, especialmente descrevendo-o como a renovação (restauração) de todas as coisas.

• Jesus ensina que o Reino se manifestará com seu reaparecimento, julgamento universal, justa retribuição a justos e ímpios, sendo encaminhados às suas heranças (Mt 16.27; Mc 8.38; Lc 9.26; MT 25.31-33,34. Vinde… “porque” 35-40); 41: apartai-vos” (porque: 42-45,46: vida eterna e castigo eterno.*

No Apocalipse* encontramos as mais lindas, preciosas descrições do que são as experiências dos salvos, no Reino Messiânico (Céu).

7. 9-17* Multidão inumerável de todos as nações, povos e línguas (universalidade); em pé diante do trono, em presença do cordeiro (Messias); verdadeira adoração (7.9-12 ); lavados no sangue do cordeiro, por isso… diante do trono (7.15); Nunca mais fome… sede, ... fadiga física (7.16); apascentados pelo cordeiro (Messias).

• Apocalipse 21.22 (novos céus: nova terra: Is 65.17; 66.22; 2Pe 3.13 ). As descrições de Apocalipse, vinte e um e vinte e dois, ficam como exercício para nossos queridos irmãos ler, esboçar, destacar, antegozar todas as delícias do Reino Messiânico, ajuntando-se por antecipação àqueles que lá estão, em genuína adoração.
Quantos queridos nossos lá estão na plenitude de gozo!
Em 1976, ao partirmos para o campo missionário, nosso coral e outros grupos musicais gravaram uma coletânia de hinos e nos ofereceram. Entre eles está: “Deus mesmo revelou novo céu e nova terra”. De quando em vez, aqui na minha biblioteca, enquanto “garimpo” a Bíblia e outros livros, ponho o CD para rodar, pensando naqueles que já cantam lá. Pegue seu cantor Cristão e cante aí o hino 497. Pense na sua mensagem. Deus o abençoe.

7- O Reino Messiânico e Missões.
O Messias ao ser ressuscitado deu ima ordem à Sua igreja: Ir ao mundo inteiro e dizer que a morte morreu. Há vida e a vida está n’Ele (2Tm 1.8-11). É impossível ao salvo pelo Messias, tendo sido feito herdeiro e co-herdeiro de Deus com Ele (Rm 8.16,17), permanecer indiferente. O mundo precisa conhecer o Messias.
Nestes dias quando ímpios lutam por transformar o Brasil numa nova Sodoma, que estamos fazendo? A Salvação do Brasil está no Messias. “Quando os fundamentos estão sendo destruídos, o que deve fazer o justo?” (Sl 11.3).

APLICAÇÕES:

1-Deus nos agraciou com sua bondade.Perseverou em nos salvar, trabalhando no seu propósito eterno, feito no Messias antes da fundação do mundo. Manifestou-O no momento próprio, para realizar a obra de redenção. Continuou trabalhando e fez a mensagem messiânica (o Evangelho) chegar a nós. Louvemo-lo, sinceramente, por tudo isto. Sirvamo-lo com zelo, dedicação, com gratidão e amor. Olhemos para o Messias e servilizemo-nos por Ele, como Ele servilizou-se por nós (Fp 2.5-9).

2- Vivendo a expectativa da posse concreta de nossa herança (Rm 8.18-23), lembremos seu mandamento em Mateus 6.33. O Messias nos ama (Rm 5.8) e todos os seus ensinos e mandamentos objetivam nos abençoar.

3-Consideremos e valorizemos a obra redentora do Messias e igualmente a pessoa humana, apresentando-lhe a Salvação. O resumo da Lei e dos profetas é: “Amar adequadamente a Deus e ao próximo” (Dt 6. 4,5; Mt 22.37-40). Pratiquemos isto.
Sejamos missionários. Tornemos nossas igrejas missionárias (At 1.8).

GLOSSÁRIO- NOTAS EXPLICATIVAS..

João 19.30* – “Está Consumado”. O sacrifício vicário do Messias foi plano de Deus. Era necessário, o próprio Cristo o declara (Lc 24.44). O contexto de João é de que Jesus estava plenamente consciente do propósito e da necessidade. Ele sabia o momento próprio durante seu sofrimento, quando havia preenchido o requerido na justiça divina, para que esta se manifestasse, e o Pai pudesse justificar (perdoar a culpa do pecador: Rm 5.1), possibilitando a reconciliação. O Verbo que João emprega tem o sentido de “fazer completamente” (com perfeição). O tempo e modo da ação (particípio perfeito passivo) indica que algo foi feito de modo completo e os efeitos (resultados são permanentes – uma ação irretroagível). A tradução rigorosa é: “tem sido consumado”, o débito está definitiva, perfeita e completamente quitado.
A Vulgata (Bíblia oficial do catolicismo romano) traduz: “Consumado está”. Excelente tradução. O significado é Tudo está feito. Todo que se reconhecer pecador, crer no Senhor Jesus Cristo, arrepender-se de seus pecados é salvo.

Ingresso* no Reino de Deus. Significa ser admitido no Reino, mediante a condição acima. Consciência de pecado, mudança de atitude para com Cristo (adequar-se a ELe). Apropriar-se d’Ele como salvador e Senhor.

• Vida eterna… castigo eterno.
Nornalmente toma-se a palavra “eterna” no sentido adverbial, pensando na extensibilidade, durabilidade, ilimitabilidade, algo que não tem fim; nunca cessará de ser. É correto pensar assim.
Acontece que a palavra da qual traduzimos “eterno/eterna” é também um adjetivo, fala de qualidade. Portanto é empregada também para qualificar essa vida que nunca terminará, mas que é uma vida perfeita, como a que se descreve no Apocalipse, como vimos nesta lição.
Daí, o contraste com “castigo eterno”, “sofrimento eterno”. O salvo e o perdido, existirão sempre. O salvo vive, goza, alegra-se. O perdido “vegeta”, sofre, para sempre.


LEITURAS , DIÁRIAS:

segunda-feira Is 62.1-12
terça-feira Is 65.17-35
quarta-feira Jr 31.31-49
quinta-feira Ez 34.11-31
sexta-feira Mt 25.31-46
Sábado Ap 7.9-17
domingo Dn 2.36-44; 7.9-14,18,22,26,27

O Messianismo (II) - O Messias Redentor

Texto Básico: Isaías 52.13; 53.12.

Introdução: A manifestação histórica do Messias (sua encarnação – Jo 1.14; Fp 2.5-11) foi mais uma etapa do trabalho de Deus na história para consumar o seu propósito.
As profecias do Antigo Testamento sempre apontam para novas operações de Deus no prosseguir de sua atuação no tempo: “eis que vêm os dias que…”.
A afirmação de Paulo em Gálatas 4.4,5; de Lucas 1.5; 2.1; 2.6; de Jesus, em João 5.25,28,29 mostram o fluir do tempo e os fatos acontecendo. Ora, Deus, para alcançar seu propósito como revelado nas Escrituras, realizaria a obra expiatória do pecado, para reconciliar a raça humana consigo * (2Co 5.18-21; Ef 2.13-19; Rm 5.8-11). O tempo apropriado para tal realização chegou. O Messias (o reconciliador, o Emanuel) estava no mundo (Jo 1.10; 1.26,27; Mc 1.14,15; Jo 1.40,41).
O Servo Sofredor veio para realizar essa Obra (Jo 1.29; Jo 6.50-55). A Obra expiatória na pessoa do Messias foi proposta antes da criação (Ef 1.4; 2Tm 1.8-10; 1Pe 1.10,11,19,20; Ap 13.8 ). Era necessário que tudo se realizasse, para que o bendito propósito se efetivasse (Lc 24 44- 47).

1-O Messias Age com prudência - Isaías 52.13-15.
Nos três versos Jeová mesmo fala do seu servo. Fala de sua humilhação e exaltação.
Há uma espécie de contraste entre as duas experiências. O Servo age com prudência pela autoconsciência de que seus sofrimentos são vicários, trazem a salvação ao seu povo, expressão da boa vontade do Senhor. O que poderia ser interpretado como loucura por seus inimigos, perante Deus é descrito como prudência, sabedoria (1Co 1.18-24).
Mas Ele será exaltado e mui sublime. O sofrimento do Servo é degradante. Muitos pasmaram à vista dele. A aparência de sua desfiguração causava espanto. Seu sofrimento ultrapassou o que os próprios inimigos conheciam (Jo 18.1 a 19.37; 1Pe 1.10,11).
O próprio Cristo ensinou que quem se humilha será exaltado. Pedro diz no texto acima (1.10) os sofrimentos que viriam e a glória que os seguiria. Paulo, em Filipenses 2.5-11, descreve a humilhação de Cristo voluntariamente aceita por Ele (humilhou-se, servilizou-se)* resultando na sua exaltação; “…deu-lhe o nome que é sobre todo nome; para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho…”.

2- O Messias, O Homem de Dores - Isaías 53. 1-3.
Segundo alguns eruditos (se eles estão certos) o servo descrito no capítulo cinquenta é considerado um mártir, porém, confiante no Senhor, esperando que ele o ajudaria, o recompensaria (50.7,8,9).
No texto anterior (52-13-15) Deus fala da humilhação e da exaltação de seu servo (agiu com prudência), sofreu para beneficiar outros.
Nestes versos há uma pergunta: “quem creu… e a quem foi revelado o braço do Senhor”?
A pergunta parece referir-s ao conteúdo anterior (52.13-15). O relato continua a falar do servo na sua aparência desfigurada, consequência dos sofrimentos que lhe são infringidos. Há alguns dias alguém me fez uma pergunta intrigante sobre a pessoa física de Jesus. Havia ouvido numa certa reunião de estudo bíblico (com base neste texto) que o homem Jesus era pequenino, magro, aparência desagradável, etc. Bem, o melhor é não perder tempo indo ouvir insípidas “tolices”. O texto é claro ao descrever a aparência desfigurada por causa de castigos aplicados a Jesus (releia novamente Jo 18.1;19.37 e paralelos).
“Era desprezado, rejeitado… um homem de dores… como um de quem os homens escondem o rosto…”. Jesus não era pessoa de aparência repulsiva. Os Evangelhos registram as pessoas se aproximando de Jesus, até disputando para se aproximar d’Ele. Os flagelos que lhe foram impostos desde que se entregou no jardim, até a cruz lhe causaram todo esse aspecto desfigurante.


3- O Messias é Nosso Substituto - Isaías 53. 3-6.
O profeta apresenta o Messias, o Redentor, o Servo Sofredor, o Homem de Dores, como nosso substituto.Neste conjunto de expressões há uma sequência contínua : “Ele e nós”. Ele agindo e nós recebendo as bênçãos. Vejamos em destques:
• Verdadeiramente Ele tomou sobre Si as nossas enfermidades (53. 4a). Deve-se entender aqui o sentido moral também, e não apenas físico;
• E carregou com as nossas dores (53. 4b);*
• E nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido... Os receptores da profecia consideravam o sofrimento como punição de pecados (os amigos de Jó);
• Mas Ele foi traspassado por causa das nossas transgressões (53. 5a);
• E esmagado (moído) por causa das nossas iniquidades (53. 5b);
• O castigo que nos traz a paz estava sobre Ele (53.5c);
• E pelas suas pisaduras (feridas) fomos sarados;
• Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu próprio caminho (53.6a);
• Mas o Senhor fez cair sobre Ele as iniquidades de todos nós (53. 6b).
A morte de Cristo foi uma obra efetiva, substitutiva e universal (Jo 19.30; 2Co 5.14.15; 1Jo 2.2).


4- O Servo Aceitou Voluntariamente Seu Sofrimento - Isaías 53. 7-9.
Seria inaceitável pensar aqui do servo como sendo Israel. O servo é descrito como pessoa, como indivíduo.
A leitura do aprisionamento do Senhor Jesus, de seu julgamento, sua crucificação é a melhor interpretação e constatação de que este conteúdo se refere especificamente ao Senhor Jesus, o Messias Redentor (Mt 26.36-56; 57-68; 27.11-61).
Filipe interpreta este mesmo texto como se referindo a Jesus (At 8.29-35).
Estes versos encerram a narração das afrontas que o Messias sofre de seu próprio povo.
Todas as acusações são injustas, são falsas. Mansamente suporta toda a pressão, sofre sem queixas, sem ameaças... No auge do sofrimento intercede pelos seus inimigos (53.12; Lc 23.34; 1Pe 2. 22,23).

5- O Sofrimento do Messias Estava nos Planos do Senhor - Isaías 53.10.
O fato em referência não foi um acontecimento ocasional. Não foi uma solução de emergência. Os horrores, as dores, a moedura (esmagamento) do Servo compunha o conjunto dos recursos de Jeová para consumar seu propósito. Quando na sua presciência (onisciência absoluta) nos elegeu em Cristo, nos chamou (Ef 1.4; 1Pe 1.1,2; 5.10; 1Tm 6.12; 1Ts 2.12; 1Co 1.9) para sermos filhos e herdeiros (Rm 8.16,17), o Messias já era o Servo Sofredor (Ap 13.8), no propósito (nos planos) de Deus (Ef 3.10,11).
“Foi do agrado (da vontade) do Senhor esmagá-lo, fazendo-o enfermar…” (3.10).
O homem imagem e semelhança do Criador pecaria, não preencheria as expectativas de Deus quanto ao seu propósito. Lá estava o Messias (Is 42.1; Mt 3.17; 12.15-21; 17.5; Lc 3.22; 9.35). O Messias, conhecido na eternidade, manifestou-se na temporalidade, preencheu as expectativas de Jeová, foi moído, consumou sua obra, saiu da temporalidade entrou na eternidade, cheio de gozo, por ver o fruto do trabalho de sua alma, outorgando-nos, assim, o seu Reino Messiânico (glorioso, perfeito, eterno), o propósito eterno de Jeová.


APLICAÇÕES

1- A mensagem dada nos dias de Isaías sobre a esperança messiânica, isto é, que Deus no tempo próprio por intermédio dele restauraria Israel, cumpriu-se na Obra do Cristo. Hoje vivemos a Esperança da manifestação do Reino em plenitude. Devemos vivê-la de maneira digna do Messias apontando a necessidade do arrependimento e conversão de nossos contemporâneos (At 3. 18-21).

2- Precisamos considerar com temor e quebrantamento a bondade de Deus, que nos amou sempre (desde a eternidade) concedendo-nos em Seu Filho a graça da salvação (2Tm 1.8-10). Sua fidelidade se mantém em todo o processo da história, em coerência perfeita, prosseguindo em seu objetivo geração após geração (Sl 100.5).


GLOSSÁRIO E NOTAS EXPLICATIVAS

• Reconciliar Consigo a Raça - A verdade bíblica é: ‘Todos pecaram”. Logo todos estão separados de Deus (Rm 3.23, Sl 14 e 53). A Bíblia nos permite afirmar: toda a Revelação registrada nos dois Testamentos é a Revelação da sua bondade, de seu amor para conosco.
O fruto desse amor é o Messias. Por meio dele, de sua obra redentora nos chama a todos para o restabelecimento de relações adequadas com Ele. A proposta de reconciliação é universal (2Co 5.14,15). Só fica na perdição quem não recebe a mensagem, ou a recebe e rejeita.

• Servilizar-se = tornar-se servo ou fazer-se servo (Fp 2.7). Em muitas construções gramaticais, especialmente quando trabalhamos na voz reflexiva, podemos recorrer à supressão de verbos auxiliares. Este é um caso característico:
Veja como fica mais fácil e preciso. Jesus se fez ou fez-se servo. Usando o recurso, diz-se Jesus servilizou-se.
LEITURAS DIÁRIAS:

segunda-feira Is 42.1-13
terça-feira Is 45.14-25
quarta-feira Is 50.1-11
quinta-feira Jr 8.4-22
sexta-feira Ez 20.33-39.
sábado Ez 36.16-38
domingo IS 52.13-53.12

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Messianismo ( I )

Textos básicos: Isaías 7.10-14; 9.1-7; 11.1-16

Introdução: Messianismo é um termo elaborado a partir de uma palavra aramaica, cuja representação hebraica se escreve em português “Messias”, que se traduzido significa “ungido”. A palavra grega “christós”, aportuguesada “Cristo”, é o correspondente ao termo hebraico. Messianismo, portanto, deriva de Messias.
O messianismo se refere ao conceito histórico da Revelação do propósito de Deus registrado no Antigo Testamento, projetado e efetivado no Novo Testamento na pessoa, vida, obras e ensinos do Senhor Jesus Cristo (o Messias).
O Antigo Testamento engloba a lei, os salmos, as profecias, etc. do que Jesus fala nos seus ensinos, autenticando-o como o Messias (Lc 24.44; Jo 4. 25,26; 5.39,46,47).
Os ensinos e profecias sobre o Messias permeiam todo o Antigo Testamento. Sem considerar a história como um processo, como atuação de Deus para realizar o seu propósito, será difícil entender o significado do Messias como aquele em quem tudo veio a existir (Jo 1.3,10; 1Co 8.6; Cl 1.15.16), e no qual Deus consuma seu “eterno propósito”, a plenitude do Seu Reino (Ef 1.9, 10),* preparado para o homem (Mt 25. 34).
Lembramos, mais uma vez, que estamos deixando de lado questões acadêmicas, discussões, buscando os aspectos práticos que as lições tiveram no seu tempo e que podem ter para nós hoje.

1- O Messianismo entre os judeus - Gênesis 1.31; 3.17; 3.15
Deus criou todas as coisas. Tudo fez com propósito definido (Rm 11.36). Por isso, tudo Ele fez esplendidamente bem (Gn 1.31). Havia alegria n’Ele.
O Diabo, não sendo onisciente, não conhecendo o propósito de Deus, interveio, desconectando o homem da sua comunhão com Ele (queda no pecado). Sobrevém tristeza: “Maldita é a terra (solo, não planeta) por causa de ti” (Gn 3.17).
Deus repreende a serpente (Satanás) e lhe fala do Messias, descendente da mulher, que lhe esmagaria a cabeça (domínio – Gn 3.15).
Começa, então, o trabalho de Deus na história para remover a maldição, restaurar todas as coisas (At 3.21; 2Pe 3.13; Ap 21.1-22).
Entre os judeus havia a esperança de que o “descendente da mulher”, o filho de Davi seria manifesto num tempo apropriado, destruiria a mal e inauguraria “uma idade de ouro” para Israel, ao qual se submeteriam todas as nações, formando um império universal de paz, prosperidade, de realização plena (Is 2.1-4; Jr 31. 6-14; Mq 4.1-7).
Esta esperança da vinda do Messias e da plantação histórica do Seu Reino ultrapassou as fronteiras judaicas e permeou todo o Médio Oriente. Nas nações vizinhas muitos esperavam o nascimento do príncipe judeu que traria essa idade áurea para a humanidade. Os magos (sábios) vindos provavelmente do Planalto Persa a Jerusalém, em busca do recém-nascido “Rei dos Judeus” (Mt 2. 1,2), com toda a certeza, vieram nesta convicção.
O profeta Isaías se destaca nas profecias acerca do Messias, pregando e ensinando os israelitas num tempo difícil, lembrando-lhes que Jeová cumprirá Sua promessa, restaurará Israel e este será proclamador desta mensagem de esperança para todos os povos da terra.

2- O Messias nascerá de uma virgem - Isaías 7.14.
O prometido restaurador virá ao mundo de maneira sobrenatural. Deus, na criação, estabeleceu a maneira de reprodução. Requer sempre a união homem/mulher (macho/fêmea dentro de cada espécie). É o meio para encher o celeiro celestial.
O Messias é o ser ímpar – divindade/humanidade – numa unidade perfeita. Ao ajudar o rei Acaz nos seus momentos difíceis (vide lição 04) o profeta lhe oferece a oportunidade de pedir alguma manifestação especial da parte de Deus. Acaz recusa.
Isaías então lhe fala em termos proféticos que o Senhor fará algo muito maior a favor de Israel e da humanidade. Uma virgem conceberá (sem deixar de ser virgem, sem o conúbio conjugal) e partejará um filho, que será chamado EMANUEL. Aqui o profeta apenas refere o nome, pois Acaz é judeu e sabe o significado (Deus conosco). O rei precisava crer que Deus está com Israel como seu “pastor”, guardador, protetor. A cidade será preservada, como de fato foi, e a promessa do nascimento da criança é garantia do cuidado de Jeová com o seu povo. O nome do menino, Emanuel, e o seu significado atestam que Deus está presente.
No texto acima não há registro de que Acaz tenha aceitado o conselho de Isaías, tenha crido e alcançado sucesso. Os registros de 2Reis 16.1-20 e 2Crônicas 28.1-27 apontam para sujeição ao rei da Síria, e vandalizando o Templo (2Cr 28.24).

3-A profecia do nascimento se cumpre - Mateus 1.18-23; 2.1,2; Lucas 1.26-38; 2.4-15.
No seu trabalho para alcançar seu propósito (Jó 42.1,2), Deus fala a cada geração de seu povo. Socorre-a no seu presente, anima-a com a esperança do futuro, anunciando a glória que se há de manifestar. Isto é profecia.
Na sua fidelidade, perseverança, persistência, no tempo apropriado efetiva o que tem falado. Isto é cumprimento.
Ainda que Acaz pessoalmente não se tenha apropriado da alegria do anúncio do nascimento do Messias, certamente muitos se alegraram. A profecia foi repetida em outros termos (linguagem) a outros reis. Foi o conforto levado àquelas gerações.
No tempo próprio (Gl 4.4,5) Deus alegrou os que esperavam a vinda do Messias.
Em Mateus 1.18, lê-se que Maria engravidou do Espírito Santo, ainda virgem. Compare com Lucas 1.26-38:
• O anjo Gabriel visita uma jovem em Nazaré (Lc 1.26);
• Era uma jovem ainda virgem, prometida em casamento (Lc 1.27);
• Eis que conceberás e partejarás um filho... Jesus (Lc 1.31);
• Será chamado filho do Altíssimo… Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai (Lc 1.32);
• Reinará sobre a casa de Jacó; seu reino não terá fim (Lc 1.33);
• Virá sobre ti o Espírito Santo... seu filho será chamado santo, filho de Deus (Lc 1.35);
• Para Deus não há impossíveis (Lc 1. 37).
Uma avaliação atenta do texto de Mateus e de Lucas nos mostra como Deus trabalha a nosso favor e como efetiva rigorosamente em ações suas palavras.

Voltando a Mateus:
• Mateus 1.21… Jesus, porque Ele salvará (tirará, apartará) o seu povo dos pecados deles;
O Messias veio buscar e salvar (tirar do pecado) e tirar o pecado deles (do mundo – João 1.29);
• Será chamado Emanuel=Deus conosco (Mt 1.23; Is 7.14).

Estas considerações nos permitem concluir:
1- Deus trabalha no fluxo da história a favor do homem como indivíduo e como raça, com vistas ao seu propósito eterno feito em Cristo, antes da fundação do mundo (Ef 1.4), para nos dar o Seu Reino, preparado na eternidade (Is 41.14; Lc 12.32; Mt 25.34);

2- Todas as ações de Deus nos vêm por meio do Senhor Jesus, o “Messias”, o ungido de Deus, em quem, na eternidade, Deus propôs nos abençoar (Jo 1-1-3; 2Tm 1.8-10; 1Pe 1.9,10,20; Ap 13.8);

3- Seu propósito redentor declarado em Gênesis 3.15 tem atravessado todos os séculos desde então, com absoluta continuidade e fidelidade.Podemos crer em todas as promessas para o porvir (profecias) pois tudo se cumprirá e a plenitude do Reino virá.

4- O Messias é descendente de Davi (O Filho de Davi) - Isaías 11.1- 3.
Deus, ao falar a primeira vez sobre a redenção em Gênesis 3.15, afirmou que o Redentor por vir ( já provido na eternidade (1Pe 1.9,10,19,20; 2Tm 1.8-10; Ap 13.8) nasceria de mulher , profecia que se cumpriu como vimos nos itens 2 e 3 acima e referida por Paulo como tendo-se cumprido num tempo apropriado (Gl 4.4,5 ).
Deus anunciou também, ao chamar Abrão, que nele seriam abençoados todos os povos da terra (Gn 12.3. Cf. ainda: Gn 22.18; 26.4; 28.14; Sl 72.17; Gn 49.8-10 1Cr 5.2. Mq 5.2; Mt 2.5,6).
Nunca será demais lembrar que Deus trabalha no desenvolvimento da história sempre conduzindo-a na direção projetada para consumar seu bendito propósito. Na lista de profecias acima, vemos isto e o texto de Mateus 2.5,6 o confirma: “Então brotará um rebento do tronco de Jessé (pai de Davi), e das suas raízes um renovo frutificará” (11.1), quando uma floresta é devastada, dos tocos que ficam surgem brotos (feedback da natureza) que começam o processo de restauração.
Judá será levado em cativeiro, Jerusalém será devastada, queimada, o templo destruído (Jr 39.1-18; 2Rs 25.1-21). Mas não era o fim. Setenta anos depois vem a restauração. O toco brota. E brota porque a restauração de Israel é necessária ao cumprimento da esperança messiânica universal, a vinda em plenitude do Reino de Deus preparado antes da fundação do mundo para todos os povos (Gn 12.3; MT 25.34; At 1.9,10; 3.19-21: 17.30,31: 1Co 15.39; Is 25.6-9).
Outra vez aqui, a mim me parece que alguns eruditos e intérpretes se equivocam quanto a esta profecia. Ela teve seu lugar e aplicação para os dois reinos (Norte, Samária; e Sul, Jerusalém) mas também tem seu lugar e aplicação futura (para nós hoje e para todas as gerações por vir) até que o propósito eterno feito no “Messias”, “O Filho de Davi”, o Senhor Jesus Cristo apareça em plenitude (Dn 2 44; 7.13,14; Mq 4.6,7; 7.18-20; At 1.9,10).

*- A coerência, a perseverança, a fidelidade de Jeová desperta em nós fé, esperança, alegria, algo tão belo, tão sublime e relevante que não encontramos no vocabulário, nas palavras, na linguagem humana, recursos para expressá-los.Mas podemos dizer-lhe; Senhor: Obrigado. Recebe tudo o que está na minha alma, no meu coração, no meu ser, como louvor, como reconhecimento! Amém!


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segunda-feira: Is 2.1-5
terça-feira Is 4.1-6
quarta-feira Mq 5.2-15
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sábado Is 65.1-25
domingo Is 52.1-15

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