quarta-feira, 23 de novembro de 2011

A Teologia de Isaías ( I )

Texto Básico: Is 40.12-31

Introdução
Para nosso entendimento, deixemos de lado as discussões acadêmicas, os termos difíceis, os enunciados complicados, e pensemos com simplicidade. Consideremos Teologia como tudo que tem sido pensado, dito, escrito a respeito de Deus.
Para nosso propósito, consideremos Teologia como aquilo que a Bíblia diz acerca de Deus. Se queremos, verdadeiramente, ter um conhecimento (entendimento) acerca de Deus devemos buscá-lo na Bíblia.
Durante o seu ministério, o Senhor Jesus Cristo foi confrontado com perguntas, com questões difíceis. Muitas vezes queriam pô-lo em dificuldade. Ele sempre respondeu recorrendo às Escrituras (Mt 19.1-6; 22.29-33; Lc 10.25-28; Jo 5.39; etc).
Ora, o profeta Isaías pregou, entregou, proclamou a “Palavra do Senhor”, a “Palavra de Deus”. Quem é o Senhor? Quem é Deus? Como Isaías descreveu, explicou Deus para seus ouvintes ou leitores? A essa descrição, a essa explicação, denominamos de a “Teologia de Isaías”.
A palavra usada centenas de vezes pelo profeta para referir-se a Deus é Senhor (Jeová – ver lição 01, glossário, item 01). Mas emprega vários títulos para referir-se a Deus, ao descrever as ações do Senhor para com o Seu povo.
Isaías, ao recorrer a esses títulos, o faz à luz da Revelação dada ao povo, desde o Gênesis até o seu momento. Usa a história anterior como base de sua comunicação.

1- A Incomparável Grandeza do Senhor

1.1- Expressa na Criação
A Versão Revisada, da Imprensa Bíblica Brasileira (JUERP, 1988), melhor versão bíblica que temos em nosso idioma, intitula o texto de Isaías 40.12-31 como acima. Titulo apropriado.
Se os eruditos estão certos (40.1-11) o texto refere-se à restauração futura de Israel do cativeiro babilônico. Então, os restantes versos encorajam os receptores da mensagem a confiar no Senhor, cuja grandeza é descrita.
Os versos 12,13 e 14 apresentam três questões a serem consideradas:
1- Quem operou no universo medindo águas, os céus, o pó da terra, pesando os montes em balanças? 2- Quem guiou o Espírito do Senhor e lhe deu entendimento? 3- Quem foi seu conselheiro?
O propósito do profeta, com certeza, é animar os exilados, chamando-lhes a atenção para as obras poderosas e sábias de Deus: A grandeza, a beleza, a magnitude do universo é o reflexo da grandeza, da magnitude, do poder do Criador: Deus (Sl 8.1-9; Sl 19.1- 6; Jó 38.1-41). Gosto dos questionamentos levantados na Bíblia. O universo me fascina. Tenho o privilégio de morar no campo (roça) bem onde foi a sede da fazenda de nossa família. Como é inspirador apreciar os crepúsculos matutino e vespertino, cujos quadros só o artista divino é capaz de elaborar.
Como é encantador em ambiente sem poluição, contemplar à noite a multidão das estrelas a tremeluzir, e o Cruzeiro do Sul acima da serra, a cintilar sobre a floresta. Certa noite o pastor Fausto Vasconcelos hospedou-se conosco aqui. Chegamos tarde de uma reunião. Como foi difícil convencê-lo a interromper seu interesse, sua deslumbrância do espetáculo celeste e ir dormir!
Hoje, a Astrofísica nos faz perder o fôlego com as suas descobertas da grandeza, da complexidade, ordem, distâncias intergaláticas, dimensões de astros, etc. (veja-se, por exemplo, a dimensão de Alfa-Hércules* da constelação de Touro). O Deus (Senhor) Criador e mantenedor de todas estas coisas (Is 40.21,26 ). É o criador de Israel, que o ama, que o disciplina, mas não o abandona (Dt 4.30,31). O Deus que construiu tão maravilhosa morada, nunca o abandonará, pois essas maravilhosas dádivas revelam o valor que Ele atribui a Sua criatura.
Israel pode animar-se, descansar na sabedoria, na justiça, no poder, na fidelidade do Senhor (e nós também). Ele o libertará, o restaurará, o trará de volta para a terra que deu em possessão perpétua ao seu povo (Gn 13.14,15; 26.1-6; 28.12-15).

1.2- Expressa na Sua incomparabilidade
A Bíblia não se preocupa em provar a existência de Deus. Ele é realidade tão manifesta, que só não O reconhece quem não quer, ou tem seu entendimento entenebrecido pelo pecado. Quando estudamos a Antropologia geral e Cultural, descobrimos que todos os povos têm uma ideia de Deus (sobrenatural)*. Paulo afirma que Deus é manifesto por meio da criação (Rm 1.18-21; At 14.17; Sl 8.1-9; Sl 19.1-6).
Durante os quinze anos de trabalho missionário na África tivemos oportunidade de conviver com dezenas de etnias em oito países. Juntamente com o pastor Evenos Nunes, atuamos em aldeias no interior. Foi impressionante perceber a religiosidade dessas etnias, sem ter qualquer livro ou escritos de Revelação*.
Assim, a Bíblia descreve Deus por intermédio de suas ações, que traduzem seu “SER”, isto é, sua natureza. Igualmente, a mesma Bíblia não busca provar a existência do Diabo. Ela descreve suas ações, igualmente reveladoras de sua malignidade.
Ao registrar a Revelação do “SER” de Deus, a Bíblia não tem como recorrer a qualquer outra realidade, figura, ilustração, ou padrão de comparação. Deus não tem similares no conjunto da realidade total do universo.
Duas vezes o próprio Senhor pergunta aos destinatários da mensagem enviada por meio do profeta: 1: “A quem, pois, podeis assemelhar a Deus? ou que figura podeis comparar a Ele?” (v.18); “A quem, pois, me comparareis, para que eu lhe seja semelhante? Diz o Santo”. Não há como usar qualquer materialização, ou qualquer parábola para descrever ou explicar Deus. Não há definições de Deus (cf. Mt 11.27). Deus é manifesto por seus atos. Não gastemos tempo, energias mentais, etc., tentando explicar Deus. Leiamos
Sua Palavra e percebamos no seu conteúdo e significado QUEM É DEUS.

1.3- Expressa por Sua ação soberana
Após fazer as perguntas referidas nos itens anteriores (1.1; 1.2; 1.3) o profeta apresenta algumas orientações ou respostas que ajudariam seus receptores a terem melhor entendimento, percepção de Deus (conhecimento em forma de conceitos) *.
Deus é soberano sobre as nações. Estas não vieram a existir por si mesmas. São realidades limitadas, pequenas. São finitas e sujeitas a muitas variações. São constituídas de pessoas (gerações que surgem e desaparecem – vv.15,23).
O Senhor é ilimitado, transcende a tudo (v. 22). O seu domínio vai além de qualquer pretensa avaliação humana. É imutável, eterno. Só o Filho o conhece plenamente, por ser divino (de mesma natureza que o Pai (cf. Mt 11.27).
O Senhor é soberano sobre o universo (criação ou natureza). O Deus em quem Israel deve esperar e crer é aquele que opera no universo, nas coisas físicas, nos astros, e estes o atendem. Ele os criou, os sustenta e os controla (Is 38.8; 2Rs 20.8-11; Js 10.12-14; Hb 1.3).
O Senhor conhece todas as coisas. Nada está encoberto a Ele (40. 27; Hb 4.13). Ainda que o povo pensasse diferente, a realidade é que o Senhor o acompanhava, lhe fazia justiça (Is 41.10).
O Senhor fortalece, restaura, revigora. Ele trará Israel ao seu lugar, o acompanhará e o protegerá. Israel precisa ter confiança (fé). Precisa esperar no Senhor e experimentar toda a grandeza incomparável do Senhor. A mensagem é integralmente válida para o povo de Deus hoje. Somos o seu povo e Ele é o nosso Deus. Amém.


Aplicações

1- O conhecimento de Deus no conteúdo de Isaías é manifesto à base da Revelação dada anteriormente. O profeta recorre à experiência do povo de Deus, acumulada gradativamente na sua história. Nós hoje estamos em muito melhores condições do que os contemporâneos de Isaías, pois temos o conhecimento efetivado na pessoa, vida, obras e ensinos de Jesus.

2- Os ensinos dados por Deus ao seu povo por intermédio de Isaías em forma profética para os tempos posteriores, em boa parte, já se cumpriram, atestando a fidelidade do Senhor.
As profecias acerca da manifestação do Messias e de suas obras já se cumpriram na vinda de Jesus (Lc 24.44,45).

3- O conhecimento necessário à salvação, que há exclusivamente no Senhor Jesus Cristo, não decorre de conhecimentos acadêmicos, mas do que está nas Escrituras (Jo 5.39; Rm 10.13-17). Esta afirmação não é rejeição do conhecimento acadêmico (sistemático) acerca de Deus, pois eu mesmo por longos anos tenho sido professor de teologia e disciplinas correlatas. O que quero dizer é que precisamos conhecer as Escrituras e nos firmarmos nelas, não nos deixando levar pelo fascínio do saber meramente humano.

4- Precisamos nos apegar às Escrituras, como “Palavra de Deus”, lembrando o que ela mesma diz acerca do perigo da “falsa sabedoria”, da “falsa erudição”. (Rm 1.21,22; 1Co 1.18-24; Jó 5.12,13; Is 29.14; Jr 8.9).

Glossário - Notas Explicativas

* 1- Alfa-Hércules: É uma estrela da constelação de Touro. Um gigante. Pensemos em nosso planeta. Pensemos no Sol. Se pudéssemos esvaziar o Sol, torná-lo uma cápsula gigante, poderíamos colocar nela um milhão e trezentos mil planetas terra. A distância terra-sol é de cento e cinquenta milhões de quilômetros. Um objeto voando a 50 mil km/h, levaria 125 dias para fazer o percurso . Pois bem: se fosse possível colocar o Sol num ponto daquela estrela, dar um espaço terra-sol, colocar outro sol e, assim, sucessivamente, poderia repetir-se a operação vinte e cinco vezes. Estrela gigantesca, não é mesmo? Quem, senão somente Deus, poderia criar tal maravilha?

2- Antropologia, Sobrenatural, Revelação.
A Antropologia é a ciência do homem. Procura explicar o que e quem é o homem. Tal estudo enfocado na Bíblia explica quem é o homem, como imagem e semelhança do Criador.
A Antropologia Cultural tenta explicar (descrever) o homem à luz de suas expressões de vida: costumes, tradições, artes, linguagem, crenças, vida familiar, educação, sociedade, etc. Até hoje não se detectou um único grupo humano (etnia) que não tivesse ideia de “sobrenatural” (crença religiosa). Falta-lhes o conhecimento de Deus como revelado na Bíblia. Revelação é, pois, o registro das ações de Deus, como temos nas Escrituras.

3-Conceito e Definição. As publicações em língua inglesa geralmente falam em definições. Hoje já há até um manual usado para candidatos ao pastorado, que são estudados visando ao exame conciliar. Tudo na base de perguntas e respostas. Penso diferente. Não se assustem. O exame deveria ser à base de leitura e exposição de textos bíblicos. Definir (de onde deriva definição) significa circunscrever e descrever rigorosamente o objeto em questão. Imaginemos, por exemplo, definir prego, sapo, camundongo, etc., falando de cada um rigorosamente, sem omitir um único componente, uma única função, característica, qualidade, etc. Se qualquer leitor conhecer tal “mestre”, por favor, avise-me. Muito obrigado.
Conceito refere-se àquela visão geral, panorâmica, que se tem do objeto. Temos ideias básicas de Deus, que nos são fornecidas, dadas, pelas Escrituras. Definir o Senhor (Deus) impossível. O conhecimento que temos de Deus é escriturístico e experiencial (vivencial, resultante da comunhão). Por enquanto, contentemo-nos com o que Paulo e o Senhor Jesus nos dizem (1Co 13.12; Mt 11.27). O conhecimento necessário para a salvação, para viver dignamente do Senhor e fazer o que é bom, nós o temos revelado e registrado nas Escrituras (Mq 6.8; Rm 15.4-6).

. LEITURAS DIÁRIAS
segunda-feira Jó 5.1-27
terça-feira Jó 38.1-41
quarta-feira Sl 8.1-9
quinta-feira Sl 19.1-6
sexta-feira Sl 25.1-22
sábado Is 25.1-12
domingo Is 40.12-31

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