segunda-feira, 13 de junho de 2011

ÁQUILA E PRISCILA – QUE BELA VISÃO DE REINO!

Em uma de suas canções mais populares, o cantor Roberto Carlos insiste no refrão da música, dizendo: “É preciso saber viver”. Confesso que nem sei se ele mesmo tem sabido viver, porque não tenho notícias que ele já tenha entregado sua vida para Jesus!
Mas, mesmo entre nós, o conceito de saber viver tem sido um pouco deturpado. Uns acham que é ter uma vida farta materialmente falando, cercado de confortos modernos; outros acham que é ter uma polpuda conta bancária, outros que basta ter dinheiro no bolso e saúde pra dar e vender, como diz o refrão de outra canção. Na realidade, irmãos, estamos diante de um casal que realmente soube viver, pois uma vez convertido ao Senhor usou tudo que tinha, tudo que veio a ter e tudo que era para o serviço do Senhor! Cumpre-se no casal o que Moisés pediu a Deus no Sl 90.12: “Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos corações sábios.”

1 – QUEM ERAM ÁQUILA E PRISCILA?

Eles formavam um lindo casal, cujos nomes aparecem pelo menos seis vezes na Bíblia, com Paulo e Lucas se dividindo nas citações. Vieram de Roma como refugiados de guerra e se estabeleceram em Corinto, cidade conhecida pelo seu progresso material, pelos avanços culturais, mas sobretudo pela imoralidade que lá campeava.
Ele era judeu, natural da cidade do Ponto, no litoral do mar Negro, Ásia Menor – At 18.2.
Ela que era chamada de Prisca (2Tm 4.19), enquanto Lucas a chamava pelo diminutivo Priscila (At 18.2); era oriunda de uma tradicional família romana.
Sua profissão: era comum aos judeus, ricos ou pobres, os filhos ainda crianças aprenderem uma profissão, e Áquila aprendeu a fabricar tendas (eram residências móveis feitas de couro de cabra – At 18.3).

2 – ALGUMAS MARCAS QUE CARACTERIZAVAM O CASAL

(1) – Uma consciência forte de família - At 18.18. Alguns casais sabem tirar proveito da vida, um complementando o outro, fortalecendo-se e tirando proveito dos pontos fortes de cada um, formando assim uma dupla imbatível. Áquila e Priscila era um destes casais, pois seus esforços em se mostrarem unidos contagiavam aqueles que estavam ao seu redor. Por certo, a exemplo de todo e qualquer casal, deveriam ter problemas relacionais, mas eles não permitiam que estes afetassem sua vida nas áreas cristã e ministerial. Chama a atenção de qualquer leitor atento da Bíblia que em nenhum momento eles são citados separadamente. Só isso aí já nos leva a refletir sobre a valorização do casamento, a importância da família. Por certo o sucesso deles no ministério tem tudo a ver com o sucesso deles na vida conjugal.
Portanto, queridos casais, se quiserem ser bênçãos nas mãos de Deus mantenham-se unidos, e Deus os cobrirá com suas mais escolhidas e doces bênçãos!

(2) Uma consciência de ministério – At 18.19
A Bíblia silencia, mas é provável que eles tenham se convertido em Roma, tomada pelo paganismo e pelas superstições; é bem possível que eles tenham saído de lá, não só pela guerra civil mas também pela perseguição religiosa. Expulsos por um decreto do imperador Cláudio, que era contra os judeus. Chegando a Corinto, embora vivendo o drama de todos os refugiados, abriram sua casa para hospedar o apóstolo Paulo em sua segunda viagem missionária.
1) – Paulo juntou-se com eles também no ofício – Paulo quando jovem aprendeu aquele ofício. Assim, para não lhes ser pesado, juntou-se a eles para custear as suas despesas pessoais.
2) – O casal também lucrou com a presença do apóstolo. Enquanto Paulo se hospedava lá, o casal aproveitou a oportunidade para enriquecer-se dos conhecimentos bíblicos ministrados por ele. E isso lhes foi muito útil para que mais tarde, como iremos constatar, eles pudessem abençoar outros.
O destaque é que o casal tinha mil motivos para não hospedar Paulo em sua casa: refugiados de guerra estavam ainda se adaptando à nova cidade e residência; hospedar Paulo era um risco, pois as perseguições iriam acontecer por parte dos adversários do evangelho. Mas eles o receberam assim mesmo, pela forte consciência ministerial. Quando abençoamos, somos mais abençoados ainda – 1Pe 4.9; Hb 13.2.

(3) Uma consciência missionária – At 19; 1Co 16.19; Rm 16.5

Paulo, percebendo o ardor missionário do consagrado casal, viajou com eles de Corinto para Éfeso e em lá chegando ficou por alguns dias, pois precisava ir para Jerusalém, e com tranquilidade deixou o casal devidamente treinado para se incumbir da evangelização de Éfeso.
Mais uma vez a casa do casal é colocada a serviço do Senhor: embora a Bíblia não afirme, provavelmente a igreja de Éfeso tenha sido organizada na casa do casal, pois foi Paulo quem disse: “no Senhor muito vos saúdam Áquila e Priscila e bem assim, a igreja que está na casa deles” (Rm 16.5).
Imaginemos, irmãos, um casal sem filhos, a casa toda arrumadinha e de repente em face da necessidade da obra missionária os pastores falavam: “Vamos ter que nos reunir ao ar livre, sujeitos a espancamentos dos guardas da cidade”. E aí um silêncio! E o casal fica de pé e diz: “Pastores, passem a se reunir em nossa tenda a partir de hoje”. E naquele tempo a igreja tinha culto todos os dias (At 2.46). E o casal tinha todos os dias multidões invadindo a sua casa e a forte consciência missionária levava o casal a aceitar com alegria aquela santa invasão!

(4) O casal também tinha uma forte consciência de discipulado – At 18.25

Enquanto estavam em Éfeso, com a partida de Paulo para Jerusalém, ficou sobre o casal a responsabilidade de cuidar da igreja. E o casal, consciente da dura responsabilidade de substituir o incomparável Paulo, dirigiu a igreja com muita competência.
1) A presença de Apolo – Foi quando chegou a Éfeso um jovem e brilhante pregador chamado Apolo com um discurso forte, corajoso, que encantava a todos, e multidões eram arrebatadas com o discurso do jovem e revolucionário pregador.
Apolo também era versado nos debates, pois os oponentes do cristianismo eram devidamente rechaçados com a dialética do animado pregador, porém se percebia nele algumas dificuldades comuns em crentes novos.
2) A intervenção de Áquila e Priscila para discipular Apolo – Se o querido casal hospedeiro fosse inseguro ou carnal, veria o jovem Apolo como um usurpador de poder, alguém que vendo a igreja já organizada se valia da capacidade de oratória para alimentar a vaidade de ser aplaudido pelo povo. Porém o experiente casal adotou a filosofia de João Batista, referindo-se a Jesus: “é necessário que ele cresça e que nós diminuamos”. E ao invés de tolher o ministério do jovem, submeteu-o a um árduo discipulado, equipando-o com cultura teológica e eclesiástica para que ele prosseguisse a pregar, só que agora com mais respaldo bíblico.

PARA PENSAR E AGIR

Com Áquila e Priscila aprendemos que:
1) Só seremos felizes quando colocarmos bens e vidas a serviço do Senhor – Pelos esforços empreendidos, o casal, fugindo de perseguição romana, se estabeleceu em Corinto. Em lá chegando, foi logo se identificando com a obra missionária. Como já vimos anteriormente, Priscila veio de família mais abastada economicamente e Áquila era fazedor de tendas. O que nos encanta é que os dois combinaram colocar os bens adquiridos, a bela residência e, sobretudo, as vidas totalmente a serviço do Senhor. Tudo isso porque para eles o que importava mesmo era o progresso do reino de Deus. Que bela visão!
2) Cada casa pode se transformar em santuário – Nas saudações paulinas são mencionadas várias casas que foram transformadas em igrejas. Em face da ruptura entre judeus e gentios, as antigas sinagogas ficavam restritas a reuniões só de judeus e os novos convertidos gentios tinham que se virar para se reunirem em adoração a Deus. Daí surgiu a necessidade de os crentes abrirem suas casas para se tornarem em igrejas.
Irmão(ã), a sua casa tem sido uma pequena igreja em todos os sentidos? Há espaço para Deus reinar em seu lar? Hoje em dia até para se marcar um simples culto em uma residência de crentes tem sido uma dificuldade! Aprendamos com o casal Áquila e Priscila, por meio da bela visão de Reino que tinha, a abrir as nossas casas para serem transformadas em santuários! Portanto, local de adoração, pregação e santificação!

LEITURAS DIÁRIAS:

segunda-feira: At 18.1-11
terça-feira: At 18.12-17
quarta-feira: At 18.18-22
quinta-feira: At 18.23-28
sexta-feira: At 19.1-22
sábado: At 19.23-41
domingo: Rm 16.3-5; 1Co 16.19

terça-feira, 7 de junho de 2011

MULHER SAMARITANA – DE BIJUTERIA A JOIA RARA

TEXTO BÁSICO: João 4.1-42

“Bijuteria”, palavra de origem francesa, que significa peça fabricada com material sem valor comercial; enfeite barato, badulaque, quinquilharia, etc.; ao passo que jóia é um artefato de matéria preciosa (ouro, prata, etc.). No plano de Deus todos nós nascemos para ser jóias de valores incalculáveis, porém o pecado nos oprime, nos deprime, objetivando simplesmente nos transformar em bijuterias. É o caso da mulher em pauta: nasceu para ser bênção, porém o pecado havia lhe roubado a dignidade, a pureza, a santidade, transformando-a em uma pessoa sem valor, uma completa maldição para a sociedade organizada.
Vejamos a angústia, o desespero e sofrimento dessa mulher: era discriminada por ser mulher (v.27); rejeitada pelos judeus por ser samaritana, pois ao longo dos anos, os habitantes de Samaria haviam se tornados impuros aos olhos judeus, tanto racial como religiosamente. (v. 9); rejeitada pelos próprios patrícios por ter uma vida sexual depravada (v. 18), embora o texto bíblico não faça menção, ela deveria servir de vergonha para os parentes e amigos. Foi então que ela resolveu ir buscar água a partir do meio-dia (v. 6) para não ser vista por ninguém conhecido, pois o horário das aguadeiras trabalharem era o da manhã, evitando assim o rigor do sol. Ela vivia fugindo, escondendo-se. Deveria ter vergonha dos filhos, dos pais, dos amigos e parentes e até de si mesma, pois se achava suja, imunda e indigna para viver em sociedade.
A Bíblia não diz, mas podemos imaginar que ela dormia mal, se alimentava mal, deveria ser viciada nas drogas da época e pelo isolamento em que vivia deveria até ter ideias suicidas. Situação bem semelhante à que viveu o salmista, quando exclamou: “Assim como o cervo brama pelas correntes das águas, assim suspira a minha alma por ti, ó Deus! A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e me apresentarei ante a face de Deus?” (Sl 42.1,2).

1 – A MULHER SAMARITANA E A REVELAÇÃO DE JESUS

A conversa já caminhava para uma certa acomodação, Jesus com tranquilidade já havia acalmado os ânimos daquela mulher, quando de uma maneira inesperada Ele interrompe o diálogo e muda completamente o tom da conversa quando bruscamente diz: “Vai e chama o teu marido e vem cá”.
(1) Jesus estava revelando o pecado dela. Ele queria que ela soubesse que apesar de sua teologia, seu apego às tradições religiosas de seus antepassados, apesar de ela ser uma adoradora, apesar de seu orgulho denominacional, ela não passava de uma grande pecadora, adúltera e destituída da glória de Deus. A não ser que ela aceitasse a dádiva de Jesus e decidisse voluntariamente beber da água da vida. Ou seja, era uma religiosa que necessitava de salvação.

(2) Deus é espírito e não está sujeito às limitações da matéria – v. 24. A mulher, vencida pelos argumentos de Jesus, apelou para mudar a direção do debate: “Tudo bem, eu quero prosseguir a adorar, mas qual o local certo, Jerusalém ou Gerizim?”. Jesus mostrou para ela que Deus não está limitado a coisas menores: para Ele, adorar independe de local, de nomes ou de número de adoradores. Deus não olha para o local, mas sim para os adoradores que o adoram com sinceridade. Reportamo-nos ao salmista, que diz: “Quem subirá ao monte do SENHOR, ou quem estará no seu lugar santo? Aquele que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à vaidade, nem jura enganosamente” (Sl 24.3,4). Entende-se que adorar a Deus pelo modelo bíblico exige prostração, purificação e santificação.


2 – EM JESUS ELA ENCONTROU TUDO QUE A SUA ALMA TÃO SOFRIDA PRECISAVA ENCONTRAR

(1) Ela precisava encontrar Jesus. A religião, o conhecimento e os casamentos não satisfizeram a sua alma. Assim sendo, sem ter a menor noção, aquela ovelha sem pastor corria atrás de Jesus. Com um braseiro infernal queimando a alma, mal sabendo que só a “Água Viva” poderia apagar aquele incêndio que devorava o seu interior. Interessante é que ela inconscientemente corria atrás de Jesus, porém foi Ele quem a encontrou. Isso prova que salvação não é esforço nosso para chegarmos a Deus, mas é Deus que se esforça sempre para chegar até nós. “Adão, onde estás?”! Isso estabelece também uma clara diferença entre o cristianismo e as outras religiões: “nas demais religiões o homem corre atrás de Deus; no cristianismo é Deus quem corre atrás do homem”.

(2) Ela precisava muito conhecer Jesus. E Jesus foi conduzindo o diálogo e se revelando àquela mulher tão mal-humorada aos poucos:
1) Ela reconhece Jesus como profeta– v. 19.
A mulher agora dá um grande passo à frente ao reconhecer que Jesus era profeta e aí em sua mente vinha: Isaías, Jeremias, Ezequiel, Elias e outros, todos foram excelentes homens de Deus, mas ainda era pouco: a ideia era correta, mas ainda incompleta. Muitos até hoje veem Jesus como mestre, senhor, rei, majestade, príncipe, sábio, filósofo, etc. Mas todos esses títulos e esses conhecimentos não salvam. Porque tais pessoas valorizam os ensinamentos de Cristo, os milagres de Cristo, a obra de Cristo, mas não o próprio Cristo.
2) Ela atinge o ponto nevrálgico: o Senhor é o próprio Cristo – v. 29.
Por certo, agora acontece uma explosão do Espírito Santo dentro dela e aí ela não mais se contém, aliás, ninguém mais a detém, mesmo porque é impossível controlar alguém que foi tão impactado pelo poder de Deus. Imaginemos a alegria de Jesus ao comprovar a funcionalidade do evangelismo pessoal. Chegar à conclusão a que essa mulher chegou é indispensável para quem aspira a uma vida cristã prazerosa.

(3) Ela precisava muito se comprometer com Jesus – v. 11: “Senhor, dá-me dessa água.” – Mesmo sem ter ainda pleno conhecimento de causa em face da excelente propaganda feita por Jesus de seu valioso produto, a mulher foi persuadida a achar que jamais poderia viver sem aquela água. E à medida que se prova dessa água passa a haver um sério comprometimento com o doador. É esse o desafio para os seguidores de Cristo: encontrá-lo é relativamente fácil, conhecê-lo também é bem possível, o desafio maior é firmar pacto, firmar compromisso com Ele.

(4) Ela precisava agora testemunhar com alegria a respeito de Jesus – vv. 28,29.
A mulher que chegara ao poço de Jacó atormentada, com a alma esmolambada, recalcada, desmoralizada, após o encontro com Cristo e ter os seus questionamentos respondidos, ser confrontada com o seu pecado e experimentar da água da vida, saiu restaurada, renovada e com uma disposição incomum para encharcar a cidade da Palavra de Deus, apresentar Jesus como solução de todos problemas existenciais da humanidade.
E lançou toda a sua carga amorosa sobre Jesus e ao mesmo tempo apaixonou-se pela evangelização. Mas para cumprir com presteza o seu ministério ela teve que abandonar o velho poço de Jacó, que simbolizava um rompimento com o seu passado cheio de religiosidade vã, que não a levava a nada; mesmo também quem tem rios de água viva não precisa mais de gotas d’água do poço de Jacó.

PARA PENSAR E AGIR

A história passaria sem saber quem era essa simples mulher, pois era uma fracassada em todos os sentidos. Ela mesma já havia decretado falência em todo o seu modo de existir. Na cultura judaica, criança e mulher não tinham valor. Mas no caso dela era muito mais grave, ela que não tinha nenhuma importância mesmo. Mas na medida em que ela bebeu da Água Viva, sua vida ganhou importância histórica.
Ela aceitou passivamente ser a “outra” – Decepcionada com os casamentos, com os homens e com a vida, depois de cinco casamentos ela diz: “Não quero saber de casamento mais, é melhor ser a “outra”, porque tem muito menos responsabilidade”. Foi quando Jesus a confrontou com o seu pecado, abrindo um leque para a possibilidade de perdão. Afinal de contas, “onde abundou o pecado, superabundou a graça” (Rm 5.20).
Transformação total – Foi o que aconteceu com aquela mulher, que chegou para Jesus desprovida de qualquer virtude, e após experimentar da água viva foi transformada, provando que aquilo que a religiosidade dela não conseguiu fazer, aquilo que o sexo não pôde fazer, aquilo que a preconceituosa sociedade não conseguiu fazer, Jesus fez!
Ela chegou para Jesus como uma simples bijuteria e foi transformada em joia rara, levando toda a cidade a conhecer Cristo!
Obrigado, Senhor, pelo teu poder transformador!

LEITURAS DIÁRIAS:
segunda-feira: Jo 6.35; Jo 7.37-39
terça-feira: Jo 4.1-6
quarta-feira: Jo 4.7-15
quita-feira: Jo 4.16-24
sexta-feira: Jo 4.25-30
sábado: Jo 4.31-38
domingo: Jo 4.39-42

quarta-feira, 1 de junho de 2011

ESTÊVÃO – FÉ E HEROÍSMO NO REINO DE DEUS

TEXTO BÁSICO: Atos 6.1-15

Em todo o mundo, o evangelho frequentemente germinou e se arraigou em lugares regados com o sangue dos mártires. Mas antes de alguém poder dar a sua vida pelo evangelho, deve viver para o evangelho. Uma maneira pela qual Deus treina os seus servos é colocá-los em posições aparentemente insignificantes. O desejo de servir a Cristo é traduzido pela realidade em servir os outros.
O servo Estêvão em destaque: o seu nome significa riqueza, coroa ou grinalda. Viveu com heroísmo a sua vida e ministério cristãos. Em uma época pobre de heróis, especialmente no meio cristão, ele se consagrou como tal. Estêvão era um simples diácono, separado para servir às mesas, e não se contentou em acomodar-se nesse ministério, excedendo-o em muito, comprovando que havia se convertido não somente a Jesus Cristo mas também a sua causa.
Qualidades que ornamentavam o caráter de Estêvão:
1- Foi um dos sete líderes escolhidos para supervisionar a distribuição de alimentos aos necessitados na igreja primitiva – Atos 6.3,4.
2- Foi destacado pelas suas qualidades espirituais de fé, sabedoria, graça, poder e pela presença do Espírito Santo em sua vida – v. 5.
3- Foi o pioneiro em dar realmente a vida pelo evangelho na igreja primitiva – Atos 7.59,60.

1- LIÇÕES DO AMBIENTE HISTÓRICO EM QUE VIVIA ESTÊVÃO

(1) Nessa sociedade reinante prevalece sempre a “lei do mais forte” – Atos 6.10.
Não adianta muito discutir com o professor por causa da nota da prova, com o juiz que tem a caneta na mão pronta para dar a sentença, com o médico que está com o bisturi na mão, com o policial rodoviário mal-humorado, com o chefe de sua seção, etc.
Conta-se a fábula do lobo e o cordeirinho: um lobo mal intencionado abordou o cordeirinho à margem do riacho e foi logo dizendo: “Vou te comer porque ontem o seu pai mexeu comigo”; e o cordeiro disse: “Meu pai já virou churrasco há quase um ano atrás”; disse o lobo: “Então foi sua mãe”; e o cordeirinho disse: “Minha mãe nem mora aqui, uma família me comprou e eu me mudei para aqui ontem!”. O lobo pensou, pensou e disparou: “Então foi o seu irmão, o seu primo ou nem foi ninguém”, e avançou sobre o cordeirinho e o comeu! Moral da história: “Contra força, não há argumento!” Foi o que aconteceu com Estêvão.
(2) Nesse universo em que vivemos, sempre haverá pessoas venais – v. 11.
Ou seja, sempre haverá homens e mulheres que se vendem. Certo observador chegou a concluir que “cada homem tem o seu preço”. Sempre haverá os “judas”, os “geazis”, as “herodias”, etc. Desgraçadamente sempre existirão corruptores e corruptos.
(3) As multidões sempre são manipuláveis – v. 12.
É o famoso espírito coletivo. No meio do povo eu faço coisa que jamais faria sozinho. Você nunca fala palavrão, aí vai a um estádio de futebol e daqui a pouco estará xingando o juiz, a mãe dele, etc. É o espírito de “ola” (aquela coreografia feita nos estádios de futebol). É por isso que acontecem os linchamentos. Jesus nunca se impressionou com multidão, pois em uma semana gritou para Ele: “Hosanas ao ReI”, na semana seguinte a mesma multidão gritava a plenos pulmões: “Crucifica-o, crucifica-o!”.
Fora o provérbio latino: “A voz do povo é a voz de Deus”, porque nem sempre corresponde com a realidade.
(4) Nesta vida sempre haverá gente sem escrúpulo – v. 14.
Gente que mente fácil, mente rindo, mente sem sequer tremer os músculos do rosto. Ilustração: Famoso ator mata a colega de profissão e depois ainda vai ao enterro consolar a pobre da mãe!
(5) Haverá sempre pessoas cegas: pelas tradições, cultura, status – v. 15.
Para o bem-estar próprio, eles levam em frente projetos hediondos e perversos até o fim.
Tudo isso que foi dito constituía-se em um pequeno diagnóstico do ambiente terrível em que vivia o nosso protomártir do cristianismo.

2- ESTÊVÃO NOS ENSINA QUE NÃO DEVEMOS DEIXAR QUE A MESQUINHEZ DAS PESSOAS ESVAZIE O NOSSO CONTEÚDO – Atos 7.54
O ambiente em que Estêvão vivia era sujo. Quantos de nós temos que lidar com pessoas sujas de paletó, gravata, celular, computador, carro importado que querem nos deixar tão sujos quanto elas. Estêvão estava cheio, não de ódio, mas do Espírito Santo, e além de ser um grande administrador, era também excelente orador, com profundo conhecimento da Palavra de Deus. Tanto assim que quando foi confrontado por vários grupos antagônicos ao cristianismo, usou uma lógica convincente para refutá-los e defender a fé cristã perante o Sinédrio. Com esse monumental conhecimento do Antigo Testamento, que culminou com uma apresentação resumida da história do povo judeu, ele ainda fez poderosas e desafiadoras aplicações das Escrituras Sagradas. Por esse caminho, sem recuar, Estêvão tinha as seguintes certezas:
1) Ao fazer tais declarações ele estava no centro do controle de Deus;
2) Que os membros do Sinédrio não iriam suportar vê-lo colocar as suas motivações malignas em pratos limpos, pois sentiram-se tremendamente envergonhados e mais do que isso, desmascarados;
3) Ele também sabia que ao fazer aquele discurso tão verdadeiro e tão honesto, estava assinando a sua sentença de morte, mas foi até o fim!

3- ESTÊVÃO OLHOU PARA ALÉM DAS CIRCUNSTÂNCIAS – Atos 7.55,56
O que nos deprime é fixarmos os olhares em nossos problemas excessivamente. O escritor aos hebreus nos aconselha, quando diz: “Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus” (Hb 12.2). Outro personagem ilustrativo é o apóstolo Pedro, quando se propôs andar sobre as águas como Jesus. Enquanto fixou os olhos em Jesus, ele andou alguns passos sobre as águas, mas aí ele se distraiu e começou a olhar o marulhar do mar, o tamanho e o movimento das ondas e começou logo a afundar. Foi quando ele humildemente apelou para Jesus. Estêvão passou a ver além das pedradas, além das brumas e da cerração existentes e aí a sua alma descansou no Senhor. Em 2Reis 6.8-18, o texto diz que Jerusalém havia sido sitiada e o rei da Síria mandou um poderoso exército cercar a cidade. O moço de Eliseu ficou desesperado porque via cavalos, carros e um grande exército prontos para invadir, saquear e arrasar com a cidade. E Eliseu calmamente orou ao Senhor para que abrisse os olhos daquele jovem e ele visse além das circunstâncias, e o profeta ainda lhe disse: “Não temas; porque mais são os que estão conosco do que os que estão com eles” (2 Reis 6.16). E o verso 17 diz que Deus abriu os olhos do jovem e ele viu que o monte estava cheio de cavalos e carros de fogo em redor de Eliseu. O v. 18 diz que Deus cegou todos os inimigos!

PARA PENSAR E AGIR

. O esforço em busca da excelência em pequenas tarefas prepara as pessoas para responsabilidades infinitamente maiores – O personagem em foco podia se acomodar. E ao ser chamado para pregar, dizer não! Isso é trabalho do pastor porque ele “ganha pra isso”. Porém Estêvão levou tão a sério e desempenhou o seu ministério diaconal com tanto brilho que Deus o honrou poderosamente. E você, tem desempenhado com alegria o ministério que lhe foi concedido?
. A verdadeira compreensão a respeito de Deus, por meio de um profundo conhecimento de sua Palavra sempre nos leva a ações práticas e compassivas com as pessoas. Como anda o seu conhecimento bíblico e a que atitudes práticas ele te tem levado?
. Às vezes não entendemos por que crentes bons e consagrados bem como membros de suas famílias passam por sofrimentos atrozes e chegam até à morte e tanta gente irresponsável que leva uma vida medíocre vive com tanta facilidade. É que nessa hora de angústia e dor nunca devemos perguntar a Deus por que acontecem tais coisas, mas para quê; descansemos e confiemos n’Ele porque Ele tem domínio completo da nossa vida e de nossa história.

LEITURAS DIÁRIAS:

segunda-feira: Hebreus 12.1, 2
terça-feira: 2Reis 6.15-17
quarta-feira Romanos 14.7,8; Romanos 8.28
quinta-feira: Atos 6.1-7
sexta-feira: Atos 6.8-15
sábado: Atos 7.1-53
domingo: Atos 7.54-60

FILIPE – O EVANGELISTA SEM PRECONCEITO

TEXTO BÁSICO: Atos 8.1-40

As últimas palavras de Jesus para os seus discípulos foram as seguintes: “Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado” (Mc 16.15,16). No entanto, ao ser dada essa ordem clara e cristalina, muitos dos seguidores de Cristo se manifestaram relutantes à ideia de deixar o conforto de Jerusalém. Deus, percebendo isso, permitiu que houvesse uma intensa e sangrenta perseguição para obrigar os cristãos a cumprirem as ordens de Cristo, que envolviam Jerusalém, toda a Judeia, Samaria e até os confins da terra (At 1.8).
Como a maior parte dos cristãos era constituída de judeus, coube a Filipe, um dos diáconos responsáveis pela distribuição de alimentos, deixar Jerusalém e anunciar o evangelho por todos os lugares por onde passava, e diferente dos outros pregadores não se limitava ao público judeu, pois colocou em seu coração transpor barreiras étnicas, sociais e ideológicas e foi à busca dos samaritanos. Tomando essa corajosa decisão, percebeu logo que o Senhor estava nisso pela resposta imediata dos samaritanos, que em massa se prontificaram a servir a Jesus.

1- FILIPE E O DESAFIO DE FALAR ÀS MASSAS – Atos 8.1-8
Com o advento da perseguição e a consequente dispersão dos crentes, em meio a lágrimas e sofrimentos, alguns por certo esmoreceram na fé, porém Filipe e toda a sua família começaram a pregar e a falar poderosamente às massas, e segundo o relato bíblico o poder de Deus se manifestou de uma forma descomunal. E os resultados práticos vieram em profusão:
(1) Com a ação evangelizadora de Filipe, a igreja passou a superar obstáculos – vv. 2-4
Eram obstáculos terríveis, pois as esposas viam seus maridos e filhos assassinados, pais viam as filhas violentadas, porém o verso 4 diz que a igreja prosseguia a pregar. Essa é a característica maior de uma igreja cheia do Espírito Santo: nada a detém.
Em nossos dias qualquer probleminha tem sido empecilho para a fé do irmão, para participar das atividades da igreja, qualquer gripe, qualquer resfriado, qualquer pequena enfermidade, ou atrito familiar influencia o ânimo de tanta gente. Para aqueles cristãos, não! Eles contornavam obstáculos: administrativos; morais; materiais e espirituais.
(2) A igreja era desafiada a pregar a Palavra de Deus apresentando Cristo como única esperança – vv. 4, 5.
Filipe cria no poder transformador da Palavra de Deus, que sempre apontava para Jesus Cristo como única esperança para a humanidade. Ele a pregava com entusiasmo porque cria que ela:
a) impedia o homem de continuar pecando contra Deus – Sl 119.11.
b) era lâmpada para os pés e luz para os caminhos da humanidade – Sl 119.105.
c) era como o fogo que queima a palha e martelo que esmiúça a pedra – Jr 23.29.
d) nunca voltaria vazia – Is 55.11.
. Amados, a exemplo de Filipe, prossigamos a pregar com entusiasmo essa Palavra!
(3) Ele cria na capacidade de Deus realizar maravilhas e sinais – vv. 6,7.
Filipe após pregar via Deus expulsando demônios, cegos enxergando, paralíticos andando, surdos ouvindo e falando. E ele, muito diferente dos atuais pregadores de rádio e televisão, atribuía tudo isso a uma ação direta do Espírito, que cremos nós que continua agindo e operando milagres desse tipo em nossos dias, pois saibam que se dermos oportunidades em nossas igrejas, ouviremos vários testemunhos nessa direção. No entanto, somos obrigados a concordar com o teólogo Agostinho quando disse: “O maior milagre da história é apanhar um pecador e fazer dele um santo”. E isso, só Jesus Cristo pode fazer e quer fazer muito mais, basta que continuemos a pregar com entusiasmo e unção do Espírito Santo!

2- FILIPE – O HOMEM DA CIDADE E DO CAMPO – Atos 8.26-40
Vai a gente tentar entender o modo de Deus agir! Em Is 55.8, Deus diz: “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, porque assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos”.
Tudo isso para justificar o que Deus fez com Filipe, pois segundo o relato bíblico ele estava encantando as massas, multidões se convertendo, milagres mil eram feitos, o povo o carregando nos braços. E de repente Deus dá uma quebrada na história de sucesso dele. Parece que foi um anticlímax, pois Deus, até então, inexplicavelmente, o tira da cidade grande e o envia para um deserto, onde não havia praticamente ninguém! Posteriormente vamos entender que era exatamente lá que Deus o queria. Pois a exemplo de Moisés, Deus queria vê-lo fazendo o seu “doutorado” em pleno deserto.
E lá estava uma alma (um eunuco etíope), precisando ser discipulado. Como “mais vale uma alma do que o mundo inteiro” (Mt 16.26), mais uma vez valeu a pena Filipe concordar com Deus, porque aquele etíope iria inundar o seu país com a mensagem salvífica de Jesus. Passemos a explicitar as credenciais de Filipe como autêntico homem de Deus, que era:
(1)- Pautava a sua vida pela obediência – vv. 25, 26.
Diz a Bíblia que Deus falou, e ele: “Levantou-se e foi”. Tivesse ele a vaidade que tão de perto nos rodeia, aceitaria o desafio de deixar a cidade grande e ir para a roça, será? O mundo está carente de homens e mulheres que obedeçam a Deus, mesmo sem entender muito bem o que Deus está querendo, a exemplo de Abraão, Davi, etc. Aliás, eu ouvi certo missionário dizer que o alfabeto do crente é “OBDC”. A maior irritação de Jesus com alguns de seus seguidores era essa: “E por que me chamais Senhor, Senhor e não fazeis o que digo?” (Lc 6.46). Caso queiramos ser felizes no serviço do Senhor, obedeçamos a Ele.
(2)- Ele era totalmente guiado pelo Espírito Santo – v. 29.
Quem quiser ser usado por Deus para ganhar almas, precisa ser sensível à voz do Espírito. A igreja do primeiro século vivia embalada pelo vento do Espírito Santo (At 16.6-10).
Oswald Smith fez de tudo para ser enviado para missões, sem entender nada, Deus permitiu que ele fosse acometido por uma forte tuberculose, que lhe frustrou o intento. O homem de Deus chorou, chorou, foi para Toronto, no Canadá, e lá fundou a “Igreja dos Povos”, que mais tarde somente ela sustentou trezentos missionários em várias partes do mundo!
Na igreja primitiva, o Espírito Santo era quem dava as ordens (At 13.1-3). Irmãos, soltemos o cabo da nau e nos deixemos ser conduzidos pelo Espírito!
(3)- Filipe abre a boca, e por meio da Escritura Sagrada, anuncia-lhe Jesus – v. 35.
É grande a alegria nossa pelo vasto conhecimento bíblico de Filipe e porque a sua autoridade consistia na Palavra de Deus. Aprendemos com ele também que quando a pessoa de Deus “abre a boca” só pode ser para abençoar; caso contrário, que mantenha a boca fechada!
E como resultado de tudo isso, o eunuco foi salvo, batizado (o batismo não salva, mas é uma prova de que o convertido não se envergonha de testemunhar publicamente que pertence a Jesus), e muitas outras pessoas foram alcançadas para a glória de Deus!

PARA PENSAR E AGIR

. Filipe, a exemplo do colega de diaconato Estêvão, não quis ficar limitado à função de apenas servir às mesas, colocou-se nas mãos de Deus e se tornou um audacioso e intrépido evangelista. Irmão(ã), você tem perguntado a Deus o que é que Ele tem reservado para você? Quem sabe Deus quer aprofundar um pouco mais o seu ministério?
. Impressiona-nos o santo absurdo da obediência de Filipe. No auge de seu ministério na cidade grande, de repente Deus o convoca para um deserto e ele baixa a cabeça e a exemplo de Abraão, sem entender nada, curva-se diante da vontade de Deus, sendo tremendamente usado na cidade e no campo. Que Deus nos torne tão obedientes a sua voz, assim!
. Que Deus continue levantando em nosso meio homens e mulheres com esse nível de comprometimento com o Deus da obra e com a obra de Deus, tal como o nosso bravo evangelista, Filipe!

LEITURAS DIÁRIAS:
segunda-feira: Mc 16.15,16
terça-feira: At 6.1-7
quarta-feira: At 21.8, 9
quinta-feira: At 8.1-8
sexta-feira: At 8.9-13
sábado: At 8.14-24
domingo: At 8.25-40

Quem sou eu

Minha foto
Igreja Batista Ebenézer. Uma igreja que AMA você!