quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Duras constatações e uma doce verdade!


Texto básico: Lucas 16.1-13
Imagine um político corrupto sendo elogiado pelo Senhor por agir com sagacidade (v.8). Roubou mas foi elogiado... Será que Jesus realmente está ensinando um padrão ético do “mal menor”? Teria Jesus se tornado pragmático? Seria Ele o senhor da parábola?
Estes questionamentos aparecem porque estamos diante de uma das parábolas mais difíceis de compreensão em toda a Bíblia. Ela é uma parábola no seu sentido mais estrito e uma das poucas do evangelho de Lucas. A questão é tão séria que Juliano, o Apóstata a usou para inferiorizar a fé cristã e Jesus Cristo.
1. As soluções inadequadas que apareceram até agora
Estar diante de um texto tão desafiador fez com que muitos tentassem harmonizá-lo. Disseram por exemplo que o mordomo que funcionava como um agenciador das terras do seu senhor, com autoridade para negociar, quando subscreve valores mais baixos do que os contratados estaria beneficiando aquele fazendeiro, porque o contrato além de estar com juros (com usura, que era condenável por Deus – Dt 15.7,8), tinha também um valor de comissionamento, que cabia ao “mordomo”. Era comum já nessa época gente que emprestava o nome para negócios escusos, representando algum patrão. O administrador da fazenda era esse homem autorizado a ganhar dinheiro para o patrão espoliando os arrendatários, sabendo que caso houvesse algum problema, o patrão sairia livre. Por isso o senhor teria louvado a fidelidade do mordomo a Deus, o que resultou num patrão abençoado... será?
Outros dizem que o senhor da parábola nada tem a ver com Cristo. Mas Joaquim Jeremias indaga com razão que se esse senhor da parábola não é o Senhor da História, daria aquela sanção a quem lhe acabara de dar mais prejuízo? Parece que não. Além do mais como explicar a identificação com Deus que vem sendo feita no cap.15 para logo depois dizer que o senhor da parábola não é o Senhor? Quem faz essa distinção esquece que em Lucas kurios (grego – Senhor) é usado para Deus e Jesus somente.
Pensando assim o foco da parábola seria tão somente um ensino de Jesus sobre como lidar com as riquezas. De fato o Mestre pontua este assunto na parábola (v.9). Não dá para administrar o que é dos outros se não conseguimos administrar o que nos foi confiado (1Cr 29.14). Não dá para Deus confiar as riquezas eternas (muito) para aqueles que foram infiéis no pouco, na administração de bens durante a vida aqui (v.9).
Jesus não está dizendo aqui que vamos “residir” com amigos na eternidade, porque trouxemo-los para nós por meio de dinheiro. No entanto Ele quer dizer que os recursos que chegam às nossas mãos deveriam ser aplicados segundo a ótica do Reino, que é a visão da eternidade. Mas seria só isso?
Por fim há uma última ideia que assevera que Jesus não teria elogiado a trapaça daquele mordomo, mas sim sua astúcia. Sua preocupação com o futuro, seu modo firme de agir num momento crítico o teria dignificado. Um homem injusto se dignificando... nada mais em desacordo com a mensagem bíblica (Sl 32;51;Rm 3.23, 6.23). De fato Jesus não estava isentando aquele homem dos meios que ele usara para atingir seu fim.
Por isso quero convidá-lo a fazer uma leitura impregnada do combustível do Reino de Deus, que é a graça de Jesus.
2. Quando se pensa em Reino, o mordomo tipifica a vida de cada ser humano
A parábola é clara ao mostrar que aquele mordomo tinha tudo para dar certo. Tinha espaço para desenvolver seu trabalho, era conhecido dos arrendatários e tido como fiel representante do dono da fazenda. Contudo em algum momento de sua trajetória ele se tornara escravo também das riquezas. Alguém que defrauda o patrão normalmente o faz por conta da motivação de ter o mesmo padrão de vida que ele. Por isso Jesus afirma que ninguém pode servir a dois senhores ao mesmo tempo (v.13).
Fato é que muitos perdem a fidelidade justamente nessa hora de confronto com o conforto que as riquezas podem oferecer. E essa infidelidade do mordomo mostra que todo gerenciamento que fazemos nesta vida é imperfeito. Não só no tocante a recursos financeiros, mas sobretudo a relacionamentos. Isso porque todos os relacionamentos neste mundo acabam se transformando em encontro de contas.
Interessante que a palavra “denunciar” no v.1 é diabletê (grego – calúnia). Essa palavra tem sua origem no grego diábolos (caluniador), de onde vem o nome do nosso inimigo – o Diabo. O acusador sempre fará denúncias sobre essa infidelidade que os servos do Senhor manifestam.
Alguns são infiéis na visão de mordomia. Administram os bens do Senhor, o que Ele permite que se tenha, como se fossem seus. Outros são infiéis na aplicação dos recursos (dízimos e ofertas), jamais dando primazia ao Reino, mas sim destinando a ele, quando muito, as sobras. Outros são infiéis nos talentos e dons que Deus dispensou sobre sua vida. Ao invés de empregarem os dons na obra do Senhor, acabam somente usando em benefício próprio. Por que aquele mordomo da parábola não manifestou sempre aquela disposição?
Reconhecer essa incapacidade crônica de ser absolutamente fiel é o primeiro passo para ser alvo da graça.
3. Para o Reino conta não a nossa perfeição, mas o nosso melhor
O senhor daquele mordomo assim que verifica a denúncia, o despede. A expressão para “prestar contas da tua administração” (v.2), mostra uma ordem vigorosa e uma demissão imediata. A partir daquele momento aquele administrador não tinha mais autorização para falar em nome do dono.
Mesmo assim ele age, defraudando ainda mais seu senhor (veja os versos 4 e 9). Nesse sentido, o agente pensou sobriamente sobre si; e o fez de modo autêntico. Sua ação visava a um aproveitamento pessoal, mas também trazia um benefício moral para o dono das terras. Se o fazendeiro não desautorizasse a ação daquele “ex-mordomo”, ele seria reconhecido pela sua grande generosidade, marca distintiva de um nobre. Ele então procura fazer com que aqueles trabalhadores que ocupavam a terra do seu senhor recolham o valor que deviam ao senhor.
Comentando esse trecho da parábola, o pastor Caio Fábio afirmou, “quem não tem tudo para dar a Deus, dá tudo o que tem”. Deus não espera portanto nossa perfeição, mas o nosso melhor. Será que você tem dado o seu melhor para Deus e no Reino de Deus?
4. No Reino vale a misericórdia, não as riquezas
Aqui chegamos ao clímax da revelação do texto sagrado. Jesus contou essa parábola aos discípulos para que eles evitassem um comportamento réprobo dos fariseus: a avareza (v.14). Para esse grupo, ser rico era sinal de bênção divina e, portanto, de caminho seguro até o “seio de Abraão” (v.22). Contrapondo a isso Jesus ratifica que alguém preso ao dinheiro não entrará no céu porque já escolheu servir a outro senhor. Exemplo disso é que no v.13, “devotará” pode ser traduzido como apegar-se-á, agarrar-se-á a alguém.
Aquele homem precisou confiar tudo à misericórdia infalível do seu senhor, o qual era duro no acerto de contas, mas era de igual modo generoso. Nesse sentido o louvor de Jesus não seria a sagacidade daquele agente, um homem que agiria pensando no futuro. A aprovação do Mestre estava no olhar do passado: aquele mordomo conhecia profundamente a misericórdia do seu senhor.
Aqui a parábola se liga à história da redenção humana. Jesus, por amor e misericórdia, pagou o preço na cruz do Calvário para salvar cada um de nós, mordomos, que pela nossa fidelidade jamais receberíamos aprovação do Senhor.
Conclusão
O Reino de Deus não se constrói com riquezas. No Reino e para o Reino, os recursos não importam mais do que a misericórdia, do que o amor. Uma pessoa que já conheceu o amor de Deus pode muito bem, numa hora de crise, confiar totalmente nas misericórdias do Senhor, que se renovam cada manhã.
Leitura Diária

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terça-feira... Jr 2.1-19
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quinta-feira... Sl 89.24-52
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sábado... Lm 3.22-26
domingo... Lc 16.1-13

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