terça-feira, 6 de julho de 2010

DEUS – A FORTALEZA

Textos Básicos: Salmos 46 e 91
Se alguém está em perigo busca um abrigo para preservar sua integridade ou sua vida, pois precisa de abrigo, proteção, refúgio e segurança. Os salmos que estudaremos hoje nos apresentam Deus como o Refúgio, a Fortaleza, aquele que guarda o seu povo. São salmos para tempos de perigo ou quando as potências do mal são desafiadas. O Salmo 46.1 foi o texto que inspirou Lutero a escrever o hino da Reforma: Castelo Forte é o Nosso Deus, 323 CC, que até hoje tranquiliza os salvos diante das vicissitudes da vida. O salmo 46 tem um tom forte, ritmado, mostrando a proeminência de Deus sobre todas as esferas da existência, enquanto o Salmo 91 é mais acalentador. Por isso, os dois se completam.
1. Fortaleza nas catástrofes (46.1-3; 91.1-13)
No Salmo 46 o salmista usa dois quadros poderosos para falar das ameaças que podem sobrevir ao homem em sua vida terrena. O primeiro é formado pela terra e pelos montes, símbolos de algo imutável e firme. Uma montanha impressiona não apenas pelo tamanho, mas pela imponência de sua firmeza, encravada sobre a superfície da terra, de onde ninguém consegue movê-lo. Os montes eram também locais naturais de refúgio para um exército que precisasse esconder-se do inimigo. O segundo quadro é formado pelos mares, cujas águas irrequietas e ameaçadoras são usadas como símbolo das intempéries da vida. É inútil qualquer esforço para fugir de uma possível fúria do mar (recorde o tsunami na Indonésia em dezembro de 2004, que deixou um saldo de cerca de 100 mil mortos e milhões de desabrigados). Estes dois quadros mostram a impotência do homem para livrar a si mesmo.
Onde então encontrar refúgio das vicissitudes da vida? Somente Deus pode prover socorro nessas horas. Refúgio significa “abrigo contra o perigo”; fortaleza lembra os castelos onde os soldados se abrigavam. O Senhor é “socorro bem presente na angústia”. “Bem presente” significa originalmente, algo como “pronto para ser achado”, implicando a suficiência de Deus para toda situação.
Convém notar como o Salmo 91 faz a mudança da pessoa do discurso. Nos versos 1 e 2 temos a 1ª pessoa do singular, pois o autor está declarando a sua fé pessoal: “meu refúgio” e “minha fortaleza”, “meu Deus”, formas verbais que nos dão uma dimensão de intimidade, de uma fé pessoal efetivamente exercida. Tudo isso é enriquecido pelos quatro nomes divinos usados apenas nesses versos: Altíssimo, título que reduz todas as ameaças ao tamanho certo, ou seja, tudo fica pequeno diante daquele que é maior; Onipotente (Shaddai), que é o nome que sustentava os patriarcas (Êx 6.3); Senhor (Iavé), nome pelo qual Moisés teve certeza de que “Eu Sou” estaria com ele (Ex 3.12,14) e a palavra geral (Elohim) para referência a Deus, o “meu Deus”.
Nos versos 3-13 temos o uso da 2ª pessoa do singular: “te livra”, “te cobre”, recurso usado pelo salmista para detalhar os diversos aspectos da verdade que acabara de descrever. Os versos 3-6 falam de perigos que machucam sem serem vistos, sendo assim mais perigosos e contra os quais somos totalmente indefesos. O salmista usa a metáfora da ave mãe, que protege seus filhotes, para lembrar-nos que podemos contar com as ações protetoras do Senhor (comparar Mt.23:37, Lc 13.14). Os versos 7-10 destacam a proteção individual, sem, no entanto, se constituírem em uma espécie de fórmula mágica contra as adversidades. É uma promessa de caráter geral (como em Rm 8.28) em que o cuidado de Deus não exclui que possa haver percalços na vida humana (Rm 8.35). Nos versos 11-13 temos a garantia da proteção milagrosa de Deus, promessa que faz eco com Hebreus 1.14, que fala de uma multidão invisível que ministra em favor dos que vão herdar a salvação. Vale a pena ressaltar que não temos nesses versos um convite à arrogância espiritual (ao ser tentado pelo diabo, Jesus rejeitou usar essa promessa como um desafio a Deus – Mt 4.5-7) nem um ensino sobre “anjo da guarda” individual. O que está sendo ensinado é a ação protetora de Deus contra os poderes visíveis e invisíveis que porventura venham contra os seus filhos.
2 – Refúgio na sua cidade (vv.4-7)
Na cidade de Deus, os mares já não são ameaçadores, pois ali existe um rio cujas águas trazem alegria, que supre os refugiados. Embora seja uma referência imediata a Jerusalém, seu escopo ultrapassa os limites da cidade santa, fortaleza de Sião (2Sm 5.7). Sua segurança reside no fato de que Deus está no meio dela, não importando se os inimigos se levantam contra ela com furor. Por isso, nenhum exército poderá penetrar nessa cidade e infligir qualquer mal àqueles que nela habitam. A presença do Senhor dos Exércitos torna-a uma fortaleza inexpugnável, refúgio seguro para os desvalidos.
Melhor ainda é saber que essa fortaleza permanece erguida para todos nós, “filhos de Jacó”. Você e eu não precisamos ficar expostos ao inimigo, há um abrigo seguro contra ele e seus exércitos na presença do Senhor.
3 – Soberano na terra (vv.8-11)
Nesta parte final do salmo o autor convoca-nos a contemplar a soberania de Deus sobre a terra inteira. Ele está na “sua cidade” não para esconder-se do inimigo mas agindo para estabelecer sobre as nações a sua poderosa paz. É muito importante notar que esta paz não decorre de uma aliança com os inimigos, mas de um processo de julgamento executado pelo próprio Deus. Ele faz cessar a guerra (v.9) não por meio de uma persuasão suave, mas num contexto que lembra o desarmamento e derrota total dos seus inimigos. A fórmula divina para trazer paz à sua cidade, à terra e aos seus protegidos é a harmonia por intermédio do conflito aberto contra os inimigos. Não há trégua, não há um armistício – o inimigo é totalmente derrotado.
Este soberano Senhor ordena a todos que se aquietem. Primariamente, esta não é uma palavra de consolação, mas de repreensão para um mundo inquieto e turbulento. É a mesma autoridade que Jesus usa quando repreende a tempestade (Mc 4.39). Em segundo plano está a idéia de consolo. Diante das dificuldades, das ameaças reais ou imaginárias, somos convidados a nos aquietarmos (v.10). Não é a quietude de um conformismo fatalista, mas de uma fé que descansa no soberano Senhor: “E esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé” (1João 5.4).
4 – Deus e seu compromisso protetor (Sl 91.14-16)
Os versos finais constituem um oráculo divino. Neles estão presentes oito expressões que ilustram as coisas que Deus se compromete a fazer; não significando, no entanto, que Deus faça apenas as ações contidas ali. A expressão do v.14, “pois que tanto me amou”, tem o sentido original de “fixar o coração sobre outra pessoa ou empreendimento” e ocorre, segundo Kidner, apenas nesse texto como referência da dedicação de Deus ao homem. O amor de Deus vem primeiro devendo o homem corresponder a esse amor (comparar 1João 4.19).
Todas as benesses de Deus para os seus filhos decorrem da iniciativa divina em amá-los. A relação do homem com Deus (conhece o meu nome) é coroada com as dádivas divinas. Preste atenção nos favores de Deus apresentados nos versos aqui destacados: eu o livrarei, lhe responderei, estarei com ele na angústia, livrá-lo-ei, honrarei, mostrarei a minha salvação. O que é ainda mais impressionante é que algumas dessas dádivas (pelo menos na sua plenitude, como por exemplo, “minha salvação”) só ocorrem ocasionalmente ou figuradamente para os fiéis do Antigo Testamento, ao passo que para nós, por termos a revelação completa e final de Deus, se mostram em sua plenitude, visto que dependiam exatamente do desenvolvimento e ápice dessa revelação.
Para pensar e agir
Sabemos que a vida tem surpresas que machucam, ferem e trazem profundas cicatrizes. Quem de nós jamais passou por circunstâncias que abriram feridas que teimavam em arder? Quem nunca teve medo, momento de angústia, perigo ou apreensão? No entanto, podemos afirmar que:
▪ Tais circunstâncias não duram para sempre, pois o choro pode durar uma noite, mas a alegria do consolo de Deus vem em seguida (Sl 30.5).
▪ Deus sempre está presente nos momentos em que precisamos de consolo, abrigo e refúgio. Como diz o hino 155 CC: “Em seus braços nos acolhe, e nos dá consolação”.
Leitura Diária

segunda-feira Romanos 8.28-39
terça-feira Salmo 31
quarta-feira Salmo 71
quinta-feira Salmo 61
sexta-feira Salmo 62.1-8
sábado Salmo 46
domingo Salmo 91

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