segunda-feira, 26 de julho de 2010

DEUS – AQUELE QUE ESCUTA O AFLITO

Texto Básico: Salmo 116
Estar em momentos de aflição é uma experiência que muitos dos irmãos já passaram, e, com certeza, lembram-se da angústia que essas ocorrências provocam. O estudo de hoje nos reporta a uma experiência dessa natureza na vida do salmista. Seu contexto geral sugere-nos que o salmista tinha passado por grandes tribulações em sua trajetória de vida, mas Deus ouvira seu clamor em meio a toda a aflição. As bênçãos foram grandiosas, de tal forma que o salmista não podia guardar para si o que recebera. Os sentimentos são intensos e toda a congregação de Israel, todo o povo, precisava partilhar do poder do Senhor e aprender que Deus socorre os aflitos, cabendo a estes serem agradecidos, irrompendo em brados de júbilo.
1. A angústia relembrada (vv.1-4)
O salmo começa com uma declaração ímpar de amor a Deus motivada por Ele ter atendido ao apelo urgente do salmista, livrando-o de uma situação que ameaçava até mesmo sua vida (“cordéis de morte me cercaram...” – v.3). O primeiro dever do homem é amar a Deus, e amar é cumprir toda a lei. A aflição vivenciada era tão grande que o salmista não apenas pede ao Senhor de forma displicente, ele clama na confiança de que Iavé ouve, “toma consciência” de sua necessidade e recebe sua oração. O poeta não somente se lembra de uma ocasião passada, como também dela tira segurança duradoura (ele ouviu) e faz uma resolução para durar a vida inteira, no sentido de confiar exclusiva e explicitamente em Deus: “invocá-lo-ei enquanto viver” (v.2).
O quadro presente nos versos 3 e 4 é o mesmo do Salmo 18.4,5, retratando alguém que foi apanhado e preso sem que tivesse como fugir, não alguém que escolheu seu caminho no meio de muitos perigos. A palavra traduzida como “angústias” tem, em outros textos, o significado de “apuros”, como se o salmista estivesse sendo perseguido, caçado pelo sheol que objetivava infligi-lo terror. “Na poesia do Antigo Testamento, a morte e o inferno (sheol) são agressivos, tentando agarrar os vivos para desgastá-los com doenças ou esmagá-los com depressão; assim, também, a triste situação do cantor poderia ter sido uma doença desesperadora ou (como sugere o v.11), uma experiência que fere ou desilude”. O único refúgio diante do violento ataque é o Senhor. As palavras são enfáticas: “então invoquei o nome do Senhor...” (v.4) e indicam a urgência da oração, pois falam de um clamor constante, visto serem repetidas nos versos 13 e 17. Como é bom sabermos que a oração pode intervir limitando o sofrimento humano, pondo fim às suas angústias e pesares, pois podemos experimentar que verdadeiramente “a oração feita por um justo pode muito em seus efeitos” (Tg 5.16).
2. As misericórdias relembradas (vv.5-11)
Aquele que clama tem a alegria de ver a oração respondida e o cenário modificado. Piedade e justiça são atributos divinos (v.5). O poeta se identifica com os simples (v.6), que no hebraico é pethaim, que algumas versões traduzem como “pequeninos”. Não são os egocêntricos, os “espertos”, os sofisticados ou poderosos que se tornam alvo do cuidado divino, mas aqueles que não têm nenhum mérito, os “pequeninos”. Por todo cuidado a ele dispensado, o salmista exclama: “volta, minha alma, a teu repouso” (v.7), ou seja - “fica em descanso de novo, meu coração”. A sequência de agonia e choro é interrompida pela ação divina, revertendo o curso da vida do salmista. Tiago reafirma essa forma de ação divina: “... Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes” (Tg.4.6b). Este conceito vai de encontro à cultura dominante em nossos dias, que exalta os poderosos e adula-os de diversas maneiras, colocando de lado aqueles menos favorecidos. Num mundo assim, tais palavras são confortadoras para todos os desvalidos. Lembremo-nos das palavras de Jesus: “Bem-aventurados os pobres (simples, humildes) de espírito, porque deles é o reino dos céus” (MT 5.3).
A libertação (ou salvação) de Deus é completa. O poeta relembra a tríplice misericórdia divina (v.8): a alma foi livrada da morte; os olhos foram livrados da tristeza e os pés foram livrados do tropeço. Ele estivera à beira do sepulcro, perto de tombar dentro dele, mas o braço firme de Iavé se estendeu e o trouxe de volta à terra firme. Agora, ele pode “andar na terra dos viventes”, na presença de Deus, numa vereda de paz, testemunhando das misericórdias recebidas. Todos nós, filhos de Deus, podemos esperar isso dele, visto participarmos do seu amor, de sua aliança e de suas promessas. Mêncio, filósofo chinês do séc. III a.C., disse que quando o céu estava prestes a conceder alguma bênção especial a um homem, primeiramente lhe enviava uma provação severa. São dele essas palavras: “a vida origina-se na tristeza”. Mesmo submetido às pressões da vida, o salmista não perdera a fé, não deixara de acreditar na libertação divina. “Sentir-se esmagado ou desiludido, e dizer isto, mesmo nos tons irrestritos do pânico (...) não é prova de que a fé está morta; pode até comprovar sua sobrevivência, assim como a dor é sinal de vida. Na realidade, assim como a dor clama para a cura, a perturbação enfrentada com franqueza clama por Deus”. Tenha sempre isso em mente: Deus jamais fecha os ouvidos ao clamor e à angústia daqueles que o buscam em sinceridade.
3 – A gratidão pelas misericórdias (vv.13-20)
Encontramos nos versos 12-14 a expressão máxima da graça divina e da resposta humana. Como retribuir ao Senhor? “Tomarei o cálice da salvação...” pode se referir a uma libação de vinho vertida em um vaso que ficava sobre o altar, ato concomitante ao sacrifício oferecido a Iavé (cf. Ex 29.40), através do qual o adorador dispunha seu louvor e sua vida. Os votos seriam pagos na presença de todo o povo, servindo assim para testemunhar dos atos misericordiosos de Deus (vv.14,18). O salmista queria que todos participassem de sua gratidão e bendissessem a Deus juntamente com ele, razão pela qual se dispõe a pagar os votos entre a multidão, seja no templo, seja no meio da cidade (v19). Quando somos gratos a Deus estamos testemunhando, pois aqueles que nos cercam contemplam a realidade do cuidado e amparo divinos, sendo Deus glorificado por isso.
A gratidão do servo de Deus não se limita às misericórdias recebidas nesse tempo presente, mas estende-se também àquelas que têm alcance e escopo eternos. O verso 15 é um dos mais citados nos “cultos fúnebres”: “preciosa é à vista do Senhor a morte dos seus santos”. A palavra traduzida por “preciosa” é Yakar, no hebraico, que significa brilhante, clara, excelente, valiosa, preciosa, custosa. Mas em que sentido a morte pode ser considerada preciosa e extensão da misericórdia do Senhor? Algumas respostas podem ser consideradas: 1. A morte é valiosa quando coroa uma vida de propósito, espiritualidade e dependência de Deus, presenteando a pessoa com o descanso dos labores terrenos (cf. Ap.14.13). 2. A morte é valiosa quando completa uma vida valiosa, pois uma vida vazia e sem propósitos implica uma morte também vazia. 3. A morte é preciosa quando for a porta da vida eterna, pois introduz a alma às riquezas plenas da salvação e da vida eterna. 4. A morte do servo de Deus é preciosa, pois significa o triunfo da vida além da morte biológica, implicando a transformação corpórea para um corpo incorruptível (1Co 15.53,54), transformando a pessoa à imagem e semelhança de Deus (Ef 4.13, 1Jo 3.2).
Para pensar e agir
Todos passamos por problemas de diversas naturezas, que produzem angústia e sofrimento. Não hesite em derramar sua alma diante do Todo-Poderoso. Lembre-se do que diz um de nossos cânticos: “e, apesar dessa glória que tens, tu de importas comigo também”.
Nunca deixe que apenas os problemas e angústias preencham sua mente. Recorde as bênçãos, relembre as graças recebidas, os livramentos e as misericórdias de Deus. “E hás de ver, surpreso, quanto Deus já fez”.
Preencha seu coração com os louvores a Deus e deixe que seus lábios irrompam em gratidão por todas as misericórdias. Você e eu precisamos aprender a fazer o que cantamos: “te louvarei, não importam as circunstâncias, adorarei somente a ti, Senhor!”.

Leitura Diária

segunda-feira Salmo 4
terça-feira Salmo 6
quarta-feira Isaías 54.7-17
quinta-feira Lamentações 3.18-26
sexta-feira Efésios 2.1-10
sábado Salmo 116.1-12
domingo Salmo 116.13-20

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