quarta-feira, 30 de junho de 2010

DEUS: O BOM PASTOR

Texto básico: Salmo 23
O pastor de ovelhas era parte comum do cotidiano israelita. O próprio Davi, autor deste salmo, foi pastor de ovelhas (1Sm 16.11). É um salmo simples nas palavras, mas que revela profundidade em seu conteúdo. Kidner expressa com muita propriedade que “sua paz não é uma fuga; seu contentamento não é complacência; há disposição para enfrentar as trevas e um ataque iminente, e seu clímax revela um amor que não acha satisfação em nenhum alvo material: somente no próprio Senhor”. É isso que faz com que este salmo seja um dos favoritos do saltério para os cristãos, falando de forma especial ao coração das ovelhas do “Bom Pastor”.
1. O Pastor (v.1)
A maioria das referências a Deus feitas pelos salmistas emprega palavras que indicam certa distância entre Deus e o homem ou então uma referência impessoal. Ex: Deus é rei (29.10), é libertador (70.5), é rocha (28.1), é fortaleza e escudo (18.2). Mas no Salmo 23 essa distância e a referência impessoal são trocadas por uma metáfora que lembra intimidade e aconchego. O pastor vive com o seu rebanho, sendo tudo para ele: guia, protetor, provedor e médico. O salmista expressa vividamente os cuidados de Deus pelas ovelhas, que são totalmente impotentes e dependentes, às quais o Pastor trata de uma maneira leal e devotada.
É importante percebermos no texto que Deus não é apenas Pastor - é o meu Pastor. Não há forma mais eloquente para traduzir a pessoalidade, a intimidade, a confiança, a dependência e a afetividade do que essa expressão. Como ovelha, cada um de nós pode desfrutar dessas bênçãos, o que faz eco ao texto de João 10, onde Jesus faz sua autoapresentação como o bom Pastor. O salmista expressa, portanto, não apenas confiança, cuidado etc., mas uma mensagem messiânica, apontando para Jesus, o supremo e bom Pastor.
2. O Pastor que sustenta (vv.1b,2)
Davi podia falar com autoridade sobre a importância do cuidado com a alimentação e segurança das ovelhas. Por experiência própria, sabia que era preciso cuidar de cada uma individualmente; agir em favor de todas, coletivamente, suprindo-lhes todas as necessidades. Ao identificar Deus como Pastor, vê-lo como Pastor poderoso e sábio que jamais deixaria uma de suas ovelhas sentir falta de alguma coisa: “... nada me faltará”. No Salmo 34.9, Davi acrescenta: “... nada falta aos que o temem”.
Os dois elementos essenciais para as ovelhas são pasto e água. Os pastos para os quais o pastor leva as ovelhas são verdejantes, e as águas, tranquilas, representando a alimentação suficiente e o descanso necessário à vida e ao bem-estar. Se considerarmos a geografia da Palestina, com sua terra arenosa e rochosa, onde o sol quente seca os riachos e os transforma em wadis , onde a água é encontrada apenas em parte do ano, a água e os pastos verdejantes ilustram uma provisão superior. Por isso o Salmo 23 tem sido chamado de “Salmo da Provisão”, lembrando ao cristão os recursos do supremo Pastor para a vida e as questões do cotidiano.
3. O Pastor que reanima e conduz (v.3)
Refrigera a minha alma também pode ser traduzido por reanima ou restaura a minha alma. Esta expressão pode significar a ação do pastor que traz de volta a ovelha desgarrada como também o refrigério que esta desfruta por encontrar-se novamente nos braços do pastor, junto às outras ovelhas. Espiritualmente, representa a renovação mais profunda do homem, por mais espiritualmente perverso ou enfermo que seja. É o Senhor provendo perdão e paz para aqueles que o seguem.
O bom Pastor sabe quais são as veredas certas por onde levar as ovelhas, evitando os caminhos perigosos. Veredas da justiça indicam não apenas o caminho certo em termos de direção, mas também o alto conteúdo moral que é exigido para ele. Ovelhas são animais que têm pouco sentido de orientação e, para não se perderem, obedecem aos sons e aos toques do cajado. Assim, o pastor dirige para o caminho certo as que se desviam e incita as que se atrasam, ao passo que o bater ritmado do cajado no chão dá a certeza de uma presença conhecida e tranquilizadora.
É assim que pastor e ovelha vão seguindo pelo caminho, visto que a vida e o destino de ambos estão intimamente entrelaçados. O que o pastor faz pelas ovelhas, ele faz por si mesmo, conduzindo-as por amor do seu nome. O que Jesus faz pelas suas ovelhas é creditado para honra e louvor da sua glória.
4. O Pastor que caminha junto
Atentem para a antítese entre os versos 2,3 e 4. O verso 2 fala de pastos verdes; o 3 fala de veredas justas e o 4 fala de vale de morte. As ovelhas não andam sempre por caminhos planos e verdejantes; há também caminhos difíceis, onde perigos estão à espreita e a morte é iminente. É neste momento que o salmista muda a referência ao Pastor, passando da 3ª pessoa (ele) para a 2ª (tu). No momento do perigo, o pastor não está adiantado, à frente das ovelhas, mas ao lado (tu estás comigo) para escoltá-las, tendo a vara (uma espécie de porrete, preso à cintura do pastor) como uma arma de defesa e o cajado em suas mãos, que servia para ajudar a caminhar e para recolher o rebanho, como instrumento de controle.
O pastor não conduz as ovelhas para a morte, mas pelo vale da sombra da morte, e em tempos de necessidades o companheirismo é fortificador. Deixando a metáfora, a morte é dolorosa e traumática; a mais dura experiência humana, e só o Senhor, o supremo Pastor, pode guiar o homem por meio dela. Todos os demais guias voltam atrás ou perecem, deixando o viajante sozinho. Mas o nosso Pastor toma conta e dá conta de todas as suas ovelhas, nenhuma delas se perde, nem mesmo no corredor escuro e obscuro da morte (cf. João 17.12).
5. O Pastor hospedeiro (vv.5,6)
A figura do pastor parece ser substituída ou a ela é acrescida a característica da hospitalidade, algo que denota maior intimidade. No Antigo Oriente (mais especificamente na cultura nômade) a hospitalidade tinha contornos específicos. Um homem que estivesse fugindo de seus inimigos ao adentrar, ou pelo menos tocar, a tenda de alguém, buscando refúgio, não poderia ser apanhado ali pelos perseguidores, pois seria ultrajante ao hospedeiro. O hospedeiro não apenas recebe o perseguido em sua tenda, mas prepara-lhe um fausto e farto banquete, o que, vendo os seus inimigos, não têm outra alternativa a não ser desistir da perseguição. Fora das tendas, estendia-se o deserto com seus perigos e expulsar da tenda equivaleria a uma sentença de morte, a não ser que o fugitivo, ou viajante, recebesse acolhida em outro lugar.
As ovelhas do bom Pastor sobrevivem à ameaça do vale da sombra da morte (no aspecto da nossa humanidade, o maior e último dos inimigos [1Co 15.26]), e transformam-na em triunfo, sendo recebidos à mesa pelo supremo Anfitrião. A mesa preparada e posta tem a conotação de intimidade e de amizade e sua fartura implica a capacidade provedora, ou riqueza do Anfitrião, pois o cálice oferecido é transbordante de bebida. O hospedeiro também unge com óleo, o que fazia parte da hospitalidade oriental, não poupando o azeite caríssimo.
Quando o fugitivo está saciado, o hospedeiro lhe oferece uma escolta para continuar a viagem – seus nomes – bondade e misericórdia. Na peregrinação para o lar eterno as ovelhas peregrinas do bom Pastor jamais andam sozinhas: são acompanhadas pela bondade e misericórdia até chegarem a habitar na casa do Senhor. A expressão “para todo sempre”, tem o sentido original de “por dias sem fim”, mas o sentido maior da aliança divina com seu povo autoriza o entendimento dessa expressão como uma referência à eternidade celeste, onde as ovelhas continuarão a ter Cristo como Pastor.
Para pensar e agir
Cada salvo pode ver e experimentar a presença do bom Pastor no dia-a-dia. É Ele quem nos sustenta, nos guia, nos guarda e nos reanima na caminhada, indo junto nos momentos mais difíceis, dando consolo e conforto que refrigeram a alma. Seu amor paciente trabalha por trazer e manter cada ovelha no caminho da justiça. Além disso, o salmista lembra a cada crente que a presença de Cristo não se reduz a esta vida, mas será uma companhia por toda a eternidade. Por isso, Ele é o bom Pastor.

Leitura Diária

segunda-feira Salmo 80
terça-feira Isaías 40.1-11
quarta-feira Ezequiel 34.1-19
quinta-feira Ezequiel 34.20-31
sexta-feira João 10.1-6
sábado João 10.7-18
domingo Salmo 23

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