terça-feira, 11 de janeiro de 2011

MOTIVAÇÕES TEOLÓGICAS PARA A OBRA MISSIONÁRIA


A obra missionária em sua essência e dimensão, bem como sua natureza e alcance, precisa ser entendida à luz de conceitos bíblicos e motivações teológicas para que no dinamismo do cumprimento de nossa tarefa possa haver uma sintonia do coração que obedece com o coração que manda. Estaremos prontos a obedecer na condição de servos ao mandado do Senhor absoluto quando essa obra tiver o crivo teológico, que é dimensão bíblica dessa tarefa. A obra missionária não se faz apenas com o coração, com sentimento, com ardor e vibração. Todo esse sentimento necessário não pode ser ímpar.
O apóstolo Paulo, o grande missionário do primeiro século e que deixou exemplo de vida e ensino para as igrejas de todos os tempos, nos faz entender mais e melhor as motivações teológicas para essa nobre tarefa. Vejamos, pois, o que diz o texto bíblico em foco.

1. ASPECTO ANTROPOLÓGICO DA MISSÃO (vv. 1,2,3,11,12)
Fazer missões passa pelo desafio de nossa compreensão a respeito da situação do homem sem Deus. Neste texto Paulo primeiramente sonda as profundezas do pessimismo acerca do homem; depois retrata a condição humana; e não está falando de um povo particularmente decadente, ou de um segmento degradado da sociedade, nem mesmo do paganismo extremamente corrupto. É verdade que ele começa com um vós enfático, indicando primeiramente seus leitores gentios da Ásia menor, mas passa rapidamente a escrever: “que todos nós andamos outrora da mesma maneira", assim acrescenta a si mesmo e os demais.
Temos aqui, portanto, o conceito de Paulo acerca de todos os homens sem Deus. Ele diz: “estávamos mortos”. Esta é uma declaração real da condição espiritual de todas as pessoas fora de Cristo. A origem dessa condição está nos delitos e pecados. Significa o desvio do caminho do Senhor. É dar um passo falso. Diante de Deus, o homem sem Cristo é tanto rebelde como um fracassado. Está alheio à vida de Deus. Mesmo parecendo estar vivas, diante do cotidiano, por tudo que fazem ou que sucede todos os dias, podemos dizer que tais pessoas, se Cristo não as salvou, estão mortas. Estão cegas para a glória de Cristo Jesus. Não amam a Deus. Uma vida sem Deus, por mais sadia física e mentalmente que seja, é uma morte em vida, e as pessoas que assim vivem estão mortas enquanto vivem. Esse é um grande paradoxo existencial porque pessoas que foram criadas por Deus e para o Senhor, vivem sem Deus. A condição do homem sem Cristo é a de viver escravizado, dominado por uma mentalidade pessoal tomada pela concupiscência da carne, que são os desejos errados da mente, e por atuação demoníaca (príncipe da potestade) que domina este mundo. A Bíblia identifica o diabo como sendo a fonte de tentações sendo ele mesmo um leão e assassino. Paulo diz ainda que o homem sem Cristo não apenas vive escravizado mas também condenado. O pecado faz os maiores estragos na vida do homem.
Para fazermos missões não podemos fechar os nossos olhos para esta realidade deprimente na vida do homem e na sociedade. A situação do homem sem Cristo é assustadora. Se fecharmos os olhos para a realidade da situação do homem sem Cristo e tudo o que isso significa, cairemos no erro de termos uma mensagem missionária descontextualizada do aspecto antropológico.

2. ASPECTO SOTERIOLÓGICO DA MISSÃO (vv. 4-8, 13-18)
Fazer missões passa pelo desafio de nossa compreensão da obra salvadora de Cristo Jesus. Quando Paulo agora diz: Mas Deus... (“mas” é uma conjunção adversativa) essas palavras contrapõem a condição desesperadora da humanidade caída à iniciativa graciosa e ação de Deus. Éramos objeto de sua ira, mas por causa do grande amor com que nos amou teve misericórdia de nós. Agora somos salvos, traz a ideia da ação e suas consequências dessa ação redentora. Há consequências permanentes de Deus salvar o homem. Somos salvos e permaneceremos salvos para sempre. Paulo diz: “Nos deu vida juntamente com Cristo” (v.5). “Juntamente com ele nos ressuscitou” (v. 6a). “Fez-nos assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus” (v.6b). Paulo então menciona que Deus deu vida, ressuscitou e nos fez assentar. Porque somente o amor e misericórdia podem triunfar sobre o ódio e toda desgraça advinda do pecado. Salvação é mais do que perdão, irmãos. Salvação é libertação da morte, da escravidão. Salvação é remover a culpa que o pecado traz.
A obra missionária é realizada com realeza espiritual quando essa experiência é vivenciada de forma subjetiva, mas que se objetiva quando a compartilhamos. Por isso Paulo diz:” para mostrar, nos séculos vindouros, a suprema riqueza da sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus” (v.7). Precisamos continuar mostrando “a suprema riqueza da graça de Deus”.

3. ASPECTO ECLESIOLÓGICO DA MISSÃO (vv.19-22)
Passa pelo desafio de nossa compreensão o fato de que em Cristo fazemos parte de seu corpo. Trabalhamos para engajarmos vidas no corpo de Cristo, que é a igreja do Deus vivo. O desfecho é maravilhoso, ímpar, porque da condição de perdidas essas vidas passam para a condição de salvas; da condição de criaturas, para serem filhos de Deus; da condição de escravizados, agora para livres, e de condenados, agora justificados. Isso nos insere no corpo de Cristo. Paulo aqui neste texto (vv.19,20) apresenta pelo menos três qualificações exclusivas das pessoas que se beneficiam da salvação oferecida por intermédio da fé em Jesus Cristo. Imaginem então o que a obra missionária, a proclamação do evangelho, proporciona àqueles que se rendem a Cristo.
Leia o verso 19: ”Portanto, vocês já não são estrangeiros nem forasteiros, mas concidadãos dos santos”. Em Cristo somos cidadãos celestiais. O apóstolo Paulo refere-se à cidadania celestial que alcançamos por meio de Jesus. Nos tempos do Novo Testamento a cidadania romana era muito valorizada e garantia status a quem a tivesse por direito de nascimento ou por aquisição mediante compra. Há um episódio na vida de Paulo que magistrados teriam ficado preocupados pelo fato de o terem açoitado, sendo ele cidadão romano (Atos 16.37-39). A cidadania romana deu o direito de Paulo ir ao tribunal de César (Atos 28.10-12). Mas o que é importante enfatizar é que todo direito e condição que uma cidadania possa dar ao homem é algo ínfimo diante dos direitos da cidadania eterna. Paulo diz: “A nossa cidadania, porém, está nos céus, de onde esperamos ansiosamente o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Filipenses 3.20).
Em Efésios 2.16, Paulo observa que Jesus, ao morrer na cruz, destruiu toda a inimizade, referindo-se à separação que o judaísmo fazia questão de fomentar, entre judeus e gentios. Note no capítulo 3, verso 6, que a mesma temática é abordada – os gentios desfrutam do mesmo status que os judeus na família de Deus, já que a cruz de Cristo, para ambos os povos, é o meio de adentrar esta aliança.
Na família de Deus todos são iguais (Gálatas 3.26-29), não importando origem, condição econômica, sexo ou idade. Louvado seja o Senhor por isso!


PARA PENSAR E AGIR
A teologia missionária é essencial como forma de uma motivação que traz consciência na obra pelo conhecimento que temos da Palavra. A grande motivação para a obra missionária é a Palavra.
Precisamos fazer missões porque o homem sem Cristo está perdido e estará perdido para sempre se morrer nessa condição. Cremos que esta é a condição do homem sem Jesus? Isso nos incomoda? Vamos em busca do pecador.
Somente a salvação em Cristo Jesus muda a condição do homem. Salvação real e genuína, que o livra da condenação do pecado. Não é uma reforma política e social, nem mesmo educacional ou psicológica, é o novo nascimento em Cristo. Firmemos esta convicção em nossa vida para que possamos proclamar essa única solução de vida.
Vivamos uma motivação missionária oferecendo uma nova posição para os pedidos arrependidos. Trazê-los para a família de Deus deve ser um fator motivacional.

LEITURAS DIÁRIAS

segunda ...Efésios 2.1-3
terça ...Efésios 2.4,5
quarta ...Efésios 2.6,7
quinta ...Efésios 2.8-10
sexta ...Efésios 2.11,12
sábado ...Efésios 2.12-17
domingo ...Efésios 2.18-22

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