sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Messianismo ( I )

Textos básicos: Isaías 7.10-14; 9.1-7; 11.1-16

Introdução: Messianismo é um termo elaborado a partir de uma palavra aramaica, cuja representação hebraica se escreve em português “Messias”, que se traduzido significa “ungido”. A palavra grega “christós”, aportuguesada “Cristo”, é o correspondente ao termo hebraico. Messianismo, portanto, deriva de Messias.
O messianismo se refere ao conceito histórico da Revelação do propósito de Deus registrado no Antigo Testamento, projetado e efetivado no Novo Testamento na pessoa, vida, obras e ensinos do Senhor Jesus Cristo (o Messias).
O Antigo Testamento engloba a lei, os salmos, as profecias, etc. do que Jesus fala nos seus ensinos, autenticando-o como o Messias (Lc 24.44; Jo 4. 25,26; 5.39,46,47).
Os ensinos e profecias sobre o Messias permeiam todo o Antigo Testamento. Sem considerar a história como um processo, como atuação de Deus para realizar o seu propósito, será difícil entender o significado do Messias como aquele em quem tudo veio a existir (Jo 1.3,10; 1Co 8.6; Cl 1.15.16), e no qual Deus consuma seu “eterno propósito”, a plenitude do Seu Reino (Ef 1.9, 10),* preparado para o homem (Mt 25. 34).
Lembramos, mais uma vez, que estamos deixando de lado questões acadêmicas, discussões, buscando os aspectos práticos que as lições tiveram no seu tempo e que podem ter para nós hoje.

1- O Messianismo entre os judeus - Gênesis 1.31; 3.17; 3.15
Deus criou todas as coisas. Tudo fez com propósito definido (Rm 11.36). Por isso, tudo Ele fez esplendidamente bem (Gn 1.31). Havia alegria n’Ele.
O Diabo, não sendo onisciente, não conhecendo o propósito de Deus, interveio, desconectando o homem da sua comunhão com Ele (queda no pecado). Sobrevém tristeza: “Maldita é a terra (solo, não planeta) por causa de ti” (Gn 3.17).
Deus repreende a serpente (Satanás) e lhe fala do Messias, descendente da mulher, que lhe esmagaria a cabeça (domínio – Gn 3.15).
Começa, então, o trabalho de Deus na história para remover a maldição, restaurar todas as coisas (At 3.21; 2Pe 3.13; Ap 21.1-22).
Entre os judeus havia a esperança de que o “descendente da mulher”, o filho de Davi seria manifesto num tempo apropriado, destruiria a mal e inauguraria “uma idade de ouro” para Israel, ao qual se submeteriam todas as nações, formando um império universal de paz, prosperidade, de realização plena (Is 2.1-4; Jr 31. 6-14; Mq 4.1-7).
Esta esperança da vinda do Messias e da plantação histórica do Seu Reino ultrapassou as fronteiras judaicas e permeou todo o Médio Oriente. Nas nações vizinhas muitos esperavam o nascimento do príncipe judeu que traria essa idade áurea para a humanidade. Os magos (sábios) vindos provavelmente do Planalto Persa a Jerusalém, em busca do recém-nascido “Rei dos Judeus” (Mt 2. 1,2), com toda a certeza, vieram nesta convicção.
O profeta Isaías se destaca nas profecias acerca do Messias, pregando e ensinando os israelitas num tempo difícil, lembrando-lhes que Jeová cumprirá Sua promessa, restaurará Israel e este será proclamador desta mensagem de esperança para todos os povos da terra.

2- O Messias nascerá de uma virgem - Isaías 7.14.
O prometido restaurador virá ao mundo de maneira sobrenatural. Deus, na criação, estabeleceu a maneira de reprodução. Requer sempre a união homem/mulher (macho/fêmea dentro de cada espécie). É o meio para encher o celeiro celestial.
O Messias é o ser ímpar – divindade/humanidade – numa unidade perfeita. Ao ajudar o rei Acaz nos seus momentos difíceis (vide lição 04) o profeta lhe oferece a oportunidade de pedir alguma manifestação especial da parte de Deus. Acaz recusa.
Isaías então lhe fala em termos proféticos que o Senhor fará algo muito maior a favor de Israel e da humanidade. Uma virgem conceberá (sem deixar de ser virgem, sem o conúbio conjugal) e partejará um filho, que será chamado EMANUEL. Aqui o profeta apenas refere o nome, pois Acaz é judeu e sabe o significado (Deus conosco). O rei precisava crer que Deus está com Israel como seu “pastor”, guardador, protetor. A cidade será preservada, como de fato foi, e a promessa do nascimento da criança é garantia do cuidado de Jeová com o seu povo. O nome do menino, Emanuel, e o seu significado atestam que Deus está presente.
No texto acima não há registro de que Acaz tenha aceitado o conselho de Isaías, tenha crido e alcançado sucesso. Os registros de 2Reis 16.1-20 e 2Crônicas 28.1-27 apontam para sujeição ao rei da Síria, e vandalizando o Templo (2Cr 28.24).

3-A profecia do nascimento se cumpre - Mateus 1.18-23; 2.1,2; Lucas 1.26-38; 2.4-15.
No seu trabalho para alcançar seu propósito (Jó 42.1,2), Deus fala a cada geração de seu povo. Socorre-a no seu presente, anima-a com a esperança do futuro, anunciando a glória que se há de manifestar. Isto é profecia.
Na sua fidelidade, perseverança, persistência, no tempo apropriado efetiva o que tem falado. Isto é cumprimento.
Ainda que Acaz pessoalmente não se tenha apropriado da alegria do anúncio do nascimento do Messias, certamente muitos se alegraram. A profecia foi repetida em outros termos (linguagem) a outros reis. Foi o conforto levado àquelas gerações.
No tempo próprio (Gl 4.4,5) Deus alegrou os que esperavam a vinda do Messias.
Em Mateus 1.18, lê-se que Maria engravidou do Espírito Santo, ainda virgem. Compare com Lucas 1.26-38:
• O anjo Gabriel visita uma jovem em Nazaré (Lc 1.26);
• Era uma jovem ainda virgem, prometida em casamento (Lc 1.27);
• Eis que conceberás e partejarás um filho... Jesus (Lc 1.31);
• Será chamado filho do Altíssimo… Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai (Lc 1.32);
• Reinará sobre a casa de Jacó; seu reino não terá fim (Lc 1.33);
• Virá sobre ti o Espírito Santo... seu filho será chamado santo, filho de Deus (Lc 1.35);
• Para Deus não há impossíveis (Lc 1. 37).
Uma avaliação atenta do texto de Mateus e de Lucas nos mostra como Deus trabalha a nosso favor e como efetiva rigorosamente em ações suas palavras.

Voltando a Mateus:
• Mateus 1.21… Jesus, porque Ele salvará (tirará, apartará) o seu povo dos pecados deles;
O Messias veio buscar e salvar (tirar do pecado) e tirar o pecado deles (do mundo – João 1.29);
• Será chamado Emanuel=Deus conosco (Mt 1.23; Is 7.14).

Estas considerações nos permitem concluir:
1- Deus trabalha no fluxo da história a favor do homem como indivíduo e como raça, com vistas ao seu propósito eterno feito em Cristo, antes da fundação do mundo (Ef 1.4), para nos dar o Seu Reino, preparado na eternidade (Is 41.14; Lc 12.32; Mt 25.34);

2- Todas as ações de Deus nos vêm por meio do Senhor Jesus, o “Messias”, o ungido de Deus, em quem, na eternidade, Deus propôs nos abençoar (Jo 1-1-3; 2Tm 1.8-10; 1Pe 1.9,10,20; Ap 13.8);

3- Seu propósito redentor declarado em Gênesis 3.15 tem atravessado todos os séculos desde então, com absoluta continuidade e fidelidade.Podemos crer em todas as promessas para o porvir (profecias) pois tudo se cumprirá e a plenitude do Reino virá.

4- O Messias é descendente de Davi (O Filho de Davi) - Isaías 11.1- 3.
Deus, ao falar a primeira vez sobre a redenção em Gênesis 3.15, afirmou que o Redentor por vir ( já provido na eternidade (1Pe 1.9,10,19,20; 2Tm 1.8-10; Ap 13.8) nasceria de mulher , profecia que se cumpriu como vimos nos itens 2 e 3 acima e referida por Paulo como tendo-se cumprido num tempo apropriado (Gl 4.4,5 ).
Deus anunciou também, ao chamar Abrão, que nele seriam abençoados todos os povos da terra (Gn 12.3. Cf. ainda: Gn 22.18; 26.4; 28.14; Sl 72.17; Gn 49.8-10 1Cr 5.2. Mq 5.2; Mt 2.5,6).
Nunca será demais lembrar que Deus trabalha no desenvolvimento da história sempre conduzindo-a na direção projetada para consumar seu bendito propósito. Na lista de profecias acima, vemos isto e o texto de Mateus 2.5,6 o confirma: “Então brotará um rebento do tronco de Jessé (pai de Davi), e das suas raízes um renovo frutificará” (11.1), quando uma floresta é devastada, dos tocos que ficam surgem brotos (feedback da natureza) que começam o processo de restauração.
Judá será levado em cativeiro, Jerusalém será devastada, queimada, o templo destruído (Jr 39.1-18; 2Rs 25.1-21). Mas não era o fim. Setenta anos depois vem a restauração. O toco brota. E brota porque a restauração de Israel é necessária ao cumprimento da esperança messiânica universal, a vinda em plenitude do Reino de Deus preparado antes da fundação do mundo para todos os povos (Gn 12.3; MT 25.34; At 1.9,10; 3.19-21: 17.30,31: 1Co 15.39; Is 25.6-9).
Outra vez aqui, a mim me parece que alguns eruditos e intérpretes se equivocam quanto a esta profecia. Ela teve seu lugar e aplicação para os dois reinos (Norte, Samária; e Sul, Jerusalém) mas também tem seu lugar e aplicação futura (para nós hoje e para todas as gerações por vir) até que o propósito eterno feito no “Messias”, “O Filho de Davi”, o Senhor Jesus Cristo apareça em plenitude (Dn 2 44; 7.13,14; Mq 4.6,7; 7.18-20; At 1.9,10).

*- A coerência, a perseverança, a fidelidade de Jeová desperta em nós fé, esperança, alegria, algo tão belo, tão sublime e relevante que não encontramos no vocabulário, nas palavras, na linguagem humana, recursos para expressá-los.Mas podemos dizer-lhe; Senhor: Obrigado. Recebe tudo o que está na minha alma, no meu coração, no meu ser, como louvor, como reconhecimento! Amém!


LEITURAS DIÁRIAS

segunda-feira: Is 2.1-5
terça-feira Is 4.1-6
quarta-feira Mq 5.2-15
quinta-feira Is 54.1-17
sexta-feira Is 60.1-22
sábado Is 65.1-25
domingo Is 52.1-15

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