terça-feira, 5 de outubro de 2010

Você foi feito para brilhar


Texto básico: LC 11.33-36
A uma geração que pedia um sinal (v.29) e aos fariseus que queriam atrelar Jesus a Belzebu (v.19) o Mestre fala da candeia. A candeia era o mais comum instrumento de iluminação na Palestina daquele tempo, normalmente mantida com um pavio formado de um pedaço de pano e azeite.
Conquanto esse trecho não possa ser qualificado de modo estrito como uma parábola, ele foi selecionado para nosso estudo devido à importância que ele tem e também à sua linguagem parabólica. É nessa passagem que convido você para tirar preciosas lições.
1. Num contexto imediato, quem era a candeia?
Jesus proferiu essas palavras para tipificar e contrastar aqueles que deveriam ter sido candeias (os fariseus) com aquele que era a própria candeia, a saber, o próprio Mestre. Para Jesus a candeia era todo aquele que detinha a Palavra de Deus, que a conhecia com profundidade e que procurava vivê-la com integridade de coração. Por isso em algum momento os fariseus tiveram a oportunidade de ser candeias. Eles conheciam a Palavra e se gabavam de detê-la. Mas infelizmente não a viviam (Mt 23).
É especialmente para eles que Cristo assevera que a “luz se torna trevas” (v.35). Na vida daqueles homens, a Palavra tinha perdido vida, fulgor, brilho. A religiosidade, os preceitos inúmeros (vv.38-44) não cumpridos, mas sempre do outro exigido, acabaram ofuscando suas vidas. De uma vocação para ser luz, candeia, acabaram se tornando em trevas. Ao invés de oferecerem a proximidade de um Deus amoroso e misericordioso, afastavam as pessoas do Senhor pela punição.
Conhecimento bíblico extremo sem um coração amoroso, sem vida com Deus, ao invés de fazer alguém brilhar, acaba escurecendo a vida e o ministério que Deus confiou a essa pessoa. Bíblia sem piedade (pode crer: alguns conseguem conjugar esse binômio!) produz farisaísmo e legalismo. E onde sobram regras falta Espírito (2Co 3.17). Ordem, ausência de confusão (1Co 14.32), não vem de regras, mas de intimidade com Deus. Quem é íntimo do Senhor vai ser da turma da paz, com ou sem regras.
A candeia também tipificava nesse contexto a própria luz do reino de Deus. Essa luz chamava-se Jesus de Nazaré. O Pai havia enviado o Filho para que as pessoas pudessem ser orientadas para a luz (Jo 1.4,5). Jesus é essa candeia que foi erguida quando crucificado no Calvário, sendo colocado no velador (Jo 3.14,15 e Lc 11.33). De uma forma maravilhosa Deus fez assim para que outros vejam a luz (v.33b).
Sendo Jesus a pura candeia de Deus, cabe a nós pô-la no velador. Isso implica glorificá-lo com a nossa vida. Resulta num crescimento da vida de Cristo em nós (Gl 2.20) e uma diminuição do nosso ego (Jo 3.30). É dedicar de modo simples e honesto toda a honra ao Senhor. É não ser “ladrão da Glória”, gente que se propala para receber louvor (Mt 6.5). Está a fim de ter um espírito humilde? Aos humildes está reservado o Reino (Mt 5.3) porque suas vidas apontam e focam sempre o Rei da Glória, a candeia celestial (Ap 21.23).
2. O propósito da candeia
De fato Jesus é essa candeia maior. Contudo de uma forma mais abrangente, podemos entender que cada um de nós, os que cremos nele, somos transformados em candeias neste mundo. Isso porque, assim como a candeia brilha uma luz que não é dela, mas que está nela, assim reluzimos a luz de Cristo em nós (Ct 2.10; Fp 2.15 – Foster no grego – luminares; astros celestiais que espelham luz e iluminam o mundo, tal como a Lua).
A candeia foi feita para brilhar. Não era para escondê-la. Assim também eu e você, uma vez “acesos” pelo Espírito fomos feitos para brilhar. Em outras palavras, Cristo é a luz que deve brilhar no cristão neste mundo tenebroso (Ef 6.12). Uma vez nosso “órgão de percepção espiritual” chamado coração iluminado por Cristo, irradiamos dessa luz para aqueles que nos cercam. Daí a necessidade de cuidado com o “enganoso coração” para que não se torne em trevas. Aliás, só há dois lugares no universo criado capazes de transformar luz em trevas: o buraco negro no espaço sideral, cuja densidade/massa é tão grande que “engole” até a luz, e o coração do homem que, uma vez em pecado, apaga o Espírito (1Ts 5.19).
Se somos candeia devemos resplandecer (v.36). A palavra no grego é a mesma para raio/relâmpago. Algo que é notado por muitos devido à luz que irradia. Seremos notados quando houver em nós ousadia, intrepidez (At 1.8; 4.29-31). Na verdade quando vivenciarmos a ousadia que nos foi dada pelo Espírito Santo (2Tm 1.7).
Você tem ousadia ao anunciar a Candeia do Céu? Ou o faz cheio de medo, de receio?
3. Como fazer a candeia brilhar
Jesus coloca todo o segredo nos olhos. A palavra no grego usada é aplous, que denota uma visão clara, em contraste com uma visão distorcida ou turva que muitos podem ter. No momento em que perdemos a clareza da consciência e do discernimento do que é certo ou errado, em que passamos a ter uma visão dupla das coisas, é sinal de que trevas se instalaram no coração.
Para que a candeia brilhe e ilumine é preciso que haja comunhão íntima com o Espírito. Para que sua vida resplandeça, é preciso que você fique sob influência dessa fonte própria de luz chamada Deus (1Jo 1.5). Não foi isso que aconteceu com Moisés quando o povo não podia vê-lo porque sua face resplandecia após subir no monte (Êx 34.29,30 e 2Co 3.7-16)? Somente andando como o Senhor (1Jo 2.6) é que vamos resplandecer.
Andar como o Senhor implica olhar as coisas de modo diferente. É ver as situações e provações sob a ótica divina. É transmitir com o olhar a luz e a verdade que estão na alma. É olhar tendo a motivação correta nesse olhar. É saber o que olhar e quando olhar. Muitas das trevas que alcançam o coração humano vêm através de um olhar. Os olhos e os ouvidos inundam o coração com coisas que prestam e com aquilo que é imprestável. Cabe a nós, se queremos ser de fato candeia, ter cuidado com aquilo que olhamos, isto é, com aquilo que importamos para a nossa alma.
Conclusão
Nosso alvo foi apresentado por Jesus: ser “como a candeia quando ilumina em plena luz” (v.36). Mas quando mesmo é que temos luz fraca?
a. Quando o conhecimento da Palavra vem desatrelado de piedade, de devoção a Cristo. Nessa hora a luz, que é a Palavra (Sl 119.105) se torna em trevas. Você deixa de brilhar e apaga o brilho de Deus em você, assim como os fariseus. Será que você se tornou assim? As pessoas têm vontade de estar perto de você e, quando se aproximam, sentem também vontade de estar mais perto de Deus, de orar (por exemplo)? Ou não? Se você inspira medo ao invés de vontade de se aproximar de Deus, é porque provavelmente a candeia está apagando ou, como nos mestres da Lei, já se apagou;
b. Percebemos nossa luz enfraquecida quando falta ousadia no brilhar, no testemunhar. Quando você como candeia prefere ficar debaixo do alqueire (v.33) ao invés de estar no velador é porque o pavio está sem “azeite”, sem presença do Espírito Santo. Como anda seu testemunho? Apagado, ou brilhando?
c. Quando importamos com os olhos aquilo que não presta para o nosso coração. Isso fará que tenhamos dúvidas até mesmo do que é certo ou errado. Será que você já está nesse dilema ético? Trevas escurecendo a luz que há em você?
Reaproxime-se agora do Senhor! Vença, domestique sua carne (Rm 7)! E sinta o prazer de ser usado pelo Senhor como luminar neste mundo tenebroso.
Leitura Diária

segunda-feira... Êx 34.29-35
terça-feira... Mt 5.14-16
quarta-feira... Fp 2.12-18
quinta-feira... Ef 1.15-23, 5.8
sexta-feira... At 13.44-52
sábado... 2Co 4.1-12
domingo... Lc 12.33-36

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