terça-feira, 19 de outubro de 2010

Uma ambição que poucos têm


Texto básico: LC 12.13-21
Todo ser humano normal ambiciona alguma coisa. Neste exato momento você pode estar fazendo planos para trocar o carro ou quem sabe adquirir a primeira moto. Talvez esteja pensando em comprar uma roupa mais cara, ou quem sabe até mesmo a igreja pense numa ampliação, compra de nova aparelhagem de som, ou de uma bancada diferente. Fato é que todos nós ambicionamos, desejamos coisas que ainda não alcançamos.
A Bíblia não condena a ambição em si. Mas condena toda e qualquer forma de vida que seja reduzida ao serviço às coisas. E nada exerce tanto atrativo neste quesito como o amor ao dinheiro. E é nesse ponto que a avareza torna uma pessoa escrava do bem adquirido ou desejado. Acaba servindo, adorando, a Mamom (Mt 6.24).
Para evidenciar que o Reino não é dos avarentos, mas sim dos que partilham os seus bens com liberalidade, Jesus após ser instigado por um homem, conta uma parábola. Interessante notar que ao provocar uma reação em Jesus, aquele homem:
a. Mostrava claro sinal de avareza, pois nenhum valor deu ao seu pai, que havia morrido, mas sim aos bens que deixara. Ao que tudo indica essa morte não devia ter ocorrido a muito tempo. Mesmo assim aquele rapaz já estava interessado na partilha. Coisa triste, não?
b. Acaba encomendando um juízo a Jesus. Ora, se ele via Jesus como um árbitro, devia confiar em sua deliberação e não encomendar o juízo. Ele chega dizendo o que Jesus deveria fazer (v.13). Mesmo sendo comum aos mestres decidirem, ajuizarem (aliás, eles eram também reconhecidos pela sua jurisprudência), não cabe a ninguém dar uma causa a Deus e pedir a parcialidade ao seu favor.
c. O Mestre passa então a recusar essa função. A espada que Cristo veio trazer (Mt 10.34) não é a do dinheiro, mas do evangelho. Famílias seriam partidas por causa das Boas-novas do Reino. Não por causa de heranças. Sempre que houver espaço o evangelho será promotor de reconciliação e não de divisão. Na verdade Jesus queria substituir a palavra meristes (grego – dividir) por mesistes (grego – reconciliar). De fato aquele homem estava ali reduzindo Cristo a um mero árbitro.
1. Aquele homem tipifica o avarento porque só pensava em si (vv.13,14)
Um dos grandes problemas do avarento é que sua postura é como a da sanguessuga (Pv 30.15). Sua mão é fechada, o que o impede de repartir, de dar, mas também de receber. Uma mão fechada acaba não retendo aquilo que Deus quer derramar sobre ela, porque para reter é preciso estar aberta para agarrar o que vem do céu. Tal conduta revela um elevado grau de individualismo. Isso porque pessoas avarentas se relacionam com coisas e não com gente. Terminam sozinhas.
Na parábola o homem rico estava ficando cada vez mais rico – seu campo produziu com abundância (v.16). Sua preocupação então era armazenar aquilo que conseguira amealhar ao longo de sua vida profissional (v.18). Jesus propositadamente evidencia um contrassenso: ora, por que um homem já abastado, rico, quer ter mais do que possui? A resposta é uma só: por conta da sua avareza, do seu amor ao dinheiro.
Aquele homem passara toda a vida se dedicando ao ter. E quando chegou ao fim descobriu que não era! Alguém que acredite que para ser alguém precisa ter as coisas e ostentá-las um dia descobrirá, como aquele fazendeiro da parábola, que não é nada. Toda sua riqueza não pode livrá-lo da morte (vv.19,20). Definir-se por aquilo que faz ou pelo que possui, por coisas externas à essência do ser, é admitir uma tremenda falta de consistência interna.
Conta-se que no enterro de um dos homens mais ricos que este mundo conheceu, o armador grego Aristóteles Onassis, vários de seus amigos comentavam sobre a herança que ele havia deixado. Num dado momento, um deles teria interrompido e dito: “é verdade que ele deixou muitos bens... mas o que ele levou consigo?”.
A avareza coisifica o ser humano. Ser avarento é ser pequeno, solitário, embora o celeiro possa ser enorme. Amar o dinheiro faz com que a pessoa pense somente em si. E isso faz com que deixe de ser bênção na vida dos outros. Será que você é assim?
2. Aquele homem tipifica o avarento porque queria só ajuntar para si (vv.17,18)
O Mestre vai denunciar as motivações e intenções daquele reclamante (v.13) mediante a parábola.
Qual era a marca do pensamento do fazendeiro da parábola? Ele pensava em ajuntar bens somente para si. As expressões encontradas no texto são o que “vou” fazer? “minha” colheita; “meus” celeiros; “minha” safra; “meus” bens. No entanto, ao passo que ele ia ajuntando bens ia perdendo a sua alma (Mt 16.26). A parábola não fala de lar, de esposa, de filhos, de amigos, de sinagoga/Templo, de vida com Deus. Não havia nem uma pessoa para herdar aquilo que ele ajuntara (v.20). Ele simplesmente havia perdido sua alma.
A marca de um cidadão do Reino não é a avareza, o isolacionismo, mas a comunhão. A primeira evidência da conversão de Zaqueu foi o desprendimento de toda a avareza, pois ele doou metade dos seus bens aos pobres (Lc 19). O primeiro sinal de que o Espírito estava operando na igreja primitiva era a comunhão que eles tinham a ponto de os discípulos de Jesus, vivendo num ambiente judaico e judaizante, optarem por ter tudo em comum. E muitos, como Barnabé, venderam suas propriedades para depositá-las aos pés dos apóstolos a fim de que os recursos fossem distribuídos (At 2.44; 4.32-36). Se houve um comunismo (entendido aqui por ter as coisas em comum) na História esse aconteceu no nascedouro da igreja.
Tudo isso para apontar o elevado grau de serviço da igreja. Ser cristão, cidadão do Reino não é entrar em disputas de herança, mas sim buscar servir o outro.
No seu dia a dia, na sua agenda pessoal, existe tempo para socorrer alguém ou só para aumentar os seus “celeiros”? Gosto de uma máxima que diz: “Se você não vive para servir, não serve para viver!”. Pense nisso!
Conclusão
Ambição para ter dinheiro, bens, sucesso, todos têm. Alguns até em grau de distorção, como é o caso dos avarentos, sobre os quais Jesus falou nessa parábola.
Contudo há uma ambição que poucos têm. E ela está ligada à expressão final que Cristo usa no verso 21. Poucos querem ser ricos para com Deus. Já ambicionou isso alguma vez? Conhece alguém assim?
Talvez até haja uma indagação no seu coração: como ser rico para com Deus? Quero terminar este estudo dando a você uma lista não esgotável:
a. Ser rico para com Deus é tê-lo como a riqueza maior de sua vida. É ter Deus como seu tesouro maior (v.34). Isso implica estar sempre disposto a servir e a ter uma agenda flexível para receber a direção de Deus. Esse é seu caso?
b. Ser rico para com Deus é ser rico de Deus! Isso implica viver uma vida pela graça e transbordando graça para todos os que perto de você estão. É viver tendo a misericórdia, o amor, triunfando sobre o juízo (Tg 2.12b);
c. Ser rico para com Deus é ser rico aos olhos de Deus. O sucesso para Deus e para seu Reino não está nos números que você possui (sua riqueza pessoal, seus celeiros). O sucesso para Deus está em sua obediência e comprometimento (fidelidade) a Ele. Noé foi um fracasso como evangelista, mas foi um sucesso como crente (Gn 6; Ez 14.14). Filipe estava “arrebentando” em Samaria até que o Espírito o levou para o deserto a fim de ganhar o mordomo de Candace para Jesus (At 8). Riqueza aos olhos humanos é quantidade. Riqueza aos olhos de Deus é fidelidade ao querer dele. Qual é a sua riqueza hoje?
d. Ser rico para com Deus é ser rico do galardão de Deus (1Co 15.58; Hb 6.10; 11.6). É experimentar a recompensa que vem do alto ou mesmo a que “lá em cima” está reservada para nós (2Tm 1.12). É se envolver na obra do Senhor com alegria e amor. É permitir que Ele o use para fazer grandes coisas.
Que tal a partir de agora almejar ser rico para com Deus?
Leitura Diária

segunda-feira ...1Tm 6.6-11
terça-feira ...Ap 3.14-22
quarta-feira ...Ec 5.10-6.2
quinta-feira ...Mt 17.24-27
sexta-feira ...2Co 9.6-15
sábado ...Fp 4
domingo... Lc 12.13-21

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