domingo, 24 de julho de 2011

Uma igreja que corrige as suas expressões de imaturidade

Texto bíblico: 1Coríntios 1.10-17

Introdução
A cidade de Corinto era próspera, para ela convergia um grande volume de tráfego por terra e pelo mar. Suas naturais instalações portuárias e sua localização estratégica fizeram dela um importante centro de navegação. Como sempre, o progresso traz as suas consequências. Negociantes, vagabundos, caçadores de dotes e os que buscavam prazer foram atraídos para lá. É nesta cidade que o apóstolo Paulo desenvolve uma campanha missionária nas casas, mostrando a graça de Cristo como suficiente para alterar qualquer realidade e trazer diferença para o tecido social. Mas para isso o apóstolo enfrentou muitas lutas. Bateu de frente com o pensamento grego como fez em Atenas, só que aqui “o intelecto grego não era dedicado à ciência, eloquência ou literatura... mas era dado à luxúria aberta e efeminada”. O edifício mais destacado de Corinto era o templo de Vênus, que representava o gosto e o caráter de seus habitantes. Esta era uma das mais luxuriantes, ostentadoras e dissolutas cidades de então. Era lugar de imoralidade e de práticas licenciosas, estimuladas pelo culto a Afrodite, com as muitas prostitutas do templo. A depravação era tão expressiva que o nome da cidade passou a fazer parte do vocabulário da língua grega, pois a palavra “corintianizar” significava agir de forma leviana. É nesse contexto que o evangelho entra, para mostrar que o corpo é o templo do Espírito (1Co 6.19,20), que não se deve nutrir os hábitos da volúpia, que as práticas pagãs e indecentes precisam ficar para trás (Cl 3.5-7), que a graça salvadora de Cristo propicia mudança interna e externa da vida (Ef 4.22-30) e que toda a imaturidade precisa ser superada pelo poder de Deus atuando na vida humana.

I – Trabalhando a unidade da fé

Qualquer expressão de imaturidade recebe o tratamento adequado com o ensino, com as devidas admoestações e encaminhamentos espirituais (Gl 6.1-3). Trabalhar o ser humano, dando-lhe suporte para crescer na graça e no conhecimento (2Pe 3.18), para superar suas fragilidades e para desenvolver uma convivência saudável como família espiritual é projeto que demanda ação do Espírito Santo e atuação pastoral eficaz. “Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma coisa e que não haja entre vós dissensões; antes, sejais unidos, em um mesmo sentindo e em um mesmo parecer” (1Co 1.10). Unidade não é uniformidade, esta é utopia, aquela é comungar dos mesmos ideais, tendo similaridade de sonhos, compartilhando dos mesmos anseios. A unidade aproxima pensamento e ação. A unidade do Espírito é fruto eminentemente da graça (Ef 1.7-10,13,14; 2.8-10; Rm 8.15), que nos retorna a Deus, quebrando as barreiras da inimizade e ligando-nos aos céus (Ef 2.15,16). A unidade da fé é parceria que envolve a graça e o púlpito, em que o povo é trabalhado e instruído, recebendo aperfeiçoamento para o exercício do seu ministério (Ef 4.12-15). Por intermédio do púlpito, o rebanho aprende a ter a mesma linha de compreensão das verdades de Deus; com palavras diferentes fala da mesma essência, demonstrando coerência em suas convicções de fé. Conquanto os salvos sejam distintos e únicos, vivem harmonizados, submissos ao senhorio de Jesus e dotados de maturidade, o que não deixa espaço para brigar em nome da fé, que não se deixam levar pelas sutilezas de falsos mestres (Cl 2.4-8) nem sendo inconstantes ou vulneráveis pelos ventos de doutrina (Ef 4.14).

II – Trabalhando as preferências para que elas não sufoquem a razão

No cotidiano da igreja, os partidarismos ou preferências, as dissensões, a disputa pelo poder, a corrida desenfreada para ser importante e estar acima dos outros (Fp 2.3) são sinais de imaturidade cristã.
Lendo 1Coríntios 1.12-16, entendemos que as preferências não devem sufocar a razão nem causar prejuízos à harmonia do corpo de Cristo. Nesses versículos o apóstolo ensina que as divisões na igreja eram uma associação carnal aos nomes de líderes, não que eles estivessem em litígio, mas o desacordo estava na mente e no coração das pessoas, quando insistiam na autoridade de um líder sobre o outro. O grupo de Paulo possivelmente fosse de pessoas simples e sinceras, aquelas que começaram o trabalho com ele e que desejavam usar essa condição para exigir prioridade sobre a liderança da igreja. O grupo de Apolo, homem eloquente, poderoso nas Escrituras (At 18.24), natural de Alexandria e habilidoso na oratória, priorizava a parte estética, intelectual e as habilidades humanas. O grupo de Cefas possivelmente fosse de judeus convertidos que defendiam que os cristãos deveriam observar a lei judaica. O grupo de Cristo provavelmente fosse de pessoas que desejavam ter uma maior liberdade ética e religiosa, sem que houvesse autoridade apostólica exercida sobre elas. Erraram feio! Exibiram um espírito faccioso, demonstraram suas preferências, quando deveriam ter lucidez para submeterem-se ao Senhor. Devemos checar nossas preferências, para que elas não firam os princípios eternos, não nos incomodem no futuro nem causem sofrimento ao Reino.

III – Buscando a sabedoria divina

A sabedoria é a “princesa das virtudes”. Feliz é aquele que a encontra, seu lucro excede ao da prata e, tudo quanto alguém possa desejar não é comparável a ela (Pv 3.13-15), só não dá para ser sábio aos próprios olhos (Is 5.21) nem para dar testemunho de si mesmo (Jo 5.31).
Na Bíblia encontramos duas vertentes da sabedoria: a do homem e a de Deus (Tg 315-17), e é em nossas ações que elas se evidenciam, mostrando a intensidade dos nossos feitos, se vinculados à terra ou aos céus. Precisamos de prudência, discernimento e visão espiritual para desenvolver o ministério cristão de forma mais parecida com Deus. A sabedoria do alto é fruto do temor ao Senhor (Pv 1.7; Sl 111.10), encontra-se à disposição de todos (Tg 1.5) e não está atrelada à bagagem cultural de ninguém; já a sabedoria humana encontra-se alicerçada na “lógica e em bases científicas”.
A sabedoria divina é o exercício do discernimento, a capacidade de perceber o que é mais importante fazer dentro das situações e agir expressando o senhorio de Cristo na vida. É sabedoria que se busca em Deus (Tg 1.5-8), com fé, dependência e desejo de honrá-lo. É pelo Espírito Santo que somos conduzidos nas realizações espirituais, guiados na compreensão da verdade (Jo 14.26;16.13) e que encontramos a chave para todas as coisas. É com sabedoria divina que se trata as expressões de imaturidade (1Co 1.17). Paulo considerava a igreja como um corpo (1Co 12.12-27), que devia funcionar de forma harmoniosa e que não poderia ser despedaçado por nenhuma discussão ou ação carnal. A sabedoria humana não dá respaldo para conhecer a essência divina nem para viver os ideais de Deus. A Bíblia diz que Moisés foi instruído em toda ciência dos egípcios (At 7.22), mas não foi suficiente para liderar aquele grupo de escravos, nem para agir em nome de Deus. Precisou da escola do deserto (At 7.30) para despir-se da grandeza e ter equilíbrio, paciência, mansidão e humildade.


Para pensar e agir

A igreja é composta de pessoas falhas, limitadas e imperfeitas, que em sua peregrinação aprende a enfrentar suas lutas, superar suas crises e celebrar suas vitórias. É com devoção, investimento nos salvos e dependência de Deus que a igreja caminha saudável.
As expressões de imaturidade surgem em decorrência das ações e preferências humanas sobrepondo-se às espirituais. Só os carnais promovem desencontros, desajustes e dissensões na igreja do Senhor, ainda que sob a alegação de defesa de uma boa causa.
Tem como justificar contender em nome de Deus, brigar pela Palavra, matar em nome da fé e pelo zelo religioso expor o evangelho ao escândalo público?
É possível trabalhar maturidade cristã sem púlpito amável e seguro, sem sabedoria divina e sendo afeito às preferências, partidarismos e politicagens?

Leituras diárias
segunda-feira - 1Coríntios 3.1-8
terça-feira - Efésios 2.1-7
quarta-feira - Efésios 2.13-22
quinta-feira - Efésios 4.17-32
sexta-feira - Filipenses 1.12-20
sábado - Colossenses 1.24-29
domingo - 1Tessalonicenses 4.1-8

Nenhum comentário:

Quem sou eu

Minha foto
Igreja Batista Ebenézer. Uma igreja que AMA você!