sexta-feira, 1 de julho de 2011

Uma igreja alicerçada na Palavra

Texto bíblico: Mateus 16.13-19

Introdução
Para orientar seus discípulos, Jesus retirou-se para as partes de Cesareia de Filipe (Mt 16.13). Cidade construída por Filipe, filho de Herodes, o Grande, num planalto rochoso às sombras do monte Hermom, para homenagear o imperador Tibério César. Esse era um lindo cenário para a confissão da divindade de Jesus e de sua identidade como o messias prometido e esperado, pois naquela área ainda havia marcas das práticas cúlticas dedicadas aos deuses Baal e Pan.
O Mestre havia concluído sua jornada ministerial na Galileia e a consumação de sua missão estava prestes a acontecer. Ter os discípulos por perto, afinados com sua pessoa, confiando de forma consistente em sua missão como messias, para enfrentar os desafios de um futuro próximo era o que Ele muito desejava. Então, veio a notável indagação: “Quem dizem os homens ser o filho do homem?”. As respostas foram diversificadas, identificando Jesus com vultos importantes do passado e do presente (Mt 16.14). Então veio a enfática pergunta (Mt 16.15) e Simão responde: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16.16). Somente Mateus apresenta a resposta conforme descrita acima. Em Marcos 8.27-30 e Lucas 9.18-21 o assunto é tratado citando apenas: “Tu és o Cristo”. Encanta-me a abordagem de Mateus por apresentar Jesus como o messias prometido e reconhecer n’Ele a sua natureza divina, o que era tremendamente complicado para os líderes judeus, que até podiam aceitar o messias humano, mas com pretensão de divindade era demais. Foi por isso que rejeitaram Jesus e o levaram à morte, acusando-o de blasfêmia (Mt 26.64,65). Com a declaração de fé proferida por Pedro, Jesus anuncia a sua notável criação (Mt 16.17-19).

I – Valoriza suas Raízes

A igreja foi edificada sobre a Rocha, a pedra que os edificadores rejeitaram, a pedra de tropeço e uma rocha de escândalo (Rm 9.33). Jamais a rocha poderia ser Pedro, porque quem n’Ele crê não será confundido. Essa é uma atribuição exclusivamente de Jesus. É bom frisar que no original encontramos um jogo de palavras sobre o assunto: Pedro é petros e rocha é petra. O rochedo – petra é diferente de petros, pedra solta. Daí, a palavra de Jesus em Mt 16.18 “Tu és Pedro (petros) e sobre esta pedra (Petra-Rocha) edificarei a minha igreja...” significa que a igreja foi edificada sobre esta Rocha de verdade revelada, ou seja, a verdade que o apóstolo Pedro tinha proclamado de que o Messias era Divino, uma rocha imutável sobre a qual a sua igreja estaria segura, onde nem a morte, a destruição ou as forças que se opõem a Cristo e ao seu Reino terão êxito.
A igreja não é produto do acaso, suas raízes estão firmadas em Jesus (Ef 2. 18-22). Recebemos um legado dos nossos antepassados, que deve ser trabalhado e ampliado para ser transmitido às próximas gerações. A igreja tem história, expressa o comprometimento de servos e servas do Senhor que cooperam no evangelho, que amparam a muitos e até arriscam suas vidas (Rm 16.1-4), pois os salvos são frutos para Cristo (Rm 16.5). Como igreja, temos lembranças, registros históricos em nossa memória e a certeza de que o nosso Salvador é Deus Eterno (Hb 13.8), que age, comanda e preserva os seus (Jo 10.7-18) e de suas mãos ninguém conseguirá arrebatá-los (Jo 6.37). Isso traz segurança para a comunidade dos santos!
A igreja precisa de equilíbrio para agregar em si os mais novos com o seu vigor, entusiasmo e alegria, mas também os mais antigos na fé, com os seus hábitos e com a sua estrutura de vida definida. A expectativa e o encanto pelo novo precisam se aliar à experiência e às raízes para que haja progresso do todo e alegria contagiante. Daí, a necessidade de uma tradição aberta e não de um tradicionalismo míope. Uma tradição criativa que não invalide a Palavra de Deus (Mt 15.6), nem acorrente a consciência humana (Cl 2.8), mas que transporte em si a herança. Esta se abre para o novo, dialogando e construindo possibilidades que edifiquem e promovam unidade (Ef 4.16), tendo em mente que não dá para progredir como igreja sem buscar herança, sem ter memória, sem agir com prudência e sem orientar sua vida na perspectiva de um legado saudável e construtivo.

II – Investe no presente com olhos no futuro

A igreja é uma célula viva onde as pessoas são lapidadas, assim como o fogo contribui para que a pedra bruta seja transformada numa joia preciosa. É na igreja que descobrimos e preparamos os valores para o reino de Deus.
Precisamos alcançar as pessoas com a graça de Cristo, desafiá-las à fé, cuidar delas, para que elas vejam o amor de Deus em ação, que é o antídoto para a obra do diabo, que veio para matar, roubar e destruir (Jo 10.10). As chaves do reino dos céus mostram a relevância da igreja e apontam para a sua autoridade, vista primeiro em Atos 2, quando as portas do Reino foram abertas aos judeus e prosélitos, depois Atos 10, quando foram abertas aos gentios, na casa de Cornélio, sendo destruída a barreira da separação, para que todos fossem um em Cristo (Ef 2.13-16). Como Corpo de Cristo e expressão do Reino, a igreja tem uma perspectiva: trabalhar no tempo para a eternidade, instruir sobre a vida no céu e ensinar aos salvos que eles são pedras vivas, edificados como casa espiritual, povo de propriedade exclusiva de Deus (1Pe 2.5,9).
Não dá para a igreja chegar atrasada nas pessoas. O que queremos que elas sejam amanhã, devemos trabalhar agora, apontando para Jesus, que opera mudança integral (1Pe 1.14-23).

III – É abrigo para os exilados da fé

A vida neste mundo é um duro desafio (Jo 16.33b), a vida cristã é um desafio maior. Passamos por lutas, provações, tempestades, incompreensões e sofrimentos diversos. Os filhos de Deus nunca tiveram vida fácil (2Tm 4.9-18; Mt 5.10-12).
Como tem atraído pessoas a pregação que ensina dar ordens a Deus, determinar o que se deseja, que filho de Rei não pode ser pobre, que sofrimento é falta de fé ou obra do Diabo, que o salvo é cabeça e não cauda, que se deve brigar com Deus, dizer que não aceita e determinar a vitória! Essa é uma postura de aparente fé, mas na realidade, de total ignorância, é distúrbio quanto à fé. O evangelho bíblico diz que nós somos servos (Mt 20.25-27), que o nosso tesouro é incorruptível nos céus (Lc 12.34). Isso não quer dizer que é proibido progredir ou adquirir bens; o que não se deve é colocar neles o coração (Mt 6.21). Os salvos pertencem ao Senhor e jamais serão separados do seu amor (Rm 8.35-39). Não se trata de cabeça ou cauda. Somos Corpo de Cristo e herdeiros de Deus (Rm 8.17). Não precisamos determinar vitória, como se de nós mesmos pudéssemos coisa alguma; a nossa vitória está garantida em Cristo (1Co 15.57). O cristianismo de autoajuda, de barganhas com Deus e de promessas mirabolantes tem exilado muitos na fé. São aqueles que dão tudo, que aguardam tudo, que estão felizes com Cristo pelo que Ele pode oferecer e não, propriamente, pelo que Ele é. Quando passa a empolgação e não contemplam as coisas acontecendo conforme prometidas, distanciam-se, desiludem-se e se revoltam contra Deus e tornam-se inimigos da igreja, exilando-se dela.


Para pensar e agir

Não basta pertencer a uma igreja local, é preciso comprometer-se com Cristo e com a sua Palavra. O evangelho bíblico tem conteúdo imutável, é resistente ao tempo e atua como paradigma da vida cristã.
Dá para ser igreja sem doutrina, sem herança, sem legado e sem bases teológicas?
O evangelho não é para dar suporte às ideias dos estudiosos, mas todos que o examinam, devem se submeter ao seu conteúdo revelacional.
Fugir do Evangelho Bíblico é prestar um desserviço ao Reino, é formar adeptos e não servos, é promover distúrbio espiritual nas pessoas, é viabilizar que elas se tornem exiladas da fé e da igreja.

Leituras Diárias
segunda-feira - Mateus 18.15-17
terça-feira - Atos 2.37-47
quarta-feira - Atos 17.1-13
quinta-feira - Gálatas 1.6-12
sexta-feira - Colossenses 2.4-23
sábado - 1Tessalonicenses 1.5-10
domingo - Atos 19.31

Um comentário:

Blog Safira Santos disse...

Louvado seja o senhor que a Convenção Batista neste trimestre nos enviou um tesouro valioso que é a revista da EBD escrita pelo Pr. Vanderley. O que é ser igreja? muitos membros estão dentros das igrejas e não sabem nem o que significa igreja, qual a sua missão. Já estava na hora da Convenção acordar e enviar estudos para a EBD que ensinam sobre igreja, pecado, Deus, santidade, final dos tempos, e outros estudos que levem os crentes batistas a refletirem sobre sua identidade, suas raizes seu deus, sua igreja, seu reino, pois estamos vivendo uma era de muitas ofertas baratas e que tem atraido muitas pessoas da denominação batista por não terem conhecimento de sua verdadeira identidade e do seu Senhor. que Deus abençoe a Convenção, o Pr. Vanderley e outros tantos que tem se preocupado em expor estudos que trazem para os batistas conteúdo bíblico, Palavra de vida, verdade revelada. Parabéns Pr. vanderley. que Deus continue te abençoando. sou membro da Segunda Igreja Batista Em Gargaú, São Francisco de Itabapoana e curso Bacharel em Teologia pelo Seminário ESUTES do E.S.

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