segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Só há uma passagem


Texto básico: Lucas 13.22-30
Se o Reino é abrangente a entrada nele não o é. É possível que pessoas vivam valores do Reino sem serem do Reino. É possível até que pessoas se beneficiem de valores do Reino mesmo nunca fazendo parte dele. Mas é impossível que façam parte do Reino sem passarem pela porta estreita, objeto desta parábola.
Nesse sentido Jesus contempla uma pergunta que inquieta o coração de muitos: como pode, o Reino sendo tão bom, e o Rei tão maravilhoso, haver poucos salvos? Por que a maioria não se salva? Porque preferem as obras das trevas (Jo 3.19).
A parábola da porta estreita mata qualquer possibilidade de universalismo, dessa compreensão errônea de que todos somos filhos de Deus e de que “todos os caminhos levam a Roma”. Bem, a “Roma” podem até levar, mas o nome da cidade celestial é Jerusalém... Isso porque a Bíblia apresenta o Deus que é exclusivista, que não aceita adoração a nenhuma outra divindade porque sendo Ele o único Deus, o resto é falso (Dn 4.19-27; Is 44.9; 45.21-23; 48.11; Jr 2.11-13; Is1; Êx 20; Jz 8.33,34; Dt 1.45). Deus inclusive sente “ciúme” de nós (Ez 8). Ele zela, cuida de nós chega a ponto de não aceitar outra interferência. Dessa feita, pode-se entender as outras religiões como uma tentativa do homem de chegar a Deus, e o cristianismo (Cristo) como a única ponte de Deus para o homem.
1. Que porta estreita é essa?
A porta não pode ser outra coisa a não ser Jesus Cristo (Jo 10.8,9). Iniquidades, pecados serão encontrados também naqueles que professam a Jesus como Senhor (v.27). A diferença é que estes estão lavados no sangue do Cordeiro e podem purificar “suas vestes” constantemente (1Jo 1.9). E mesmo quando adotam comportamento de pessoas que transitam pela porta larga se arrependem e voltam a dar bons frutos (Mt 7.18).
Igualmente não é pela etnia (descendência) que seremos contados (Jo 1.11-13). Por isso aqueles que não passarem por Jesus não estarão com os patriarcas nem com os profetas no Reino de Deus (v.28). Se você ler com cuidado essa passagem vai perceber até uma ponta de humor em Jesus. Quando o Mestre diz que judeus ficarão de fora e que gentios se juntarão ao banquete do Reino (v.29) já se podia ouvir o ranger de dentes em especial dos fariseus que ali estavam (v.31). Onde está o humor de Cristo? Simples: “vocês rangem os dentes agora, mas ranger mesmo é o que acontecerá a vocês no futuro, se não crerem”.
Interessante é que a porta estreita faz um belo paralelo com a arca de Noé (Gn 6,7). Só havia uma porta por onde passar. E essa porta era a da arca. Os animais entenderam isso. Os homens não. E houve um momento em que Deus fechou a porta. Ele a abriu, Ele a fechou. Assim ocorre também com Jesus: a porta, conquanto seja estreita, ainda está aberta. Porém um dia será fechada (v.25 – trancada com chave).
Quem você conhece que ainda não passou por essa porta estreita? Clame por essa vida ao Senhor (At 4.12).
2. A Passagem pela porta
Agora, como se passa pela porta? Sabemos que é pela graça, mediante a fé (Ef 2.8,9), e que pela confissão com a boca e a crença de todo o coração somos salvos (Rm 10.9-11). Mas Jesus fala também de um esforço, que nada tem a ver com obras.
Esforçai-vos (v.24) é a tradução para agonizo (grego), da onde vem a palavra agonia. Agonizo é o esforço para fazer algo certo, bom. Normalmente essa palavra estava ligada aos esforços estrênuos exigidos de um atleta em uma competição, o que dependia de um empenho de alma, mais do que simplesmente físico. Era estar com todo o coração ali naquele preparo, naquela atividade.
Jesus está trabalhando aqui três pontos principais. O primeiro diz respeito a nossa postura. Só há um jeito de passarmos pela porta estreita: é com todo o coração, realmente crendo com toda a alma. Qualquer atitude diferente dessa é porta larga.
O segundo diz respeito à perseverança cristã. Muitos querem e não podem simplesmente porque não perseveram. Quando começam a dar uma abertura para Jesus em suas vidas, quando começam a se permitirem crer nele, acabam desistindo e voltando para trás. Chegam perto da porta estreita (v.26), mas não passam por ela. Sabem muito sobre Jesus, mas pouco de Jesus. Isso porque não pertencem a Ele. Ele não os conhece nem sabe de onde são (v.25). Ao que tudo indica muitos se perdem com a plateia (grego – largo, rua larga onde pessoas ficavam), na busca de aplausos do mundo e não de Deus (1Co 4.1-5).
O terceiro fala do comportamento. Qual é a distinção entre o que passa pela porta e o que passa ao largo da porta? É justamente o comportamento. Porta larga é sinônimo bíblico para comportamento desvairado. Ora, uma vez que passamos pela porta estreita não podemos ter esse tipo de comportamento, pois ele contradiz por si só a nossa experiência. Na verdade porta estreita é nos colocar em luta constante e agonizante contra o pecado (Hb 12.4; Rm 7).
No entanto, para passar pela porta é preciso que haja arrependimento. Passar pela porta significa abrir mão de sua vontade para fazer a vontade de Deus. É abrir mão do ego para viver uma nova vida em Cristo. É assumir os valores do Reino e rasgar aqueles que eram discrepantes destes. É se permitir ver a vida com um novo olhar – o prisma divino, a forma de Deus ver. Metanóia (mudança da mente no grego) é o resultado de alguém arrependido e que passa pela porta estreita.
Arrependimento é necessário para passar pela porta estreita porque só se passa por ela deixando a velha carga para trás. Arrepender-se é dizer que se pudesse voltar no tempo “não faria aquilo que fiz”. É poder dizer hoje: “não faço novamente aquilo que fiz”. E dizer sobre o amanhã que “não farei, com a ajuda de Deus, o que um dia fiz”.
Sem arrependimento não é possível ser salvo, porque é necessário que todos reconheçam que são pecadores. Arrependimento ou disposição para se arrepender é marca de um crente (Mt 18.15-17).
Você já passou pela porta estreita? Sua vida testemunha, ratifica essa sua experiência? Ou seu comportamento a desdiz? Você tem um coração quebrantado, disposto a se arrepender? Que carga é essa que não está deixando você passar pela porta?
3. Quem está mais pronto para a porta estreita?
Uma das frases mais propagadas em fila de almoço de igreja é dita por Cristo nesse texto: “últimos que serão primeiros e primeiros que serão últimos”(v.30).
O Mestre estava falando da prontidão para passar pela porta. Justamente os religiosos, os fariseus, que por conhecerem mais a Bíblia e por serem “fiéis depositários” da Palavra deveriam ser os primeiros a fazer parte do Reino, a passar pela porta estreita. Só que eles se julgavam sãos. Bons e prontos para o Reino. Por isso se tornaram os últimos.
Quem então ficou com a dianteira do Reino, para escândalo dos judeus mais apegados à tradição, foram os pecadores. Se os primeiros se viam superiores e bons demais para o Reino, os últimos, por se verem não merecedores e carregados demais pelos seus pecados e pela opressão religiosa daquele tempo, acabaram se tornando os primeiros. Seus corações eram mais prontos ao quebrantamento. Deus não rejeita o coração contrito (Sl 51.17; 147.3)! Por que então você não tenta pregar para pecadores inveterados (Rm 5.20-6.3)?
Conclusão
Nessa parábola Jesus distingue duas classes de pessoas (v.27): os de dentro da casa e os de fora dela. Em assim fazendo ele corrobora com o padrão usado para a medida – porta estreita e porta larga.
O que resta saber é a qual dessas classes de pessoas você pertence. Porque somente uma delas vai cear com o dono: a daquelas que escolheram passar pela porta estreita.

Leitura Diária
segunda-feira .....Gn 7
terça-feira .....Mt 25.1-13
quarta-feira..... Fp 2.12-14
quinta-feira..... Mt 7.13,14
sexta-feira..... At 8.4-8
sábado..... At 17.1-9
domingo..... Lc 13.18-20

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