quarta-feira, 14 de abril de 2010

A UNIVERSALIDADE DA OBRA DE CRISTO

Texto bíblico: Romanos 1.18-2.12

Das muitas virtudes de Paulo, a maior foi tirar o “Caminho” da situação de seita judaica e transformá-lo no cristianismo, religião universal. O mérito é sempre de Deus, que o chamou desde o ventre (Gl 1.15) e que, na sua soberania poderia ter chamado outro. Mas Paulo não foi desobediente à visão celestial (At 26.19).
O homem de Tarso tornou o homem de Nazaré matéria de culto no mundo inteiro. Ele compreendeu melhor que ninguém que a obra de Jesus tinha dimensão universal. Como dissemos na lição anterior: “O vinho novo sairá do odre velho, e o instrumento para isso será um fariseu que se encontrou com Jesus ressuscitado”. O fato de ele ter sido fariseu torna a questão mais impactante. Hoje, “fariseu” é sinônimo de “hipócrita”, por causa de Mateus 23, que direciona nossa interpretação. “Fariseu” deriva de pherishut, que significa “abstinência e separação”. Era o grupo mais fiel ao judaísmo, preso à Torah (a Lei). O fariseu não era hipócrita, mas alguém sério, zeloso pelo judaísmo, com a mente dominada pela Lei. Paulo, judeu ortodoxo, entendeu o evento Jesus como nem a própria igreja compreendeu, no início.

1. Inicialmente uma seita judaica
“E quando Pedro subiu a Jerusalém, disputavam com ele os que eram da circuncisão, dizendo: Entraste em casa de homens incircuncisos e comeste com eles” (At 11.2,3). Pedro foi censurado pela igreja por ter entrado na casa de Cornélio. Aliás, ele dissera a Cornélio que não devia entrar em sua casa e que o fazia por causa de uma visão de Deus (At 11.28). Quando o Espírito Santo veio sobre Cornélio e sua casa, Pedro e seus acompanhantes se admiraram (At 10.45). Os gentios também tinham direitos espirituais! Assim é que eles foram batizados (At 10.47,48). Este foi o mistério (o segredo de Deus) que Paulo compreendeu melhor que todos: Efésios 3.1-6.
Mas nem assim a questão cessou. Em Atos 15.1-29, as igrejas se reuniram porque alguns defendiam que os gentios que cressem em Cristo deveriam se circuncidar (v. 1). O “Caminho” era uma seita judaica, e quem entrasse nela deveria guardar o judaísmo. Nesta ocasião se deu a ruptura, e o evangelho deixou os limites estreitos que queriam lhe impor. Paulo, que lutou por isto (vv. 2 e 15) já entendera a questão muito antes. Desde sua conversão o Senhor dissera que ele fora escolhido para levar o evangelho aos gentios (At 9.15). E, mais tarde, na sua mais dura carta, ele disse que a circuncisão, como rito religioso, anulava a obra de Cristo (Gl 5.2). Ou cristão ou judeu! Ou a salvação pela graça por meio da fé em Cristo (Ef 2.8 e Gl 2.16) ou a salvação pela Lei. Se a salvação viesse pela Lei, a morte de Jesus teria sido sem sentido (Gl 2.21).
É bom lembrar isto, porque vivemos tempos em que alguns desejam restaurar o judaísmo em nossa teologia. Símbolos judaicos, festas judaicas, a estrela de Davi, o quipá (o chapéu masculino judaico), a arca, são trazidos para nossos templos. Não somos judeus. Somos cristãos. Não somos filhos do Sinai, e sim do Calvário. Nada temos a ver com Agar, e sim com Sara, pois não somos filhos da Jerusalém geográfica, e sim da Jerusalém espiritual (Gl 4.21-31 e Ap 21.2). Nós somos de Jesus e ouvimos a Jesus, e não a Moisés ou a Elias (Mt 17.1-5). A Lei e os Profetas, como norma, vigoraram até João, e desde então vale o evangelho do reino (Lc 16.16). Cantemos “Eu sou de Jesus, aleluia, de Cristo Jesus, meu Senhor” (401 CC, 454 HCC). Somos dele, e não de Moisés. Não podemos voltar atrás, pois não somos daqueles que recuam na fé (Hb 10.39).

2. O evangelho é para todos
Para o apóstolo, esta universalidade do evangelho, com o direito da salvação dos gentios, estava predita desde o início da história da salvação (que começa com Abraão), como lemos em Gálatas 3.8. E ele era o homem que iniciaria este processo na igreja. Obviamente, ele tinha consciência disto, desde sua conversão. O Senhor disse a Ananias que o recém-convertido Saulo era “um vaso escolhido, para levar o meu nome perante os gentios...” (At 9.15).
Tiago, Pedro e João, líderes da igreja de origem judaica, reconheceram que Paulo era o homem destinado por Jesus para pregar o evangelho aos gentios (Gl 2.7-9) e ele mesmo se declarou missionário aos gentios, várias vezes: Romanos 11.13 e 15.16, Gálatas 1.16 e 1 Timóteo 2.7.
O ensino de Paulo é claro. Deus encerrou todos os homens, quer judeus quer gentios, debaixo de pecado (Rm 1.18 a 2.12, e Gl 3.22), para que a promessa fosse de todos. A vantagem dos judeus é que eles receberam os oráculos divinos (Rm 3.1), mas também estão debaixo do pecado, como os gentios (Rm 3.9-20). Judeus e gentios são pecadores (Rm 3.23), e precisam do mesmo Salvador, Jesus (Rm 6.23).
No pensamento de Paulo, Deus é Salvador de todos os homens (1Tm 4.10). É desejo divino que todos os homens, e não apenas os judeus, sejam salvos (1Tm 2.14). Isto é a universalidade da obra de Cristo. Ele é o Salvador possível para todos os homens. Todos podem ser salvos.

3. Universalidade, sim; universalismo, não

Dizemos “Salvador possível para todos os homens” para evitar a confusão que a frase “Salvador de todos os homens” traz. Ele é o Salvador possível para todos os homens, mas isto não significa que todos os homens serão salvos. A doutrina que assim afirma se chama universalismo. Ela ensina que todos serão salvos porque a obra de Cristo na cruz redimiu os pecados de todos os homens, independentemente de eles crerem ou não. Muitos tentam dar este sentido a algumas declarações de Paulo, por isso que tivemos o cuidado na frase.
Paulo deixou claro que não há salvação compulsória. Os homens a devem querer, devem aceitá-la. Em 2 Coríntios 5.20, após dizer que Deus nos reconciliou consigo em Cristo (2Co 5.18), ele pede que os homens aceitem a reconciliação. A salvação é para “todo aquele que invocar o nome do Senhor” (Rm 10.13). “Invocar” é mais que recitar ou dizer o nome. É colocar-se sob o cuidado do nome. Aquele que se coloca sob o cuidado do Nome sobre todo o nome será salvo. Não há salvação indiscriminada, a todos. Ela vem por causa da obra de Jesus, é oferecida e deve ser aceita. Haverá salvos e não-salvos no dia final, conforme Jesus ensinou (Mt 25.34 e 41). Tendo recebido seu evangelho diretamente de Jesus (Gl 1.11,12), Paulo não entra em contradição com ele, mas apenas ressoa o que o Salvador lhe ensinou. Todos podem ser salvos porque Jesus trouxe uma salvação universal, e Paulo a proclamou ao mundo não-judeu.

Para pensar e agir

1. O evangelho acabou com as barreiras humanas, declarando que todos são iguais, tanto como pecadores como objeto da graça de Deus. Por isso, a parede de separação entre judeus e gentios foi derrubada (Ef 2.14). Não há mérito e ninguém é melhor que ninguém. A salvação é obra da graça.
2. A universalidade do evangelho significa que só há salvação pela graça e por meio da fé em Jesus (Ef 2.8,9). Ninguém pode ser salvo a não ser por Cristo. A igreja de Jesus precisa de visão evangelística e missionária. Ninguém é salvo por ser bom, mas somente por Jesus. O destino eterno de bilhões de pessoas está nas mãos da igreja. Nas minhas e em suas mãos.
3. Precisamos lembrar que o tema central da pregação da igreja é Cristo e Cristo crucificado (1Co 2.2). Há muita pregação sociológica, de conceitos humanos, e igrejas mais preocupadas com sua filosofia eclesiástica e em “fidelizar” clientes do que em anunciar que só Jesus salva. Precisamos evangelizar, pregar mensagens evangelísticas, realizar série de conferências evangelísticas, distribuir folhetos, falar de Jesus ao mundo. Nunca esqueçamos que SÓ JESUS CRISTO SALVA!

Nenhum comentário:

Quem sou eu

Minha foto
Igreja Batista Ebenézer. Uma igreja que AMA você!