terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Há Deus em Israel

Texto bíblico: 2 Reis 1.1-18

A iniciativa de buscar socorro sobrenatural em deuses que não são deuses e cura em médicos que não podem curar é típica de quem não conhece o Deus verdadeiro, ou de quem, conhecendo-o, não se arrisca a confiar nele plenamente. Não é o caso de desprezar os recursos naturais ou científicos – a medicina, por exemplo – mas de saber que se o poder de Deus não for levado na devida conta, todos os demais poderes se tornam ineficazes.
O rei Acazias aprendeu uma amarga lição sobre isso. Sucessor de seu pai, Acabe, reinou apenas dois anos em Israel e, como outros reis israelitas, “fez o que era mau aos olhos do Senhor” (1Rs 22.52). No conjunto das coisas erradas que fez, servindo e adorando Baal e levando o povo de Israel a também fazê-lo, consta a iniciativa estudada na presente lição, contrastada com a advertência profética e acompanhada pelas trágicas consequências que trouxe à vida do rei.

1. Um deus de longe (vv.1-3)

O primeiro pecado de Acazias como rei foi dar sequência à prática do baalismo em Israel (1Rs 22.54). Jezabel continuava viva e teve influência nessa política. A revolta de Moabe, reino conquistado por Israel durante o reinado de Onri, avô de Acazias, agravou as tribulações do rei. Para piorar, ele sofreu um acidente, caindo pelas grades de um aposento alto em Samaria e ficando com graves sequelas. Em vez de confiar no Deus de Israel, ele envia mensageiros à cidade filisteia de Ecrom, com ordens de perguntar aos sacerdotes do deus Baal-Zebube se sararia ou não.
Baal-Zebube era um dos muitos baalins adorados na região da Palestina. Seu nome significa “Baal, o Príncipe”, mas os israelitas o chamavam pejorativamente de “senhor das moscas”. Em Marcos 3.22, os escribas de Jerusalém se referem a ele como o príncipe dos demônios. No tempo de Acazias, sua fama como divindade poderosa fez com que o rei cresse que poderia com sua intervenção recobrar a saúde. Não só não recobrou, como acabou morrendo em pouco tempo.
O erro de buscar socorro em deuses sem poder e que, na realidade, nem sequer existem de fato, é comum na experiência humana. Há muitos que acreditam que o baal-dinheiro pode resolver tudo na vida. E há também pessoas que, por ignorância ou fanatismo, acabam acreditando que buscar socorro no Senhor significa crer que Ele só possa operar de uma dada forma. O fato é que o Senhor opera de todas as maneiras. O rei Ezequias é curado pela ação divina, o que não impediu o profeta Isaías de utilizar os recursos medicinais para concretizar essa cura (Is 38.21).

2. Certamente morrerás (vv.4,16,17)

A sentença pela qual a morte de Acazias é selada não significa que Deus o tenha amaldiçoado. Simplesmente o rei estava jogando sua sorte nos braços de quem não poderia ampará-lo. Ele não se dispôs a assumir publicamente a fé que pudesse vir a ter no Senhor, o que implicava arrepender-se de servir a Baal, renunciar ao baalismo e erradicar esse culto dos termos de Israel. O preço político a pagar seria muito alto, já que essa decisão o colocaria em confronto com Jezabel. Subjugado por seus compromissos políticos e por seu apego ao trono, ele acaba não tendo a humildade e a coragem suficientes para manifestar concretamente sua fé no Deus vivo.
O grande problema para o pecador que insiste em seu caminho maligno é que, a partir de dado momento, mesmo que saiba que está seguindo para a perdição, ele não encontra forças para incorporar essa compreensão à totalidade de sua vida e, então, ver e sentir no fundo de sua alma o horror de sua trajetória. A isso se chama endurecer o coração. A doença, no caso, bem, como outros tipos de sofrimento, são meios extremos pelos quais Deus procura revelar-se ao perdido e, assim, salvá-lo (Jo 33.12-30). O terrível da condição humana é que o sofrimento em si não é bastante para evitar a reincidência no erro. O profeta Jeremias viu isso com clareza: “Tu os feriste, e não lhes doeu; consumiste-os, e não quiseram receber a disciplina; endureceram o rosto mais do que uma rocha; não quiseram voltar” (Jr 5.3).

3. Boa aparência (vv.5-8)

Elias e João Batista usam as mesmas vestes rústicas de profetas do deserto. Além do vestuário, havia a dieta de ambos, igualmente restrita e frugal. No sentido de seu rigor e como portadora do juízo divino, a mensagem que os dois pregavam era idêntica. Também o espírito de incondicional radicalidade na condenação do mal por meio da pregação era o mesmo. Não surpreende, pois, que o povo do tempo de Jesus tenha pensado que João era Elias (Jo 1.21). Jesus Cristo reconhece a identificação entre ambos (Mt 11.14), contrastando seu estilo de vida com o dos cortesãos (Mt 11.7,8) que viviam em ambientes refinados e confortáveis.
Homens do porte moral e espiritual de Elias são raros no mundo. Seu discurso está diretamente conectado com seus atos, razão pela qual as poucas palavras que pronuncia se cumprem inexoravelmente. Sua eficácia na oração é imensa, dando-lhe um poder pessoal que não sucumbe nem diante da força militar nem diante do poder político. Os mensageiros enviados por Acazias retornam ao rei com a descrição de uma figura estranha, a quem não podem resistir quando lhes manda voltar.
Em uma época como a nossa, quando a imagem e a aparência tornaram-se valores soberanos, pensar na forma simples, humilde e despojada de Elias vestir-se e viver ajudaria muito no retorno à uma vida de poderosa comunhão com Deus, disponível apenas aos que sabem que o mais importante está no interior e no coração. Para Elias, o poder econômico, a fama, o prestígio – hoje buscados por tantos falsos profetas – simplesmente não vinham ao caso.

4. Homem de Deus (vv.9-15)

Observe-se a diferença entre as duas primeiras ordens para Elias descer e a terceira (vv.9-14). As duas iniciais são plenas da autoridade e da prepotência de quem não está acostumado a ter seu comando contestado. A última se expressa em termos da humilde súplica de quem usa a expressão “homem de Deus” sabendo de seu significado profundo. Um homem de Deus precisa ser reconhecido, valorizado e respeitado como tal. Quem o recebe, recebe o próprio Deus (Jo 13.20). Não é de qualquer maneira e a propósito de qualquer coisa que deve ser abordado. Um homem de Deus é não apenas o porta-voz da divindade suprema, mas o meio pelo qual o poder do Deus vivo se manifesta no mundo.
O fato de Elias pedir – e conseguir – que Deus envie fogo do céu para destruir as tropas que tentam prendê-lo justifica-se por si mesmo. Ou seja, não há como discutir questões éticas ou humanitárias quando o poder de Deus se manifesta. O que está em jogo, no caso, não é se Elias tem ou não o direito de agir como agiu, e sim o fato de poder ou não fazê-lo. Ele pode – e isso é tudo. O que o move não é outra coisa senão a estrita obediência à vontade do Senhor. Nos dois primeiros casos, o anjo do Senhor mantém-se inerte. Ou, melhor dizendo, é ele próprio quem opera a manifestação do poder divino. No terceiro, vendo a submissa humildade do comandante, ele diz ao profeta que pode seguir com os soldados.

Para pensar e agir

Em sua curta vida e reinado, Acazias não conseguiu evitar os efeitos de uma criação pautada pelo culto ao poder absoluto e pela idolatria. Na hora da crise, com sua vida em risco, não teve o desapego necessário para abandonar o baalismo e recorrer ao Deus vivo. O juízo profético condenando seu ato de buscar socorro num ídolo não foi qualquer tipo de maldição. Foi, na realidade, uma advertência visando a trazê-lo ao bom caminho.
Como Elias, o verdadeiro homem de Deus não teme os poderes deste mundo. Seu único compromisso é com a obediência ao Senhor. O preço para agir de forma compatível terá que ser pago, mas a garantia de que isso poderá ser feito é dada pelo fato mesmo de que o Deus que ordena é o Deus que cumpre e ampara.

Leitura Diária

Segunda: 2 Reis 1.1-8
Terça: 2 Reis 1.8-13
Quarta: 2 Reis 1.14-18
Quinta: Jo 33.12-30
Sexta: Mateus 11.7-9
Sábado: João 1.19-34
Domingo: Jeremias 5.1-3

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