quarta-feira, 18 de abril de 2012

PERFIS DE NÚCLEOS FAMILIARES NO BRASIL

Texto bíblico: Filipenses 4.1-9
Texto áureo: Filipenses 4.8

Neste estudo vamos procurar analisar a família em seu contexto brasileiro. A realidade nacional ainda precisa ser pintada com as cores do terceiro-mundismo, que é marca vigorosa no país. Não adianta falarmos de um ideal de família que muitas vezes não tem nada a ver com a realidade tupiniquim. Muitas destas organizações evangélicas que trabalham com família no Brasil pecam por falar de uma família americana média e tentar impor este modelo ao país. Nossa realidade é bem outra, e precisa ser entendida e respeitada se quisermos contribuir de maneira positiva para o aperfeiçoamento das famílias brasileiras.
Vamos tentar apresentar algumas dessas situações, e assim traçar os perfis de núcleos familiares existentes no Brasil.

A família sob o ponto de vista socioeconômico
A análise da realidade brasileira sob o ponto de vista geográfico nos remete para a questão maior, que é a socioeconômica. O Brasil é um país cruel em se tratando da distribuição da renda nacional. Um PIB (Produto Interno Bruto) altíssimo, entre os 10 maiores do planeta, mas com uma péssima distribuição, pois a concentração de renda nas mãos de uns poucos privilegiados é gritante. Já se tem falado em valores como 90% da riqueza do país concentrada nas mãos de 10% dos habitantes. A igualdade social é um lema velho, da cartilha socialista mundial, mas que no Brasil ainda não se escreveu com tintas fortes.
Vamos procurar entender um pouco estes contextos socioeconômicos em que se inserem nossas famílias, para entender seus meandros sociais típicos e os câmbios sociais a que estão sujeitas:
1º) A presença da fome e da pobreza no país - A fome e a pobreza no Brasil é algo estarrecedor, ainda mais, levando-se em conta a riqueza nacional em termos de solo, água doce, multiplicidade de culturas agrícolas; dentro da constatação primeira de Pero Vaz de Caminha em sua famosa carta, “Nesta terra, tudo que se planta, dá!”, não era para o país enfrentar crises de abastecimento ou abrigar bolsões de miséria, em que crianças subnutridas e pais desempregados disputam comida por causa da fome.
O programa “Fome Zero” é uma iniciativa para pôr termo a este tipo de situação que depõe contra o bom nome do país. Mas o Brasil não precisa de paliativos. O Brasil precisa de ações concretas de educação, distribuição de renda, saneamento básico, acesso democrático ao mercado de trabalho, oferta de empregos, justiça social, para que, numa visão global da realidade, se possa, pela via do desenvolvimento, construir-se esta sociedade plural, em que todos tenham acesso às condições mínimas de sobrevivência e cooperem para a construção de um Brasil melhor.
2º) A baixa classe média - Costuma-se classificar a classe média em: baixa, média e alta. A baixa classe média seria aquela mais próxima da linha de pobreza, desta, porém, distinguindo-se por encontrar-se numa situação mais privilegiada quanto a moradia e emprego. Este território, entretanto, é muito difícil de demarcar, num contexto brasileiro de muitas desigualdades e muitos revezes. As famílias, no entanto, que se enquadram nesta categoria passam por tremendas privações, que prejudicam sua estabilidade emocional, a partir de carências várias no âmbito socioeconômico.
3º) O achatamento da classe média - Um dos revezes sofridos pela classe média a partir da década de 80 passada foi o que os estudiosos chamaram de “achatamento da classe média”. Toda vez que os poderes executivo e o legislativo se uniam para lançar um novo “Pacote Econômico” a corda sempre arrebentava do lado do mais fraco, no caso, a classe média. Com isso, empurrou-se a classe média para mais perto da linha de pobreza, diminuindo seu poder de compra, consumindo sua reserva monetária da poupança, prejudicando a classe mercantilista – os burgueses contemporâneos – que viram seus lucros baixar e suas economias se corroer. Sem o giro de capital do comércio, e o fomento do desenvolvimento pela construção civil, o país estagnou-se na chamada “década perdida” e custa a se encontrar novamente. Milhares de famílias passaram por maus bocados decorrentes desse realinhamento social a partir do neoliberalismo e da globalização.
4º) Os novos-ricos: emergentes - Mas nem tudo foi decepção neste emaranhado de novos conceitos sociopolíticos e novos investimentos econômicos. Surgiu uma classe de novos-ricos, os “emergentes” que, oriundos das classes menos favorecidas, desenvolveram atividades comerciais e industriais que despontaram, deram lucro e projetaram seus autores no cenário recente da industrialização brasileira, formando o que se chamou de classe emergente. Geograficamente, no Rio de Janeiro, a Barra da Tijuca e o Recreio, novos points habitacionais do estado, representam este novo momento, pois para lá se dirigiram estes novos-ricos, que passaram a ostentar seus sinais exteriores de riqueza por meio de amplos e luxuosos condomínios fechados e megashoppings, que passaram a ser verdadeiros templos de adoração ao deus consumo.
5º) As classes mais favorecidas - Por fim, as já tradicionais famílias localizadas no topo da pirâmide socioeconômica, constituída por nomes reconhecidos no jet-set internacional ou na high society brasileira. Famílias que detêm grande parte do capital nacional, que comandam as grandes corporações, que exercem influência desmedida na política partidária, que manipulam a mídia e que construíram nomes a partir do trabalho ou da hereditariedade.

A família sob o ponto de vista cultural
Visualizando a família sob o ponto de vista cultural, vamos detectar um dos principais problemas nacionais, que é a alta taxa de analfabetos no país.
Segundo informações do IBGE, 70% dos jovens de 14 a 21 anos no país estão fora da escola ou apresentam defasagem escolar, o que, nas análises dos especialistas, trata-se da consideração que fazem de uma possível distorção entre idade cronológica e série cursada pelo aluno. Quando se restringe a análise à faixa dos 19 anos, o percentual aumenta para 90%, o que é extremamente angustiante para o futuro do país.
Além disso, os números são gritantes quando se focam os trabalhadores acima de 18 anos. São 65 milhões de trabalhadores acima de 18 anos que não concluíram o ensino médio. Mas o problema não é só em função da absorção de mão de obra pelo mercado de trabalho por causa das necessidades econômicas da família. Há o problema governamental, de oferta de salas de aula, professores, oportunidades. Dados do MEC revelam que faltam 250 mil professores no ensino médio e de 5ª a 8ª séries.
Quando os pais de família não têm consciência do valor da educação, fica difícil repassar para seus filhos este valor. Quando as necessidades mais urgentes empurram os adolescentes e até mesmo crianças para o trabalho informal ou assalariado, não há educação formal que resista aos apelos do urgente. Neste sentindo detectamos os disparates dos vários brasis embutidos na Federação: dos analfabetos, dos medíocres, dos escolarizados, dos doutores e mestres. Mas os índices de acesso às universidades brasileiras ainda são baixíssimos, mesmo com a grande proliferação de cursos particulares que mais parecem ser "caça-níqueis" do que "forja-gênios".


Aplicações para a vida
Tudo o que pudemos analisar para compor os vários perfis da família em solo pátrio, queremos relacionar com as seguintes orientações bíblicas:
1ª) A família cristã precisa entender que todos somos iguais perante Deus. Ele não faz acepção de pessoas, e nós também não podemos fazer. Precisamos ter a visão de Deus com relação aos meandros sociais. Todos são importantes para Deus, independentemente de sua condição social (At 10.34; Rm 2.11; Tg 2.1).
2ª) A família cristã deve preservar os valores da família. A grande mobilidade social de nossos dias, e o surgimento de novas formas de ser família, em função da agitação dos tempos modernos, tendem a enfraquecer os laços familiares. A família cristã deve preservar os valores institucionais da família, seguindo as recomendações paulinas acerca da busca e vivência de tudo o que é bom, honesto e edificante (Fp 4.8,9).
3ª) A família cristã deve zelar pelos valores espirituais. Diante de tantas tendências religiosas e o surgimento de novas seitas e heresias, que procuram minar os valores cristãos, a família cristã deve desenvolver a devoção de maneira sincera, e cuidar da espiritualidade no ambiente do lar, conforme o exemplo da família de Timóteo (2Tm 1.5).


LEITURAS DIÁRIAS
segunda - 1Coríntios 15.57,58
terça - Atos 10.34
quarta - Tiago 2.1-13
quinta - Mateus 25.31-46
sexta - Gálatas 6.10
sábado - 2Timóteo 1.1-5
domingo - Filipenses 4.1-9

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