terça-feira, 31 de agosto de 2010

Bons Frutos

Salmos 1 e 15
Após plantarmos uma árvore frutífera, existe uma satisfação muito grande quando vamos colher os primeiros frutos dela. É um momento especial, quase uma festa, e a degustação do primeiro fruto torna-se um ritual muito animado. Da mesma forma, Deus quer também ver bons frutos em nós, que nascemos espiritualmente pela plantação da semente da Palavra de Deus em nossos corações. O solo (Cf. Lc 8.5-15) mostrou-se propício e a alegria dos frutos pertence ao semeador. Os dois salmos que vamos estudar hoje nos falam do desejo divino de ver seus filhos produzindo bons frutos, sendo verdadeiras árvores grandemente frutíferas.
1. Uma árvore frutífera (Sl 1.3)
O v.3 é o verso central do Salmo 1, fazendo separação do contraste entre o viver do justo (vv.1,2) e o viver do ímpio (vv.4-6). Aprendemos desde cedo nas aulas de ciência que os vegetais dependem muito da água para serem saudáveis e bonitos. O quadro do Salmo 1 é atraente, pois a árvore está num local privilegiado: próximo a um ribeiro de águas. Sua localização nos leva a pensar em um solo fresco, grandemente propício a seu desenvolvimento, significando que foi colocada em um local que lhe desse total condição de frutificação. No NT, Jesus vai ser enfático quanto à necessidade de frutificação do crente (Mt 21.18-20). No Sermão do Monte (Mt 7.16-23), a palavra de Jesus tem a ver com coerência. Árvore boa produz bom fruto, árvore má produz mau fruto. Bananeira não produz abacaxi assim como um espinheiro não produz fruto algum. Da mesma forma, o crente não pode produzir frutos do pecado nem ainda ser infrutífero, o que o colocaria sob julgamento divino.
Como o v.3 medeia o contraste entre o justo e o ímpio, podemos pensar que os frutos produzidos pelo justo são exemplificados nos versos anteriores. As negativas verbais do v.1 – “não anda”, “nem se detém”, “nem se assenta” – mostram que Deus espera daquele que anda em seu caminho que jamais busque qualquer contato com o pecado, mesmo que seja apenas “uma olhadinha”. Esse corte definitivo com o pecado passa, necessariamente, pela presença constante da Palavra na vida do filho de Deus. Lei é “torah”, que significa, basicamente, instrução, direção. Tendo prazer nesta lei e nela meditando diuturnamente, o justo estará criando em si mesmo uma fortaleza contra quaisquer desejos ou atrativos pecaminosos, pois a Palavra ocupará sempre seus pensamentos, seus desejos e permeará suas atitudes.
Os ímpios, no entanto, são como a palha espalhada pelo vento. A ideia aqui é da ação de joeirar o trigo, para que, quando ele for jogado para o alto, o vento possa levar embora a palha, deixando apenas os grãos. Palha não subsiste à ação do vento; está junto com o trigo, mas não é trigo. O ímpio também não subsiste à ação julgadora de Deus. Desta forma, cumpre-se a total separação do justo do ímpio, daquele que produz os frutos dignos de arrependimento do que coloca sua vida no caminho do mal.
2. Frutos coerentes com a qualidade da árvore (Sl 15)
O Salmo fala do caráter do adorador, iniciando com uma pergunta: quem está apto para entrar no santuário? A resposta dada pelo Senhor leva o homem a examinar a sua consciência e nos mostra os frutos que Ele deseja ver na vida de seus filhos.
2.1 Integridade de Caráter (v.2): A primeira expressão do verso que reporta a esse fruto é “anda em integridade” ou “anda em sinceridade”, que traduzem a palavra hebraica “tamîn”, que dá a entender aquilo que é inteiro, sincero e sadio. A segunda, “pratica a justiça”, aponta positivamente para as boas obras, em consonância com os ditames da lei, especialmente no amor a Deus e ao próximo, a maior de todas as leis. Negativamente, fala de evitar todas as coisas condenadas pela lei, sobretudo os atos de perversidade contra os outros seres humanos. “Falar a verdade” significa que a pessoa deve ater-se àquilo que é seguro e digno de confiança, e não meramente àquilo que é correto. O que a pessoa íntegra diz está de acordo com aquilo que é, não há falseamento da sua palavra.
2.2 Fala Equilibrada (v.3): A palavra traduzida por “difama” tem, no hebraico, o significado de “ir em derredor”, para espionar as coisas ou divulgá-las; sendo correlata do termo usado em Gn 42.9 em que José “acusa” seus irmãos de espionar a terra do Egito. A expressão final do verso, “não lança injúria”, pode ser entendida como “não ofender com palavras” ou ainda “não pegar algo desonroso para mexer nele de modo desnecessário”. O salmista quer nos dizer, portanto, que Deus deseja que seus filhos sejam pacificadores (Mt 5.9), que vivam segundo a orientação clara e precisa de Provérbios: “O ódio excita contendas, mas o amor cobre todos os pecados” (Pv 10.12 – comparar Cl 4.6). A pessoa que observa esses princípios não faz mal ao próximo, seja por atos ou por palavras, aproxima os que estão em desavença, não empresta seus ouvidos ao caluniador nem participa de qualquer espécie de maledicência. Por meio de sua fala branda (Pv 15.1), desvia o furor e promove a paz.
2.3 Lealdade Para com a Verdade: (v.4a): A declaração tão categórica do poeta revela seu comprometimento incondicional com a verdade. Seu desprezo ao réprobo (malvado) não é uma atitude de arrogância, mas fruto desse comprometimento; não é apenas algo que o salmista admira, mas um padrão que ele se propõe seguir. O homem reto tem senso espiritual suficiente para distinguir entre o homem bom e o mau. Ele conhece a vida do hipócrita que chega para adorar (não podemos esquecer que o contexto do Salmo reporta ao caráter do adorador) com um rosto de piedade e um coração imundo, cuja vida está manchada pela maldade contra as outras pessoas. Inversamente, reconhece e se põe ao lado daquele que teme ao Senhor, que pratica a bondade e é dotado da verdadeira espiritualidade. Isto nos mostra que devemos nos aproximar daqueles que amam e praticam a verdade, são leais na perspectiva humana e também a Deus. Agindo assim, estaremos fortalecendo nossos propósitos e nossas ações de lealdade à verdade (leia 2Co 13.8).
2.4 Vida Social Correta (v.4b,5):
O homem correto leva a sério seus compromissos solenes, mesmo que para isso tenha de arcar com algum “prejuízo”. Uma pessoa poderia, em certas circunstâncias, desobrigar-se de forma honrosa de uma voto (Pv.6:1-5), conseguindo manter o propósito do que prometera sem o seu cumprimento literal (talvez isso possa ser aplicado ao voto de Jefté – Jz.11.30,31;34-40 e o de Herodes – Mc 6.22-28). A ideia trazida pelo texto é que o homem reto em seu procedimento não é um caloteiro nem foge levianamente dos compromissos que assume, vivendo segundo os parâmetros de Jesus: “Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna” (Mt 5.37).
O homem que agrada a Deus também não pode ser um agiota, emprestando dinheiro e recebendo mais do que é justo. No hebraico, usura deriva-se do verbo nashak, que significa, literalmente, “mordida”, “picada”. . O sentido não é de “juros” aplicados corretamente a um capital, mas o de tirar proveito das desgraças do próximo (Nem seria necessário lembrar que a agiotagem é crime!). Um hebreu não podia fazer isso com outro hebreu, mas era orientado até mesmo a sustentá-lo quando caísse em necessidade (Êx 22.25; Lv 25.35-38). O que o salmista nos ensina é que devemos excluir a extorsão, enquanto encoraja a generosidade, além de não fazer qualquer distinção entre um irmão e um desconhecido necessitado (ler Gl 6.10). Mesmo no AT, temos aqui uma bela demonstração do amor cristão.
Para pensar e agir
▪ A síntese do que estudamos hoje é coerência. Você aplica à sua vida o que exige para os outros? Seus atos são concernentes às suas palavras?
▪ Como é o seu procedimento em casa, na escola, no trabalho ou no lazer? O seu viver é digno do nome “cristão?”
▪ Leia os textos de Colossenses 2.6 e Efésios 4.1 e reflita se sua vida passa pelo crivo desses dois versos.
Leitura Diária
segunda-feira Mateus 21.18-22
terça-feira Lucas 13.6-9
quarta-feira Mateus 7.16-23
quinta-feira Efésios 4.20-5.17
sexta-feira Salmo 24
sábado Salmo 1
domingo Salmo 15

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