Texto
Bíblico: 1Coríntios 3.1-23
Introdução
Fanny Jane Crosby, ao
compor a letra do hino 547 do Hinário Para o Culto Cristão, registrou:
“Sabeis
falar de tudo que neste mundo há,
mas não dizeis palavras de Deus que tudo dá?
“Falamos
do mau tempo, do frio e do calor.
Oh,
bem melhor seria falar do Salvador!”.
E prosseguiu,
exortando:
“Irmãos,
irmãos, falemos de nosso Salvador”.
O
principal assunto da igreja é Cristo. Ele é a Boa-Nova para
a humanidade (Lucas 2.10,11). Fora dele, não há igreja; pois igreja é uma
comunidade de pessoas regeneradas por Cristo, biblicamente batizadas e
comprometidas em segui-lo, imitando-o em pensamentos, palavras, ações e
atitudes. Simplificando, igreja é um grupo de pessoas que querem ser como
Cristo.
É preocupante que numa
igreja outros assuntos ganhem mais evidência que Cristo. É um sinal de
afastamento da missão, o que requer retorno à santidade. Qualquer voz que tente
competir com a de Cristo deve ser refutada.
Em diversos momentos na
história da igreja cristã surgiram falsas vozes, buscando encontrar espaço
entre os servos de Cristo, promovendo ensinos daninhos à fé verdadeira: “Mas entre o povo também houve falsos
profetas, assim como entre vós haverá falsos mestres. Às ocultas, introduzirão
heresias destruidoras, negando até o Senhor que os resgatou e trazendo sobre si
mesmos repentina destruição” (2Pedro 2.1).
Uma igreja ocupada com
Cristo saberá discernir entre o que é bíblico e o que é vã filosofia humana
(Colossenses 2.8). A recomendação divina é clara: “Já que fostes ressuscitados com Cristo, buscai as coisas de cima, onde
Cristo está assentado à direita de Deus. Pensai nas coisas de cima e não nas
que são da terra; pois morreste, e a vossa vida está escondida com Cristo em
Deus” (Colossenses 3.1-3).
O próprio Jesus, após
libertar o gadareno da opressão maligna, o “ocupou” com o assunto mais
importante para um cristão: “Volta para a
tua casa e conta tudo o que Deus te fez. E ele foi, aunciando por toda a cidade
tudo quanto Jesus lhe havia feito” (Lucas 8.39).
Se Cristo é assunto que
não se esgota nem fica ultrapassado, que a igreja viva, pense, imite, siga e
fale de Cristo. E que esse estilo de vida em Cristo ganhe visibilidade no
culto, individual e coletivo.
1.
Culto à personalidade
Lamentavelmente, o
“culto à personalidade” não é apenas uma estratégia dos políticos em campanhas
eleitorais. Numa definição simples, “o culto de personalidade ou culto
à personalidade é uma estratégia de propaganda política
baseada na exaltação das virtudes – reais e/ou supostas – do governante, bem
como da divulgação positivista de sua figura. Cultos de personalidade são frequentemente
encontrados em ditaduras,
embora também existam em democracias” (Fonte: Wikipédia).
Sabemos que Deus
reprova cabalmente a prática da idolatria. O perigo é pensarmos em idolatria somente
em relação às imagens e descuidarmos da idolatria de pessoas, até porque o
conceito de idolatria não se resume aos cultos pagãos. Idolatria é toda e
qualquer honraria e veneração a alguma coisa ou a alguém no lugar de Deus.
Quando
Cristo deixa de ser o assunto central no culto, fatalmente a idolatria entrará
em cena. Cultuar é adorar e, se Deus não é o adorado,
alguém ou alguma outra coisa o será.
Temos de tomar cuidado
para não competirmos com a glória que é exclusivamente de Deus. Há pessoas que
se julgam tão importantes, que chegam a pensar que são indispensáveis para a
qualidade do culto na sua igreja.
Há também o erro de só
ir ao culto se o pastor fulano pregar, se o irmão tal cantar, etc. Será que
isso não pode ser uma espécie de idolatria, de culto à personalidade?
Está na moda, mais do que
nunca, o “pastor pop star”. São
estrelas, artistas, hipócritas, menos pastores de verdade. São falsificadores
da fé, que levam as pessoas a se curvarem diante deles, a engordarem suas
contas bancárias, menos a se arrependerem dos seus pecados e confessarem a
Cristo como Salvador e Senhor.
Às vezes, pensamos que
isso está longe de nós e que somos inatingíveis. Pensar assim é andar à beira
do precipício. Temos de nos vigiar constantemente e pedir a Deus que nos livre
da assimilação do erro da autoidolatria.
2.
Culto ao mercado
Assim como a idolatria,
o culto ao mercado é um grande estrago para a igreja. O que queremos dizer com
“culto ao mercado”? É abrirmos mão de nossos princípios para “comprar” o que
está na moda, o que todo mundo faz, mesmo que seja contrário ao que cremos.
Exemplificando: uma
determinada música está caindo na graça do povo, mas a sua letra contraria o
que cremos e, mesmo assim, a cantamos, só para “estar na moda”, para manter o
culto da igreja “atualizado” com o que está “bombando” no mercado gospel. Isso não acontece só com a
música, é claro.
Não podemos esquecer a
exortação bíblica: “não acompanhe a maioria para fazer o mal” (Êxodo 23.2).
Contextualizar
o culto é preciso, mas isso não significa banalização de princípios em busca de
sucesso e de falso crescimento. Nem tudo o que está
no mercado é “produto” apropriado.
3.
Fundamento do culto
No texto bíblico de
referência para esta lição, encontramos o ensinamento paulino sobre a
carnalidade, que causa divisões na igreja. Ele repreendeu os sintomas da
“espiritualidade infantil” dos coríntios, que não podiam tolerar verdades
espirituais mais profundas, pois ainda careciam de conhecimento dos fundamentos
básicos da fé.
Os coríntios competiam
entre si, tentando mostrar superioridade e exaltando determinados pregadores,
aliando-se a um e a outro, criando partidos rivais. Eles pensavam que eram
sábios (1Coríntios 3.18), grandes conhecedores e cheios de espiritualidade.
Estavam cegos para as suas verdadeiras necessidades espirituais.
Paulo ensinou a
inferioridade dos pregadores em relação a Cristo, pois são simplesmente
servidores daquele que faz a obra crescer. Também deixa claro que nenhum
cristão precisa “reivindicar” nada, porque Deus nos deu todas as coisas em
Cristo.
A
igreja é o edifício de Deus, tendo Cristo como fundamento.
Paulo instrui que Cristo é o “material” exclusivo para a fundação. Noutras
palavras, Cristo é o próprio fundamento, o alicerce (3.11).
Somos cooperadores na
construção sobre o fundamento, que é Cristo, até porque nós mesmos estamos
edificados nele. Não devemos fazer parte do grupo daqueles que tentam,
frustradamente, destruir o fundamento com falsos ensinos.
O
fundamento para o culto é Cristo. Qualquer celebração
edificada fora dele ruirá. Se Cristo não for o foco, não for o centro, o culto
será falso.
Para
pensar e agir
Somos cristãos porque
assumimos um compromisso com Cristo. Como casa edificada na rocha, somos igreja
edificada em Cristo (Mateus 7.24-29). Não dependemos de circunstâncias para a
firmeza na fé, porque a firmamos em Cristo, e Cristo não é circunstancial e
temporal, como nós. Ele é eterno, suficiente e perfeito.
Partindo desse
pressuposto evidenciado pela Palavra de Deus e comprovado no dia a dia da
igreja, atentemos para alguns detalhes que fazem toda a diferença:
·
Cristo é o ponto de partida e de
chegada. Lembremos que “todas as coisas são
dele, por ele e para ele” (Romanos 11.36). Cristo não é pretexto para o culto,
e sim o assunto principal.
·
Culto não é palco para lançamento
de celebridades. Só há uma pessoa em evidência na
celebração, e se chama Cristo Jesus. Essa afirmação não pode ser apenas
retórica. Estamos todos abaixo de Jesus e em igualdade entre nós. Essa ideia de
“supercrente”, de “guro espiritual” não combina com as nossas doutrinas neotestamentárias.
O sacerdócio universal de todos os crentes deve ser constantemente relembrado.
Noutras palavras, todos temos livre acesso a Deus por meio de Jesus, único e
suficiente mediador.
·
Piedade e compromisso com a
excelência são fundamentais. A piedade nos leva a
uma postura de servo, com humildade e profundo respeito às coisas de Deus.
Junto à piedade, precisa estar o compromisso com a excelência, porque ser
humilde não é sinônimo de aceitar que o culto aconteça de qualquer maneira.
Deus merece o melhor, sempre. A cada culto, a igreja precisa demonstrar mais
qualidade. O discurso de que determinada programação não ficou boa, mas deixa
assim mesmo porque é para Deus não é correto. Temos de buscar a excelência em
todo o tempo.
Leituras
Diárias
Segunda: Salmos 110 e 111
Terça: Salmos 112 e 113
Quarta: Salmos 114 e 115
Quinta: Salmos 116, 117 e 118
Sexta: Salmo 119.1-32
Sábado: Salmo 119.33-64
Domingo: Salmo 119.65-96