terça-feira, 28 de setembro de 2010

Apenas sete centímetros


Trinta e três operários estão presos em uma mina de cobre e ouro que desabou no Chile. Eles estão presos a 700m de profundidade desde o dia 05 de agosto. Eles têm sobrevivido com quantidades racionadas de água e comida e, estima-se, já perderam cada um cerca de 10 Kg. No domingo 29 de agosto, o Ministério da Saúde do Chile colocou uma câmera por meio de uma abertura e avaliou as condições físicas dos homens.
Por esta abertura de sete centímetros, eles enviaram cartas aos familiares e também receberam notícias do lado de fora. O que é mais interessante é que, além de alimentação física, os operários também receberam de um pastor 33 Bíblias que tinham exatamente a mesma medida desta abertura (7cm) e o salmo 40 estava sinalizado como um texto de consolo para aqueles que estavam presos no túnel da mina.
Refeição Bíblia, são alimentos para aqueles que enfrentam os desertos da vida. Ela também liberta cativo na escuridão da maldade, pois ela aponta o verdadeiro Redentor: “Portanto, se o Filho os libertar, vocês de fato serão livres.” (João 8:36) Extraído – Pastor Lamarque PIBM-SP
Devemos orar por aqueles 33 operários no Chile, bem como por seus familiares. Também oremos pelos missionários e pelos servos de Deus, que estão acampados lá. Que Deus opere um milagre naquele lugar.
Interceda também pelo BRASIL e pelos perdidos que necessitam do milagre da Salvação: JESUS !
Com fé, Pr. Rangel

O Deus que se deixa importunar


Texto básico: Lc 11.5-8

O que você pensa sobre a oração? Orar é um hábito que você cultiva? É impressionante perceber como muitos crentes têm tentado viver uma vida cristã sem orar. Digo “tentado” porque oração é vital para o nosso relacionamento com Deus e para nosso testemunho. Afinal, quando alguém cai, não o faz primeiro por causa da vaidade, mas sim porque deixou de orar.

Orar era para ser bom, prazeroso. A oração devia ser um estilo de vida do crente, mas para muitos se tornou uma espécie de monótono e enfadonho relatório a ser preenchido ao fim do dia... Talvez seja por isso que algumas igrejas estão vivendo do passado, num “santo” cultivo da nostalgia. Toda vida de Deus no meio do seu povo começa com oração. E quando uma igreja é calcada na oração é porque cada um dos seus membros abraçou um ideal de intimidade com o Senhor. Julgo que a maior marca de uma igreja que ora não seja suas entradas de membros ou receitas, mas sim a visível condução e direção do Espírito sobre o povo. Para uma igreja que vive debaixo dessa condução, acréscimo de membros ou de receitas será um detalhe, e não um valor.

Quem não tem vida em oração destoa do Mestre. Jesus orava. E muito. Há diversas passagens dos evangelhos que mostram um Cristo que não abriu mão de cultivar uma vida de intimidade com o Pai. Por diversas ocasiões, mesmo vendo o volume das necessidades que o cercou, Jesus se retirou. Se havia alguém que podia salvar o mundo esse era o Salvador. Mas Ele sabia e deixou o exemplo da necessidade que temos de ter um tempo a sós com o Pai.

Infelizmente nosso problema com a oração não se restringe ao pouco tempo que dedicamos a este primordial instrumento da espiritualidade cristã, nem tampouco à própria e reinante incompreensão sobre o tema. Além desses fatores, soma-se o exercício da oração como um monólogo (só nós falamos e não paramos para ouvir Deus), o uso da oração como um mecanismo de manipulação divina (os chamados “decretos” – ordens sendo dadas a Deus) e o reducionismo da intercessão para momentos de aperto.

Por isso é importante entendermos alguns aspectos sobre a oração abordados na parábola do amigo inoportuno. Essa parábola, que só se encontra no evangelho de Lucas, está compreendida entre dois blocos claros sobre oração: um no início do capítulo quando Jesus deixa o pai-nosso para os discípulos e outro entre os versos 9-13 quando Ele aborda alguns aspectos do caráter do Pai.

1. Entendendo o contexto histórico-social

A nossa distância histórica e cultural é tamanha que algumas dificuldades se apresentam ao ler a parábola. Para nós que vivemos num contexto social violento, no terceiro milênio da era cristã, fica difícil entender por que alguém atenderia um pedido de um amigo feito em hora inoportuna. Isso se torna mais difícil ainda para quem mora em condomínio.

As casas e vilarejos da Palestina na época de Jesus pouco têm a ver com as habitações de hoje. Na maioria dos casos (salvo exceções de gente abastada), famílias moravam em pequenas casas com um a dois cômodos. Eram casas sem telhas, sem quartos (como os conhecemos hoje), nas quais as famílias estendiam, ao fim do dia, esteiras no chão e dormiam praticamente juntas (pai, mãe e filhos). O acesso à porta era possível a qualquer transeunte. Por isso qualquer pessoa que batesse tarde da noite geraria um incômodo a toda a família.

Contudo deve-se destacar que era comum naquele tempo o exercício da hospitalidade. Receber um visitante era mais do que uma cortesia, era uma obrigação. Não acolher um amigo que estava em viagem era o mesmo que ser condenado a uma espécie de execração pública, a “cair na boca do povo”. Quem iria querer isso para sua vida?

Por isso o vizinho vai tão confiante pedir pães em hora tão imprópria. Ele sabia que o detentor dos pães teria “medo da vergonha” à qual seria exposto no dia seguinte, caso recusasse a ajuda. Aliás, esse “medo” é a melhor ideia para o grego anaideia (v.8 – só aqui no NT), o qual é traduzido normalmente por “importunação”.

Interessante também destacar que Jesus fez uso, segundo Simon J. Kistemaker, de uma regra de hermenêutica rabínica que apregoava o ensino extraído do menos para o mais importante. O que Jesus queria dizer aqui não é que Deus dorme numa casa pequena, nem tampouco que nela sempre falta pão, ou mesmo que Ele é pegado desprevenido. O que o Mestre deixou para nós é que se um vizinho, mesmo que com a motivação errada (anaideia), atende o clamor de alguém, quanto mais o Pai! Essa mesma ideia Jesus vai enfatizar nos versos 11-13.

2. Pode alguém importunar a Deus?

No sentido de surpreendê-lo, já vimos que não. Deus não dorme (Sl 121.3,4) e o futuro Ele já conhece, pois “está nele”. Nem tampouco a persistência de alguém em seu pedido pode gerar uma “inquietação” divina. Mas deve-se destacar que a grandeza de Deus está também em acolher cada um desses pedidos pelos quais intercedemos por vezes anos a fio. Ele nos compreende.

Aliás, Deus não se torna pequeno por se deixar importunar. Deus não diminui sua majestade por permitir que nós reiterada e insistentemente apresentemos com todo o nosso coração nossas petições. Seja qual for sua petição, o Senhor a recebe. A diferença para a parábola é que Ele não faz isso por “medo da vergonha” ou para manter a aparência (tal cultivo da imagem pessoal é para gente mal resolvida, o que definitivamente não é o caso do Senhor). Mas, simplesmente, quando atende ao que pedimos, o faz por amor a nós e por fidelidade aos propósitos dele para a nossa vida.

Nesse sentido, nossa insistência é permitida, mas não é determinante para que um pedido seja atendido. Mas ela se torna primordial para nós, a fim de avaliarmos, pela nossa perseverança em certo pedido, quanto ele é realmente importante para nós. A nossa “importunação” não muda o coração de Deus, mas revela o nosso, na medida em que mostra o quanto estamos realmente empenhados naquele assunto.

3. Mais algumas lições

O que mais Jesus quis nos ensinar?

  1. Que Deus é o nosso provedor. No vizinho pode haver três pães (que eram do tamanho da mão de um homem) para dar, mas na casa do Pai há fartura de pão! E isso implica assumir que Deus é quem atende as nossas necessidades (Sl 23.1; 37.25). O nosso Pastor sabe do que precisamos. E o compromisso dele é atender as nossas necessidades e não as nossas vontades (Mt 6);
  2. Que Deus não quer uma relação conosco de vizinho. Deus quer uma proximidade de amigo. Será que você pode ser chamado de amigo de Deus, como foi Abraão (Tg 2.23; Gn 18.16-22)? Lembre-se, um amigo sabe o que agrada e desagrada ao outro;
  3. Interessante notar que para cada pão pedido na parábola (o qual cabia na mão de um homem), Jesus usa um imperativo: “Pedi; buscai; batei”. A ordem é para que recorramos ao Senhor. O imperativo é para nós (servos), não para que Deus cumpra algo.
  4. Por fim, devemos crer que Deus sempre tem o melhor para nós. Se os pais sabem dar boas dádivas, quanto mais o Senhor (v.13). A variação no verso 13 entre “Espírito Santo” (em Lucas) e “coisas boas” (em Mt 7.11) é dirimida pelo fato de que a melhor “coisa boa” que o Senhor pode nos dar é o próprio Espírito. No grego, o dom/presente do Espírito é grafado pela palavra dorea, este recebido na hora da conversão.

Conclusão

Uma das maravilhas da paternidade é você compreender um pouco mais do amor de Deus, só que agora por dentro. Como pai, você sempre quer dar o melhor para seu filho. Assim é com o Pai celestial. A vida de oração é um convite ao descansar em Deus. É um convite a uma vida de fé, entendendo que o Pai celestial nos trata como filhos amados. Tenha uma vida em oração.

segunda-feira

Lc 11.5-8

terça-feira

Lc 11.9-13

quarta-feira

Gn 18.22-33

quinta-feira

Mt 7.7-11

sexta-feira

Hc 1

sábado

Jn 4

domingo

Sl 141

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Congresso Infantil







Dias: 09 e 10 de outubro
Tema: Posso Compartilhar Jesus!
Venham Participar!!

ADORAÇÃO


Salmo 100
Um conhecido escritor cristão, Aiden Wilson Tozer, diz em um de seus livros que "Adoração é a jóia perdida da Igreja Evangélica. (...) A arte do culto perdeu-se inteiramente, e, em seu lugar, surgiu aquela estranha coisa chamada ‘programa’. Esta palavra tem sido importada do ambiente dos palcos e aplicada ao tipo de culto público que acontece entre nós como sendo adoração". Estas palavras produzem grande impacto, pois nos falam de algo que é central na vida da igreja – a adoração. Adorar a Deus é a parte central da vida da igreja; até porque uma das declarações mais impressionantes de Jesus envolve a adoração: Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem” (João 4.23). No salmo 100 temos alguns indicadores da adoração a Deus. Não é um tratado teológico-sistemático sobre o assunto, mas as impressões de alguém que buscava vivenciar a adoração. E é a essas impressões que vamos nos ater.
1. Um convite a toda a terra (v.1)
O Salmo 100 é conhecido como Jubilate (Jubilai) e é muito empregado na liturgia de nossos cultos. Na lição 6 já vimos que ele pode ser incluído no grupo dos “salmos de entronização”, os quais eram usados durante o cortejo que seguia em direção ao Templo, a fim de celebrar a cerimônia de entronização, fazendo de Iavé, uma vez mais, o Rei de Israel e, de fato, o Rei Universal. O coro avançava cantando; as trombetas tocavam; os instrumentos musicais também, convocando todos os povos de todos os lugares a juntar-se ao cântico de celebração. O verso reivindica o mundo inteiro para Deus; devendo despertar nossos pensamentos enquanto cantamos. A relação é simples e direta: Aquele que é Deus de toda a terra deve receber adoração jubilosa de todos os povos. Júbilo é alegria e não pode ser confundido com irreverência. Russel Shedd diz que a adoração pode ser vítima de dois perigos: “um formalismo que desafia os moldes externos da liturgia, enquanto mortifica qualquer relacionamento vital com Deus; (ou) uma espontaneidade que, por causa de desordem e confusão, deixa de estimular qualquer encontro sério com o Deus que procura verdadeiros adoradores” . Nosso desafio é buscar e praticar esse equilíbrio em nossa vida de adoração.
2. Adoração e serviço (v.2)
Adoração não pode ser desvinculada de serviço. Talvez até possamos dizer que adoração é serviço; possivelmente muito diferente do ideário “evangélico” de hoje que parece mais querer se servir de Deus do que servi-lo. “Servi ao Senhor” está em paralelo com “apresentai-vos diante dele”, o que nos lembra que um ato de adoração muito corretamente se chama “um serviço” ou trabalho, para o qual a pessoa se apresenta voluntariamente e em completa disponibilidade. É a primeira resposta que devemos ao Senhor – servir – e não a última. O alcance dessa resposta pode ser avaliado quando Paulo escreve em Romanos 12.1 “apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo”, que pode ser entendido como entrega e dedicação completa à obra do Senhor.
O salvo serve a Deus com alegria, não como um peso, do qual queira se desvencilhar. O salmista deixa isso claro: “servi ao Senhor com alegria”. A letra do hino 410 CC é muito rica nessa mensagem: “no serviço do meu Rei eu sou feliz...”; “gozo, paz, felicidade, tem quem serve a meu bom Rei”. O apóstolo João fala do serviço que os remidos prestarão eternamente a Deus no céu em Ap 22.3. A pessoa que se diz cristã e não tem alegria em servir a Deus não compreende a natureza da fé cristã ou não está fazendo dela uso apropriado.
3. Reconhecimento de quem é Deus e do que Ele faz (v.3)
Ter um conceito correto de Deus é condição indispensável para uma adoração genuína. No entanto, esse conceito de Deus não pode ser o meu conceito, mas o conceito bíblico. Não importa o que eu acho de Deus e sim o que a Bíblia apresenta sobre Ele. Conceitos defeituosos, distorcidos e errados a respeito de quem Deus é e do que Ele faz têm levado a situações esdrúxulas no quesito adoração.
O salmista diz: “sabei que o Senhor é Deus” (Iavé é Elohim). É uma declaração taxativa, que não admite negociações. Lamentavelmente muitos dos chamados “evangélicos” parecem estar adorando um deus que é uma grosseira distorção do Deus da Bíblia, um deus criado para satisfazer suas necessidades, em nada parecido com o Senhor Soberano, o Iavé Elohim do salmista. Sabe por que isso ocorre? Ignorância a respeito de quem Deus é. “Uma igreja não pode se elevar acima do seu conceito de Deus. Se o nosso conceito de Deus for pequeno, inevitavelmente não teremos qualquer expectativa de que Ele irrompa em nossa vida com poder. A falta de expectativa produz um cristianismo árido, formal e destituído de vida”.
O homem não deve adorar a si mesmo ou ao que ele faz, pois ele próprio não existiria sem a ação de Deus. “Foi Ele quem nos fez”, diz o poeta, dando a entender que a criatura precisa estar subordinada ao Criador. Somos seu povo e ovelhas do seu pastoreio (como vimos na lição 1), que dependemos inteiramente dele para suprimento de nossas necessidades. O homem foi criado por Deus e por Ele é sustentado, então deve estar pronto para servi-lo e louvá-lo, em reconhecimento de quem Ele é e do que faz. Nosso objetivo não é frequentar a igreja, mas adorar a Deus. Quando se busca a satisfação da “plateia”, não se honra a Deus (na verdade zomba-se dele), faz-se o absurdo de submeter sua glória à conveniência humana.
4. Adoração e ação de graças (v.4)
Dedicamos uma lição inteira (11) ao tema da gratidão, e por isso vamos apenas compor o pensamento aqui. Quando relembramos com gratidão as dádivas divinas estamos prestando tributo a Deus. Adorá-lo é também ser agradecido por todas as suas bênçãos e por toda a sua graça, por todas as coisas, em todos os tempos, atribuindo-lhe honra e glória para sempre. As portas do Templo não podiam ser adentradas pelos impuros. Por isso, o estar nos átrios do Senhor já era sinal de estar sendo recebido à presença divina. O adorador deveria, segundo o salmista, atravessar as portas do Templo com hinos de louvor e bendizendo o nome de Deus. O teor dessa ação de graças pode ser visto no Salmo 72.18,19.
5. Exaltação dos atributos de Deus (v.5)
Adoramos a Deus quando exaltamos suas qualidades. Não temos aqui uma lista dos atributos divinos, mas uma exaltação do poeta às ações de Deus para com ele, fruto das experiências que tinha na sua relação com o Senhor. Três atributos divinos são vivenciados pelo salmista: bondade, misericórdia e fidelidade (verdade). Existe uma relação próxima entre bondade e misericórdia. A primeira tem um aspecto positivo: é Deus tratando a humanidade de uma maneira que ela não merece. A misericórdia tem um aspecto “negativo”, no sentido de Deus não tratar os homens da forma como eles merecem. Se fizermos uma avaliação honesta de nós mesmos, verificaremos que também é assim conosco. As misericórdias de Deus nos proporcionam continuarmos a viver (Lm 3.22) e sua bondade nos sustenta em todas as necessidades. Mas por que Deus continua sendo misericordioso e bondoso conosco? Por causa da sua fidelidade (verdade). As ações de Deus conosco não são respostas às qualidades existentes em nós, mas unicamente pelo fato de Ele não poder negar a si mesmo (2Tm 2.13).
Para pensar e agir
▪ Quem é Deus para você? Não estou falando de uma “definição” decorada, mas de um conceito que brote de sua experiência com Ele!
▪ Como tem sido a sua adoração? Você se preocupa em honrar a Deus ou em satisfazer suas próprias necessidades?
▪ Você tem alegria no serviço a Deus ou acha tudo custoso e difícil, levando-o a trabalhar na obra como se fosse um peso?
▪ O caráter de Deus (notadamente sua santidade) tem influenciado a adoração que você diz oferecer-lhe? (Leia a experiência de Isaías – 6.1-8)
Leitura Diária
segunda-feira.... Isaías 6.1-8
terça-feira.... João 4.19-24
quarta-feira.... 2 Samuel 24.17-25
quinta-feira.... Gênesis 22.1-18
sexta-feira.... Apocalipse 7.9-12
sábado .... Apocalipse 5.1-14
domingo .... Salmo 100

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

TESTEMUNHO

Salmo 126
Algo muito singelo na minha vivência, é que, após as férias anuais da família, mesmo sabendo que isso significa iniciar novamente o corre-corre do cotidiano, todos ficamos alegres em retornar ao “ninho”. Invariavelmente, os filhos falam, informalmente, na intimidade da família: “estávamos com saudade da nossa casinha”. Pense agora na alegria de um povo inteiro que passou décadas fora de seu país. Que alegria incontida quando consegue retornar ao torrão pátrio. Nem acreditam que está acontecendo de verdade. Assim é o pano de fundo histórico desse salmo, o retorno do cativeiro babilônico, onde Judá tinha passado cerca de 70 anos. Se a ida para o cativeiro foi traumática, o retorno foi o ápice de uma espera que, concretizada, parecia um sonho.
1. Uma experiência inesquecível e corretiva
O Exílio aconteceu no século VI a.C. Já no período próximo à invasão babilônica, a situação política de Judá era instável. Josias tentou impedir a passagem de Faraó Neco para a Mesopotâmia, o que lhe custou a vida, ao tempo em que o Egito é derrotado na batalha de Carquemis (cidade próximo ao rio Eufrates, no norte da Mesopotâmia), em 605 a.C. (Jr 46.2-12). Derrotado, Neco faz de Judá um reino vassalo, o que vai resultar na ação babilônica para evitar avanços egípcios. Em 597 a.C. Jerusalém é desmilitarizada e cerca de 10 mil pessoas são deportadas (2Rs 24.14-16). Zedequias é colocado como líder do povo, mas se rebela contra os Babilônicos, resultando na destruição de Judá em 587 a.C. Um novo grupo de cativos é levado, permanecendo em Judá apenas o povo do campo. Por outro lado, os que ficaram estavam arrasados, pois tudo tinha sido destruído: o Templo, os prédios, a estrutura urbana, tudo estava em ruínas. Já o povo do exílio não ficou distanciado, mas agrupado em uma só região. Provavelmente ficaram às margens de rios (Sl 137), e outros estiveram na corte da Babilônia. Este é um breve resumo para compreendermos a catástrofe que se abateu sobre Jerusalém.
Mas o Deus que corrige é o mesmo que restaura. O profeta Jeremias, antes da ocorrência do exílio, falou reiteradas vezes sobre o retorno do povo (29.14; 30.3,18; 31.23; 32.44; 33.7,11,26). Houve alegria geral entre eles (v.1) quando por decreto de Ciro, imperador persa, os cativos voltaram para Jerusalém. Foi como um sonho, mesmo que o retorno mostrasse a dura realidade que teriam de enfrentar na reconstrução de seu país, como nos mostra o livro de Neemias. O exílio foi um período de sofrimento, mas também de amadurecimento desse povo, que fora deportado como consequência de se afastar do Senhor. Um detalhe significativo do cativeiro babilônico é que, após este, Judá nunca mais se volta, enquanto nação, para os ídolos. É desta experiência que Judá é chamado a testemunhar. Não apenas as palavras, mas a própria experiência é o maior meio de testemunho.
2. O testemunho de um povo que louva (vv.2,3)
A mudança de estado (cativeiro-liberdade) traz o sorriso de volta aos lábios do povo. A lamentação e o gemido foram substituídos pelo riso e pelos cânticos de alegria. O remanescente de Judá voltou à Terra Prometida decorridos os 70 anos previstos pelo profeta (Jr 29.10). A história do povo de Deus testemunha que Ele repreende e restaura, castiga e cura (Jr 33.6). O cativeiro ocorreu como um castigo de Iavé por causa da apostasia; e a volta à Terra Prometida ocorreu por causa do seu amor constante. O poder divino tinha movimentado os babilônios e posteriormente chamou Ciro, rei da Pérsia, para estabelecer um decreto misericordioso e benevolente.
Os louvores soaram espontaneamente: “a nossa língua se encheu de cântico”. Eram louvores dos restaurados. Não se trata de uma atitude meramente sentimental de recordação do passado; é, antes de tudo, o louvor que exalta e testemunha a verdade sobre Deus e o desdobramento de seus propósitos. Os judeus penduraram suas harpas nos salgueiros (Sl 137.2), pois não conseguiam cantar ao Senhor em terra estranha. Mas agora o coração deles transbordava de gratidão e louvor – a transformação foi verdadeiramente uma intervenção divina. O testemunho precisava (e precisa) soar em todas as direções. “Grandes coisas fez o Senhor por nós”, testemunhava o povo de Judá. Como é bom repetir essas palavras! Sabemos que existem inúmeros motivos para testemunharmos todos os dias com essas e outras expressões de reconhecimento do que Deus tem feito por nós.
3. O testemunho de um povo que renova sua esperança (vv.4-6)
A expressão do v.4 – “faze-nos regressar outra vez do cativeiro” – pode ser entendida como uma petição para que Deus complete o processo de restauração iniciado, auxiliando o povo na reconstrução do país, a vencer os obstáculos e a terem forças para o difícil recomeço. Nem todos ainda tinham retornado; possivelmente muitos estivessem desanimados e escravizados. Por isso, o clamor pela continuidade da intervenção divina se justifica plenamente.
Dois quadros são apresentados para falar dessa renovação. O primeiro fala de uma intervenção miraculosa de Deus, uma dádiva celeste, que transforma um lugar desértico em uma terra fértil. O v.4 pode ter a seguinte tradução: “muda, Senhor, nossa sorte, como os leitos do Negeb”. Este nome significa “seco”, ou “ressequido”, e designa, muitas vezes, a parte do extremo sul da Palestina, que se estende em direção à Península do Sinai. Lugar árido, na estação chuvosa, a água intensa das chuvas enchiam os leitos dos rios de correntes torrenciais, fertilizando a terra ao redor, transformando-a em lugar de relva e flores. Essas torrentes falam da misericórdia divina nos momentos de sequidão da vida. Os judeus tinham sido deixados no exílio, estavam como que em deserto material e espiritual e precisavam receber uma revigorante chuva de bênçãos divinas. Era disso que Judá precisava – uma renovação completa de sua sorte, que Deus fizesse o que está registrado em Jó 38.25-27: “Quem abriu para a inundação um leito, e um caminho para os relâmpagos dos trovões, para chover sobre a terra, onde não há ninguém, e no deserto, em que não há homem; para fartar a terra deserta e assolada, e para fazer crescer os renovos da erva?”. A resposta para esta série de perguntas é uma só: apenas Deus pode fazer tudo isso.
O segundo quadro fala de um trabalho lento e árduo, no qual o homem tem um papel crucial a desempenhar. Os versos 5 e 6 contrapõem a fadiga da semeadura com a alegria da colheita. A semeadura exige preparo da terra, cuidado durante o desenvolvimento da semente, além do enfrentamento das pragas e outros fatores. A chuva o semeador não pode controlar; ele não dispõe de água, depende da cheia dos rios. No entanto, pode investir seu tempo e energia na semeadura. Nós, brasileiros, temos visto anos a fio a persistência férrea daqueles que vivem nas regiões da seca em nosso país. Como eles se alegram quando podem plantar alguma coisa, na esperança de poderem colher mais à frente. Na hora da colheita, o trabalho árduo, realizado com lágrimas, se transforma em alegria pelos frutos colhidos e a provisão conseguida.
Ambas as imagens são expressivas e testemunham da renovação operada por Deus na vida de seu povo. A marcha penosa e árdua do cativeiro não foi estéril, foi um semear custoso para uma colheita gostosa e abundante. O v.6 também pode ser traduzido assim: “aquele que com certeza sai chorando (...) voltará com certeza com alegria...”. Esta convicção precisava ser testemunhada, de maneira que as nações voltariam a dizer: “grandes coisas fez o Senhor a estes”.
Para pensar e agir
▪ Precisamos testemunhar do que Deus tem feito por nós. Suas ações são grandiosas e as pessoas precisam saber disso. Fale, cante, exalte o que Deus faz, e você estará testemunhando.
▪ Não apenas fale. Nossa vida, nossa história, nossas atitudes, são, na realidade, nossa maior autoridade no testemunho. Sejamos capazes de cantar: “só o poder de Deus pode mudar teu ser”, mas também: “a prova que eu teu dou é que mudou o meu”.
Leitura Diária
segunda-feira 2 Crônicas 35.20-27
terça-feira 2 Crônicas 36.1-23
quarta-feira Jeremias 33.1-14
quinta-feira Jeremias 33.15-26
sexta-feira Jeremias 46.1-12
sábado Salmo 137
domingo Salmo 126

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

GRATIDÃO

Salmo 103
Há um provérbio chinês que diz o seguinte: “quando beberes água, pensa na fonte”. A gratidão é uma atitude que precisa ser cultivada em nossas vidas, independente das circunstâncias que passarmos. É possível que o salmo 104 (anônimo) tenha sido escrito para ser usado junto com o 103 (atribuído a Davi), visto a abertura e o encerramento de ambos serem parecidos. Todo o salmo é permeado por gratidão, não havendo referências a inimigos, sofrimento ou culpa pessoal. Embora haja uma nota pessoal em todas as motivações de gratidão, o salmo nos lembra que esta deve ser a atitude de todos nós diante das dádivas divinas.
1. Gratidão pelos atos de Deus na vida pessoal (vv.1-5)
O v.1 é uma atitude definitiva contra a apatia ou o desânimo. Todo o ser, mente e emoções do salmista ficam envolvidas no agradecimento a Deus. Não é possível esquecer-se dos benefícios do Senhor, pois eles têm sido imensuráveis. Mas o que Deus fez na vida de Davi?
1.1 Perdão completo (v.3): as duas frases do verso, conquanto sejam semelhantes, parecem expressar a ideia hebraica de que as enfermidades sempre tinham como causa algum pecado, como podemos ver nas palavras dos amigos de Jó, tese essa refutada no próprio livro. Quando Davi se arrependeu do pecado com Bate-Seba, o perdão foi imediato; a cura da criança, no entanto, foi negada, a despeito das orações e jejum (2Sm 12.13-23). Portanto, a relação direta entre pecado e enfermidade não se estabelece, seja para imputação de culpa ou para cura da enfermidade.
1.2 Livramento (v.4): redimir da cova pode ter o sentido de livramento de uma morte prematura, embora muitos sugiram que o verso aponte para algo mais amplo, como uma esperança profética de uma redenção evangélica. De qualquer forma todo livramento é obra da misericórdia e graça divinas.
1.3 Provisão e renovação das forças (v.5): Deus é Criador e Sustentador em qualquer época da nossa vida. Este verso faz um paralelo perfeito com Isaías 39.31. Davi agradece a Deus por todas bênçãos, deixando-nos o ensino de que também devemos fazer o mesmo, pois Deus tem nos dado muito mais do que pedimos, pensamos e necessitamos.
2. Gratidão pelos atos de Deus na História (vv.6-14)
Davi conhecia muito bem a história do Êxodo, sabendo que ela retrata a indignidade humana com suas murmurações e desvios em contraste com a superabundante graça de Deus (v.10). O Senhor foi o benfeitor pessoal do salmista, mas também é aquele que faz benefícios à coletividade; o alcance de suas dádivas é tanto pessoal quanto universal. O v.6 faz-nos lembrar de Êx 3.7,8 cujo teor nos afirma que Deus viu a opressão do seu povo e desceu para libertá-lo, ação essa baseada no seu amor e na sua justiça.
O v.8 guarda grande semelhança com Êx 34.6, exemplo clássico da inconstância humana e da misericórdia divina. Quando Israel pecava, Iavé mostrava-se longânimo, tardio em irar-se, a despeito das inúmeras e sérias provocações feitas pelo povo, que era inconstante, ao passo que o amor de Deus era (e é) constante. Usando de palavras contundentes (vv.9,10) o poeta ressalta o contraste entre a generosidade de Deus e a grosseria humana, que sempre quer continuar suas disputas e acalentar seus ressentimentos. Deus, contra quem as pessoas pecam infinitamente, tempera sua ira com justiça e amor, cuja expressão máxima temos na cruz de Cristo.
A gratidão de Davi é tão maior quanto lembra o trato definitivo dado por Deus aos pecados dele e do povo. Usando a figura de distâncias grandiosas, o salmista expressa a grandiosidade do amor de Deus, que afasta os pecados para bem longe (vv.11,12). Pelo contrário, a intimidade da família atrai para o cuidado de pais amorosos e zelosos. No contexto de uma família, há afeição e compaixão. O pai conhece a seu filho e com ele se preocupa, amando-o com um amor forte e puro (v.14): “... ele conhece a nossa estrutura”. O “Ele” é enfático, indicando que Deus nos conhece ainda melhor do que nós conhecemos a nós mesmos.
A história do Êxodo não é relembrada como mera informação, mas como um período de treinamento dos filhos de Israel. O contraste entre as ações de Deus e o comportamento do povo ressalta ainda mais a necessidade de gratidão permanente. Se olharmos para a nossa história de vida, de nossas igrejas, de nossa denominação, constataremos também o quanto Deus tem agido com beneficência conosco. Por tudo isso, a gratidão deve estar presente em nosso coração, em nossos lábios, em todo o nosso ser.
3. Gratidão pelo eterno amor de Deus (vv.15-18)
Duas metáforas comuns no AT são usadas para ilustrar a fragilidade e a temporalidade humana em contraste com a eternidade do amor de Deus: a erva (ou relva) e a flor do campo. A primeira é cortada quando o trabalhador vai plantar ou colher; a segunda, conquanto bela e perfumosa, não resiste ao sol escaldante, ao vento forte ou a uma tempestade. A erva é cortada e queimada, como se não tivesse valor, a flor tem valor temporário, murcha, mesmo tendo por um pouco de tempo enfeitado o campo. No NT Jesus nos leva a considerar os lírios do campo (Mt 6.28-30), que são mais bem ornados do que Salomão, mas tudo isso se perde de modo breve e repentino, e de maneira absoluta. Assim também um homem, a despeito de qualquer glória que possa ter obtido, acaba perdendo-se pela brevidade da vida.
Em contraste, o amor de Deus é constante e a sua misericórdia não tem fim; é de eternidade a eternidade, aplicada a gerações sucessivas, sem falhas ou interrupções (vv.17,18). Estes versos contêm a semente da certeza que o NT nos dá, de que fomos escolhidos em Cristo antes da fundação do mundo, para reinar com Ele para sempre (Ef 1.4, Ap.13.8). A aplicação desse grande benefício tem uma importante cláusula restritiva: “... sobre aqueles que o temem (...) que guardam o seu concerto (...) e se lembram dos seus mandamentos pra os cumprirem”. Deus tinha feito um pacto com Israel, no qual o amor, a misericórdia e a justiça seriam integralmente aplicadas. A fidelidade de Deus a este pacto leva Davi a relembrá-lo e render gratidão por pertencerem – ele e Israel – a esta aliança.
4. Gratidão universal a Deus (vv.20-22)
É impressionante a visão ampla que Davi tem da pessoa de Deus, a ponto de conseguir falar dele de uma forma intensamente pessoal sem perder de vista sua transcendência. Assim é que ele termina esse salmo expandindo a gratidão e o louvor devidos a Deus para além da esfera daquilo e daqueles que são meramente humanos. Iavé merece louvores de cada israelita, de toda a nação, de todos os povos, de todos os seres celestiais, de todas as obras feitas por Ele e de todo o universo (vv.20-22). Conquanto Sião seja a cidade de Deus, seu trono está estabelecido nos céus e seu domínio não se restringe à estreita faixa de terra da Palestina: seu reino domina sobre tudo (v.19). As microscópicas coisas do universo bem como as maiores coisas nele presentes não existem ou subsistem sem Deus. Tudo provém dele, é por Ele e para Ele, para louvor da sua glória (Rm 11.36).
O salmo termina como começa: “bendize, ó minha alma, ao Senhor”. A canção de Davi não é um solo, pois toda a criação está louvando ou louvará junto com ele; mas é preciso destacar os inúmeros benefícios que ele tinha alcançado, de modo que a celebração a Deus seja completa.
Para pensar e agir
▪ Somos tão inclinados a pedir, que é difícil alguém fazer uma oração “apenas” de gratidão. Você poderia orar dessa maneira?
▪ Relembre o que Deus tem feito na “sua” história. Reúna a família, para agradecer pelos seus antepassados, que deixaram uma herança de vida com Deus. Agradeça ao Senhor pelos que foram usados por Ele para plantarem a semente do evangelho em nosso país, estado, cidade...
▪ Uma sugestão: faça uma lista detalhada dos seus motivos de gratidão. Compartilhe com sua família, sua classe, seu irmão. Encerre o estudo montando um quadro com essas listas e ore agradecendo a Deus.
Leitura Diária
segunda-feira Mateus 6.25-34
terça-feira Colossenses 3.14-17
quarta-feira Lucas 17.11-19
quinta-feira Salmo 106.1-31
sexta-feira Salmo 106.32-48
sábado Salmo 103
domingo Salmo 104

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